E Se... escrita por anaor


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Me senti um pouco estranha escrevendo pelo ponto de vista dessa personagem e demorei pra finalizá-la. Mas eu gostei do resultado rs. Boa leitura ♥



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Sabe quando eu dizia que nenhum dos seus “ficantes” te mereciam? Quando eu te aconselhava a não dar chance para esses idiotas aceitando seus pedidos de namoro? Era verdade, eles não te mereciam, nunca te mereceram. Eles nunca saberiam apreciar seus lindos olhos que mudavam de um tom verde para azulado dependendo da luz. Nunca saberiam lhe dizer as palavras certas quando você precisasse de alguém. Não apreciariam da maneira certa seu corpo magro e esguio, com poucas curvas e pernas longas, dignas de uma modelo. Não perceberiam como as suas pintas devido à sua pele pálida se espalhavam pelo seu corpo em tons claros e faziam de você, única. Não saberiam dizer a você qual cabelo combinava mais com seu estilo. Não, eles não sabem. Nunca sabem. Não admirariam seu sorriso ao falar de coisas simples, sua felicidade ao conversar de coisas que gostava, ao saber sobre suas bandas preferidas. Eles não saberiam demonstrar a você todos os dias o quanto você era única, o quanto você merecia tudo o que quisesse.

Eles fariam de você a namorada chata, discutiriam por motivos bobos e trocariam você por qualquer motivo que encontrassem. Eles nunca saberiam te dar o seu devido valor, pelo simples fato de não saberem como. Eu saberia, meu amor. Mas eu não tive coragem de te contar. Meu medo da sua reação foi maior do que tudo e eu escondi meu amor só pra mim. Ficava feliz ao ver você sorrindo nos momentos em que passávamos juntas e chorava sozinha em meu quarto todas as noites, porque sabia que algum deles estava com você. Na sua cama, sentindo seu aroma, provando seus lábios rosados e seu corpo macio.

Eu comecei a não querer mais conhecê-los, você lembra? Eu já não me importava mais em decorar seus nomes pra agradar você. Porque isso doía. E eu fui egoísta. Eu devia ter aguentado a dor, era a consequência por esconder o que eu sentia. Mas eu não aguentei, e você entendeu tudo errado. Pensando que eu não prestava mais atenção em você, você começou a se distanciar. Você nem ao menos me deu chance! Mas era tarde demais. Você, que atendia minhas ligações todos os dias para dizer ao menos um “oi”, passou a atender às vezes dizendo que esteve ocupada, cada vez uma desculpa diferente. Até você não atender mais. Eu te procurei e não foram poucas as vezes. Mas o estrago já estava feito, e seu namoradinho, que não gostava de mim, só piorou as coisas confundindo sua cabeça. Eu aceitei que havia perdido você e não te procurei mais.

Nós podíamos ter sido tudo, podíamos ter sido nada. Talvez você fizesse a mesma coisa se eu tivesse lhe contado que eu me arrepiava a cada toque inocente seu em minha pele. Talvez você ficasse com nojo de mim. Talvez me amasse também. Eu não sei, eu nunca saberei. E hoje, passados anos desde a última vez que ouvi sua voz, eu concordo que gostaria de ter arriscado. Mesmo que o resultado fosse pior. Pelo menos o “se” não rondaria minha mente a cada sonho lindo que eu tenho com sua boca rosada mostrando os dentes brancos demais ao dizer que me amava também.

Sim, eu ainda penso em você. E nenhuma mulher com quem eu deitei todos esses anos era merecedora do amor que eu guardei pra você. Tanto falei daqueles homens que nunca te tratariam da maneira certa, que eu me tornei um ser tão desprezível quanto. O cigarro em meus lábios sujando a cama desarrumada do meu apartamento barato, me mostravam o monstro que eu me tornei. Monstro. A moça que dormiu aqui ontem (eu nem ao menos lembro seu nome), me chamou disso antes de bater a porta em minha cara. Isso me fez pensar. Talvez eu seja mesmo. Eu me sentia suja. Depois de anos, eu repensei minha vida. Ninguém merecia me ter por perto.

Fui até o banheiro e abri o armário de remédios. Tinha milhares de antidepressivos e outros que eu nem sabia para que serviam. Peguei um punhado de cada e engoli às pressas, enchendo de água o copo que eu deixava em cima da pia para que passassem mais facilmente pela garganta. Me viro e encho a banheira d’agua, tirando minhas roupas gastas sem me preocupar onde elas caíam e entrando na agua quentinha. Fechei os olhos ao afundar minha cabeça na água e vi seu rosto sorrindo. Eu sorri de volta.

Eu sempre associei morte à dor, mas eu não sentia dor. Eu me sentia feliz, viva depois de anos. Em minha mente perturbada pelo tempo, meus últimos momentos foram nos seus braços.


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