The Lost Key escrita por Pevensie


Capítulo 1
New Neighbors


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey! Essa é minha terceira Fanfic de As Crônicas de Nárnia!!(embora as outra duas ainda estejam em andamento) Espero que gostem! P.S:Plagiar não é legal u.u



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Capítulo I

As pessoas gritavam ao seu redor.Tudo em volta eram chamas e escombros,as sirenes,não sabia como,continuavam a soar.

Ela se escondeu atrás de uma pilha de pedras,que um dia foram a fundação de sua casa em Londres.Ajoelhou, colocou a cabeça entre os joelhos e tampou seus ouvidos.Tinha a sensação que o mundo inteiro estava desabando ao seu redor,sua pele queimava,os músculos da parede do estômago se contorciam em uma incontrolável ânsia de vômito.Seus olhos ardiam e lacrimejavam,tanto por causa da fumaça quanto pelo seu choro engasgado.A garganta ardia e parecia inchada,o ar quase não passava.Vou morrer, pensou ela,eu estou morrendo.

–Charlotte!-A voz de sua pequena irmã,Grace,gritava seu nome.

Ela ergueu a cabeça e mesmo no meio de todo aquele inferno,conseguiu enxergar sua família como se eles fossem a única coisa nítida ali.Eles estavam na entrada do abrigo dos Fray e acenavam freneticamente para que ela fosse até lá,o desespero estava estanpado em suas feições.

A menina levantou-se usando um único pilar de uma coluna como apoio.Pôs-se a correr,as pernas vacilavam e os pés pareciam chumbo.Para seu desespero,percebeu que não conseguia sair do lugar.

–Charlotte!-Grace continuava chamando parecendo impaciente.Sua voz aguda se sobressaia às outras.Parecia estar tão perto,tão perto que Charlotte pensou que podia tocá-la.

Tentou correr outra vez mas seus pés não saiam do lugar,como se tivessem sido colados naquele ponto da rua,impedindo-a de se mover.

Começou a ficar mais desesperada ainda.Foi quando ouviu os aviões.Olhou para cima,era difícil enxergar com toda aquela fumaça atrapalhando mas era claro que era mais um ataque alemão.

Ela viu nitidamente quando um dos aviões em formação,deixou as primeiras bombas caírem.Tudo parecia se mover em câmera lenta,Charlotte pode ver cada segundo da queda da bomba que parecia flutuar no ar tal qual uma pluma.Também viu quando ela explodiu a apenas três metros dela.Protegeu o rosto com os braços e então menos de um segundo depois,foi jogada violentamente para trás,batendo em alguma coisa que devia ser dura,que devia ter machucado-a,mas o lugar onde caiu parecia estranhamente macio,nem se quer tinha se machucado,constatou com surpresa.

Tentou se levantar para correr até o abrigo dos Fray,a porta agora estava fechada e a sua família não estava mais lá, mas algo travava seu tronco e os dois braço mantendo-a no mesmo lugar.

Permaneceu de olhos aberto ainda lutando para se livrar do que quer que fosse aquilo que estava lhe bloqueando enquanto via outra bomba cair rapidamente em sua direção.Apertou os olhos esperando a morte certa quando..

–Charlotte!

Charlie abriu os olhos arfando e encarou o rosto de sua irmã sentada em cima de seu corpo,os delicados olhos verdes que a olhavam ansiosamente.Foi só um pesadelo.Constatou enquanto lutava para se acalmar.

–Charlie,acorda!-Grace começou a chacoalhar seus ombros.-A Vovó chega hoje,esqueceu?

–Mas é claro que não!-Ela respondeu,agora já um pouco mais calma.Então Grace estava fazendo todo aquele escândalo por isso?

Em todo caso deveria agradecer à irmã por ter livrado-a daquele horrível pesadelo.Estremeceu rapidamente ao lembrar-se do sonho tão nítido.Sabia que não tinha sido real,mas aquilo não era muito diferente de sua realidade.A Guerra havia alcançado um nível péssimo e mesmo na Inglaterra as coisas estavam horríveis.

