A captura do tordo escrita por Maga Clari, Katsudon


Capítulo 5
76ª Edição dos Jogos Vorazes


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltamos com um cap fresquinho e cheio de emoções!!Espero que gostem



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No mesmo instante em que as imagens aparecem, minha boca se abre num perfeito “o”. Gale, Prim e Peeta. Prim. Ela não está nas mãos de Snow. O que me traz um enorme alívio. Gale parece furioso, enquanto Peeta está no chão e minha irmã ajudando-o.

– Por mim você poderia ter comido as amoras idiotas desde o início, ou pior, ter sido pego pela Capital ao invés dela. É tudo culpa sua... – Gale grita furioso. Mal sabe ele que eu queria isso.

– Gale... – Peeta tentou interrompê-lo com um olhar meio desesperado. Acho que ele não notou que está sendo gravado.

– Faça pelo menos um favor pra nós e colabora com nossas decisões, pode ser? Eu, como um dos chefes, posso usar uma das armas quando bem entender!

Então Gale avança em Peeta, o qual tenta se defender e revidar. Algumas pessoas tentam separá-los - o que parece impossível - e depois de muitos socos, alguém chega com uma seringa e injeta em Peeta que, em poucos segundos, desmaia. A transmissão é cortada, voltando a aparecer minha imagem com a boca escancarada de surpresa.

Peeta está a salvo. E Prim também. Estão no 13. Como eu pensei na Arena, Peeta seria um ótimo porta-voz para a guerra. Mas ele e Gale não estão se dando bem um com o outro e toda Panem sabe disso agora. Sabem também que estou aqui forçada. Argh! Aqueles dois idiotas. Era para eles estarem fazendo algo útil pela revolução, não arranjando brigas sem noção, principalmente por minha causa.

Enfim fecho a boca e olho ao meu redor. Todos no estúdio estão do mesmo jeito que eu estava, incluindo Snow. Ele pisca, como se estivesse voltando para a realidade, vindo em seguida à frente da câmera.

– Viu só, Panem? – ele começa, com um sorriso feliz demais. – Essa guerra é totalmente sem sentido já que irão perder. Tenho certeza disso, pois se nem seus líderes se dão bem com os aliados como poderão liderar vocês a vitória? Não existe essa possibilidade. Por isso darei a oportunidade de vocês se renderem. Se fizerem isso eu permaneço com a mesma punição: Os Jogos Vorazes. Claro que pior, mas apenas ele. Senão farei coisas cruéis jamais vistas.

O estúdio fica em completo silêncio; tenho certeza de que Panem também está absorvendo as palavras de Snow.

– Acho que vocês adorariam saber a opinião de Katniss Everdeen. – ele olha ameaçadoramente.

Eu? Mas o que diabos ele quer que eu diga? Que eu peça um cessar- fogo? Só pode ser. Porém, por que eu faria isso? Prim, Peeta ou qualquer outra pessoa com que eu me importe não está ao alcance de Snow.

– Acho que isso prova que não sabíamos de nenhum plano rebelde, que ambos fomos vítimas deles.

O Presidente não parece nada satisfeito com minha resposta.

– Você não gostaria de mandar um recado à eles?

– Não sei. – digo irônica. – Talvez "continuem a lutar" ?

Snow grita “corta” e vem furiosamente em minha direção. Eu tento correr, mas dois guardas me impedem. O Presidente aperta meu braço e me força a olhá-lo.

– Você acha que isso é brincadeira? Que pode dizer tais coisas e sair impune?

– E o que você vai fazer? Comer minha irmã? – digo lembrando-me da cena de agora pouco: ele comendo uma Prímula Noturna.

Snow se enfurece e dá um soco em mim tão forte que me faz cair. Ele se aproxima e pega meu queixo fortemente obrigando-me a olhar seus olhos de cobra.

– Não, queridinha. Vou fazer pior. E com você.

***

– Ei, aonde estão me levando? ME SOLTEM. ME LARGA!

Tento me debater entre os músculos fortes que me seguram mas nada adianta. Eles são mesmo muito fortes. Começo a gritar cada vez mais alto, mas nada dos pacificadores me soltarem. Atrevo-me a morder a mão de um deles mas tudo que ganho em troca é um soco bem dado no meu nariz. Eles permanecem em silêncio apesar de todo o meu escândalo.

– VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO COMIGO, EU SOU O TORDO!

Finalmente um deles abre a boca:

– Calada, Senhorita Everdeen.

