Um belo pôr do sol em um fim de tarde quente de verão. Sakura está na beira da praia, sentindo aquela brisa fresca de fim de tarde, areia entrando em seus dedos dos pés e mãos, enquanto ela os desliza vagarosamente fazendo círculos, admirando o esplendor do céu escurecendo, uma paz tranquilizadora trazida com o vento que cheira a sal, maresia... Ao seu lado havia outro par de pés deslizando seus dedos na areia até encostar nos dela. Teve a sensação de já ter estado naquele lugar antes, talvez um sonho se repetindo, mas aquele detalhe era novo, já não estava mais sozinha naquela paisagem paradisíaca. Virou seu rosto para o lado e viu a silhueta de um rapaz, mas antes que pudesse focar o seu rosto e saber quem era, uma voz chamou seu nome ao longe.

— Sakura? Filha, acorda, vai se atrasar para a aula, eu acho.

— Mãe? — Respondi despertando, então essa era a voz que me trouxe de volta do sonho. Fiquei alguns instantes tentando recuperar cada detalhe, mas não consegui impedir a imagem de quem quer que fosse, de simplesmente fugir em minha mente e desaparecer.

— Meu despertador ainda nem tocou... ou tocou? — perguntei confusa. 

— Eu acho que não, mas tem um rapaz te esperando lá embaixo. — Ela respondeu com ar pensativo.

— Rapaz? Quem? 

— Aquele bonitão, o do jantar. — Ela deu uma risadinha.

— Eu sei que você sabe o nome dele, mãe. — Suspirei, Uchiha Itachi tinha efeito em qualquer mulher, de qualquer idade.

— Tudo bem, eu já estou indo para o hospital, é melhor se levantar, tenha um bom dia no colégio. Vou avisar a ele para te esperar. — Ela beijou minha testa e saiu fechando a porta.

— Ok... Eu não achei que “te vejo amanhã” seria tão cedo e aqui... — Fiquei tensa, tinha acabado de acordar de um sonho tranquilo e caloroso, não queria que o dia fosse tão diferente dele, mas o drama costumava bater a minha porta sempre que tudo ia bem. — Ai droga, espero que meu irmão não acorde.

Corri para tomar um banho e trocar de roupa, por sorte ainda era muito cedo e passando pelo quarto do meu irmão no corredor, pude vê-lo jogado apenas de cueca na cama dormindo, com certeza ele se atrasaria e dessa vez eu deixaria, era melhor que aguentar o embate Haruno versus Uchiha logo cedo.

— Bom dia, Itachi! — Falei entrando na cozinha, minha mãe o deixou sentado no balcão com uma xícara de café.

— Bom dia, Sakura, desculpe vir sem avisar, acho que acabei acordando cedo demais.

— Não precisa se desculpar, quem não gosta de acordar 40 minutos antes do despertador? — disse tentando descontrair e ele riu.

— Achei que acordasse de mau humor. — comentou.

— Você está com sorte hoje, Uchiha.

— Que bom. Quer ir andando para a escola? Podemos tomar um café lá perto.

— Tudo bem. Andando? Achei que estivesse de moto. — disse enquanto passávamos pela porta da cozinha.

— Está tão mal-acostumada assim? — brincou e eu corei.

— Não foi o que eu disse, mas se você está aqui, não teria sido ruim. — Eu ri sem graça.

Caminhamos em silêncio por um tempo, não pude deixar de achar que ele estava agindo estranho; ele não tinha me chamado de gatinha nenhuma vez desde suas mensagens de texto; não me cumprimentou com um beijo no rosto como costumava fazer e tão pouco estava flertando comigo ou mexeu no meu cabelo. De início eu achei que a história sobre continuar amigos era mesmo verdade, mas ele estava tenso demais para alguém que queria continuar mantendo uma boa relação.

— O que aconteceu? — perguntei enquanto andava, não o olhei.

— Tipo o que? — ele respondeu, olhei de soslaio e percebi que ele também continuava olhando em frente, estava me evitando.

— Bem, você veio me buscar em casa sem avisar e está tão... quieto. — Tentei escolher bem o que dizer e quieto pareceu melhor que estranho.

