Um pouco antes de chegarem em Hogwarts, Madison teve de deixar a cabine das amigas para checar as demais junto com Adam. Os dois passavam pelos corredores verificando todas as cabines, principalmente as que tinham primeiroanistas, e avisavam que estavam quase chegando e que deveriam vestir o uniforme. Assim que acabaram de checar a última cabine, o trem parou e Madison agradeceu mentalmente.

Adam saiu andando rápido pelos corredores com muita vontade de desembarcar, Madison foi atrás das amigas e desembarcou junto com elas. Subiram na carruagem mais próxima assim que Safira acariciou o testrálio que a puxava e deu uma maçã que guardara com o máximo de cuidado durante toda a viagem. Enquanto iam para o castelo Madison contava suas primeiras experiências como monitora.

― Um primeiroanista perguntou quantos anos eu tinha ― dizia com bom humor ― E quando eu respondi ele disse que eu era muito nova para parecer tão mandona. Walker riu da minha cara mas o garotinho continuou e falou que ele tinha cara de idiota. Espero que ele fique na Grifinória, com certeza meus turnos serão bem animados. Me lembra um pouco o Tiago, faz piadas e tem cara de quem gosta de fazer brincadeiras.

― Qual o nome dele? ― perguntou Safira dando uma risadinha.

― Não sei, não perguntei ― Madison deu de ombros ― Walker ficou emburrado até deixarmos a cabine.

― Você ainda chama ele de Walker? ― Isabelle perguntou.

― Às vezes ― suspirou em resposta ― Queria chamá-lo sempre de Walker para mostrar uma superioridade mas não consigo mais. Tenho que ficar me lembrando que tenho que chamá-lo pelo sobrenome e quase sempro esqueço e o chamo de Adam.

― Madison, você está apaixonada por ele e vai chamá-lo pelo sobrenome?

― Estou apaixonada, não estou namorando com ele ― revirou os olhos ― São coisas bem diferentes e talvez o segundo fato nunca ocorra.

― Não namora porque não quer ― Emma interviu ― Ele está completamente apaixonado por você também, mas você, apenas você, é cabeça dura para se render e ceder. As coisas poderiam ser muito mais fácil se você cooperasse.

― Poderiam mas não são ― Madison cortou ― Nada é fácil, sempre tem algum impedimento. Sempre tem alguma complicação.

― Complicação que você cria ― insitiu Emma.

― Em, pare ― Madison soou educada embora estivesse estressada ― Você também não fica com Peter por impedimentos e complicações que você enfiou nessa sua cabeça então, por favor, não insista porque eu prometo não insistir com você mais. Essas coisas quem tem que decidir é a gente, ou melhor, nosso coração. E bem, seu coração não decidiu e o meu não se rendeu completamente.

Todas se calaram assim quando avistaram o castelo de Hogwarts de longe. Madison sentiu uma sensação de felicidade percorrer seu corpo, estava em casa. Não que Godrics Hollow não podia ser chamada de casa, mas Hogwarts era sim mais aconchegante e proporcionava à ela um pouco mais de liberdade. Assim que a carruagem parou, as quatro desceram e andaram em direção à entrada.

Madison entrou no Salão Comunal assim que certificou seu cabelo e seu distintivo de monitora. O salão estava como sempre: velas flutuando perto do teto, o teto imitava o céu lá fora ― que estava estrelado ―, tinha as quatro grandes mesas das casas e mais a frente a mesa onde se sentavam os professores. Sentou-se na mesa da Grifinória e Isabelle já começara a reclamar sobre querer que servissem o jantar logo.

― Olhe quem se tornou monitora ― disse uma voz. Madison se virou para ver quem era e sorriu ao reconhecer. Era uma garota loira de olhos azuis que estava ao lado de uma garota exatamente igual à ela. As gêmeas Catherine e Valentine Lupin.

― Olá, Catherine ― Madison saudou. Sabia reconhecer porque Valentine usava uma aliança que ganhara de seu namorado e Catherine estava solteira, pelo que todos sabiam ― Bem, eu não queria ser monitora, mas não achei uma má ideia afinal.