–Se não esqueceu,então por que não se levanta logo?Ainda temos que nos arrumar!-Insistiu a pequena.

–Será que é porque você ainda está em cima de mim,Grace?

A menina saiu de cima da irmã e se sentou aos pés da cama da mesma.Charlie balançou seus pés para fora da cama e ficou um tempo assim,sentada,enquanto esfregava os olhos.Tateou com os pés procurando sua pantufa macia de veludo negro – que se orgulhava de dizer que seus pais haviam trazido da França especialmente para ela - mas só conseguiu sentir o carpet macio entre seus dedos.

–Grace?-Chamou com a voz mais calma possível.

–Sim?-Respondeu Grace,que agora se ocupava escolhendo uma roupa no closet.

–Você pegou minha pantufa outra vez?

O rosto delicado da irmã apareceu na porta do closet,fazendo uma cara inocente,os cabelos loiro escuro lhe dando um ar angelical.

–Eu já ia devolver.-Fez um muxoxo e tirou as pantufas,atravessou o quarto e entregou a Charlie que a olhava divertida.

–Se gosta tanto assim delas- Charlie começou,calçando as pantufas e indo até o closet.-Por que não pede uma igual para o papai ou para a mamãe?

–Já pedi.-Grace disse,a voz abafada enquanto passava com certa dificuldade um vestido florido pela cabeça.-Mas eles não conseguiram achar uma igual por aqui.E com essa guerra aí fora,fica muito caro para encomendar uma.-Lamentou-se ajeitando o vestido no corpo.-Fecha aqui para mim,Charlie?

Ela foi até a irmã,que virou-se de costas para que ela fechasse os botões.

–Sabe, - Charlie disse fechando já o último botão - nós podemos usá-la juntas. - Disse afavelmente,fazendo o laço na parte de trás do vestido da irmã. - E quando a guerra acabar,eu mesma compro uma para você,tudo bem?

Grace se virou,um sorriso esperançoso percorrendo seu rosto.

–Mesmo?

–Mesmo.

A pequena abraçou fortemente a cintura da irmã.Meu Deus,pensou Charlie,é só uma pantufa.

–Você é a melhor irmã do mundo!Eu te adoro!-Grace disse ainda agarrada a cintura de Lena.

A mais velha afagou lhe os cabelos macios sorrindo internamente.Grace largou a irmã e saiu girando pelo quarto,até tropeçar numa sapatilha preta no meio do caminho.

–Opa!-Exclamou,se segurando na escrivaninha.-Ah,era você mesma que eu queria.-Pegou as sapatilhas e as calçou, ainda usando a escrivaninha como apoio.

Charlie observava a cena com um leve sorriso no rosto.Como Grace podia se manter feliz num clima desses?Bem,pensou ela, talvez seja coisa de criança. Ou talvez,uma voz ecoou em sua cabeça, ela só não consiga entender a magnitude do que está acontecendo.Deu de ombros discretamente e tratou de procurar uma roupa no closet.

–Será que Colin já está acordado?-Grace perguntou,a voz um pouco abafada por causa da parede que as separava.

–Provavelmente,não.Por que não vai acordá-lo?-Sugeriu,vasculhando os cabides.

A resposta da irmã foi a batida da porta no batente,indicando que tinha mesmo ido acordar Colin,o seu irmão mais velho.Meneou com a cabeça apenas uma vez.Era assim todo dia,Grace acordava e depois passava nos quartos dos pais e no do irmão para acordar todos.Mas só podia fazer isso depois das sete horas,que era a hora em que todos já deviam estar de pé.Essa regra foi criada depois que “acidentalmente” Colin provocou um hematoma no braço de Grace,quando ela acabou acordando-o às 5 da manhã.

