Convergente - Final Alternativo escrita por Ger Diann


Capítulo 4
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por mim com algumas frases de Convergente.



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Capítulo 52

Tris

Nos dias que se seguem, é movimento, não quietude. Vejo todos se recuperarem do soro da memória que os alterou permanentemente.

Aqueles perdidos no nevoeiro do soro da memória são reunidos em grupos e expostos à verdade: que a natureza humana é complexa, que todos os nossos genes são diferentes, mas nem deficientes nem puros. Eles também são expostos a uma mentira: a de que suas memórias foram apagadas por causa de um acidente, e que eles estavam à beira de pressionar o governo pela igualdade dos GDs.

Johanna está organizando o transporte para aqueles que querem deixar a cidade. Eles virão aqui para saber a verdade.

Eu ainda me recupero das dores no corpo que o soro da morte me causou. Na primeira noite depois que venci o soro da morte, eu e Tobias continuávamos a dormir em camas separadas, mas próximas. No meio da noite acordei sem conseguir dormir e fui para a sua cama. Desde então só consigo dormir com ele. Seus braços me livram de todo e qualquer pesadelo, toda e qualquer dor. Então todos os dias estamos lá, encolhidos na sua pequena cama do dormitório como um só.

Quando passo pela entrada, vejo um pequeno grupo de pessoas reunidas perto da escultura de pedra, uma deles em uma cadeira de rodas – Nita.

Passo por uma barreira de segurança inútil e fico a uma certa distância, observando-os. Reggie pisa na laje de pedra e abre uma válvula no fundo do tanque de água. As gotas se transformam em um fluxo de água, e logo a água jorra para fora do tanque, molhando a laje inteira, molhando a parte inferior das calças de Reggie.

Algum tempo depois eu ouvi vozes por perto – Cara e Peter.

— Esta escultura era um símbolo de mudança — ela conta a Peter. — A mudança gradual, mas agora eles estão trazendo-a abaixo.

— Oh, mesmo? — Peter parece ansioso. — Por quê?

— Hum... Vou explicar mais tarde, se estiver tudo bem — diz Cara. — Você se lembra de como voltar ao dormitório?

— Sim.

— Então... volte para lá por um tempo. Alguém vai estar lá para ajudá-lo.

Tobias me contou que, o próprio Peter apagou sua própria memória.

Logo depois descubro que estão organizando uma reunião para decidir o novo Líder do Centro, pois agora que a memória de David foi apagada ele obviamente não pode mais ser o líder.

Volto para o dormitório e encontro Tobias, deitado em sua cama, que temos compartilhado a dias, com uma expressão triste.

Me sento na beirada da cama e acaricio seu rosto.

– Qual o problema? – Pergunto.

– Uriah. – Ele me olha e acaricia minha mão.

Oh! Uriah. Aconteceu tanta coisa nesses últimos dias que tinha me esquecido de como ele estava. Agora eu reconheço sua preocupação, sua dor, sua culpa. Provavelmente a mesma culpa que senti com a morte de Will.

— Aí estão vocês — diz Christina, se movendo em nossa direção. Seu rosto está inchado e sua voz é apática como um suspiro pesado. — Vamos lá, está na hora. Eles estão desconectando-o.

Eu tremo ao ouvir a palavra, mas fico em pé do mesmo jeito. Tobias também se levanta e suas mãos estão geladas e trêmulas. Hana e Zeke estavam pairando sobre o corpo de Uriah desde que chegaram aqui, seus dedos encontrando os dele, os olhos à procura de vida. Mas não resta mais vida, apenas a máquina fazendo com que seu coração bata. Cara anda atrás de Christina, Tobias e eu enquanto vamos para o hospital. Ninguém fala nada, mas sei que estamos pensando a mesma coisa, em Uriah, em seus últimos suspiros. Nós vamos para a janela de observação fora da sala de Uriah, e Evelyn está lá – Amar buscou-a ao invés de Tobias, há poucos dias. Ela tenta tocar seu ombro e ele não deixa, ele não quer ser consolado, assim como eu. Eu sei que nesse momento a única pessoa que preciso é Tobias. Me agarro a ele enquanto observo dentro da sala, Zeke e Hana, um de cada lado de Uriah. Hana está segurando uma de suas mãos, e Zeke está segurando a outra. Um médico está perto do monitor cardíaco.

— Gente, eles vão desligá-lo. – Diz Christina.

No quarto de Uriah, Zeke e Hana juntam suas mãos livres sobre o corpo de Uriah. Vejo os lábios de Hana se movimentarem, mas não consigo entender o que ela está falando. Os Audaciosos tem orações para a morte? A Abnegação reage à morte com silêncio e serviços, não com palavras. Lembro-me de todas as memórias que tenho de Uriah. Quando ele me chamou para andar na tirolesa. Seu sorriso. Quando ele me chamou para sentar em seu colo. Quando ele ficou do meu lado quando todos me abandonaram. Esse era Uriah. Um amigo que nunca vou esquecer. Um sorriso que nunca vou esquecer. Um jeito alegre que nunca vou esquecer...

O médico aperta alguns interruptores, traz sua prancheta para perto de si, e as máquinas param de respirar por Uriah. Os ombros de Zeke tremem, e Hana aperta sua mão com força, até que os nós dos dedos fiquem brancos. Em seguida, ela diz algo e suas mãos se abrem, e ela se afasta do corpo de Uriah. Deixando-o ir.

Não consigo evitar as lágrimas caírem. Tobias me abraça forte e começa a chorar também. E ficamos ali por um longo tempo. Escuto os soluços de Christina enquanto Cara a consola.

+ + +

De noite, quando todos já têm voltado para o dormitório, Tobias e eu resolvemos voltar também.

Nos encolhemos na sua cama enquanto o observo. Ele não conseguirá dormir, assim como eu também não.

– Você acha que Zeke vai me perdoar algum dia? – Pergunta ele.

– Talvez ele já tenha te perdoado, mas a dor o consome, o afasta. É o mesmo que aconteceu com Christina. Dê um tempo a ele. Dê um tempo para ele se acostumar com a perda.

– Sabe, o que eu sempre pensei sobre a dor é que ela nunca vai embora. Ela sempre está ali, esperando pelo seus momentos frágeis para te torturar. Mas as vezes ela é substituída por algo ou alguém. – Só agora percebo o quanto isso faz sentido. Só sobrevivi a todas as perdas por causa de Tobias. Por causa de todos os meus amigos. Por todos que me amam. – E eu acho...não...eu tenho certeza que esse “alguém” na minha vida é você. – Completa.

Assim que a última palavra sai da sua boca, seguro seu rosto e o beijo.

Ele está certo. Assim como eu sou esse “alguém” na vida dele, ele é o “alguém” da minha vida.

Ainda me beijando ele puxa a minha blusa para cima tentando retirá-la mas logo depois ele se controla e encosta a testa na minha.

– Eu preciso me controlar, eu sei. Mas é muito difícil. – Diz ele.

— Queria que estivéssemos sozinhos — digo. Ele sorri.

— Eu quase sempre quero isso — Ele responde.


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Notas finais do capítulo

A morte de Uriah é tecnicamente a mesma de Convergente. A diferença é que na original Tris não está e nessa sim. Atenção porque o próximo capítulo será o Epílogo,mandem sugestões. Oq acharam? Comentem!



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