― Olhe pelo lado bom, pode andar nos corredores depois do horário permitido ― continuou Catherine agitando os cabelos para trás e acenando para um setimoanista da Lufa-Lufa.

― A não ser que você queira dar uma advertência para si mesma ― Valentine completou dando um sorriso. Logo as conversas cessaram porque os primeiroanistas entraram obsevando cada detalhe do Salão enquanto soltavam suspiros de admiração.

Prof. Longbottom tirou um pergaminho e começou a ler os nomes e, um a um, os alunos foram sentando-se no banquinho e esperando o chapéu seletor se decidir para qual das quatro casas colocariam eles. O garoto que chamara Madison de mandona foi selecionado para a Grifinória e ela riu bastante quando ele veio caminhando em direção à mesa enquanto a saudava: "Olá mandona"

Logo McGonagall fez o discurso de sempre: falava sobre a floresta que era perigosa, o corredor do terceiro andar que escondia segredos, sobre o zelador Lynch não gostar de alunos perambulando pelos corredores e fez um aviso especial para quem iria prestar os N.O.M's e os N.I.E.M's. Assim que terminou toda a conversa, serviu o banquete.

Madison colocou um pouco de empadão, carne assada com batatas e um tipo de salada com um tempero diferente. Isabelle parecia muito feliz enquanto tentava enfiar a máxima quantidade de comida na boca. Quando a maioria já havia terminado o jantar, os alunos novos começaram a se levantar e Madison se apressou para se erguer também.

― Adam ― ela gritou ― Vamos, temos de guiar os alunos novos.

Adam bufou e largou metade do seu prato cheio enquanto corria junto com Madison para tomar a frente da multidão de alunos recém selecionados e guiá-los até a Torre da Grifinória. Os dois começaram a guiar os alunos estes conversavam baixinho e com animação. Madison explicou aquilo que seus monitores haviam explicado no seu primeiro ano: deveriam tomar cuidado com as escadas porque elas mudavam de lugar, não poderiam sair do dormitório após o horário, a cada semana mudava a senha para entrar no Salão Comunal e que as aulas começavam bem cedo e quase não era tolerável atraso.

Assim que se encontraram diante da Mulher Gorda, ela cumprimentou todos e Adam disse a senha: "Valente". Alguns alunos murmuraram para si mesmo a senha como se quisessem se lembrar e assim que o retrato girou, eles entraram no que agora chamariam de lar. Madison explicou onde ficava o dormitório feminino e masculino e logo só restava ela, Adam e os veteranos na Sala Comunal da Grifinória.

― Vou dormir ― Adam avisou.

― Não vai não ― Madison interviu se levantando e arrancando um papel que estava pregado na parede ― Hoje tem turno para todos os monitores. Então levante-se e vamos lá para baixo nos encontrar com o restante dos monitores.

Adam e Madison desceram e se encontraram com os outros monitores. O monitor chefe explicou que, o motivo do primeiro dia precisar de tantos monitores era que, os novatos provavelmente iriam querer explorar a escola. Madison fez dupla com Adam e enquanto patrulhavam um dos corredores perto da entrada do Salão Principal, ele a puxou para dentro de uma sala.

― O que foi? ― Madison perguntou alarmada

― Relaxe ― ele respondeu sorrindo ― Quero te dar uma coisa ― ele remexeu os bolsos e tirou um pingente dourado com uma pedra verde-água nela ― Tome, é pra você. Comprei no dia que fui ao Beco Diagonal.

― Não posso aceitar isso ― ela revirou os olhos ― Não tem nem motivo.

― Tem, eu quero dar a você. Sabe essa pedra? Combina com seus olhos. E você sempre vai lembrar de mim quando olhar para ela ― brincou Adam ― Presente não se recusa, onde está sua educação?

― Certo, obrigada ― ela pegou o pingente e colocou em um dos seus bolsos.

― Não mereço uma recompensa?

― Talvez um dia ― Madison deu um sorriso e saiu pela porta o mais rápido que conseguiu.