No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 26
Capítulo 26 - Terra Média - A estrela brilhante


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito, mas eu não podia fazer isso com ele, não mesmo.



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Samantha se inclinou para o lado, de modo a ficar totalmente de frente para ele. Passo Largo. Não podia morrer. Não agora, não assim. Samantha ergueu sua mão e deu um forte tapa no rosto dele. Mas ele não acordou. Ela não sabia o que fazer. A ideia de perder ele era cortante. Não, o seu guia não. Não seu peregrino. Ela salvara a vida dele uma vez, e deve salvar denovo. Esta é sua responsabilidade.

– Por favor... Não permita que ele morra... Não permita, Elendil... - ela sussurrava ao vento, com lágrimas nos olhos.

Samantha abriu o curativo do ferimento na perna dele. Estava negro, e a Athelas já estava quase todo apodrecido. Aquilo parece veneno.

– O que tinha na sua maldita flecha? - ela perguntou para Legolas.

O elfo estava estático. Não conseguiu dizer nada.

– O QUE TINHA????????? - ela gritou, fazendo a floresta estremecer.

– Não era minha... - ele sussurrou - Eu a tinha encontrado nas campinas, é veneno de orc... Como eram inimigos, achei que seria melhor me livrar dela assim...

– E está feliz agora?! - ela berrou, o rosto inundado de lágrimas - Gen naiquentallo! GEN NAIQUENTALLO!!!!!*

A floresta estremeceu ao ouvir o som das palavras dela. Legolas arregalou os olhos. Ela o condenara, e em seu próprio idioma. Aquilo era terrível. Samantha não percebeu o que fez. Estava mais preocupada com o corpo à sua frente.

– Que a benção que foi dada a mim seja passada de mim a ele... que ele seja livrado da morte... - ela sussurrou, tocando a ferida. E então, começou a dizer a mesma coisa em élfico - Menno o nin na hon i eliad annen annin, hon leitho o ngurth.

Ela chorava. Mas isso apenas a motivava a repetir mais alto.

Menno o nin na hon, i eliad annen annin, hon leitho o ngurth. - ela falava mais forte, as árvores estremeciam - Menno o nin na hon i eliad annen annin, hon leitho o ngurth.

Abelle olhou para baixo. Seu colar estava brilhando, de maneira forte e progressiva. Aquela era a segunda vez que ela via isso acontecer. Mas desta vez, alguém estava fazendo acontecer. E bem ali, na sua frente. Ela olhou ao redor, apenas para ter certeza. O colar de Sam estava brilhando, mais forte que o dela, e o de Caspian também, porém mais fraco.

– Ela está conjurando o poder da Estrela Vespertina! - seus lábios confirmaram aquilo que sua mente dizia - Como isso é possível?

Menno o nin na hon, i eliad annen annin, hon leitho o ngurth. - a voz de Samantha ecoava por toda a floresta, estremecendo os galhos das árvores e os corações de quem estava a observando atentamente. - Menno o nin na hon i eliad annen annin, hon leitho o ngurth.

A voz da moça aumentou o brilho de todos os colares, a ponto de todos parecerem três estrelas gêmeas e cintilantes. Caspian deu um passo à frente. Ele podia ver. Era um brilho diferente. A princípio, ele achou que estava enlouquecendo, e até olhou para os outros, tentando ver se eles também viam, mas ninguém parecia ter visto algo novo. Era um brilho forte, mas muito diferente. Uma luz azul saiu do seu colar, e flutuou até Samantha. Do colar de Belle, também saía um brilho como o dele, e flutuou até Samantha, assim como o dele. Samantha foi totalmente coberta por essa luz, mas as palavras dela fizeram como que a luz azul descesse até PL. Primeiro, fraco, depois, foi aumentando, como uma cascata cintilante de poder.

Passo Largo abriu os olhos, e Samantha parou seu mantra. Todas as luzes se apagaram, deixando apenas o brilho do Sol nascente. Ele respirou, ofegante, tentando recuperar o fôlego que perdera por alguns minutos. PL olhou para o lado, encontrando os olhos azuis e molhados de Sam a fitá-lo, preocupados. Os doces olhos dela.

