– Vamos lá Annabeth,vamos nos atrasar! - pedi pela vigésima vez.

Estávamos indo ao cinema.Certo,casais normais de adolescentes vão ao cinema o tempo todo.Mas nós não somos um casal muito normal,como vocês mesmos sabem.

Quando se é um casal de semi-deus,você precisa redobrar a sua atenção e paciência.

Fiquei na sala assistindo a um programa tolo na televisão ,acompanhado de Paul.

–Está levando dinheiro suficiente? A caneta está no bolso? -perguntou.

–Sim e sim! Não se preocupe será um belo primeiro oficial encontro - sorri para ele - Isso se a garota ficar pronta logo - gritei para que ela ouvisse do quarto.

Paul deu risada.

Eu gostava de Paul.Ele faz a minha mãe feliz,está sempre presente.Eu gosta verdadeiramente dele.

–Esta levando..você sabe..?

–O que?

–Você sabe..

–Não sei não. - reclamei.

Odiava quando as pessoas começavam a falar em código comigo.

Ora,vamos todos voltar a nos comunicar por Morse então.

–Vamos lá..aquele negócio..

–Que negócio Paul!?

–Percy!

–Paul!

–Preservativos Percy..preservativos - ele disse envergonhado.

–Paul! - cobri o rosto com ambas as mãos ,envergonhado -Pelos deuses!

–Ah vamos lá,você sabe que-

–Paul!

–..os jovens de hoje-

–Paul!

–..sempre param em algum lugar-

–Paul! - levantei-me exasperado -Pelos deuses,é a Annabeth! Vamos ao cinema,apenas isso.

–Certo,ok ,ok ,só não diga que não avisei -ele piscou camarada.

–Annabeth,vamos logo -supliquei,pegando minha carteira e as chaves do carro.

Do jeito como ela estava demorando,eu ia acabar sentindo-me mal vestido quando a visse.Eu usava uma camiseta preta,um jeans escuro azul,e carregava uma jaqueta no caso de Annabeth sentir frio.Não irei mentir dizendo que tentei arrumar o cabelo.Não tentei mesmo.

Já era um caso perdido então,só o deixei bagunçado.

Estava preparando toda essa ida ao cinema,há muito tempo.Seria o primeiro encontro perfeito para Annabeth.Nós,mais do que qualquer outro casal adolescente merecia isso.

– Vamos,Cabeça de Algas. - ouvi sua voz.

Virei-me e analisei-a.Annabeth vestia um vestido vermelho escuro que ia até um pouco acima dos joelhos,um all star preto combinando com uma pequena bolsa de lado.Seus cacho perfeitos estavam soltos,e ela tinha um sorriso envergonhado no rosto.

Ela estava perfeita.Deslumbrante.Perfeita.

–Você..demorou.É demorou bastante.Vamos logo -virei-me novamente fingindo não me importar com sua roupa.

–Percy!- ela e minha mãe me repreenderam ao mesmo tempo.

Sorri para ela,e cheguei mais perto,segurando em sua cintura.

–Você está perfeita. -dei-lhe um beijo na testa.

–Agora melhorou -ela sorriu.Entrelaçou nossas mãos e olhou em meus olhos.

Deixe-me explicar o que Annabeth causa em meu corpo todas as vezes que me olha : Eu sinto como se meu cérebro derretesse como gelatina fora da geladeira,sinto minhas pernas bambas,e minhas mãos suarem.Se eu tivesse uma asma,ela certamente atacaria.

Isso apenas com um olhar.

Espero não ter que descrever como me sinto quando nos beijamos.

Voltando a minha narrativa...

–Vamos então crianças.Juízo vocês dois- minha mãe nos levou até a porta,sorrindo e deu-nos um beijo em cada bochecha- Divirtam-se!

–Percy!- Paul me chamou.

–Sim?- perguntei desconfiado.

–Use aquilo que eu coloquei em sua carteira com cuidado-

–Paul! -minha mãe o puxou para dentro.

–Eu estava falando do dinheiro-

E assim,nos encaminhamos ao shopping.

~

–Vamos lá,Capitão América 2 ,por favor! Por favorzinho - ela pedia fazendo beicinho.

Estavamos na fila da bilheteria.Dividiamos nossa atenção entre os filmes em cartaz e as pessoas da fila.Nunca se sabe quando alguém atrás de você vai virar uma fúria.Porém a minha atenção estava em apenas uma coisa.

