Novos Começos escrita por Tenshikass


Capítulo 6
Capítulo 6 - Ardendo como Fogo.


Notas iniciais do capítulo

Acho que a autora exagerou no tamanho do capítulo, vocês perdoam essa pobre mulher? rs ;)

para ouvir: https://youtu.be/kTHNpusq654



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...

— Sasuke...

— O que foi, Naruto? — Ele nem olhou para mim, estava deitado na grama com a cabeça apoiada em uma raiz exposta de árvore, olhando o céu.

— Já faz uns vinte minutos que chegamos aqui, e desde então você só encara o céu e não fala nada. Está tudo bem? — Paramos no parque a caminho de casa, era a primeira vez desde que ele tinha voltado de viagem, antes disso só ficávamos na garagem na frente da casa dele ou no dojo que ficava no quintal detrás.

— Eu... — Sasuke se policiou um instante, era muito reservado, ele costumava demorar a se abrir mesmo comigo. — Estou intrigado com o que Itachi quer com a Sakura.

— Você... Gosta demais dela, não é mesmo? — Perguntei apreensivo.

— Eu só estou preocupado porque ela é nossa amiga, e o Itachi apesar de meu irmão, é um canalha com as mulheres, você sabe muito bem disso. — Ele ainda não me encarava.

— Quer olhar pra mim quando falo com você pelo menos? — Suspirei. — Não adianta mentir pra mim, acha que eu não reparei essa corrente? — Ele se virou para mim, tão sério que me arrependi de pedir por isso.

— Você se intromete tanto. Eu voltei a usar, algum problema? Não quer dizer nada, ela é minha amiga. "pelo menos era..."

— Eu sabia, vocês complicam demais as coisas, dattebayo. Você deveria se entender com ela logo, é o que eu acho. "e que ninguém liga"

— Você tem achado muitas coisas, né? Como está a Hinata? E se você se levantar e sair, eu vou te dar uma rasteira. — O tom de voz dele era tão indiferente e perigoso que eu acreditei que ele faria mesmo.

— Ah... Ela tá bem 'ttebayo... Você sabe, estamos na mesma sala e tal.

— Sei, e tem até almoçado juntos, eu vi. — Naruto coçou a bochecha com o dedo indicador pra disfarçar que estava ficando vermelho, virei o assunto.

— S-sim, é por aí...

— Vermelho combina com você, embora esteja parecendo um tomate com cabelinho loiro. — Gargalhei.

— C-cala a boca seu esquisito— Ele se levantou e pareceu extremamente constrangido com o assunto. — Eu vou ir logo pra casa, antes que a dona Kushina pire... Talvez eu durma na Saki hoje, algum recado?

— Você ainda faz isso? — Ele costumava invadir pela janela e dormir lá, pelo menos quando ela não o expulsava.

— Recado?

— Não... Só boa noite. "não fique com ele, por favor..."

— Que sem graça, até amanhã.

Ele saiu andando e eu não disse nada, continuei deitado e encarando o céu, isso era tudo o que podia fazer? Zelar por ela de longe, torcer para os meus pensamentos alcançá-la? O que de verdade me impedia? Constrangimento, medo? Não Naruto, eu não sou sem graça, eu sou um covarde. "que talvez não a mereça..."

...

 BUUUU!!!!

— Pode parar, hoje você não me assusta mais. — Eu disse enquanto amarrava o cabelo diante do espelho da penteadeira.

— Droga, não te mando mais mensagem de aviso 'ttebayo. — Ele saiu do peitoril da janela e entrou no quarto, trazia sua mochila nas costas e um saco de dormir debaixo do braço, já estava de pijama.

— E aí eu não te deixo entrar. Minha mãe deixou bolo pra você lá embaixo, só não faz uma zona na cozinha tá.

— Ah como eu amo a tia Mebuki, pode deixar, e o Sagi?

— Trancado no quarto, é melhor nem ir lá, ele não dormiu bem noite passada, deve estar exausto. "e eu tentei falar com ele que fechou a porta na minha cara" — Como está o tio Minato? Não acredito que veio dormir aqui no lugar de aproveitar o tempo com ele, ele já viaja amanhã de novo, não é?

— Ele está bem, sempre fica melhor quando volta pra casa. Ah sim, ele viaja amanhã, por isso ela tem que aproveitar mais, preferi deixar os dois sozinhos um pouco.

— Hmmm você é sempre menos cabeça oca do que a gente imagina. — Eu ri e ele jogou uma almofada em mim.