— Sei que já conversamos sobre... e viramos a página, mas naquele dia na oficina, eu não acho que tenha te falado tudo o que eu queria. — Ele parou e encostou em um muro pelo qual estávamos passando, também me detive e nos olhamos diretamente pela primeira vez.

— E o que você não me disse? — engoli em seco, eu nunca o tinha visto tão sério e pensativo.

— Eu cometi o erro de me apaixonar por você, achei que precisava te falar e não apenas fingir que não aconteceu.

— Isso... — Era difícil encará-lo de outra forma que não fosse com um pouco de pena. — Eu já imaginava, quer dizer, poderia ser presunção da minha parte, claro, mas você me tratou diferente de outras garotas.

— Sim... E não se preocupe, eu entendi que se sentiu atraída por mim, mas não se apaixonou.

— Depois que nos beijamos eu tive a certeza de que não. Eu gosto muito de você, mas agora eu não consigo vê-lo mais do que como um amigo ou um irmão. — Fui sincera, há dias eu pensava em um jeito de fazer com que Sasuke também o enxergasse assim, que voltassem a se dar bem e que eu deixasse de ser um dos empecilhos.

— Ouvir você dizer até dói menos do que ficar pensando... — ele suspirou e deu um meio sorriso.

— Talvez seja porque você está olhando só pelo lado ruim, o de não ser correspondido. — Disparei.

— E tem um lado bom?

— Itachi, eu não sou boba ao ponto de achar que você me notou do nada e logo caiu de amores. Com certeza seu intuito rondava entre provocar ou o seu, ou o meu irmão, ou ambos. — Ele pareceu surpreso com o comentário e desviou o olhar, não pude deixar de rir em um tom sarcástico depois de confirmar minhas teorias. — Então, depois de um tempo você acabou gostando de mim mais do que só fisicamente, mas é só. O lado bom é que você provou a si mesmo que é capaz de se apaixonar e não só curtir, agora você tem a chance de encontrar outra garota, se deixar apaixonar por ela e não morrer por isso.

Ele tornou a me encarar e me observou por um tempo, parecia que estava absorvendo e refletindo sobre cada palavra que eu disse.

— Você tem razão. Me desculpe por ter sido um babaca por todo esse tempo e agora achar que tenho direito de ficar magoado ou algo assim.

— Não precisa se desculpar por sentir alguma coisa, Uchiha, você finalmente caiu na real de que é um ser humano de carne, osso e sentimentos como todos nós. — Eu me aproximei e dei um soco de leve em seu braço.

— Graças à você. Fico te devendo essa. — Ele tocou meu ombro com a mão.

— Já pode começar saindo dessa “depre”, não combina com você.

— Okay, cunhada gatinha. — Ele disse me olhando nos olhos e era como antes: o brilho de malícia estava de volta.

— Q-que? N-não, cunhada? — Me apavorei e senti meu rosto ficar em chamas.

— Vocês já até dormiram juntos, não precisa ficar mais oficial que isso. — Ele riu do meu constrangimento.

— E-e-espera, Itachi! Só pegamos no sono no sofá depois de assistir uns filmes e minha mãe nos acordou de manhã, dormir foi dormir, não o que você está pensando! E ele nem me pediu em namoro ainda! — Os olhos deles se arregalaram de surpresa e por puro reflexo os meus também. — O-o que foi?

— AAAAH, então foi isso! Quer dizer, só isso? — Ele riu me deixando super confusa. — Caramba, meu irmão é mesmo muito lento... Aqui, cunhada, quer que eu dê algumas dicas pra ele? — Sussurrou a última parte e se tivesse como eu ficar mais vermelha, eu estaria.

— Tá maluco? Essa conversa não está acontecendo, deuses, não está! Vamos! — Eu puxei o moreno pelo braço e seguimos andando, ele não parava de rir atrás de mim.

Parte de mim queria abrir um buraco no chão, me enfiar dentro e esquecer até do meu nome. Mas a outra parte estava aliviada, eu finalmente tinha acabado com todas as pendências do Uchiha mais velho comigo e ele tinha voltado a ser o galã sorridente de sempre, que agora para o bem ou para o mal, me chamava de cunhada.

