Pelo escuro escrita por Olavih


Capítulo 18
Pegos no flagra


Notas iniciais do capítulo

Surpresa! Resolvi postar mais cedo porque tive muitas ameaças kkkkkkkk. Mentira é porque vocês merecem sabe? Principalmente a Rocker, pela recomendação MARAVILHOSA que ela me fez. Rocker eu não tenho nem palavras. Minha gratidão já não cabe em falas. Muito obrigada, pelas mais belas palavras. Esse capítulo é pra você.



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Ethan me beijou. BEIJOU. Não um beijo na bochecha, ou um beijo de vovó. UM BEIJÃO. Sim eu estava surtando. Sim, eu estava atônita. E claro, eu estava correspondendo ao beijo.

Ele passou os braços ao redor das minhas costas, curvando-me com nossos lábios ainda sendo um. Ele tinha um gosto suave de menta, por conta do chiclete que tinha jogado fora há pouco tempo. Puis as mãos em seu rosto para sentir a suavidade de sua pele. Os lábios trazem a mesma sensação: paz. Tocá-lo, beijá-lo, me dava uma sensação incrivelmente calma e eu ficava zen apenas de pensar em seu beijo. Não sei como, mas beijos podem significar coisas quase tanto quanto olhares. O beijo dele me dizia que ele me queria, tanto quanto eu o quero. Que ele está apaixonado por mim tanto quanto eu estou apaixonada por ele. E para mim, já basta.

Ethan prendeu-me em seus braços e beijou meu pescoço. Tranquilamente, deixando que arrepios percorressem minha pele e saboreando o calor que crescia em nós. Respirei lentamente sentindo o prazer de tudo aquilo. Não me lembrei da namorada de Ethan, nem dos meus pensamentos de hoje mais cedo. A única coisa que fazia sentido na minha cabeça era como nos encaixávamos. Não conseguia entender como eu consegui ficar tanto tempo longe dele. Talvez seja como uma droga: quando você vicia, não consegue imaginar sem, mesmo que tenha vivido uma vida sem experimentar.

—Desculpe interromper, só acho que esse é o meu namorado não? — ouvimos uma voz atrás de mim que me causou tanto arrepios quanto fúria. Quem em sã consciência resolve atrapalhar enquanto Ethan e eu estamos tão bem? Bem, só uma pessoa tinha esse direito.

—Jaqueline? — engasgou Ethan. Ele me soltou rapidamente e eu me afastei, arrumando os cabelos e virando-me de costas para a assassina da moda.

—Oi Ethan. Achei que você estivesse chateado comigo e pelo visto acertei. Eva deve ter te ajudado muito não?

—Na verdade, ajudei mesmo Jaque. Afinal, um gato como Ethan seria um desperdício para alguém como você. — sim eu sei, fui bem vagabunda nesse momento. Mas, deem-me um desconto certo? Eu havia acabado de beijar o cara que eu mais gosto, e essa sem sal já quer tirá-lo de mim? Como você agiria? Bem, eu escolhi agir assim.

—É Jaqueline. — ela trancou os dentes. — e a menos que queira ter que fazer plástica o resto da sua vida, sugiro que largue o meu namorado agora! — ela falou com seus olhos vermelhos de raiva. Eu até estava afastada de Ethan, mas então me aproximei, passando os braços ao redor de seu pescoço e dando-lhe um selinho. Depois sorri ao dizer:

—To pagando para ver.

Ela avançou. Veio com tudo, como se fosse uma galinha brava com alguma coisa, mas eu já estava preparada. Então, quando ela chegou perto eu desviei e ela caiu de cara no chão. Sentei em cima dela, batendo em seu rosto, arranhando sua pele. Eu não era garota de dar tapas, preferia os bons e velhos murros, apesar de que patricinhas não dão murros, nem modelos. É muito sem classe para mim.

Dado momento ela virou nossas posições e pude sentir na pele um pouco de violência. Ela deixou meus lábios cortados e minha sobrancelha sangrando, devido a outro corte. Quando ia revidar de um modo a deixa-la desnorteada, ela fora tirada de mim. Ethan já subia com ela pelas escadas, sem olhar para trás.