— "Uma flor por seus pensamentos...", Uchiha Itachi. — Naruto pegou o cartão que estava encostado em um vaso com água em que coloquei a flor dentro, em cima da cômoda ao lado da minha cama. — Ele é seu admirador agora?

— Eu sei lá. — Desconversei, eu não estava a fim de pensar nisso.

— Só toma cuidado, o Itachi é meio estranho. — Notei que ele estava olhando para cima, como se estivesse tentando lembrar de algo que alguém o disse, e não que ele tinha pensado.

— Ele tem sido gentil, não se preocupe.

— Sei... Eu vou descer e pegar o bolo, você deve estar cansada... O que é isso no seu pescoço?

— O que? O que? — Passei as mãos rápido ao redor do pescoço achando que era algum inseto, me esqueci que com o cabelo preso a corrente ficava um pouco mais visível.

— É aquele colar? Não é?

— Ah, ah... isso, é sim, eu estava andando um pouco desarrumada, achei que precisava de um acessório, ele estava fácil nas minhas coisas, então... — Coloquei um dedo no queixo e fiz uma careta com um biquinho tentando fazer parecer que foi uma escolha estética natural.

— Você nunca tá desarrumada, Saki. — Ele suspirou e revirou os olhos. — E está usando por dentro da roupa para não ser visto. Tá, sei, complicados DEMAIS. — Naruto coçou a cabeça e saiu para a cozinha resmungando me deixando sem entender nada do que disse.

— A Hinata deve estar virando a cabeça dele.

Cerca de dez minutos depois Naruto voltou ao quarto, ficamos conversando um pouco, contei a ele sobre o surto repentino da Karin, e ele me contou que ela "era a fim" do Sasuke, e ele a recusou — esse comentário me deixou feliz e me senti imbecil por isso —, e por isso devia estar irritada e descontando nos outros — era só o que me faltava.

Ele arrumou seu saco de dormir no chão e quando apaguei as luzes ele disse:

— Sasuke te mandou boa noite. Dorme bem.

— Durma bem também...

Peguei meu celular, desbloqueei a tela, abri o aplicativo de sms e digitei a mensagem "boa noite", percorri o campo dos contatos até achar o nome "Sasu", fazia tanto tempo que eu não falava com ele por e-mail ou mensagem que até tinha esquecido de ter colocado esse apelido. Por um momento hesitei com o dedo próximo do botão "enviar", eu tinha dado um fora nele na sala e ainda tinha aquela cara que com certeza não era de felicidade para o presente do Itachi. Suspirei, bloqueei a tela do celular e fechei os olhos. Respirei fundo, abri os olhos, desbloqueei a tela novamente e apertei o botão enviar, rapidamente bloqueei a tela de novo, meu coração levemente — sem motivo algum — acelerado, provavelmente ele nem veria a mensagem de imediato, ou veria e não responderia, porque afinal, eu o estava respondendo. Apenas guardei o celular na cômoda e me deitei. Não demorei muito a pegar no sono: sonhei com ele deitado ao meu lado, me dizendo boa noite com o rosto colado no meu.

...

Sempre que o Uzumaki inventava de dormir aqui em casa, o café da manhã era uma bagunça, risadas altas dele e do Sagi, suas personalidades eram quase idênticas, era praticamente a personificação de dois sóis, como aquela música "Eu fui lá fora e vi dois sóis num dia e a vida que ardia sem explicação". Naruto não sabia, mas tinha escolhido o dia certo para aparecer, Sagi parecia ter dormido melhor e aquele início de manhã já estava superando o anterior.

— Bom dia para os meus dois garotos preferidos. — Disse adentrando a cozinha.

— Depois do Sasuke, claro. — Sagi disparou na hora.

— Óbvio. — Reforçou Naruto.

— Eu já me arrependi, não dá pra ser legal com vocês. — Os dois riam da minha cara como se eu fosse a melhor piada já contada no mundo.

— Relaxa maninha, mas e aí, em qual colocação está o Itachi? — Dessa vez ele não riu, na verdade me encarava sério, tentando medir a profundidade do que realmente estava rolando entre a gente — como se eu fosse saber.

— Por que você não pergunta o que realmente quer? — Respondi enquanto pegava uma maça e ia até a pia lavá-la.

— Por que ele te deu flores?

— Suponho que porque ele quis.

— Ele queria saber os pensamentos dela. — Naruto disse por fim. — O cartão dizia "Uma flor por seus pensamentos".

