Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 16
Barreiras do amor


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior eu fiz um momento Clintasha e prometi que ia recompensar os fãs de Stasha, então aí está. ficou grande porque eu tive que colocar muita coisa no mesmo capítulo Quero a opinião de vocês quanto a personagens novos ou reaparições. Me sugeriram trazer a Sharon Carter, eu achei uma boa ideia, o que vocês acham? Aproveitem o capítulo e me digam o que acharam!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496694/chapter/16


A equipe de Coulson chega logo em seguida, ele parece um pouco mais nervoso, e eu sinto raiva por ele ter sido enganado tão facilmente. Também há uma garota de cabelos longos chamada Skye, uma outra chamada Jemma e a agente May.
Parecem todos abatidos, não sei dizer se por causa de Natasha ou Fitz, que é um agente da equipe que se feriu. Coulson deve estar passando por uma fase difícil, eu gostaria de ajudar, se não estivesse eu mesmo com grandes problemas.
Natasha faz falta de maneira muito pessoal. Às vezes na calada da noite eu ouço o som da sua voz, às vezes até mesmo sinto sua presença, mas então percebo que estou alucinando.
Só fica pior quando me lembro que ela está com Clint e que eu a fiz sofrer. Será que ela já me superou? De certo modo eu espero que não, porque a amo e quero que ela saiba disso. Mas também não quero vê-la sofrer.
— Então, qual é o plano?
— Agora que já a localizamos, temos que ir até lá. Capitão, você e Stark serão nosso plano de ataque. Victoria, quero que você vigie as saídas, Maria, você observa pela câmera e nos deixa informados dos perigos externos. May, você vai conosco e cuida dos soldados.
— Sozinha? — eu pergunto, e recebo um sorriso irônico como resposta.
— Skye, invada o sistema deles e destrua.
— Pode deixar, A.C.
Pov Natasha
Estou amarrada a uma barra de ferro, sentada em uma cadeira desconfortável há horas. Meu corpo reclama e meus braços estão dormentes. Clint está na sala ao lado, e posso até ouvir o baque dos socos e outros golpes que ele está levando.
Paro e relaxo minha mente para pensar em algum plano brilhante. Nem preciso pensar muito. Um homem mal vestido e com uma barba nojenta entra, e vai direto na minha direção com uma expressão maliciosa.
Ele chega muito perto, e vai passando a mão pelas minhas pernas. Eu não reclamo porque tenho um plano, mas tenho vontade chutar com força seu rosto. Ele tem uma arma presa a cintura. Deixo que chegue mais perto, e abro as pernas para dar um golpe, que ele entende de outro modo, claro. Engancho os joelhos em seu pescoço e o puxo para mais perto, alcançando a arma com o pé descalço antes dele.
— Solte as cordas, agora. Sem nenhum ruído. — eu sussurro em seu ouvido.
Ele bufa, indignado, e solta as cordas enquanto eu tento equilibrar a arma nos dedos do pé. Mal sabe ele que eu não conseguiria atirar desse jeito. Quando finalmente ele desfaz o último nó eu o levo comigo como refém. Os corredores que passamos não me parecem familiares, e lembro que apaguei durante os exames. Eles teriam me levado para outro lugar?
— Onde estamos?
— Eu não sei, gata, só o capitão sabe.
— Capitão? Estamos em um navio?!
— Claro! Você bebeu?
Eu o empurro para a sala seguinte, pegando Clint e os soldados de surpresa. Atiro em todos sem dó, e quando revidam, eu uso o homem para me defender. Quando termino de abater todos, solto Clint, que está manchado de sangue e com um olho muito inchado.
— Vamos sair daqui.
Nós nos escondemos quando quatro homens armados passam, e depois seguimos para a proa. Chegamos a bombordo e é quando eles notam nossa presença. Eu jogo Clint na água e pulo logo em seguida, sem pensar no meu pânico por afogamento e águas marinhas.
Eu o ajudo a nadar sem que sejamos atingidos pela chuva de tiros que vem do navio. De repente, ouço alguém gritar meu nome, e quando me viro para o navio, ele explode. Eu grito e mergulho para não ser atingida pelos destroços. Quando volto a superfície, vejo fumaça e ciscos, ruína.