Charlie finalmente escolheu uma roupa,um vestido que tinha ganhado de sua avó há quase um ano atrás.Era de um lindo tom de verde que realçava seus olhos,com botões pratas na parte frontal e um laço da mesma cor na cintura.Faltando menos de um mês para seu aniversário de 15 anos,Charlie estava frustrada por não ter tantas curvas em seu corpo como gostaria.As únicas coisas de que se orgulhava em si mesma eram os olhos,num verde terroso e a boca,que era cheia e desenhada e tinha uma linda coloração cor-de-rosa.

Quase que mecanicamente,caminhou até a penteadeira,que ficava perto de sua cama e escovou seus cabelos perdida em pensamentos.O sonho não saia de sua cabeça,a sensação de ansiedade ainda não havia passado.Os bombardeios vinham sendo cada vez mais constantes em toda a Grã-Bretanha e o futuro das famílias cada vez mais incertos.Esperava que a Guerra acabasse logo,já faziam dois anos!Dois longos anos que pareciam intermináveis.

O motivo de tanta euforia de sua irmã,era o fato de que sua avó,Sarah,iria se mudar para a casa deles.Não sabia ao certo porque a avó estava indo para lá,já que nos Estados Unidos a situação estava bem melhor.Sua mãe havia dito que era porque a vovó queria ficar perto da família nos "tempos difíceis".

Quando decidiu que seus cabelos castanhos já estavam devidamente escovados,colocou os oxfords pretos e saiu do quarto,fechando a porta atrás de si.Caminhou silenciosamente pelo corredor,as imagens do sonho ainda muito nítidas em sua cabeça.Enquanto descia as escadas,se lembrou de quando viu no sonho a casa em ruínas,um leve tremor percorreu sua espinha ao pensar que havia possibilidade de aquilo acontecer.

Ao chegar na sala de estar enrolando nervosamente uma mecha de cabelo - hábito que havia adquirido com sua amiga, Margot - percebeu que Colin estava sentado em um dos sofás,fazia cócegas em Grace,que estava em seu colo.

–Bom dia,minha outra irmãzinha favorita!-Colin a saldou,colocando Grace sentada ao seu lado no sofá e abrindo os braços para Charlie.

–Uau,é ótimo saber que eu sou a "outra irmãzinha favorita".-Disse com sarcasmo,mas mesmo assim aceitou o abraço de seu irmão e se sentou do seu outro lado.

–Não precisa se ofender!Vocês duas são minhas irmãs favoritas.-Ele respondeu,passando os braços sobre os ombros de cada uma.-E então,como foi a noite?

–Ótima.

–Horrível.

Responderam Grace e Charlie ao mesmo tempo.

–Uma diferença e tanto de opniões.-Comentou Colin.-Qual foi o motivo da noite horrível,Charlie?-Perguntou ele,afagando seus ombros.

–Pesadelos,para variar.

–Mas pelo menos você sabe que não são reais.

–Queria que estivesse certo,Colin.Mas toda vez que eu acordo,o pesadelo fica pior.

Ficaram os três em silêncio por um momento,parecendo perdidos em pensamentos.

–Não vai durar para sempre,a guerra.Você sabe.-Peter disse reconfortando-a.

–Mas ainda vai demorar para acabar,seja realista!O que pode acontecer até tudo isso acabar?Quantas pessoas vão ter que morrer,Colin?-Charlie despejou as palavras para cima do irmão,
à beira de uma crise de nervos.

–Calma,Charlie.Vai ficar tudo bem.

–Espero que fique.

Outro momento de silêncio se seguiu a esse pequeno diálogo,Charlie ainda enrolava a mesma mecha de cabelo,Grace balançava os pés que não alcançavam o chão,e Colin olhava tudo com um olhar vago como se não estivesse ali.

–Onde estão mamãe e papai?-Grace perguntou erguendo seu olhar para Colin.

–Foram buscar a vovó na Estação,disseram que voltavam daqui a uma hora.