— Cuidar da sua vida que é bom, nada né, idiota?

— Ah, agora ele também escreve cartões. Que maravilha.

— Escreve, e você deveria tentar também, a Konan iria adorar.

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

 Tem tudo a ver, por que você pode ter mudado e ele não? — Eu estava mesmo defendendo Uchiha Itachi, ninguém é perfeito.

— Olhando por esse lado... — Desarmei o leão.

— Adoro quando o clima do café da manhã fica leve assim, o cheiro de tensão dá um gás no dia. — Naruto riu e colocou um fim no assunto.

Lembrei da mensagem da noite anterior, estava tão absorvida pelo meu sonho quando acordei, e depois pela importunação do meu irmão que esqueci de checar o celular. Quando apertei o botão na lateral para acender a tela, havia uma notificação de mensagem. "pode ser qualquer um" Mordi um pedaço da maçã como se eu precisasse estar bem alimentada para ler o que quer que fosse — ou só para afastar o medo, que parecia estar fervendo na boca do meu estômago, não era medo, era ansiedade. Cliquei na notificação e depois desbloqueei a tela, a mensagem surgiu, era dele, de meia hora atrás "Bom dia", dizia o texto. Saí da cozinha e comecei a rir sozinha me sentindo ridícula. "quem é que quase morre só para ler um bom dia?"

Abri a mensagem mais uma vez e respondi "bom dia! :)", apaguei a carinha feliz e enviei.

...

— Apelando pra flores. — Falei quando a porta de entrada se abriu, eu estava encostado na pilastra da varanda só o esperando sair.

— Se você tá dizendo. — Ele inclinou a cabeça um pouco para cima em ar de superioridade, aquele sorriso malicioso e debochado me tirava do sério. — E aí, você que é o expert em Haruno Sakura, acha que ela gostou?

— Ela achou gentil, mas não gostou e é claro que você não sabe disso, não sabe nada sobre ela. — Coloquei as mãos no bolso e me ergui na sua frente.

— E você acha que ainda sabe algo? — Ele sabia como tocar na ferida, Itachi podia fingir que não ligava para nada, mas era mentira, ele sabia muito bem sobre todos os meus sentimentos.

— Certas coisas não mudam.

— Farei mudar. — Ele se inclinou e falou bem perto do meu ouvido, passou por mim e fez questão de esbarrar com ombro.

Um fogo subiu por todo o meu corpo, fiquei olhando ele ir embora e me segurando para não socar meu irmão mais velho antes das seis horas da manhã. Eu prometi para nossa mãe que faria de tudo para não ficar brigando com ele e nem o deixar se meter em confusão. E era a tarefa mais difícil do mundo, o último ano só tinha sido tranquilo — nesse sentido — porque estávamos sob a supervisão de nosso pai. O celular vibrou no meu bolso, era uma mensagem, desbloqueei a tela "Bom dia!" de Sa/Rosinha.

...

Na metade do caminho para a escola, encontramos Ino, Hinata e Sasuke, com algumas sacolas nas mãos.

— Bom dia, pessoal! — Ino sorriu e ergueu as duas sacolas em suas mãos, estava feliz demais para ainda ser seis horas da manhã. — Eu comprei café da manhã pra todo mundo.

— E lá se vai a dieta da maça. — Brinquei.

— Ah tá cheirando tão bem, valeu, Ino. — Eu não entendia como Naruto conseguia tomar uns três cafés da manhã todo dia.

Fomos até a praça próxima da escola, todos nos sentamos para comer os pães doces e salgados nos bancos da praça distribuídos em semicírculo e em pares: Ino e Sagi, Naruto e Hinata, Sasuke e eu.

— Dieta da maça? — Ele perguntou depois de cinco longos minutos de um silêncio exclusivo do nosso banco, talvez fosse melhor trocar mensagens de texto.

— Ah não, era brincadeira, não é bem uma dieta, não tenho conseguido tomar um café da manhã decente ultimamente, pelo menos uma fruta me mantém de pé até eu sentir fome ou até o almoço. "ele sempre sendo direto, eu sempre falando demais"

— Doente?

— Acho que não... Me sinto bem. "talvez se eu parasse de pensar em você e sonhar com você, reduziria a ansiedade..."

— Hm. Se não se sentir bem, eu posso te acompanhar no médico.

— É sério, eu estou bem, não se preocupe. "desde quando tão atencioso?"

— Tá... — Mais uma onda de silêncio nos assolou, mas dessa vez menos demorada.