Vejo que Clint está sendo tirado da água e carregado para... Um iate? Ouço várias pessoas gritando meu nome naquela direção, e eu nado até lá. Nem penso se estou caindo em uma armadilha, apenas nado o mais rápido que consigo.
É Coulson quem me puxa da água. Ele pede desculpas e até me abraça, e eu sorrio ao abraçá-lo de volta.
— Que tal esquecermos essa história de clínica?
— Perfeito. — respondo.
Tony está sorrindo de maneira debochada, como sempre, mas eu acabo o abraçando também. May está cuidando dos ferimentos de Clint. E há Steve, no piloto. Ele está me encarando, mas eu não retribuo o olhar. Resisto a todos os ímpetos de agarrá-lo, beijá-lo, xingá-lo...
— Como você está?
— Bem. Eles só drenaram um pouco do meu sangue, mas já me recuperei. Ah, um homem também tentou me estuprar, mas ele acabou sendo minha salvação. — eles riem, menos Steve. Steve me encara muito sério, como se quisesse saber os detalhes da história. Eu arqueio as sobrancelhas para ele, de modo mais apático que consigo.
Desço as escadas para a parte do iate que mais parece uma casa. Há um sofá de aparência confortável, mas está ocupado por uma garota que não conheço.
— Hum... Quem é você?
— Ah, você deve ser a Natasha. Eu sou Skye. Trabalho com Coulson. Fui eu quem ajudei a explodir o navio. Claro que Steve e Tony que entraram lá, mas você é esperta, já tinha conseguido sair. — eu aperto sua mão, tentando retribuir o sorriso radiante que ela me lança. — Você deve estar precisando descansar, então... Eu vou lá pra cima.
— Fique à vontade aqui. Eu só vou tentar dormir um pouco.
E eu tento, mas os pesadelos logo invadem minha mente. Imagens de mim mesma, só que mais nova, aprendendo a lutar com um homem experiente e carrancudo, e depois, indo para casa com um homem que eu chamava de pai. Depois, o amigo que eu confiava o mata. Eu acordo com Skye me chamando.
— Você está bem? Estava se contorcendo, imaginei que estivesse se sentindo mal.
— Estou bem. Mas chega de dormir. — eu falsifico um sorriso.
Vou lá para cima novamente, e encontro May e Coulson envoltos em uma conversa mais relaxada, e decido não interromper. Ao mesmo tempo, Steve e Clint também conversam, mas a atmosfera lá é mais intensa, e agressiva.
— Você a rejeitou, eu apenas cuidei dela! — Clint argumentava. Eu era o assunto.
— Não a rejeitei! Fiz o que era melhor para ela. Não sabia que você ficaria em cima, ou teria feito diferente.
— Então quer dizer que pode tratá-la como quiser, como lixo, como uma prostituta, só usa quando quer, mas não pode deixar outros homens ficarem com ela?
— Ao contrário de você, agente Barton, eu a respeito muito.
— É, deu pra ver quando vocês quase se comeram no quarto do Stark.
— Ah, cale a boca! Isso é inveja?
— Inveja, Capitão? Sério? Acha que o tempo que passamos sozinhos, ela não dormiu comigo? — Steve engole em seco, e eu xingo Clint mentalmente. Eu não queria que Steve descobrisse desse jeito.
— Vocês...? — ele nem precisa completar a pergunta.
— É claro que fizemos! Desde que eu a conheci, em Budapeste, ela foi sempre minha. Essa é a verdade.
Steve para de argumentar. Ele apenas fita os próprios pés e engole a raiva e o constragimento. Eu saio do esconderijo e pergunto o que está havendo, com inocência, e o olhar penoso de Steve não me incomoda tanto. Quer dizer, ele me largou, eu tinha todo o direito de ficar com outro.
Steve é quem não aguenta a pressão e sai de cena. Clint e eu ficamos sozinhos novamente, e ele se aproxima para me beijar. Não sei o que dá em mim, mas eu o afasto.
— O que foi?
— Você não precisava ter contado a ele!
— Está fazendo aquilo de novo. Você não tem que se importar com o que ele pensa de você.