Um garoto.Loiro de olhos azuis,alto,que encarava as pernas de Annabeth.

Passei a odiar vestidos.

–Percy? Presta atenção em mim,meus deuses- ela disse passando a mão em meus cabelos,o bagunçando ainda mais.

–Oi? Estou prestando - sorri -E pelo jeito ,não sou o único -grunhi.

–O que? -ela rodou,procurando alguém.

–Nada,vamos assistir o que você desejar. -sorri novamente.

–Capitão América então -ela sorriu.

O garoto,que agora vamos nomeá-lo de "bocózão" era tão cara de pau,que Annabeth abaixou os olhos para seu decote,para ver se estava revelando algo que não deveria,e o idiota ficou na ponta dos pés,para ver alguma coisa.

–Aqui -lhe entreguei a jaqueta -Use isso.

–O que? Por que? Está aparecendo..? Ah deuses -ela colocou as mãos nos olhos envergonhada.

–Hey,não ,é só que você vai se sentir mais confiante com isso -sorri.

Ela colocou a jaqueta e sentiu meu cheiro.Nada discreta.

Coramos ao mesmo tempo.

Puxei sua cintura para mim,e dei-lhe um beijo na testa.

Neste mesmo instante,o bocózão desviou seus olhos para mim,confuso.

Isso mesmo,olhe bem pra mim.

Isso seria interessante..

~

Quando chegou nossa vez de comprar os ingressos,fizemos isso o mais rápido possivel.Queríamos aproveitar o máximo já que as coisas estavam dando certo para nós.

Estavamos saindo da bilheteria ,quando...

–Annabeth? Ah eu sabia que era você .Quanto tempo ! -adivinhem quem se dirigiu à Annabeth?

Isso mesmo,o bocózão.

Senti minhas mãos se fecharem em punho quando Annabeth saiu do meu aperto e foi abraçá-lo.

–Justin!Quanto tempo!

Certo,deixe-me esclarecer alguns pontos aqui :

1- O garoto que estava secando Annabeth,a conhecia.

2- Annabeth continuava abraçada a ele.

3-Eu só queria arrancar os braços dele fora.

4- Annabeth continuava abraçada à ele.

5- Eu queria arrancar todos os seus dedos,e usá-los como palito de dente.

6- Queria arrancar seus dentes e fazer um colar.

8- Eu estava em transe.

9- Em choque

10 -Com ciúme.

11- Chega.

–Chega- sussurrei -Annabeth?

–Ahn Percy,esse é o Justin,meuamigo de infância de São Francisco! -ela sorriu animada - Justin,esse é Percy,emu namorado.

–Olá -ele estendeu a mão,para um aperto amigável.

Só haviam dois problemas ali : eu iria esmagar a mão dele,e não estava nem um pouco amigável.

–Oi - olhei para a sua mão,levantei uma sobrancelha e olhei para trás.

Atuação digna de Oscar.

–Hm,acho que estou incomodando seu namorado.

Sim, está.

–Não,imagina -sorri "amigável".

–É claro que não,vem,a gente estava indo tomar um sorvete -Annabeth o puxou.

Espera,o que?

Annabeth estava me testando? Bem no nosso oficial primeiro encontro?

Tudo bem,eu poderia entrar no seu joguinho.

~

Andamos até a praça de alimentação,Annabeth entrelaçada seu braço com o bocózão,e a outra mão na minha.

–Eu ouvi dizer que a avó da Estella morreu.. -ela comentou.

Ótimo,ótimo mesmo.Vamos falar de morte no nosso primeiro encontro,amorzinho.

Os dois engataram em uma conversa animada ,onde eu ouvi nomes esquisitos,e que eu nem conhecia mas já os odiava.

Oh,eu estava exagerando? Certo tente se imaginar no primeiro encontro oficial de você e seu namorado,ok? Ai você encontra um amigo de infância,e deixa seu namorado de lado.

Sentamos em uma mesa e eu esperei.

Deuses,como eu estava paciente hoje.Ouvi mais um dezena de nomes ,e pessoas,e mortes,casamentos,bebês.

Eu merecia ou não merecia o prêmio de melhor namorado do mundo?

–Percy,você pode ir buscar os sorvetes ? -ela me perguntou sorrindo docemente.