— Ansiosa para atuar? — Uchiha Sasuke quebrando o gelo duas vezes seguida, se um raio caísse em uma árvore na nossa frente agora com esse céu aberto e claro seria mais natural.

— Ah, DEMAIS, você viu aquele lugar? Aquele palco? E a peça é um clássico, eu estou tão nervosa, mas ao mesmo tempo ansiosa e animada, pelo teste, o texto, com quem contracenar, o figurino, o cenário, será que terá um público grande? — Disparei com um sorriso de orelha a orelha, falei tão rápido que pensei em começar a repetir devagar, mas ele estava me encarando com cara de quem absorvia cada palavra, e melhor — ou pior — sorrindo para mim, travei. — D-Desculpe, acabei falando demais e muito rápido, não quero te encher com isso.

Fiquei extremamente sem graça e me sentindo uma idiota por estar tão animada como uma criança justamente na frente dele, a última pessoa que deveria estar se importando com o que sinto. Recolhi as embalagens da comida e me levantei para descartá-las no lixo, ele segurou meu braço antes que eu me afastasse.

— Não precisa se desculpar, nem fugir de mim. — O comentário me pegou de surpresa, eu sei que ele sentiu que me afastei, mas nunca tinha demonstrado desconforto com isso antes.

— N-Não, que? Eu não to fugindo. "não estou fugindo de te encarar faz uns bons três anos, de onde tirou isso?"

— Tá sim, você faz isso o tempo todo. — Ele se levantou, pegou as embalagens da minha mão, uniu as suas e foi até o lixo descartá-las, fiquei parada no lugar sem saber o que fazer, eu estava sendo confrontada?

— O que você quer dizer? — Perguntei quando ele voltou e se sentou novamente no banco, eu sabia o que ele queria dizer, mas eu não tinha culpa nisso sozinha.

— Você me evita já faz muito tempo, nunca aconteceu nada tão grave entre a gente, mas você mudou muito comigo... — Era a primeira vez que o via falar tanto sobre o que estava sentindo.

— As pessoas mudam. — Fui mais grossa do que esperava, deu para ver no olhar dele. "não, merda, dois passos pra frente e dez pra trás, parabéns"

— Ok.

— Eu só estou dizendo que-

— Tudo bem, Sakura. Você tem razão, tudo muda, você tem tantas coisas pra se ocupar e preocupar, deixa pra lá. — Ele me interrompeu e seu tom era leve, como se quisesse manter a sobriedade da conversa e ao mesmo tempo disfarçar seus sentimentos.

— Tá. — Me sentei novamente, eu queria dizer mais, continuar o assunto e o pressionar até lhe dizer o que eu vi aquele dia, que ele me machucou como nunca ninguém antes e eu não soube, não sabia lidar com aquilo até hoje, apontar aquele colar oculto no pescoço dele e exigir que o mostrasse, que me dissesse quem o deu e por que essa pessoa merecia mais consideração que eu. Mas não o fiz. "ele que gaste energia"

Continuamos sentados por um tempo, observei os outros alheios a nossa presença, animados, como tão animados antes das sete da manhã eu não conseguia entender, quando virei para olhar Sasuke de novo, ele estava olhando fixo para mim, corei e ele riu.

— Essa foi a conversa mais longa que tivemos em muito tempo, não foi tão mal, foi? — Ele ergueu os dedos indicador e médio juntos e tocou minha testa de leve. Se levantou e saiu em direção ao banco em que estavam Naruto e Hinata.

Por um momento eu saí de mim e percorri memórias que eu nem me lembrava que tinha. Era a tia Mikoto, sempre depois de dar uma bronca nos meninos, ou que eles faziam algo bom — como tirar notas boas na escola — ela fazia aquele gesto; se abaixava na altura dos filhos, dava um sorriso, juntava os dedos e tocava a testa deles. Era um gesto de carinho. Apenas um toque podia fazer eu sentir tudo o que estava sentindo naquele momento? Era como estar próxima de brasas quentes de uma fogueira me esquentando no frio, conforto. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, sequei-a com delicadeza, não era tristeza, estava saudosa.

...

— Shikamaru? TenTen? Vocês aqui? — Naruto, Hinata e eu estávamos no corredor dos armários quando ele avistou dois ex-colegas de classe de uma antiga escola que frequentamos.