– Samantha... - ele disse, quase um sussurro. - Eu tive um sonho estranho...

– E o que foi dessa vez? - ela não conteve uma lágrima. A última lágrima.

– Foi esquisito... Estava em uma floresta, com o Sol brilhando fraco. Orcs estavam correndo atrás de nós. Você tropeçou, e caímos no chão. Então um orc pulou sobre nós. Mas uma enorme árvore bateu nele, lançando-o longe, e esmagando-o com suas raízes... - ele se sentou, olhando ao redor - Parecia até humano...

PL olhou ao seu redor. Viu os sorrisos de Sam, Legolas e Gimli a confortá-lo. Mas ao olhar para Belle, encontrou algo que não esperava ver. Um enorme tronco de árvore, que se elevava até quase por sobre o topo das árvores. Tinha pernas e pés de raízes, um tronco maciço, braços feitos de ramos e um rosto com olhos grandes e penetrantes. Sua barba era ramos de musgos compridos e seus cabelos eram ramos com folhar verdejantes. E lá em cima, sentada em seus ombros, estava Belle.

Por Elendil... – ele sussurrou, abismado. Seu sonho não era imaginário, fora real.

– Ele está bem! – Sam riu, vendo sua reação.

Ele olhou para ela, e depois, para sua perna. A ferida não estava mais lá. Estava completamente curada, deixando apenas uma pequena e singela cicatriz, indicando o que acontecera. Mas não havia dor, nem sangue, nem sofrimento.

Pela branca luz de Elendil... – ele exclamou maravilhado.

Samantha riu outra vez, mas desta vez, era mais de emoção do que de graça. Ele estava vivo, afinal. E bem ali na sua frente. Seu rosto estava iluminado pela cor da vida e do fôlego, e seus olhos brilhavam como duas estrelas cintilantes. Estrelas azuis. Uma vontade cresceu em seu interior. Vontade de abraçá-lo, sentir ele em seus braços, respirando outra vez. Enterrando o rosto em seus loiros cabelos, enquanto falava no ouvido dela, chamando-a de Flor de Lóthien outra vez. Samantha corou com seus pensamentos. Isso não era apropriado, ela dizia em sua mente. Legolas olhou para ela. Ainda estava magoado com ela, e ficaria por toda a eternidade. Seu rosto se fechou em uma expressão forte e rija, que somente Samantha teria percebido em seu herói de infância, isto é, se estivesse prestando atenção nele.

– Muito bem, ele já está revigorado. Levantem-se, então. Temos uma longa jornada ainda pela frente. – ele disse, pegando a dianteira.

Belle se inclinou para frente, para falar com seu mais novo amigo.

– Senhor Barbárvore. O senhor é um ent, e pelos contos, também é o guardião da Floresta de Fangorn. – ela disse, elevando o orgulho do ancião – Conhece então algum atalho para chegarmos a Rohan mais rápido?

– A floresta dos ents é um lugar muito simples, sem muitos atalhos e caminhos secretos... – o ancião respondeu calmamente – Porém, eu posso levá-los por um caminho que é muito usado por nós para ir para leste...

– Pessoal! – Belle chamou – Ele vai nos levar para Rohan por um atalho!

– Excelente, minha irmã! – Sam se levantou do chão. – Mestre Ent, agradecemos por sua ajuda!

– Subam aqui, ele pode leva-los mais rápido do que caminhando! – Belle chamou.

– E já não era sem tempo! – Caspian caminhou – Estou exausto!

Barbárvore colocou seu braço no chão e pegou Caspian pela cintura. Elevou-o até seus ombros, onde o rapaz agarrou em seus galhos e sentou, ao lado de Belle. Em sequência, pegou Sam, PL e Gimli, e logo todos estavam sentados e acomodados em seus galhos. Barbárvore então iniciou uma marcha longa e pesada pela floresta, conversando sempre com Belle.

