Um belo pôr do sol em um fim de tarde quente de verão. Sakura está na beira da praia, sentindo aquela brisa fresca de fim de tarde, areia entrando em seus dedos dos pés e mãos, enquanto ela os desliza vagarosamente fazendo círculos, admirando o esplendor do céu escurecendo, uma paz tranquilizadora trazida com o vento que cheira a sal, maresia... "Triiiiiiin Triiiiiiin Triiiiiiin" O despertador toca — pela quinta vez.

— Minha nossa, já é de manhã!

Me levantei pressentindo o atraso e as reclamações de mamãe, ultimamente a convivência entre nós estava um pouco conturbada, e depois de ter passado boa parte da noite acordada, ansiosa com o primeiro dia de aula, ter sonhado com uma praia paradisíaca para acordar na realidade do meu pequeno quarto, meu humor não estava dos melhores, estar com sono me deixava extremamente mal-humorada.

— Sakura! Vai se atrasar para escola menina!

— Já vou mãe, já vou! Será que ela não percebeu que não sou mais uma criancinha do prézinho...

— O que, filha?

— Nada não, mãe! Já estou descendo!

Um banho relâmpago para sobrar mais tempo olhando o espelho e tentando ganhar um tipo de confiança a mais, que Sakura achava que precisaria para encarar essa última etapa do colegial. Esbelta, 1,68m, de cabelos róseos e olhos esverdeados, 17 anos, inteligente, considerada uma boa amiga e companheira, mas com um gênio difícil... pavio curto. Colocou uma calça jeans escura apertada, uma blusa rosa com um leve decote, jogou a bolsa por cima do ombro e desceu para tomar — tentar tomar — o café da manhã.

— Filha, você vai de chinelo para escola?

— Hoje não é meu dia... — Olho para o meus pés e depois encaro a minha mãe que tentava segurar o riso.

— Não diz isso, filha! Seu primeiro dia de aula em uma escola nova, você tem que ser mais positiva.

— Tá, vou tentar... minha sorte é que as garotas vão estar lá. — Quando me viro para subir as escadas, uma pequena interferência na subida.

— Oiiiiiiiiiii pirralha, tudo bem?

Haruno Sagi, um garoto alto de um 1,90m, com um belo físico, dois anos mais velho que Sakura, de cabelos também em um tom rosa pastel, tem olhos verdes como os de sua irmã mais nova, e assim como ela, tem uma personalidade de um amigo para todas as horas, mas ao contrário da irmã, é extremamente extrovertido e simpático e está sempre com um sorriso estampado em seu rosto. Naquela manhã, era praticamente um irmão gêmeo de Sakura, já que trajava uma calça jeans também escura e uma camiseta rosa clara de colarinho alto e botões.

— Primeiro: eu não sou pirralha! Segundo: estava indo tudo mal até você aparecer e piorar tudo mais ainda! Terceiro: vaza da minha frente, estou atrasada!

— Nossa que estresse, garota! Bom dia, Mãe! — Sagi sorria tanto que parecia brilhar como a luz do sol daquela bela manhã, era como se ele fosse sempre um dia quente, e eu, um dia nublado.

— Bom dia, filho! Dormiu bem? Sente-se, estou colocando a mesa do café.

— Sim mãe..., mas parece que tem gente que acordou com o pé esquerdo hoje...

— Oh filho, deixa ela, isso vai passar! Aposto que quando ela chegar na escola e ver as amigas dela, esse mau humor todo passa. — Mamãe ria e balançava a cabeça negativamente enquanto untava pequenas torradas, pensei em me virar e retrucar, mas corri escada à cima.

— Espero que sim, mãe!

No andar de cima, meus sapatos estavam encostados na porta do quarto, não perdi tempo em colocá-los e me permitir mais uma olhadinha no espelho, fechei a porta e desci as escadas rapidamente em ritmo de trote, quando cheguei no antepenúltimo degrau da escada, tropecei e cai deslizando de bunda até o pé da escada, strike.

— Ah que merda!

— Sakura? Tudo bem? — O super herói da casa aparece assim que ouviu o barulho.

— Claro que não, idiota, parece que estou bem? — Me apoiei em Sagi para tentar levantar.

— Se machucou, Miss Simpatia?

— Não me machuquei não...

— Que bom, então vamos logo, não queremos chegar atrasados no primeiro dia de aula. Já é estranho o suficiente ter passado dois anos sem poder ter me formado... — Naquele instante, tão perto de seu rosto, era uma das raras ocasiões em que eu via o brilho intenso no olhar do meu irmão se esvair. "é melhor eu pegar leve hoje, pelo menos com ele."

— Vocês estão bem aí?

— Estamos! — Me recompus e voltei para cozinha, peguei duas torradas e me despedi. — Tchau mãe! Obrigada pelo café, até mais tarde.

— Tchau filha, tchau filho, tenham um bom dia! — Ela gritou pela janela enquanto já estávamos na frente da casa.

...

Depois de nos afastarmos dois quarteirões de casa, Sagi toca em um assunto um tanto quanto constrangedor que eu tentei enterrar o verão inteiro.

— E então senhorita Haruno... será que os irmãos Uchiha vão estar na escola? — Sagi me encarava com um sorriso malicioso.

— Eu não sei e nem quero saber... — Revirei os olhos e tentei passar toda a indiferença que eu tinha certeza estar sendo desmascarada pelo rubor queimando em minhas bochechas.

— Tem certeza? Não está nem um pouquinho interessada em saber se o... — O interrompi no meio da frase.

— Não ouse terminar o que iria dizer, e principalmente tocar no nome daquela pessoa, Sagi Haruno! — Aumentei o tom de voz e instintivamente levantei os punhos cerrados para Sagi.

— Tá bom, tá bom, sem estresse "rosinha"! — Ele fez questão de frisar a última palavra desenhando aspas no ar e dando risadas.

— Não me chame de "rosinha" , Sagi... esse apelido...

— É o apelido que o Uchiha mais novo colocou em você há alguns anos, certo? — Ele completou a frase que parecia ter ficado presa na minha garganta.

— Aham... — A essa altura eu e meu cabelo eram a mesma cor ou pior, sentia toda minha face queimar.

— Você... — Ele fez uma pausa dramática — ...ainda gosta muito dele, não é, Sakura?

O vento sopra forte e um momento de silêncio é feito.