Ela estava mesmo me testando.Deixa-los sozinhos na mesma mesa.

Ela e o cara da fila da bilheteria que encara suas pernas.

Claro.

–Ah claro. -sorri dando-lhe um beijo estalado na bochecha.

–Eu quero de morango.Annie vai querer de creme não é mesmo? Como nos velhos tempos - ele riu,depois olhou-me,desafiando-me.

–Os velhos tempos ficam para trás. -sorri novamente "amigável."

–Mas as lembranças não.Costumávamos tomar sorvete todas as tardes,juntinhos-ele riu para Annabeth.

–Engraçado,não me lembro de ter perguntado -grunhi.

–Um bom namorado procura saber o que a namorada passou no passado.E com quem passou -ele levantou uma sobrancelha.

–Um stalker também -grunhi.

–Enfim,não deixa de ser verdade- ele riu,vitorioso.

–Passamos,nós dois,juntinhos,por mais coisa do que você pode contar nos dedos dos pés e das mãos -grunhi.Ele estava começando a me irritar..

–Engraçado..não me lembro de ter perguntado..-ele riu.

–Você é bem engraçadinho,não é mesmo? Sabe quem você está desafiando,seu mortalzinnh-

–Percy - Annabeth me puxou para a sorveteria,longe da mesa -Percy,se acalma.O que você está fazendo? Qual o seu problema?

–O meu problema? Ora,eu quem te pergunto! O que esse idiota está fazendo aqui? Além de arruinar tudo o que eu preparei! -resmunguei.

– Percy ele é meu colega de infância.

–Amigo - corrigi -Vocês costumavam tomar sorvete juntinhos.

–Se fosse alguma amiga sua-

–Não,não comece com isso !Eu não tenho amigos de infância.Eu só tenho o Acampamento-

–Percy...

–...o Grover-

–Percy..

–E você! -disse bravo -Eu só tenho você.

Se eu estava fazendo birra como uma criança? Sim estava.

É isso que os cabras da peste fazem.

Ela suspirou e me abraçou pela cintura.

–Vamos lá,daqui a pouco nós vamos entrar,e você estará livre disso.

–Promete? -eu tinha que ter certeza,oras.

–Prometo -ela sorriu - Eu quero o meu de-

–Chocolate? -arrisquei.

–Você quem me conhece bem -ela sorriu -Chocolate!

~

Continuei ouvindo mais conversa sobre pessoas que eu não conhecia,e nem desejava conhecer,por mais uma meia hora.Talvez o meu ódio por esse ser imbecil acabasse quando eu estivesse sentado ao lado de Annabeth,navegando na história da Marvel.

Talvez,eu não o odiasse tanto se ele tivesse aparecido em qualquer outro dia.

Obviamente se ele estivesse secando as pernas da loira,o ódio seria o mesmo.

Estava pensando em 56 maneiras de enterrar um corpo vivo,quando ele perguntou:

– Vocês irão ver qual filme?

–Capitão América 2! -respondi desconfiado.

–Ah,olha que noticia boa-

–Não-sussurrei.

–Eu vou ver o mesmo-

–Não -grunhi.

–Filme que vocês!

–Não,chega,chega,chega! - falei mais alto.

–Percy,o que você-

Puxei Annabeth pela cintura até longe do bocózão.O que ela estava pensando? Que eu iria assisti aquele filme maravilhoso , com ele?

–Vamos embora.Agora -pedi.

–Percy,eu não posso deixá-lo assim -ela disse tentando encostar sua mão em meu rosto.Afastei-me.

–Annabeth,qual o seu problema? Por que está tentando arruinar o nosso primeiro encontro assim? -perguntei,soltando-a. -Parabéns,você conseguiu!

–Percy-

–Eu vou embora.Fique aí com seu amiguinho de infância -disse antes de sair andando até o estacionamento.

Ah,eu não estou exagerando.De formal alguma! O que você faria no meu lugar? Deixe isso no seu comentário.

O estacionamento estava cheio de carros,mas foi fácil encontrar o de Paul.

–Percy - ouvi Annabeth gritar meu nome.

Apressei-me a pegar as chaves.

–Percy,espera.Me ouve -ela disse ficando em frente a porta do motorista.

–Saia da minha frente.Agora - pedi,meio rude.

Vi mágoa passar por seu rosto,mas eu não liguei.

Eu só queria fazer uma macumba.

