Felizes... para sempre? escrita por Enthralling Books


Capítulo 1
Prólogo




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Me olhei no espelho. Se me dissessem há alguns meses que eu estaria vivendo no palácio, longe da minha família, longe das minhas calças jeans e, principalmente, longe de Aspen, eu não teria acreditado. Provavelmente teria rido só de pensar no absurdo que isto parece, mas, contrariando todas as expectativas, aqui estou.

A garota que vejo está com o cabelo preso em um coque elegante, com a maquiagem ressaltando os olhos azuis, se equilibrando em cima de um salto alto e dentro de um vestido belíssimo, tomara-que-caia, volumoso, digno de uma princesa. Então, ele é bem adequado. Mencionei que o vestido é todo branco?

Hoje é o dia do meu casamento com o príncipe herdeiro de Illéa! Assustador, não?

Minhas criadas foram se arrumar para a cerimônia. Não pude convidá-las para serem minhas damas de honra ou minhas madrinhas – o rei não deixou; por que não me surpreendo? -, mas elas com certeza teriam que participar da cerimônia e da festa. Não teria conseguido nada sem elas. Marlee e Carter também participarão, mas irão disfarçados. Combinei toda uma história com a minha família pra fazer parecer que eles eram meus amigos de Carolina. E sim, Maxon sabe que eu contei sobre Marlee pra eles. Na verdade, ele mesmo deu a ideia.

Enquanto estava sozinha no quarto, me admirando no espelho, embora ainda não acreditasse que era mesmo eu, me lembrei da época em que vivia em Carolina, quando minhas preocupações se limitavam à minha família e Aspen, quando não precisava me preocupar em governar um país. Guardo aqueles momentos com carinho e saudade, mas enfrentaria os desafios de deixar de ser Cinco quantas vezes fossem necessárias, se soubesse que no final me casaria com o homem que amo.

Comecei a rir feito uma boba, pensando no dia em que dissemos as três palavrinhas mágicas.

FLASHBACK ON:

— Me daria a honra desta dança, Lady América?- Virei-me dando de cara com um dos guardas que fazia a ronda no corredor dos quartos das selecionadas, Soldado Thompson.

— Sim, é claro. Mas devo alertá-lo do risco de ter seu pé pisado algumas vezes. – Repliquei.

— Acho que aguento. – Sorriu. Ele é bem bonito: cabelos castanhos, olhos verdes, dentes brancos e alinhados, postura casual, mas compensada pelo seu físico musculoso. E que físico!

Dançamos uma música lenta, enquanto conversávamos e, por incrível que pareça, não pisei no pé dele nem uma vez sequer.

— Como se chama, Soldado?

— James Thompson, senhorita.

— Vamos fazer o seguinte: Eu te chamo de James e você me chama de América. Não tem senhorita no meu nome. – Ele riu

— Tudo bem por mim, mas se me pegarem te chamando pelo nome estarei em uma furada. Também deveria estar evitando problemas, América. Levar suas criadas para o abrigo da família real te deu uma reputação de heroína; defender Lady Marlee foi arriscado, mas muitos ainda consideraram heroico. Já o projeto para a extinção das castas, embora muitos concordemos com ele, foi quase um ato suicida. Escute, estou torcendo para que você seja a nova princesa de Illéa; na verdade, quase todos os funcionários do palácio estão. O problema é que se te acusarem de ser simpatizante dos rebeldes, certas pessoas não perderão a oportunidade de se verem livres de você, América. – Disse olhando para o rei, que estava conversando com o Rei da Confederação Alemã –Só tente não chamar atenção negativa. Vai dar tudo certo.

Fiquei chocada. Mal havíamos trocado duas palavras e ele já estava me dando conselhos de como agir com o rei? O mais incrível é que ele tem toda razão! Depois disso ficamos conversando sobre tudo e qualquer coisa, mas paramos de mencionar meu problema com “certas pessoas”.

— Eu posso interromper? – Me arrepiei ao ouvir a voz de Maxon atrás de mim.

— Mas é claro, alteza. - James fez uma reverência e saiu.

Maxon tomou o lugar de James e começamos a dançar, mas ele estava com uma postura tensa.

— Há algo errado, Maxon?

— Não. – disse, ríspido.

— Então por que está assim? – insisti.

— Não há nada errado, América.

Ficamos em um silêncio constrangedor por um tempo. Apenas nos movendo pelo salão. Até que eu vi James fugindo das garras de Celeste num canto afastado e sorri.

— Bom saber que fez um novo amigo. – Maxon trazia uma expressão diferente, uma expressão que eu costumava ver apenas nas selecionadas... Seria ciúmes?

— James é legal. Ele também era um Cinco antes de vir para o palácio, acredita? – Comentei, esperando ver a reação dele.

— James? Então acabaram de se conhecer e já se tratam pelo primeiro nome? –BINGO! É ciúme!

— Está com ciúmes, Maxon?

— Ciúmes? Faça-me o favor, América. Só estou cuidando do que é meu.

— E quem foi que disse que eu sou sua? – Arrisquei.

Maxon se aproximou e sussurrou no meu ouvido, fazendo com que eu prendesse a respiração enquanto tentava controlar o meu coração, que parecia estar correndo uma maratona.

— Queira ou não, você é propriedade de Illéa. Logo, você me pertence, minha querida.

— Eu não sou sua querida! E se está preocupado com a sua “propriedade”, talvez devesse interromper a dança das outras selecionadas, pois todas elas estão dançando com guardas.

— Mas nenhuma delas dançou três músicas com o mesmo guarda.

