Em Tempos de Paz escrita por louisevondini


Capítulo 1
Começo


Notas iniciais do capítulo

Embora seja uma única estória, seus capítulos são independentes e foram assim avaliados no 1º Desafio Relâmpago de Drabbles do fórum Saint Seiya Dreams (novembro/2009).
Este capítulo (COMEÇO) recebeu a nota 7,5.

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Em tempos de paz...
... vivemos mais para nós mesmos. Dedicamo-nos aos nossos prazeres. Semeamos as nossas vontades. Descobrimos aquelas coisas que ficaram escondidas em lugares profundos da nossa alma ou simplesmente aquelas que não tivemos tempo nem oportunidade para observar. Desprendemos nossos corações e os entregamos a outros. Desconhecidos outros. E o que eles farão com ele é o eterno mistério.
Quando as batalhas terminam, quando todo o sangue que precisou ser derramado já secou sobre a terra, quando a deusa está segura, nesse momento, nós paramos e pensamos: e agora?
E tudo o que nos resta é nossa própria companhia. Nas conversas ao entardecer, relembramos nossas batalhas; nas camas ao anoitecer nos entregamos uns aos outros. Porque no mundo lá fora não há espaço para pessoas como nós.
Somos nosso próprio refúgio.
Ele tem esses olhos profundos, de quem tem muito a dizer, mas não sabe como começar. Sua mão treme tão levemente quanto as folhas da oliveira tocadas pela brisa. E tem essa voz muito antiga e grave para alguém tão novo.
Ele é para quem eu dei meu coração, mesmo sem que ele soubesse.
O seu primeiro nome é difícil de pronunciar. Alexei. Ele cheira meus cabelos como se cheirassem a flores, mas eu estou suado e sujo de um treino que ainda nem havia terminado. E o motivo de não tê-lo continuado foi porque ele veio aqui, no meio do bosque, onde eu estava sozinho e disse-me uma simples frase, como quem fala sobre uma teoria que não pode provar, mas da qual tem toda a certeza do mundo.
Ele disse que me amava.
E sua expressão era tão consternada, sua voz tão vacilante, que eu só poderia imaginar que ele guardava isso dentro de si por muito tempo, embora eu não possa realmente dizer quanto. Pelo simples fato de que eu nunca havia notado.
Eu não sabia. Nunca poderia ter imaginado. Talvez eu tenha passado tanto tempo pensando no que sentia em relação a ele que nunca me dei ao trabalho de tentar saber o que ele de fato sentia em relação a mim.
Mas agora eu sei. E é estranho começar assim, como quem começa uma conversa de bar. Dizer “eu te amo” e esperar uma resposta tão objetiva quanto. Isso me assusta. E não poderia ser de outra forma, não é fácil para mim pôr em palavras aquilo que guardei tão bem aqui dentro.
Ele percebe, diz que não preciso responder. Mas eu quero, tenho a resposta na ponta da língua. No entanto é preciso muito tempo, muito esforço, para poder finalmente dizer.
− Eu também sinto algo... alguma coisa por você.
Não qualquer coisa, na realidade. Não qualquer sentimento. Mas esse “algo” que pode, no final, tornar-se tudo. Essa “coisa” que não poderia ser dada a ninguém do mundo lá fora tamanha é a responsabilidade de carregá-la. Este sentimento estranho que eu dei a ele sem jamais esperar que um dia essa semente fosse brotar e começar a crescer.


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