É uma macumba em nome de Justin alguma coisa.

Em um movimento rápido,Annabeth pegou as chaves da minha mão e colou em seu decote.

Ah,Annabeth!

–Me devolve essas chaves.Anda- pedi,calmo.Por dentro : explodindo.

–Vem pegar! -ela desafiou-me.

–Eu vou mesmo.Vou pegar a força! -falei bravo.

–E eu vou gritar se fizer isso!

–Annabeth,-suspirei,a prensando no carro.Tecnicamente,estavamos sozinhos no estacionamento.

Essa era a minha ideia genial.Prensá-la no carro,pegar as chaves,e ir embora.

–Percy -ela sorriu.Seu tórax subindo e descendo em meu peito não ajudava muto na concentração.

–Me devolve essa chave -pedi educadamente.

–Me escuta primeiro.

–Annabeth,você está começando a me deixar bravo.

–Nah,que nada - ela disse encostando seu corpo ainda mais no meu.

–Você não deveria brincar comigo enquanto eu estou irritado -grunhi mais alto.

–Ui,você está bravo -ela brincou.

–Você nunca me viu verdadeiramente bravo -grunhi.

–Porém,eu sei que você está verdadeiramente bem longe disso. -ela me deu um beijo na bochecha.

–Você não tem um filme pra assistir? Com um amiguinho ? -perguntei,já irritando-me novamente.

Deuses.Eu sentia cada centímetro do seu corpo perto do meu.

–Percy,ele é meu colega-

–Amigo -corrigi novamente- Vocês tomavam sorvete todas as tardes.

–Percy -ela suspirou passando um braço por meu pescoço. -Eu gostaria de estar em qualquer outro lugar do mundo-

–Eu sabia!

–Contanto que você estivesse comigo -

Maldita.

Se não sabe brincar fica no útero!

Ou no caso na Cabeça de Atena e seu pai..

Enfim...

Então ela começou a fazer um carinho em minha nuca.

Ela já havia ganho isso.Ela sabia,universo todo sabia.

Ah,o carinho na nuca!

–Ah..é ? -perguntei derrotado.

–É sim -ela disse - Sabe por quê?

–Por que?-suspirei em seu pescoço,sentindo seu cheiro delicioso.Ah droga,efeito da paixão.

–Porque,eu amo você,Cabeça de Algas -ela sussurrou olhando em meus olhos- Mesmo quando você quer matar alguém quando está com ciúme.

A situação estava tão feia para mim,que decidi beijá-la para evitar constrangimento.

Beijar Annabeth é a melhor sensação do mundo.É como,comer a sua comida favorita no seu aniversário,é como ganhar presentes no Natal,como ver os fogos no Ano Novo.Ela fez o contorno do meu lábio inferior com sua lingua e sorriu.Sua mãozinha foi até meu cabelo,acariciando,depois ela me deu um beijo na testa,carinhosa.

Suspirei derrotado.

Encostei-me ao seu lado.

–Por favor,não me faça voltar para dentro desse shopping -pedi,segurando sua mão.

Ela gargalhou.Sua risada era contagiante,acabei sorrindo.

–Pode deixar,mocinho -ela sorriu -O que você quer fazer?

–Eu quero,desesperadamente,pegar essa chave no seu decote -disse a primeira coisa que me veio a mente.

Logo,senti meu rosto pegar fogo.

E Annabeth rindo.

–Hm..eu acho que você merece -ela disse sorrindo.

– O q- que?

Então Annabeth pegou minha mão,colocou em seu decote,entre seus seios,e logo eu peguei a chave.

Como...descrever.. decote..seios..macio..

É isso.

Deveria ter demorado mais para pegar as chaves.

Então era isso..estava liberado mão boba agora?

Suspirei.Banho.Belo banho para acalmar os ânimos.

–Vamos para casa -destravei o carro e entramos.

Annabeth sorria,vermelha.

Logo estávamos no caminho para casa.Ela cantava junto com o som do carro,animada.

–Posso te pedir uma coisa? -a interrompi.

–Claro -ela me olhou.

–Use mais vestidos -

Então ela gargalhou.Eu não me contive e acabei gargalhando com ela;

Eu poderia suportar alguns olhares de alguns bocós.

Porque eu era o único que sempre poderia ter mais de um oficial primeiro encontro com ela.

Ela era apenas e verdadeiramente minha.