Sentei no chão, observando, furiosa, as marcas que ela me deixara. Eu sabia a bronca que levaria quando Ethan fosse falar comigo, mas não importava. Toda minha raiva tinha passado. Eu estava bem. Cheia de hematomas, deitada no chão da sala da minha casa, mas bem. Frustrada em parte, animada em outra. E com o sentimento de alma lavada.

***

A sem sal demorou a ir embora. Eles discutiram durante um bom tempo até que a vi, descendo as escadas. Foi com dor no coração que notei as mãos deles entrelaçadas. Ela nem olhou para mim quando passou, mas fez questão de beijar Ethan na boca ao chegar à porta. Ao fechá-la, meu amigo virou-se para mim, e eu já sabia quais seriam suas palavras.

—Eva...

—Não Ethan. — as lágrimas e os soluços saíram sem permissão. — Não fala nada. Eu já entendi tudo. — e correndo, subi as escadas.

Um sentimento de traição se apoderou do meu corpo. Ele me dera esperança. Beijando-me daquele jeito ele acendeu em mim um sentimento que eu tentava por tudo sufocar. Ao me segurar daquele jeito ele me mostrou seu desejo. Ou achei que havia mostrado. Mas, ao descer as escadas de mãos dadas com Jaqueline percebi que eu era só uma carta. Um coringa. Um extra. Algo não importante. E eu não o perdoaria por ter me dado esperança. Expectativas só para serem quebradas depois. Isso era desumano.

Apertei meu travesseiro o mais forte possível para não gritar. Eu sei que logo estaria tranquila com ele, afinal eu não conseguia ficar sem seu abraço. Vê-lo e não ser envolvida por seus braços era como estar no deserto do Saara com a possibilidade de sair para algum lugar melhor e mais fresco e não poder usá-la: uma tortura que eu não sabia se seria forte o suficiente para aguentar. Já havia aprendido a ficar com ele, como desaprender agora?

Deitei na cama sem a mínima vontade de sair de lá. O tempo foi passando e meus pensamentos iam divagando. Não pensava em nada na verdade. Talvez na mancha amarelada no papel de parede da parede a minha frente. Queria entender o porquê dele ali, lembrar-me de algo que pudesse fazer uma macha daquela. Mas eu sabia que aquilo tudo era enrolação. Eu só estava enganando meu cérebro para enganar meu coração. Às vezes você precisa ser um covarde para ficar de pé.

Quando ouvi alguém bater a minha porta eu apenas gemi. Não receberia ninguém, Ethan deveria ter avisado Kyra. A pessoa bateu insistentemente, mas eu continuei encolhida em meu lugar. Não quis levantar, nem gritar, nada. Não me sentia forte o suficiente para isso. Parecia que eu estava doente e que minhas forças já haviam se esgotado. Meus músculos pesavam cinquenta quilos cada, meu coração estava arrasado. Eu queria chorar, mas estava triste de mais até para isso. Parecia que aquelas lágrimas não eram suficientes para acabar com a tormenta em meu peito. Esperei a desistência da pessoa. Esperei fielmente que ela não bateria mais. Que não descobrisse que deixei a porta destrancada, por que quando entrei estava desesperada de mais para me lembrar de trancá-la. Esperei, mas não foi o que aconteceu.

Kyra abriu a porta. Ou achei que fosse Kyra, quando na verdade foi Ethan quem colocou a cabeça para dentro do quarto. Ele encarou-me com seus doces olhos castanhos, sentindo uma pontada de dor visível ao ver o meu estado. E eu podia até imaginá-lo. O rosto triste, o corpo encolhido, a expressão de dor, o olhar vazio. Era assim que eu estava. Frágil, calada. Eu, que nunca me deixava entristecer por nada, estava completamente depressiva.

Ethan colocou metade do corpo para fora como se estivesse indeciso quanto a avançar ou não.