... 

— Karin? — A voz dele soou atrás de mim e eu nem precisava me virar para saber quem era — aquele garoto estava me fazendo perder a cabeça.

— E aí, Neji, qual é boa? — respondi sem olhá-lo quando se sentou ao meu lado, tentando ser indiferente.

— Só queria te desejar boa sorte antes do ensaio de hoje, é uma cena importante dos protagonistas.

— Ah! — aquilo me pegou de surpresa, não fazia o gênero do Hyuuga. — Obrigada, vai ser tranquilo contracenar com a princesinha Jujuba, ela é ótima. "Porque eu estou falando de outra pessoa?"

— Você também é ótima.

— Hã? "HÃÃÃÃ?" — prendi a respiração.

— Atuando, você também é ótima. — Me respondeu e eu soltei o ar.

— Claro, obrigada. — Corei, já eram duas coisas que não faziam seu estilo.

— Quer sair comigo na sexta-feira? Eu sei que falta pouco para viajarmos e aí você vai me ver em outro ambiente fora daqui-

— Te pego às sete. — Disparei e me levantei rápido da mesa, depois de dar alguns passos firmes e passar por uma pilastra que me tirava do campo de visão dele, corri para o banheiro.

— Karin? Você está bem? — A garota de coque e cabelos castanhos falou ao me ver entrar arfando no banheiro, era TenTen, me aproximei da pia e liguei a torneira, sentia minhas pernas tremerem.

— Sim, está tudo perfeito. — Joguei água no meu rosto e comecei a respirar devagar.

— Caramba, parece que você acabou de sair da aula de educação física. — Ela disse e eu levantei minha cabeça para olhá-la através do espelho na minha frente, vi que ela segurava o riso e então eu ri, relaxando.

— Acabaram de me convidar para sair, eu aceitei, surtei e sai correndo. — Confessei e virei para olhá-la, não éramos muito intimas, mas sempre conversávamos quando os garotos da banda do meu primo se reuniam para ensaiar e erámos a plateia.

— Sério? Quem?

— Hyuuga Neji.

— Ah! Bem que eu achei vocês muito colados por esses dias! — TenTen levou as duas mãos à boca. 

— Mas eu não esperava que ele estivesse mesmo interessado, você sabe, ele realmente não nos deixa saber muito com aquela personalidade.

— É verdade... A Hinata também é reservada, mas é só muito tímida, é fácil de ler suas emoções, ao contrário do primo. — Ela pensou colocando uma mão no queixo. — Mas ele é um gato, por que você fugiria?

— Não sei, de repente fiquei nervosa com a ideia de um encontro. — Suspirei e voltei a encarar meu reflexo no espelho, eu estava corando.

— Logo você? Nossa Rainha Pimenta? Não consigo acreditar! — Ela arregalou os olhos e começou a rir. — As meninas vão adorar saber.

— Não vão não e você não vai se atrever à contar. Vamos nos atrasar para o ensaio! — Passei meu braço por cima do ombro dela, a aproximando de mim, apertei suas bochechas com a mão livre e a carreguei para fora do banheiro.

... 

— Bom pessoal, hoje é nosso último ensaio antes das férias, que serão daqui pouco mais que uma semana. E hoje, como dito ontem pelo professor Kakashi, temos a companhia e supervisão da nossa querida diretora e estimado coordenador. — disse o professor Jiraiya apontando para a mulher loira e alta e o homem de estatura mediana com cabelos pretos presos em um coque.

— Que todos tenham um bom ensaio. — disse o coordenador Iruka ao qual a diretora Tsunade apenas assentiu e os dois tomaram seus lugares nas primeira cadeiras da fileira do centro da plateia.