— E não me importo. Mas não vou odiá-lo só porque nosso relacionamento não funcionou. E ele merecia uma explicação melhor.
— Que explicação melhor? Que você não tem sentimentos firmes por ninguém e que só ficou com ele porque ele era um desafio maior?
— Isso não é verdade! Eu fiquei com ele porque gostava dele.
— Gostava. No passado. Então não tem nem que olhar na cara dele mais.
— Por que está me dando ordens? Steve não fez nada que muitos outros já não fizeram.
— Ele queria mudar você! Não amava você, ele queria amar uma princesinha, e não é o que você é.
— Eu sei bem disso. — a resposta o surpreende. — Mas como eu disse, ele não é o primeiro a fazer isso. Ninguém quer uma namorada fria e calculista. E eu não posso ser diferente, Clint. Você me aceita como sou porque não temos nada sério. É por isso que eu nunca aceito namorar com você, porque no momento em que nos oficializarmos, você vai cobrar mais de mim. Não sei se foi por causa dos soros, mas eu simplesmente não consigo manter as pessoas que amo por perto, e você é o único que fica. Então por favor, não me obrigue a afastá-lo.
Clint pondera sobre o que eu disse. Queria que ele não fizesse isso. Acabei de expor meus sentimentos para ele, em resposta, eu só queria uma compreensão. Mas ele não entende. Não é fácil para ele, porque ele é apaixonado comigo.
— Sinto muito, Tasha, mas não posso ficar por perto só quando você precisa. Eu quero estar com você, de verdade, não quero mudá-la como o Capitão, e ao contrário do que você diz, eu não vou embora. Mas não posso fazer isso desse jeito.
Ele me deixa sozinha, mas eu não choro dessa vez. Estou cansada de ter os sentimentos feridos. Eu nunca devia ter deixado Steve ultrapassar a barreira que me protegia do amor. E agora vou deixá-la mais forte do que nunca.
Assim que desembarcamos eu me despeço de Coulson, pedindo para ele me mandar logo uma missão. Ele promete que em pelo menos dois dias me enviará alguma. Me despeço de May, que conheci logo que entrei na S.H.I.E.L.D, apesar de ambas sermos muito fechadas, acabamos sendo boas amigas. Me despeço de Skye também, que parece ser uma garota muito divertida. Não consigo me lembrar de já ter sido uma jovem feliz desse jeito, e desejo que ela sempre possa ter um sorriso no rosto.
Jemma também se despede de mim. Nunca fomos próximas, ela mal falou comigo quando chegou na S.H.I.E.L.D, acho que porque ainda era muito nova e tinha medo de mim. Eu, Steve e Stark vamos para a mansão dos vingadores, e Clint segue outro caminho. Ele mal se despede, mas deixa um bilhete comigo, e me diz para abrir depois. Vejo de soslaio que Steve está nos encarando.
A mansão me parece mais reconfortante. Logo que entramos, Pepper enlaça Tony em um beijo, e depois me dá um abraço amigável. Ela está tremendo, e sussurra que eu posso procurá-la quando quiser. Aprecio o gesto, não é muito comum as pessoas me oferecerem ajuda.
Vou direto para a sala de treinamento, e não saio de lá enquanto todos não estão dormindo. Não como nem descanso, apenas luto mais e mais. Os nós dos meus dedos já estão brancos, e eu estou muito suada. De repente a porta se abre, e eu me viro para dar de cara com Steve. Não consigo sair do lugar, apenas o observo enquanto ele toma os passos na minha direção.
— Você devia dormir um pouco.
— E você devia parar de se preocupar comigo.
— Temos que conversar.
— Não, não temos. Você já me explicou tudo. Eu não sou burra. Mantenha distância de mim e eu não incomodarei você mais. O que você viu era uma parte mínima de mim que nunca mais verá novamente.
— Só de você ter me mostrado essa parte mínima me dá esperanças de que eu possa tê-la de novo.