– Eu sempre gosto de ir para leste... As planícies verdejantes de Rohan, nas colinas baixas dos Cavaleiros... Aquilo sim é que é paz e tranquilidade... Nada comparado à Isengard, no sul... Na verdade, lá antes era morada de Saruman... Mas quando vimos o que ele fez com as árvores... Oh! Que coisa terrível ele fez! Ele as arrancou todas, e pela raiz!... Então nós, os ents, nos revoltamos... Tomamos Isengard em um só golpe!... Agora, aquelas planícies é um charco, mas que charco é! Agora, são o charco dos ents, e eu sou o senhor de lá!... É sim... Bons tempos foram aqueles... Terríveis, sem dúvida, terríveis tempos de guerra... Mas quando a paz veio... Nós ents recuperamos nossas terras e ainda temos Isengard... Estamos muito bem...

A voz monótona e arrastada de Barbárvore provocava os olhos cansados de todos a se fecharem involuntariamente. Mas eles não podiam evitar, estavam mesmo muito cansados! Por mais que Belle quisesse dar atenção ao seu amigo, ela tinha que admitir que a voz rouca e pálida dele lhe fazia cochilar. Ela apoiou sua mão direita em seu rosto, e o cotovelo nos galhos, e adormeceu, assim como os outros.

O sol quente do meio-dia ardia sobre as cabeças deles. A marcha lenta e vagarosa de Barbárvore embalava os sonhos de todos, e sua voz garantia que todos estavam mesmo ninando. Com um movimento, o cotovelo de Belle ficou em falso, e caiu. Ela acordou de súbito, e olhou para todos, tentando ver se alguém que tinha visto aquilo. Mas todos dormiam profundamente. Então ela olhou para frente. As árvores estavam mais rarefeitas, e o céu azul iluminava seus topos com tons quentes de verde. Então, mais adiante, ela viu algo que iluminou seu rosto com um sorriso. Eram colinas baixas e verdes, todas cobertas com um extenso gramado, como um lindo tapete verde. Também era possível ver que algumas colinas estavam cobertas de margaridas amarelas, brancas e rosas. Não havia dúvidas, eles haviam chego.

– Samantha! Caspian! – Belle gritou, assustando a todos – Acordem! Chegamos!

Samantha e os outros se sentaram sobre os galhos, acordando lentamente. Logo puderam ver as colinas que Belle enxergara. Finalmente, a sua viagem estava começando a ficar alegre. Barbárvore parou, defronte ao campo aberto, mas não prosseguiu, ficando dentro da floresta.

– Aí está, meus pequenos senhores! As planícies dos Cavaleiros! – ele falou, com sua voz de trovão.

Ele desceu a todos de seus galhos, entregando-lhes suas mochilas e pertences.

– Agradecemos sua hospitalidade, Mestre Barbárvore! – Belle falou – Que Aslam o abençoe!

– Sigam sempre seu coração, meus caros amigos, assim como fizeram meus amigos pequeninos! – ele respondeu.

E dito isso, desapareceu na floresta. Todos se abaixaram, pegando suas mochilas do chão. Legolas veio correndo na direção deles, surgindo por detrás de uma colina adiante.

– Muito bem, agora temos mais 2km até chegarmos à cidade mais próxima, e 10km até Minas Tirith, capital de Gondor. – Legolas falou – É melhor irmos andando.

Samantha notou o tom rude insensível com que o elfo falara. Ele estava magoado. Mas, pensando bem, ela também estava. Fora ele quem envenenara PL, ela tinha todo o direito do mundo de se enfurecer. E se precisava de uma maldição milenar para provar isso, muito que bem. Ela não iria se deixar abater por ele. Mas ele era seu herói. Isso ela não podia negar.


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Notas finais do capítulo

Foi mal, mas eu o salvei :D
E no próximo capítulo de NRDL........
A chegada de uma nova integrande no grupo fará o coração de todos palpitar, de formas diferentes, claro! E mais, será que agora chegarão na tão esperada Gondor?
Não percam o próximo capítulo!



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