— Hoje teremos o ensaio do terceiro ato, segunda cena. — O professor Kakashi começou com sua típica abertura para os alunos no palco. — Essa é uma cena muito importante na peça como um todo, pois é a hora do conflito entre os membros dos casais apaixonados da peça. Na cena, Oberon descobrirá que o espírito travesso Puck errou o alvo do feitiço e acabou o colocando em Lisandro, que como já sabemos, acabou se apaixonando por Helena; Oberon então pede a Puck que vá atrás de Helena enquanto ele próprio enfeitiçara Demétrio enquanto este dorme, para que se apaixone por ela; os quatro jovens acabarão por se reunir no bosque, com os dois rapazes apaixonados por Helena, decidindo então duelar entre si; Helena e Hérmia discutirão por Helena achar que está sendo alvo de uma brincadeira de mau gosto e que Hérmia participa da chacota mesmo sendo sua melhor amiga; durante os conflitos, Oberon pede por fim para Puck retirar o feitiço de Lisandro, para que os casais se ajeitem; o travesso então consegue desfazer seu engano e impedir o duelo até a morte dos jovens atenienses.

— Vamos dar cinco minutos para vocês se concentrarem e aí começaremos. — disse Jiraiya.

— Ok. — responderam os alunos.

— Ai caramba, isso não vai dar bom, dattebayo. — Naruto sussurrou para Ino que estava do seu lado e a loira balançou a cabeça em afirmação, seu semblante estava preocupado.

— Sasuke e Itachi em uma cena de duelo mortal, quem foi o gênio que inventou isso? — disse TenTen que estava do outro lado do Uzumaki.

— Achei que eles já tivessem superado o lance da Sakura. — disse Gaara que estava ao lado de Ino.

— E superaram, quer dizer, o Itachi superou finalmente, mas acho que o Sasuke não tem certeza disso, pelo que Naruto me contou..., mas a Sakura é o menor dos motivos. — respondeu a Yamanaka.

— Como assim? — perguntou o ruivo sem entender.

— Infelizmente, eles têm uma péssima convivência há muitos anos e depois da morte da mãe deles, só piorou. A Saki não é nem a ponta desse iceberg, se quer saber. — explicou Naruto.

— Acho que estamos sendo pessimistas. — Afirmou TenTen tentando acalmar o clima. — Eu duvido que eles percam o controle com a diretora aqui.

— É, pode ser. — suspirou Naruto, o loiro duvidava que algo assim pararia aqueles dois.

Todos foram trazidos de volta de suas preocupações com o início do ensaio.

— Vamos começar? No palco: Neji, Naruto, Sakura, Karin, Itachi e Sasuke. — disse Kakashi.

[Outra parte do bosque. Entra Oberon]

NEJI — “Saber eu desejaria se Titânia já despertou, e mais: o que primeiro lhe caiu sob os olhos, de que esteja perdida de paixão.”

[Entra Puck]

NEJI — “Então, travesso espírito, qual foi a brincadeira mais estranha que aparelhaste neste bosque mágico?”

NARUTO — “A rainha se encontra loucamente de um monstro apaixonada. [...] Titânia, apaixonou-se loucamente do belo monstro que lhe estava em frente, um asno.”

NEJI — “Eu próprio melhor plano não teria podido excogitar. Mas a magia da planta no ateniense já puseste, conforme te falei?”

NARUTO — “A dormir o encontrei, já liquidado ficou também esse negócio. Ao lado dele estava a ateniense desprezada que por ele vai ser alcandorada.”

[Entram Demétrio e Hérmia]

NEJI — “Põe-te de lado; eis o ateniense duro.”

NARUTO — “Ela é a mesma; mas que este é outro eu juro.”

ITACHI — “Por que tais expressões gastais comigo? Deixai rigores para o vosso inimigo.”

SAKURA — "Com censuras agora me contento, mas sobejas razões teu ardimento num crescendo me dá de amaldiçoar-te. Se de Lisandro a vida, em qualquer parte, no sono tu tiraste, [...] oh! Mata-me também! [...] dúvida já não tenho: és assassino; esse rosto o proclama, o olhar ferino.”

ITACHI — “O aspecto devo ter de assassinado, não de assassino, porque transpassado me deixou tua insólita crueldade. Mas brilhas com tão grande claridade, apesar da feição dura e severa, como luzente Vênus na alta esfera.” — O Uchiha mais velho se aproximou e fez menção em tocar o rosto da Haruno, pois assim pedia seu roteiro, mas não tocou realmente, apenas chegando perto, já que era só ensaio; ela o gesto negou batendo em sua mão, como também dizia seu roteiro, já que estava aflita por achá-lo ser assassino de seu amado. Porém, na perspectiva de Sasuke, seu irmão tinha mesmo tocado o rosto da rosada com certa intimidade, aquilo o tirou do sério.