— Esperanças?! Quer mesmo me falar de esperanças?! Você disse todas aquelas coisas, de que eu podia ser uma pessoa melhor, e sabe o que eu fiz? Eu mudei! EU fiz algo que jamais faria, eu me tornei uma pessoa melhor. Mas não foi o suficiente pra você. E essa "pessoa melhor" é só uma farsa. Quer saber, Steve? Eu sou mesmo uma assassina, não mato porque quero, mas não hesito em matar quando é preciso, ou quando minha vida está em perigo. Se eu tiver que matar uma vila inteira, um país inteiro, pra ficar viva, eu farei! Sabe por quê? Porque eu sou egoísta, e eu me importo mais comigo mesma do que com qualquer um! E nem você, nem ninguém, pode me mudar!
Eu irrompo as palavras em Steve, e vejo sua expressão solene ficar cada vez mais abatida, até as lágrimas inundarem seus olhos. Meus olhos também ficam marejados, talvez de raiva, estresse, tensão... Eu não sei.
— E você quer saber de uma coisa, Natasha?! Eu tentei sim mudar você! Mas não foi porque eu não gostava do que via quando olhava pra você, foi justamente pelo contrário! Porque eu olhava para você e conseguia exergar toda a dor, a decepção, a amargura, e via também o lado egoísta e frio que existe e vai sempre existir em você. Mas eu te amava mesmo assim! Eu amo toda sua maldade, amo sua raiva, mas eu também amo a bondade que eu sei que existe, amo a criança inocente e cheia de amor que existe dentro de você. E eu não conseguia aceitar isso. Eu não queria amar você, não queria que aquele lado de você existisse, mas quer saber? Sem ele, você não fica completa, e eu não consigo amá-la de maneira incompleta.
Eu não consigo reagir. Ele disse. Ele disse que me ama. E mais importante, ele me aceitou. E eu não sei mais o que quero, não sei mais o que devo fazer, só sei que ele está bem na minha frente, e tudo que tenho que fazer é e aproximar. Mas eu não preciso. Ele dá um passo a frente, como se me pedindo permissão, e eu me jogo em seus braços. Ele me abraça com força, pressionando meu corpo contra o dele, e eu me sinto pequena e protegida.
— Me perdoe por aquilo, Natasha.
— Eu perdoo você. Mas por favor, entenda, eu não posso me abrir daquele jeito de novo, vamos fazer as coisas com calma, tudo bem? — ele sussurra "tudo bem" no meu ouvido, a voz abafada pelo meu cabelo.
Ficamos muito tempo abraçados, eu não quero largá-lo, não quero sair dos braços fortes e reconfortantes, mas uma hora temos que nos separar. Ele beija minha testa e me deseja boa noite, e eu volto para o quarto me sentindo leve.
Não durmo por muito tempo até ser acordada por Pepper, ela diz que tem algo que eu gostaria de ver. Não entendo o que ela quer dizer, mas a acompanho. Tony e Steve estão parados na frente de uma tela, assistindo a uma mulher cuidar de três filhos. Não parece um programa de TV, e a medida que me aproximo, os cabelos negros encaracolados dela vão me parecendo cada vez mais familiares.
— Sua missão chegou. — Tony anuncia.
— Não entendi.
— Essa mulher está em perigo, ela se casou com um homem que na verdade é um terrorista de um grupo liderado pelo Apátrida.
— Já ouvi falar nele. Quer destruir o nacionalismo, certo? — Steve indaga.
— Exatamente.
Eu ainda estou intrigada com a aparência da mulher que nina um bebê nos braços. Vou me aproximando da tela até meu nariz quase tocá-la.
— Sabe que existe um negócio chamado zoom, não é? — Tony ironiza, aproximando a mulher.
Ela tem a pele branca, os lábios carnudos e os olhos bem claros. Ainda não consigo dizer quem é, mas tenho certeza de que a conheço. Mas então eu localizo um porta-retrato, que a mostra uns dez anos mais jovem. E então eu me lembro de onde a conheço. Meu coração dispara ao saber que ela corre perigo.
— Precisamos ir, agora!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, quem vocês acham que é a garota da missão? O que vocês acharam da conversa do Steve e da Natasha? Eu quis uma coisa bem fofa e esclarecedora, mas nada muito exagerado, como ela disse, eles tem que ir devagar. Comentem e me deem a opinião de vocês!!