A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 25
A lot for a day


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais!



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Ao desembarcar vi uma placa enorme escrito “Bem-Vinda de volta, Anne” com Chloe e Dilan segurando. Sorri e corri até eles para um abraço.

– Eu senti tanto a sua falta! – Choramingou Chloe.

– Eu também senti falta de vocês – Sorri.

– Mentira – Dilan afirmou – Não deve nem ter pensado na gente.

– Claro que pensei, vocês são os responsáveis por Mike e Lucy. Como me esqueceria? – Me fingi de ofendida.

– Temos uma surpresa pra você! – Chloe olhou para Dilan e ambos sorriram para mim.

– Não sei o que é, mas estou com medo do que seja.

Peguei a minha mala e nós três fomos em direção ao estacionamento. Eles me contavam como estava a agencia enquanto estive fora, o tanto de trabalho que eu teria com Cedrico quando voltasse e mil coisas que naquele momento eu não me importava.

– Taram... – Disse os dois em coro apontando para o carro.

– Ai. Meu. Deus. – Tinha certeza que meus olhos estavam brilhando quando vi meu antigo Commodore SS-V Redline cinza.

– Levamos para o concerto, e pronto! – Dilan sorriu vendo a minha reação ao analisar cada cantinho do meu bebê.

– Poxa... – Cruzei os braços indignada – Pensei que vocês seriam meus motoristas até eu morrer – Começamos a rir e em seguida os abracei – Obrigada. Muito obrigada mesmo!

– É o mínimo que podemos fazer... Você sabe bem o motivo – Eles se entreolharam e ficaram de mãos dadas.

– Pra isso que servem os amigos! – Pisquei.

Fui dirigindo o caminho todo pra casa, os deixei na casa do Dilan e em seguida Mike e Lucy tomaram seus lugares no carro. Foi extremamente difícil dirigir com aquelas criaturinhas no banco traseiro, simplesmente por que eles não queriam ficar no banco traseiro. Lucy sempre dava um jeito de pular no meu colo e ficar lambendo meu rosto. E Mike ficava latindo até eu dar-lhe atenção, mas não demorou muito para que eu chegasse em casa e essa tortura acabar.

Peguei o elevador de serviço e apertei o botão do meu andar, mas uma bengala impediu a porta de ser fechada e a minha bondosa vizinha entrou no elevador com um gato preto ridículo.

– Essa não, os diabinhos voltaram – Reclamou.

– Como é que é?

– Esses últimos dias foram abençoados sem os latidos dessas coisas – Olhou com desprezo com meus bebês e Mike rosnou.

– Lamento informar que isso nunca mais irá acontecer de novo – Forcei um sorriso.

Lucy tentava pular em cima do Chursh e o gato começou a miar de um jeito que me fez querer joga-lo da varanda do meu apartamento. Assim que o elevador abriu foi uma guerra para sair, pois Lucy tentava de tudo para acabar com o gato.

– Senhorita Johnson, segure essa criatura!

– Não – Entrei em casa e os dois me seguiram – Obrigada Lucy! – Falei ao fechar a porta.

– Anne? – Uma voz vinda do corredor me chamou.

– Maurício? O que faz aqui?

– Eu vim arrumar seu apartamento, como eu tenho feito uma vez por semana. Não sabia que voltava hoje – Me ergueu no ar e me abraçou.

– Obrigada.

– Não precisa agradecer. Eu senti sua falta!

Aqueles olhos azuis cristalinos brilhavam para os meus, apenas com um olhar ele conseguiu transmitir toda a saudade que estava de mim, e com apenas um toque em meus lábios demonstrou o quanto queria que eu estivesse ao seu lado. Seria mentira se eu dissesse que não senti a falta dele. Eu senti. E muito. Pois apesar de tudo, ele era o único que realmente se importava comigo e faria de tudo para me ver feliz. Mas a pergunta era: eu realmente mereço essa tal felicidade que ele queria me proporcionar? E pra variar, eu não sei responder. Ao mesmo tempo em que o quero perto, o quero longe. É o quente e o frio, o alto e o baixo, a lua e o sol, a água e o fogo. Nossos lábios só desgrudaram quando senti meu corpo bater contra o colchão macio de minha cama. Os efeitos de seu toque em minha pele ainda eram os mesmos. Cada suspiro, gemido, risada, sorriso... A parte boa era que tudo continuava como antes, e a parte ruim também era essa. Tudo continuava como era antes.

...

Eu praticamente tive que expulsar Maurício da minha casa. Ainda tinha coisas para resolver e ele parecia não se cansar de mim nunca. Era fofo e irritante ao mesmo tempo. Cedrico tinha marcado uma reunião comigo na naquela tarde, e eu já estava me preparando para ser estrangulada pelo mesmo. No caminho me peguei pensando em Nashville, no meu pai, na senhora May, no Jake, no Jessie, na minha mãe e principalmente em Angélica. Aquelas palavras jamais sairiam da minha mente. Queria que alguém me acordasse e dissesse que tudo não passava de um pesadelo. Mas infelizmente eu não estava dormindo.