SAKURA — “A quem vem isso com Lisandro, agora? Ah, bom Demétrio, dá-mo sem demora”

ITACHI — “Antes eu dera aos cães sua carcaça”

SAKURA — “Sai, monstro! Cão! Desfaçatez tão crassa minha paciência virginal esgota. Já não tenho esperança bem remota. Sei que o mataste. [...]” — Seguindo o roteiro, a Haruno levou uma mão à testa em sinal de aflição, ao passo que o Uchiha mais velho deveria segurar sua mão livre e assim o fez. Sasuke agora estava inquieto em sua posição.

ITACHI — “Funda-se nalgum erro o teu cuidado. Se Lisandro está mal, não sou culpado, nem sei que morto esteja ele, também.”

SAKURA — “Dize, então, por favor, que ele está bem.” — Conforme a cena, Sakura agora tomou a outra mão de Itachi em sinal de imploração.

ITACHI — “Se o disser, que vantagem me vem disso?” — Sakura agora soltou suas duas mãos para dar a deixa de sua última fala.

SAKURA — “A de jamais me ver; maior serviço possível não será, como ora o faço, sejas ou não culpado em seu trespasso.”

[Hérmia sai]

ITACHI — “Nessa disposição não há segui-la. Vou esperar que fique mais tranquila e procurar dormir. [...]”

[Demétrio deita-se e dorme]

NEJI — “Que fizeste? Houve engano manifesto; foi o suco em um amante honesto; deixaste falso um fido namorado, sem que o remisso fosse castigado.”

NARUTO — “O fado o quis; para um sincero amante, mil falsos há de haver a cada instante.” “No começo pareceu engraçado, hoje eu já to achando uma péssima ideia, dattebayo” — pensou o Uzumaki.

NEJI — “Percorre a mata, mais veloz que o vento, e acha Helena de Atenas num momento. De aqui trazê-la ficas incumbido, enquanto o peito eu mudo ao moço infido.”

NARUTO — “Já vou! Já vou! Vê como eu vou ligeiro, tal qual seta de Tártaro guerreiro.”

[Sai Puck]

NEJI — “Botão de rosa ferido pela flecha de Cupido, (Espreme a flor nos olhos de Demétrio) no espírito entra vencido deste moço adormecido. Ao despertar, ao ruído que ela fizer, que rendido se lhe torne o peito fido.”

[Volta Puck]

NARUTO — “Capitão do nosso bando de duendes, já vem andando para cá Helena bela e o jovem da tal querela por mim causada, também. Ora dizei se convém prosseguir na brincadeira, porque a tenhamos inteira. Oh mestre! Como são loucos os mortais! De senso há poucos.”

NEJI — “Retira-te; ao vir o par vai Demétrio despertar.”

NARUTO — “Dois enamorados para uma só mulher! Não há nenhuma brincadeira que me agrade, como ciúme de verdade” “Ah não ser que isso aqui vire um ringue de MMA, ‘ttebayo!” — o Uzumaki ficava cada vez mais aflito, principalmente porque seu melhor amigo já estava parecendo irritado, ele imaginava que por ver a atuação perfeita e toques entre Itachi e Sakura momentos antes.

[Entram Helena e Lisandro]

SASUKE — “Por que dizes que tudo é só ironia? Se assim fosse, tão fundo eu não chorara. No meu pranto comprova-se a magia que exerce em mim tua figura rara. [...]” — Sasuke tentava manter o tom emotivo que pedia o seu papel, mas só de olhar o irmão ali deitado, sereno no chão, sua paciência ficava cada vez mais curta.

KARIN — “Vossa ousadia aumenta; é uma querela santa e infernal matar o amor com juras. Vossa fé é só de Hérmia; abris mão dela? Vossas juras são falsas e inseguras. [...]”

SASUKE — “Ao lhe jurar amor, não tinha eu senso.”