Consigo usar este momento de distração dele e chuto a região periférica do pacificador. Saio correndo, sem direção, e os outros dois estão em meu encalço; finalmente me vejo encurralada num corredor sem saída. Um deles me agarra, agressivamente, e o outro joga um spray no meio rosto. Sinto meus olhos arderem. Muito. Continuo me debatendo e berrando de dor mas eles conseguem me jogar numa sala qualquer antes que eu pudesse fugir novamente.

Sou atirada como se eu fosse um brinquedo insignificante, sem a menor preocupação se eu me machucaria ao ser jogada assim. Rolo um poquinho e bato a cabeça na parede. Eu ainda estava massageando a testa, a qual obtive um corte, quando a imagem do presidente Snow se materializa na parede frontal. Só agora eu me dou conta de que perdi a porta; começo a me perguntar se eu realmente fui posta ali ou já estava a mais tempo sem perceber. Olho para todos os lados e tudo parece igual. Nada de janelas, nada de portas. Nem cor tem essa sala. Olho para baixo e é como se eu estivesse pisando no nada. Será que isso é um sonho? Será que eu morri enfim? Puxo a manga do meu vestido e vejo que ainda estou com a roupa da entrevista...

– Boa noite, Senhorita Everdeen - a imagem fantasmagórica do Snow diz pra mim. Tenho um pensamento estranho nesse momento. Será que o Snow é a personificação do demônio? Ele continua: - Espero que tudo esteja nos conformes - ele sorri de um modo que me assusta - E se fizéssemos as pazes? Eu acho ótimo. E para comemorar, que tal brincar brincar um pouquinho?

– Brincar? - pergunto, alarmada - O que você quer dizer com "brincar" ? Ei. Snow? SNOW!

Começo a gritar e procurar por ele, rodeando aquela sala assustadora, e ficando louca. Talvez eu já esteja mesmo mentalmente desorientada, afinal de contas. O que é isso tudo afinal? Sinto as paredes diminuírem gradativamente e começo a bater nelas em desespero.

– SNOW?! ME TIREM DAQUI! EI! - rodo e continuo batendo.

Então algo - realmente assustador - me desvia a atenção. Uma voz. Uma frase. Um anúncio. Não por uma voz qualquer e muito menos um anúncio qualquer. A voz - primeiro num sussurro, depois repetidas vezes num aumento gradual de ampliação - diz:

"Bem vindos à Septuagésima sexta edição dos Jogos Vorazes. Dessa vez teremos uma única participante. Mas não temam, não hesitem. Porque a estrela desse ano vale por muitos. Katniss Everdeen, do Distrito 12! Palmas para ela. Que a sorte nunca esteja à seu favor!"

"Ela vale por muitos..."

"Katniss Everdeen..."

"Everdeen!"

"Katniss Everdeen do Distrito 12"

"... que a sorte nunca esteja à seu favor, Katniss"

"Que os jogos começem!"

– AAAAAAAAAH!

Me contorço em dor, eu não posso acreditar. Isso não é real, não pode ser. Simplesmente não pode. Berro, mas sei que não estou sendo ouvida. Não posso ser jogada nesse inferno outra vez, eu prefiro acreditar nas hipóteses do sonho ou morte. Qualquer coisa é melhor do que ser posta na Arena novamente. Quando me recupero, em parte, do primeiro susto, levanto a cabeça. Tudo o que vejo ao meu redor são rostos. O mesmo rosto. O rosto pertencente à voz. Era o que eu temia.

Um sorriso, uma gargalhada vitoriosa. Primeiro quatro, depois oito, depois dezesseis e milhares de imagens iguais. Isso não é real, berrava para que eu mesma pudesse me escutar; mas eu não pareciaquerer me escutar.

"Que os jogos comecem, Katniss Everdeen. Que a sorte nunca esteja a seu favor"

E a gargalhada outra vez.

Começo a chorar desesperadamente, tentando acalmar a mim mesma. Olho em volta e a imagem sumiu. Me vejo num quarto aparentemente maior, bem parecido com a minha primeira Arena, na floresta. Sento numa rocha e continuo chorando. Condeno a mim mesma por parecer fraca; só que é difícil quando a imagem daquela gargalhada aparece o tempo inteiro. Nas águas do riacho, nas nuvens, em tudo. Será que ele foi pego? Será que ele se rendeu? Mas e quanto aquela imagem que eu vi mais cedo, dele no D13? Quanto tempo deve ter se passado desde a gravação daquilo? Será que eu me perdi no tempo e espaço? Será que ele é vendido, um espião talvez? Mas... e será que ele ao menos é real?

Será?

"Katniss Everdeen se dirija à Cornucópia. Isso é uma ordem."

Será que Peeta, o tributo desafortunado, prometido em casamento, é real?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Melarkisses e Johugs pra vcs!!



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