—Posso entrar? — acenei confirmando, porque não confiei na minha voz para falar. Eu sei que você não me entende. Sei que vai pensar o quanto sou burra em permitir que ele entre, quando ele me tornou uma simples amiga na vida dele. Mas é como eu expliquei mais cedo. Eu não consigo vê-lo e não abraça-lo. Não consigo vê-lo e fingir que não o conheço. Que não somos amigos. Que nunca nos vemos. Não dá. Não sou forte o bastante. Não me julgue, porque só eu sei a minha força. Ele entrou e ficou perto da minha cama. Estiquei-me o suficiente apenas para puxar sua mão e o trazer para mim. Ele sentou-se na minha cama de modo relaxado, abrigando-me junto a seu corpo.

—Vocês estão bem? — perguntei não escondendo minha tristeza.

—Ela disse que vai se matar. Que se eu a deixar, ela não vai hesitar em largar a própria vida. Eu sabia que ela tinha problemas e que gostava de mim, mas nunca achei que fossem tão... Estranhos. — ele passou as mãos nos cabelos, cansado. — Ah, Evangeline. O que estamos fazendo? — perguntou ele como uma lamúria, acariciando meu cabelo.

—Não sei Ethan. — suspirei, sentindo as lágrimas vindo. Afundei-me ainda mais. — eu realmente não sei.

***

Passamos os dias seguintes como amigos. Não melhores amigos, mas amigos. Daqueles de se encontrarem por acaso, conversarem sobre como está à vida e depois dar as costas, sem realmente se importar de marcar para ver mais a pessoa. Kyra não comentou nada sobre nossa distância, mas eu a contei sobre nosso beijo. Ela pulou de felicidade nesse momento, mas caiu por tristeza com a nossa conclusão. Viveríamos como bons amigos, como estávamos vivendo.

Tentei não me importar muito. Tentei não pensar muito. Tentei tanto que ás vezes me pegava pensando em não pensar. Confuso eu sei, mas é a verdade. Aos poucos fui ficando melhor. Conseguia segurar um sorriso e dizer um bom dia sem parecer forçado. Evitava músicas tristes, porque se as ouvisse provavelmente eu cairia em desespero. E fui levando assim, dia após dia, hora após hora, sorriso após sorriso.

Jaqueline não fora mais mencionada na casa. Ela nem sequer aparecera lá. Até porque se eu a visse, eu faria o que não fiz aquele dia com o garoto que vomitou no meu pé: a jogaria de cima da escada. Ethan preferiu não arriscar. Então quando o via saindo à noite eu sabia que era para vê-la, mas ao chegar, nenhum comentário era proferido. Ele só dizia: “Vendo esse filme de novo Evangeline?”, com seu habitual sorriso de nerd.

Era uma segunda feira quando as coisas começaram a melhorar. Meu celular tocou e pensava ser Tobias, pedindo-me para ajuda-lo na bagunça do restaurante de novo. Mas ao olhar para meu identificador de ligações, eu sabia que não era ele. Era um número desconhecido. Atendi com a curiosidade crescendo em meu peito.

—Alô?

—Oi Eva, sou eu, Sam! —saudou-me a amiga.

—Olá Sam. O que conta de bom? — perguntei sentando no sofá.

—Então, se lembra do emprego que ofereci? Então, eu vou dar um desfile, mas estou precisando mesmo de modelo. Teria como você...

—Claro! — respondi com um pulo. Eu precisava mesmo de uma distração e a volta aos palcos seria realmente bem vinda. Sentia falta do cheiro de ansiedade e das diversas maquiagens ao meu dispor. Da correria e das roupas. Dos imprevistos que viravam estórias que viravam gargalhadas no fim. Sentia falta de muita coisa.

—Está bem. — ouvi sua risada animada motivada pela minha resposta rápida. — O desfile é nesse sábado, mas te ligarei à sexta para confirmar tudo.

—Sim, claro. Como quiser.

—Obrigada Eva.

—Sou eu quem agradece.