KARIN — “E ao deixarde-la, menos; é o que penso.”

SASUKE — “Demétrio a Hérmia idolatra e vos detesta.”

[Demétrio desperta]

ITACHI — “Ó Helena, deusa, ninfa sublimada, que há de mais fascinante que a alvorada desses olhos tão lindos? Tosco e baço é o cristal junto deles; [...]”

KARIN — “Oh dor! Vejo que estais de acordo, acinte, para de mim zombar com tal requinte. Se em vós houvesse sombra de respeito, jamais me ofenderíeis desse jeito. [...]”

SASUKE — “Demétrio, sois cruel; tenho certeza de que a Hérmia amais. Usemos de franqueza...” Você não vai sair do pé dela, né? — disparou o moreno cortando sua fala.

— Eu não sei do que você está falando, irmãozinho. — respondeu Itachi calmamente.

— Uchihas, o que está acontecendo? — perguntou Kakashi indignado, era a primeira vez que o ensaio estava indo bem desde o começo e agora acontecia aquilo tão perto do final da cena.

— Não me chame assim. E você sabe sim. Estou falando de tudo Itachi, de tudo desde sempre. Eu cansei das suas palhaçadas e agora você direciona suas energias pra ela? — O Uchiha mais novo olhou em direção à Sakura que o olhava de volta aflita.

— Sasuke, eu e ela não existimos, entendeu? Já passou, o que mais quer que eu faça? Assine um contrato? — Itachi continuou o tom calmo, ambos ignoraram o professor.

— Pra você é sempre assim mesmo, um contrato como se ela fosse um objeto, uma propriedade. Mas é claro que é, você é idêntico ao nosso pai.

— Merda, parem vocês d-

Antes que o Uzumaki acabasse com a discussão que já estava chamando a atenção de todos, Itachi que parecia tão controlado partiu como um flash em direção ao Sasuke que, por puro reflexo, levantou as mãos na frente do corpo e conseguiu amenizar o impacto de um soco de direita direto em seu estômago, o que o fez recuar para trás alguns passos cambaleando, mas sem cair.

— Seja lá que merda você tenha para falar de mim, só não me compare com ele. — disse Itachi virando de costas e fazendo menção de se retirar, o que foi um erro.

Sasuke correu em sua direção e com um movimento rápido, segurou-o pelo ombro dando um puxão que o virou para si, cara a cara, o Uchiha mais novo não perdeu tempo e com um gancho de esquerda acertou o queixo de Itachi que, pego de surpresa, cambaleou para trás, mas não caiu, apenas curvou-se e se apoiou nos joelhos com as mãos. Quando Itachi tentou levantar o rosto para encarar Sasuke, sentiu uma dor lancinante atravessar sua cabeça, o soco tinha sido potente; O moreno sentiu gosto de sangue na boca e um filete surgiu descendo em seu queixo e escorrendo para o seu pescoço. O Uchiha mais velho não perdeu tempo e partiu para cima do irmão devolvendo o mesmo golpe, mesmo Sasuke sendo ágil e se desviando para o lado oposto, Itachi era mais e adaptando o corpo para direção em que Sasuke ia, ainda conseguiu acertar o rosto do irmão, com menos potência, mas o suficiente para fazê-lo tropeçar nos próprios pés e cair sentado no chão.

— Fique aí. — Avisou Itachi enquanto limpava o rosto com as costas da mão. Os dois eram alheios aos pedidos desesperados para que parassem e sequer haviam ouvido que a diretora já tinha chamado a segurança.

Sasuke demorou um pouco para se recuperar da queda, mas logo que se pôs de pé, pensou em partir para cima de Itachi novamente, tudo que passava pela sua cabeça era que dessa vez, quem dominaria quem seria ele. Mas nessa hora, Naruto surgiu atrás de Itachi junto com Sasori, que o seguraram e arrastaram para fora do palco. Dois braços envolveram a cintura de Sasuke e uma cabeça se afundou em suas costas, ele tocou aquelas mãos o prendendo como se nunca mais fossem o soltar e soube que era Sakura. Sentiu algo molhado transpassar o tecido de algodão da sua camiseta, ele havia a feito chorar mais uma vez.