– Anne! – Cedrico sorriu.

– Como vai? – O abracei.

– Desesperado. Preciso de você urgentemente! Venha.

Fomos até a sua sala e eu me sentei na cadeira de frente para a sua mesa. A sala não era nada parecia com aqueles escritórios que estão acostumados a ver em séries de TV, como se trata de Cedrico, um fotógrafo, o lugar era bem descontraído, cheio de cores e muitas fotos espalhadas pela parede, dando um toque único ao ambiente.

– Mês que vem é o aniversário de quatro anos da Chargas Models e eu preciso de modelos competentes para desfilar. E o que está faltando aqui são modelos competentes. Enquanto você esteve fora, o senhor Chargas demitiu mais de 10.

– Por que?

– Quem sabe? – Revirou os olhos – O ponto chave é que, você, Chloe e Dilan são os queridinhos de todos, então serão convocados a participar desse desfile.

– Com todo prazer – Sorri.

– O ponto chave é que eu fiquei sabendo que você tem uma irmão gêmea, então eu queria...

– Não – o interrompi.

– Mas Anne seria bom...

– Não! Nada disso, não e não!

– Imagina duas irmãs gêmeas na mesma passarela!

– Jamais. Isso jamais acontecerá Cedrico. Me peça qualquer coisa menos isso!

– Tudo bem – bufou – Você terá que aparecer aqui com dois novos modelos pra mim até semana que vem. Eles só precisam de uma característica: beleza. Terei menos de um mês para treinar pessoas aleatórias para esse desfile – Coçou a nuca.

– Conheço duas pessoas que topariam com um grande prazer isso – Meu interior sorriu.

...

Naquela mesma tarde iria para o ensaio da peça, seria a primeira vez desde a minha volta que veria Tisha e Ricky. Um frio percorreu minha espinha, ao mesmo tempo em que estava ansiosa, estava com medo. Medo de que? Mais uma vez não sei responder. Chegando lá, fui falando com o senhor Luvier e me explicar pelas faltas, ele disse que não teria problema algum, mas eu estaria cheia de afazeres na parte de decoração. Nenhum sinal dos dois, então eu decidi falar com os novos “modelos”.

– Mary Stevens e Logan Patterson? – Chamei-os.

– Sim? – Perguntou Logan erguendo a sobrancelha.

– Ora se não é a Anne – Sorriu Mary.

– Tenho uma proposta para vocês.

– Estamos ouvindo.

– Eu trabalho em uma agencia de modelos, Chargas Models...

– Chargas Models? Já fiz vários testes para entrar nessa porcaria... – Reclamou Mary ao me interromper.

– Tem um jeito de você entrar nessa porcaria. Mês que vem terá um desfile para comemorar o aniversário da agencia e eles precisam de novos modelos para desfilarem no tal evento. E pensei: por que não vocês dois?

– É CLARO QUE EU VOU – Gritou Mary, atraindo alguns olhares curiosos.

– Modelo? Sempre me achei bonito mesmo, por que não? – O ego de Logan se manifestou.

– Perfeito. Vou mandar fotos de vocês para o meu fotografo e entro em contato com vocês depois.

– Fechado – Piscou Logan.

– Annezinha, você me surpreende a cada dia que passa.

E assim o senhor e senhora ego se foram. Até que não foi tão difícil assim. Ri sozinha sentindo uma respiração atrás de mim.

– Bem Vinda de volta – Uma voz rouca sussurrou em meu ouvido fazendo os pelos dos meus braços se arrepiarem.

– Ah, oi Ricky – Sorri sem jeito quando me virei.

– Como foi a viagem?

– Incrível – Sorri me lembrando da fazenda.

– Achei que não ia mais voltar – Rimos.

– Tenho compromissos aqui, por que se não tivesse ficaria por lá mais um tempo.

O observei colocar as mãos no bolso e sorrir de lado. Ele estava diferente. Um diferente bom. Talvez por que agora estava voltando a falar comigo, talvez por que estava feliz em me ver, talvez por estar noivo, talvez por que vai ter um “filho”, talvez esteja o mesmo... Talvez.

– Hm, e a Tisha? Não vem?

– Ela está de repouso – Seu sorriso se fechou um pouco.

– Mas, ela está bem? E o bebê?

– Estão bem sim, não é nada.

– A atenção de todos por favor – Senhor Luvier estava no centro do palco, enquanto nos acomodávamos nas poltronas – A poucos dias recebi a notícia de que a nossa personagem principal está grávida – Todos murmuravam “uau” “que legal” – Porém a sua gestação precisa de repouso e infelizmente Patrícia não prosseguirá com seu papel – Ouvi alguns “que pena” “que coisa chata” – Então como já estava decidido, o papel de Sandy fica com a senhorita Anne Miller.