Shikamaru era da altura de Naruto, tinha olhos negros e cabelos escuros que prendia no topo da cabeça, quase como um samurai. Usava uma calça social preta do uniforme escolar, e uma camiseta verde clara. Ele fazia parte da quase banda do Naruto e Sasuke, pelo menos quando conseguia tempo, era extremamente inteligente e viva frequentando os campeonatos regionais de jogos de tabuleiro. TenTen tinha a minha altura, olhos castanhos, cabelos castanho-claros que estavam presos em dois coques, um de cada lado da cabeça, com algumas mechas caindo na frente e nos lados. Ela também tinha um intelecto incrível e era uma esportista admirável, o que às vezes até abalava o ego frágil de alguns garotos.

— Yo, Naruto! — Eles se aproximaram e Shikamaru cumprimentou Naruto com um high-five.

— O que está fazendo aqui, dattebayo?

— Ele não conseguia ficar longe de vocês, então, aqui estamos. — Respondeu TenTen, se apoiando no ombro de Shikamaru.

— É quase isso. — Ele pareceu um pouco constrangido. — Foi o único jeito que achei pra poder passar mais tempo na banda, mudando pra cá teremos os tempos livres juntos pra ensaiar. — Naruto o abraçou e quase derrubou TenTen.

— Ele continua o mesmo maluquinho né? — Ela disse e veio dar um abraço em mim e Hinata.

— Ele não parava de falar na banda deles, está feliz. — Respondeu Hinata, e ficou vermelha, sempre acontecia quando ela falava dele, pensava nele, respirava perto dele.

— Vamos deixar os dois aproveitarem o momento, ainda temos um tempo antes de entrar pra aula, dá pra você conhecer um pouco do lugar. — Sugeri e antes de sairmos, Shikamaru segurou TenTen pela mão e deu um selinho nela, se despedindo.

— Então vocês... — Perguntei baixinho quando nos afastamos dos meninos.

— Sim. — Ela sorriu. — Já faz um tempo, mas a gente se vê tão pouco, vir pra cá também acabou dando um jeito nisso. — Ela piscou pra mim.

— Que maravilha, já atrapalhei vocês. — Brinquei, pensar neles como um casal era fácil, eles tinham muito em comum.

— Eu acho que o Naruto atrapalhou antes... — Hinata comentou, olhamos para trás e os dois estavam totalmente animados no meio do corredor sem reparar que atrapalhavam as pessoas querendo usar os armários; todas caímos na gargalhada.

...

No intervalo dessa vez Sakura foi quem fugiu de mim, mas na verdade ela estava mesmo era fugindo do combo irmãos Uchihas, se ela me deixasse ao menos ajudá-la nessa área, teria um peso a menos em que pensar, mas orgulhosa como era, jamais daria o braço a torcer para quem quer que fosse.

— Não é que esse livro é bom mesmo... — Eu estava deitada em um dos bancos perto das quadras de esportes, debaixo da sombra de uma grande árvore de Ipês amarelos, ela ainda estava para florir e eu já achava que deixaria o local bem romântico, também achava que um certo alguém deveria me dar nosso primeiro beijo ali, mas isso já era efeito do romance que eu não conseguia parar de ler "Orgulho e Preconceito", Sakura o tinha jogado na minha bolsa na tentativa de me fazer ler algo diferente, a personagem principal me lembrava ela totalmente.

— Olha só, uma gatinha assim sozinha por aí. — Não reconheci a voz, por um momento achei que não era comigo, ergui o olhar do livro e lá estava aquele rosto de novo.

— Desculpa, você é?

— Hidan, loirinha, a sua disposição.

— Ah, Hidan, sei, meu nome é Ino, não loirinha. — Fechei o livro e me sentei no banco, ele continuou de pé na minha frente e involuntariamente eu agradeci mentalmente por não estar usando saia, mas do jeito que ele me olhava como um pedaço de carne, notei que isso era irrelevante.

— Ok, Ino, eu te vi por aqui ontem, te achei uma tremenda gata, o que você acha de dar uma volta comigo?

— Obrigada, eu acho..., mas não, valeu, não to afim. "fala sério, cara"

— Ah vai, é só uma voltinha, eu prometo que não mordo, só se você pedir. — Ele passou a língua pelos lábios inferiores e os mordeu.

— Que isso, cara, eu nem te conheço, ok, não quero dar nenhuma voltinha com você. É assim que você chega em uma garota? "e você parece mesmo que morde!"

— Depende, só se ela for gostosa como você. — Ele deu um sorriso malicioso, tentei me levantar, mas ele estava tão perto que bati nele e voltei para o banco, ele nem se moveu.