***

Os dias não passavam de modo algum. Eram apenas cinco dias, mas o sol insistia em nunca se por, ou nunca nascer. Eu passava o dia todo olhando as horas, suplicando para os minutos passarem, mas meus relógios pareciam quebrados. Fiz tanto isso que Ethan e Kyra quase ficaram loucos. Por fim, me levaram ao cinema.

—Então, acham que minha ansiedade vai acabar só me levando ao cinema? — perguntei. Andávamos todos ligados pelos braços dados, olhando sem interesse vitrines ao nosso redor.

—É isso, ou te enterrar no quintal. — disse Kyra.

—Eu já comprei a pá. — ele sorriu ao me encarar. Fechei a cara a ele.

—Certo, seus assassinos. Qual o filme? — estávamos em frente aos cartazes. Vários filmes eram expostos, e as opções pareciam tantas...

—Que tal livrai-nos do mal? — sugeriu Ethan. Senti Kyra tremer ao meu lado.

—Nem pensar. Não quero Kyra na minha costela a noite depois. — reclamei. Eles riram, mas Kyra parecia aliviada em sua risada.

—O protetor? — sugeri. Ethan franziu o cenho.

—Esse filme está com cara de ser daqueles que o principal tem uma pistola de água e os outros armados de canhão perdem para ele. Patético. — reclamou meu amigo. Revirei os olhos, mesmo sabendo que ele estava certo.

—Já sei: maze runner. — sugeriu Kyra.

—Não gosto do ator. — Ethan se pronunciou. Distanciei-me dele, horrorizada.

—Você o que?

—Não gosto do ator. — ele repetiu mais devagar, encarando-me. Exagerada, agarrei-me a Kyra ainda o encarando perplexa.

—Como pode não gostar do Dylan O’Brien?

—Como gostar desse cara?

—Ah vocês dois! — ouvi Kyra protestando atrás de mim. — se não quietarem agora eu vou escolher “Os Boxtrolls” e todos vão assistir até o fim sem dormir. — ela ameaçou referindo a uma animação não muito interessante. Estremeci.

—Vai ser maze runner. — continuei na minha tecla.

—Quero um argumento muito bom. — ele exigiu.

—Kaya Scodelario! — pronunciei. Ele era apaixonado naqueles olhos azuis céu aberto.

—Por que ainda não compramos os ingressos? — perguntou sorrindo brincalhão. Gargalhamos ao nos dirigir a fila.

***

Depois de aquele dia aguentar a ansiedade se tornou menos angustiante. Eu sabia que o tempo não passaria se eu olhasse de minuto em minuto para o relógio, e que se eu não arrumasse uma ocupação ficaria louca. Então, fiz uma lista de filmes. O dia todo eu passava vendo filmes, trabalhando e cuidando de tarefas simples em casa.

E enfim o sábado chegou. Sam havia ligado sexta, como prometido e eu havia confirmado minha presença. Então, no sábado, Caio levou-nos até o lugar. Era uma boutique onde o enfeite estava bastante bonito e tudo parecia organizado. Era um salão amplo, enfeitado de quadros complexos e valiosos; a cor predominante era violeta, mas havia outros tons; o lugar brilhava com o luxo da cor. Vi várias pessoas chegando e entrando por um lugar diferente de onde entravam as modelos.

A todo o momento eu torcia minhas mãos toda nervosa, como se aquele ato expulsasse meus medos de mim. Eu sabia que não, mas não conseguia parar. Ethan até pegou a minha mão, entrelaçou na sua e a segurou firme, como se me mostrasse que estava tudo bem. Que ele estava ali. Deixei meus amigos recebendo um abraço de boa sorte de cada um. Quando chegou a vez de Ethan ele sussurrou:

—Suba lá e brilhe como a estrela que você é. — nós dois sorrimos com o comentário que só nós escutamos e eu parti. O frio na barriga não me deixava. Mas apesar disso, eu estava preparada.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Qual a parte que vocês mais gostaram? Precisa melhorar onde? Ah Lua e Rocker, vocês tem coisas a cumprir kkkk. Capítulo... RRecomendações... Kkkkkk. Beijos.