Fui aplaudida enquanto estava imóvel na minha cadeira, até mesmo Ricky aplaudia. Se eles tivessem dado essa notícia após os testes, que eu seria a principal, com certeza sairia pulando de alegria, mas agora é diferente. Tecnicamente roubei o lugar de outra pessoa que já tinha o papel, mas não poderia atuar. Sentia-me culpada por ter a odiado. Odiado por ela conseguir o papel. Odiado por ela ser melhor que eu. Odiado a minha melhor amiga por pura inveja. Eu me sentia horrível.

Naquele dia apenas ensaiamos algumas musicas e aprendemos suas coreografias. Não foi muito difícil de chegarmos ao mesmo tom, ambas as vozes eram bonitas e fáceis de serem encaixadas. Hoje o senhor Luvier me liberou, ou seja, não precisava ficar para ajudar a equipe de decoração. Eu ia para casa, mas Ricky me convidou para tomar café com ele. Eu sei que devia ficar feliz em estar ao lado dele, mas eu me sentia estranha. Como se isso fosse errado. Mas ele parecia não ver problema nenhum e estava tranquilo.

– Voltou hoje para Nova York? – Perguntou ao dar um gole no seu cappuccino com canela.

– Sim, Dilan e Chloe foram me buscar no aeroporto.

– Você anda bastante com eles não é?

– Trabalhamos juntos, eu estudei com Dilan na faculdade – Dei de ombros – Somos grandes amigos.

– Eu não deveria estar falando isso, mas quero te preparar para quando for ver a Tisha – disse olhando em meus olhos – Você pode achar que ela está sensível por causa da gravidez, mas não é. Ela realmente se sente de lado quando você está com Dilan, quero dizer, com a Chloe. Lembro que a antiga Anne só tinha Tisha como amiga, era sempre assim. E agora que você está com novas amizades, ela se sente excluída da sua vida em certos momentos.

– Não fiz por mal.

– Eu sei que não – Ele tocou na minha mão e automaticamente rejeitei seu toque – Me desculpe.

– Eu que peço desculpas, não foi minha intenção...

– Tá tudo bem - Sorriu de lado.

Mas que porra acabou de acontecer? Nem eu estou me entendendo. Dei um gole no meu café puro.

– E as novidades? – Perguntei.

– Nenhuma...

– E desde quando casamento não é novidade?

– Como você sabe disso? – Seus olhos verdes se arregalaram.

– A mãe da Patrícia contou pra minha mãe.

– Bom... Primeiro falamos isso sem pensar, mas depois pensamos seriamente no assunto – Coçou a nuca.

– Hm... – Acabei com meu café em um único gole.

– E você casa quando? – Ele perguntou desconcertado.

– Em breve – Seus olhos se encontraram com os meus – Quero dizer, já estávamos noivos, reatamos, então por que não pular todas as etapas e entrar logo em uma igreja? – Ri sem humor.

– Claro... Tem razão – Deu seu último gole no cappuccino.

Um silencio constrangedor preencheu o local. Então era verdade, eles iriam se casar depois que o bebê nascesse. Eu desejava de verdade a felicidade deles, só que separadamente. Queria ver a Tisha feliz de um lado e o Ricky do outro. Não conseguia imaginar os dois juntos. Na verdade, eu não queria imaginar.

...

Já estava quase no horário da janta quando fui para a casa da Patrícia fazer companhia a ela. A mesma me recebeu cheia de saudade e para a minha surpresa em sua barriga já havia um volume. Sentia que ela estava com cara de mais velha, e muito mais feliz do que a última vez que a vi. Seus cabelos negros estavam maiores e mais brilhosos, sua pele estava mais clara e dava a impressão de inverno e não de desbotada, seus olhos azuis estavam mais brilhantes também.

– Como vocês estão? – Perguntei sorrindo.

– Muito bem... – Suspirou – Pra ficar melhor eu preciso ficar em casa, parada, de repouso.

– Há alguma coisa de errado?

– O médico disse que a gravidez é de risco, então eu era obrigada a seguir um cronograma que vai de refeição até atividades do dia-a-dia. Nada de muito grave, só pra prevenir problemas futuros com o bebê.

– Menos mal!

– Como foi em Nashville?

– Foi ótimo – Sorri – Tirando a parte da minha irmã, é claro. Mas o resto foi perfeitamente perfeito – Rimos.

– E a sua memória?

– Me lembrei de como eu era boa cavalgando. Tive alguns flashes também.

– Isso é muito bom... Não se esqueça de que temos que continuar com as sessões de hipnose, se não Maurício me mata.

– Pode deixar – Sorri – Sinto muito por você ter perdido o papel na peça.

– Ah, não tem nada – Ela abriu seu sorriso – Eu entrei naquilo por você, e fiquei mais tranquila quando soube que o papel seria seu e não daquela Mary me acho linda – Ri das caras e bocas que ela fazia.

Senti um peso enorme saindo das minhas costas. Até agora nenhuma catástrofe aconteceu, e espero que não aconteça tão cedo.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai ser bem melhor, eu prometo. Nele irá passar alguns meses incluindo: a festa de aniversário da Chargas Models, o aniversário de 26 aninhos das nossas gemeas e saberemos se o bebê da Tisha será um lindo menino ou uma linda menina.



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