— Me deixa ir, Hidan. — Eu ia me preparar para pular do outro lado do banco e correr.

— Claro, delíciaé só você conseguir passar por mim. — Ele abriu os braços em sinal de que me agarraria se eu tentasse.

— E se eu passar por cima de você no lugar dela, que tal? — Uma voz soou atrás do lado oposto da árvore, dessa vez era totalmente familiar, eu nem sabia que ele estava ali.

— E quem é você, cuzão?

— Gaara? O que faz aqui? — Virei para olhá-lo, ele estava se levantando da grama e a batendo da roupa.

— Eu estava tentando dormir um pouco... Meio impossível com esse babaca falando bobagens tão alto. — Eu aproveitei o momento e passei as pernas por cima do banco saindo pelo outro lado e me postando junto a Gaara.

— Babaca? Quer morrer, pirralho? — Hidan deu um passo à frente e cerrou os punhos.

— Você pode até tentar, velhote. — Gaara falava de forma tranquila e indiferente do mesmo jeito como quando conversávamos, mas dessa vez um tipo de fogo cintilava no canto dos seus olhos.

— O que- — Ele não deixou Hidan continuar.

— Você pode até ser uns dois, três anos mais velho que eu, o que deduziria então ser um repetente, mas não temos nenhuma diferença de altura ou de físico. E eu posso te garantir, seja lá qual é o seu nome, que mesmo com essa sua cara de delinquente, eu não caio pra você. — Os dois se encararam e eu podia ver o ódio nítido na cara de Hidan, antes que eles começassem algo que eu não seria capaz de apartar, me interpus entre os dois.

— Nem comecem! — Bem a tempo, Hidan já tinha passado por cima do banco e estava praticamente em cima de Gaara. — Parem! Hidan, saía daqui você foi um babaca comigo e eu não vou aceitar isso, entendeu? — Eu estava tremendo, mas me esforcei para endurecer a voz o máximo possível.

 Que se daneOk, loira, quer saber, você nem é lá essas coisas mesmo. Mas você, oh ruivinho, — ele apontou o dedo na frente da cara de Gaara — você já era, cuzão. — Ele cuspiu no chão, como se para firmar uma promessa, enfiou as mãos no bolso e saiu andando.

— Ah... — Eu suspirei e me deixei cair de joelhos no chão.

— Tudo bem, Ino? — Gaara se abaixou e colocou a mão no meu ombro.

— Sim... Fiquei com medo dele forçar a barra... se você não tivesse aparecido, obrigada, Gaara. — Eu levantei o rosto e corei, estávamos próximos demais, o devaneio do beijo debaixo da árvore atravessou minha mente como um foguete.

— Não precisa agradecer... Na verdade você não estava sozinha desde o começo, eu te vi e até pensei em puxar conversa, mas você parecia muito concentrada na leitura, então decidi só ficar aqui, sem incomodar. — Ele também corou e me pegou de surpresa, não achei que veria uma corzinha de vergonha naquele rosto tão sereno e descontraído.

— Entendi... — Ele me ajudou a levantar e a pegar minhas coisas, pegou sua mochila e se ofereceu para me fazer companhia até voltarmos para a sala, fez questão de não voltar a falar do Hidan em nenhum momento.

— Eh Gaara... — O fiz parar antes de entramos na classe para os próximos períodos.

— Sim?

— O Hidan... Ele te ameaçou. Me desculpe, por te envolver nisso...

— Não se preocupa com isso, não foi culpa sua de jeito nenhum, ele passou dos limites. E o que eu disse é sério, eu não caio pra ele. — Ele sorriu delicadamente, foi a primeira vez que o vi sorrir, ter outra expressão que não séria ou passível, me pareceu que ele queria mesmo me tranquilizar.

De repente ele segurou a minha mão e me puxou devagar para dentro da sala, meus pés o seguiram, eu estava no automático, suas mãos eram grandes e quentes, não sei por que, mas eu não esperava tanto calor, ele me guiou pelas carteiras e me sentou no meu lugar, soltou minha mão e foi se sentar no seu. Sakura olhava para mim e depois para ele com cara de mil perguntas, eu sabia que estava vermelha, minha face ardia como se pegasse fogo, eu só disse "depois" para ela e me virei para o quadro negro. Seja lá o que significou aquilo, tinha me feito ferver por dentro, mas pensar no toque dele também me dava um arrepio frio na espinha.

...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estar acompanhando ♥



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