–Estou com fome.Por que Marie ainda não nos chamou para comer?-Ela reclamou,olhando para a cozinha,onde podiam ver a empregada arrumando a louça na mesa.

–Marie disse que temos que esperar até que nossos pais voltem.

–Mas vai demorar taaanto.Até lá eu já vou ter morrido de fome.-Grace disse,colocando uma das mãos na testa e caindo por cima das almofadas do sofá teatralmente.

–Ora,não seja dramática.-Charlie disse revirando os olhos.

–Se inventarmos alguma coisa para fazer,não vai demorar tanto assim.-Colin sugeriu.

–Mas o que faremos?-Ela perguntou jogando as mãos para o alto.

Grace se levantou rapidamente,puxando Colin e Charlie pela mão,até que eles ficassem de pé.

–Quem chegar por último no sótão é um bobão!-E saiu correndo escada acima.

Para surpresa de Charlie,Colin saiu em disparada logo atrás deixando-a sozinha na sala.

–Ei,me esperem!-Ela exclamou,indo atrás dos dois.

Como aqueles dois tinham disposição!Três lances de escada depois Charlie estava ofegante,chegou no sotão e se encostou na parede,as mãos em cima dos joelhos enquanto se recuperava.

–Francamente!Eu...

–Shiiiu!-Colin e Grace pediram ao mesmo tempo olhando pela janela que dava para a rua.

–O que foi?-A menina se ergueu e caminhou até eles,se colocando no meio dos dois e olhando para o local que eles olhavam também.

Três homens descarregavam movéis de dentro de um caminhão até a casa vizinha.Duas moças – Uma com cabelo castanho escuro,outra com o cabelo mais claro -,uma menina baixinha e um rapaz com cabelos também castanho escuro (era a única coisa que Charlie podia notar de longe: a cor do cabelo)que parecia ter parado de ajudar a descarregar os móveis para descansar,estavam parados em frente a casa observando o trabalho dos outros três homens.Um deles era loiro,mas o outro,o que aparentava ser o mais velho – quem sabe o pai? – tinha o cabelo igualmente castanho.

–Parece que temos vizinhos novos.-Grace disse baixinho.

–Nem percebi que os antigos tinham se mudado.-Charlie comentou.

–Acho que são Dinamarqueses.-Colin disse com convicção, o nariz grudado na vidraça.

–Por que acha isso?

–Você não viu?Olhe lá!Os móveis só podem ser de alguém da Dinamarca.

–Só porque tem esse tipo de móveis não significa que vêm da Dinamarca.-Argumentou Lena,ainda olhando pela vidraça.

–Dá para ficarem quietos vocês dois?

–Grace,eles não vão nos ouvir.Se você não percebeu,estamos no sótão!-Charlie gesticulou para o espaço ao seu redor enquanto gritava para a irmã.

Lá em baixo,o garoto moreno que estava em frente à casa,virou a cabeça para cima olhando diretamente para a janela do sótão.

–Eu falei para falarem baixo!-Protestou Grace.

–Foi só coincidência!Ele sequer consegue nos enxergar aqui.Veja só.-Charlie então acenou com a mão para o garoto lá embaixo,para que Grace pudesse ver que ele não os enxergava.

Charlie deixou seu queixo cair,enquanto observava o garoto que agora sorria e acenava de volta.

–Viu?-Grace contestou vitoriosa enquanto ria da cara da irmã.

Deliberadamente,ela levantou a mão e escondeu uma mecha do cabelo atrás da orelha,ainda olhando-o. Embora estivesse chocada,não podia desviar o olhar do sorriso daquele garoto.Era lindo.
Enquanto os dois sorriam um para o outro - ele da calçada,ela da janela do sótão -nenhum dos dois sabiam,e nem poderiam imaginar, que dali para a frente um mudaria completamente a vida do outro.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo está longo,eu sei. Espero que tenham gostado"Depois de suas manifestações de opniões em forma de - é claro - reviews,o capítulo 2 será postado! Até logo xoxo



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