— Três?! Não acredito! – Fiquei pasma. Pareceram apenas alguns minutos.

— Mas é verdade. Agora entende a minha preocupação, minha querida? – Perguntou ironicamente.

Enterrei minha cabeça em seu peito, me aproveitando da melodia lenta, mas como não queria sair por baixo na discussão, sussurrei.

— Não sou sua querida!

Maxon riu e me deu um beijo casto, por estarmos em público. Quando nos separamos ele disse:

— Ainda, meu amor. Pretendo mudar isso em breve.

— A-Amor? – gaguejei.

Maxon só pareceu perceber o que disse agora, porque seu constrangimento foi visível.

— É que saiu sem querer... – Tanto quanto eu adoro vê-lo sem graça eu também corei dos pés a cabeça. Tomei toda a coragem que eu ainda tinha pra lhe dizer o que vinha a seguir.

— Você realmente me ama?

— Você me ama?

— Perguntei primeiro.

— Primeiro as damas. – Suspirei. Ótimo! Isso é hora de ser cavalheiro?

— Respondemos juntos. No três?

— Sim, no três.

— Então um... dois... e três.

— EU TE AMO! – Dissemos juntos. O sorriso que Maxon abriu ficaria na minha memória muito tempo depois que o baile de natal acabasse. E o melhor é que eu sei que sorri da mesma forma.

FLASHBACK OFF.

Maxon e eu tivemos que enfrentar várias situações para podermos ficar juntos. A pior delas foi a minha própria insegurança. E Aspen no palácio não ajudou nem um pouco. Mas agora, Aspen está noivo de Lucy e virou amigo de Maxon desde que ficaram trancados juntos em um abrigo, durante um ataque rebelde. Vai entender! Mantivemos nossa amizade. Nós dois sabemos que agora tem muito mais gente envolvida e que nossos sentimentos mudaram. Eu ainda o amo, mas meu amor por ele se aquietou. Virou um amor de irmão, um carinho fraternal.

O ódio que o rei nutre por mim também não ajudou em nada, mas graças a uma intervenção italiana com uma participação da princesa da França – Ela se apaixonou pelo noivo e resolveu ajudar Maxon a se casar por amor; acabamos ficando amigas também – ele agora me tolera. Eu sei que terei que conviver para sempre com suas ameaças e me conter para não ataca-lo se ele ousar tocar no filho outra vez. Mas estando aqui, vestida de noiva, tudo parecia perder a importância.

Do outro lado da moeda, a rainha Amberly se tornou uma verdadeira confidente minha. Lembro-me de quando, sem perceber, chamei-a de mãe. Ela abriu um sorriso tão genuíno que eu soube na hora o quanto ela desejava ter uma filha. Eu pedi desculpas, é claro, mas ela insistiu que eu a chamasse de mãe sempre que quisesse. Desde então, eu a chamo de mãe e ela me chama de filha. Maxon não poderia ter ficado mais feliz e o rei Clarkson, mais furioso.

Quando a seleção acabou e anunciamos o noivado, Maxon passou uma semana na minha casa. Não sei como o rei aceitou isso, mas enfim... Minha família teve que jurar segredo e saímos disfarçados do palácio, para não ficarmos expostos aos ataques rebeldes. Prometemos a Gerard que jogaríamos futebol com ele quando ele fosse visitar o palácio, Maxon mostrou algumas de suas fotografias para May, que mostrou algumas de suas pinturas para ele. Kenna o ensinou a segurar um bebê e Kota não soube da vinda dele. Meus pais o ensinaram o básico no piano e eu o ensinei a ser só mais uma pessoa da família que assiste o Jornal Oficial sentada no chão da sala com uma tigela de pipoca no colo, a ser só mais uma pessoa que lava a louça ou passa sua camisa. Ele adorou. Disse que nunca se sentiu tão independente ou tão em casa como quando esteve na minha casa. Quando fomos embora, chorei. Teria saudades da minha família e mais ainda de tê-lo sem as preocupações do seu cargo. Mas Maxon entendeu errado e me pediu desculpas por ter me tirado do meio da minha família para jogar sobre os meus ombros todas as preocupações e problemas da família dele. Ainda lembro do que disse.

FLASHBACK ON:

— Não me peça desculpas. Já não consigo me imaginar longe de você. Não estou triste pelos tempos de antes da seleção, mas pelo fim desta semana. Com você aqui, tudo ficou completo. Minha família ama você e eu também te amo.

FLASKBACK OFF.

Me surpreendo com a minha segurança. Nunca tive tanta certeza do que fazer como agora. Fico alisando meu vestido, quando a porta do meu quarto se abre. Eram minhas mães: Magda e Amberly. As duas estavam lindíssimas e emocionadas.

— Você está linda, filha. – disse a rainha.

— Obrigada, mãe. Como estão as coisas?

— May está rodopiando pelo palácio para exibir o vestido, Gerard está procurando insetos, Kenna está arrumando Astra, Kota está inflando seu ego agora que fará parte da realeza e seu pai está tentando controlar o nervosismo dele no jardim. Tudo dentro do esperado – Minha mãe biológica explica.

— Maxon já está a caminho e Clarkson está recebendo os representantes estrangeiros. A ornamentação está linda, o jantar preparado, a orquestra posicionada para a marcha nupcial e os tradutores contratados já estão no salão. – Completou minha mãe de lei.

— Ao mesmo tempo em que estou segura, nunca estive tão nervosa. – Confesso.

— Vai dar tudo certo. – Meu pai afirma, entrando no meu quarto – Vamos?

— Vamos!

Continua...


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