Wake Me Up - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 2
Without you I'm lost


Notas iniciais do capítulo

Alooooooooooooooou amorecos!

Eu sei que demorou pra sair esse caps e tudo o mais, porém aqui está - e bem grandinho, eu acho, né?

Bom, o título é uma fala da Regina Mills, a Evil Queen de Once Upon A Time, usada no episódio "The Doctor" (02x05), ok, isso ta parecendo uma enciclopédia da Lana Parrilla xD

Bom, vocês já tiveram a base do que eu vou abordar na fic, está na cara que é uma pós-mockingjay, então preparem-se, porque muita coisa está sendo preparada!

Mas vamos ao capítulo, porque é o que importa xD

Boa leitura!



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CAPÍTULO II

Um clima de tensão pairou no ar enquanto Haymitch processava a pergunta que Effie acabara de lhe fazer. Ela não poderia estar falando sério. Eles passaram anos trabalhando juntos, compartilhando a esperança de terem um vitorioso do Distrito 12, até os amantes desafortunados aparecerem em suas vidas. E, de repente, ela lhe pergunta se o conhece, como se nada daquilo tivesse acontecido.

Por alguns instantes, Haymitch ficou sem ação, tentando pensar do que dizer. Ela não parecia estar brincando com ele. Seu olhar confuso permaneceu fitando-o, começando a destrui-lo por dentro.

Effie, nós trabalhamos juntos - começou Haymitch, alterando um pouco seu tom de voz, tomado por uma ponta de desespero. - Há anos estamos trabalhando juntos. Sou eu, Haymitch! Como não se lembra de mim?

Effie hesitou antes de respondê-lo. Como poderia lembrar-se de todos, fechar os olhos e ver Katniss, Peeta, Snow, Plutarch, Seneca, os tributos, a colheita, e não fazer ideia de quem era aquele homem na sua frente? Alguma coisa estava errada, ela pensou. Mas o que poderia ser? Também havia a possibilidade dele estar mentindo. Suas memórias pareciam intactas, mas ele não fazia parte de nenhuma delas.

Por favor - prosseguiu, agora acalmando sua voz - me diz que se lembra - seus olhos suplicavam por um sinal de reconhecimento, mas nada do que ele fizesse ou dissesse faria Effie lembrar-se.

– Me desculpe - repetiu Effie, parecendo preocupada com o que estava acontecendo. - Eu realmente não me lembro de você.

Haymitch deixou escapar um suspiro inconformado com a situação e prensou os lábios, balançando a cabeça.

– Não é possível que você se lembre de todos e não de mim - ele disse, voltando a olhar naqueles olhos azuis que agora o estranhavam. Ele não passava de um estranho para ela. Sabe-se lá que imagem ela poderia estar formando dele agora.

Haymitch sentiu um aperto na garganta e quase não conseguiu controlar. Seus olhos ficaram úmidos ao finalmente notar que ela não estava de brincadeira. Effie, por sua vez, voltou a ficar assustada com a reação do homem. Não sabia o impacto que suas palavras estavam causando sobre ele, mas sabia que era forte, porém não podia fazer nada. Ela não iria mentir.

Alguns minutos se passaram em silêncio. Effie concentrou-se em brincar com as pétalas das flores falsas que descansavam em seu colo, evitando o contato visual com aquele estranho que parecia conhecê-la muito bem.

Quem deve pedir desculpas sou eu, e não você - diz Haymitch, quebrando o silêncio que tomava conta do ambiente. Effie levantou a cabeça para fitá-lo com atenção. - Depois de tudo que você passou até chegar aqui... - balançou a cabeça, reprovando a si mesmo. - Talvez eu esteja exigindo demais de você.

Effie ouvia cada palavra como se fosse uma tortura. Algo naquele homem a fazia querer acreditar que ele estava certo, porém havia um lado dentro dela que sentia certo receio de tudo isso.

O ar daquele ambiente começou a ficar gelado e Effie se arrepiou. Percebendo a reação da mulher, Haymitch se adiantou até um controle para aumentar a temperatura, recebendo um olhar indiferente dela em resposta. Ele também podia jurar que viu um leve sorriso de gratidão em seus lábios, mas não teve certeza do que viu, pois ela mantinha um olhar assustado.

Aquele pequeno gesto o fez refletir sobre o que deixou passar, o que planejara para este dia, e como tudo fora por água abaixo. Depois de anos trabalhando ao seu lado, Haymitch começou a sentir algo diferente por ela, apesar de nunca parecerem ter se entendido, ele sentia-se na obrigação de mantê-la protegida. Mas foi quando ela foi levada para a Capital, separada dele, que estava indo para o Distrito 13, que Haymitch percebeu que falhou em sua obrigação, sentindo a necessidade de ir atrás dela e salvá-la, antes que fosse tarde demais.

Porém ali estava a mulher da sua vida: numa maca depois de ser torturada, sem ao menos saber quem ele era. Essa era a parte mais dolorosa de tudo. Haymitch foi até a capital e, com a ajuda de Plutarch Heavensbee, trouxeram-na sã e salva ao Distrito 13.

Effie tentava não manter o contato visual, mas às vezes parecia impossível. Volta e meia ela lhe lançava um olhar curioso, tentando memorizar seu rosto, mas seus olhares se encontravam e ela desviava novamente.

Talvez você não queira conversar agora - começa Haymitch, parecendo um pouco desconcertado. - Eu vou deixá-la sozinha. Deve estar querendo descansar, imagino.

Concordando com a cabeça com um movimento quase imperceptível, Effie o acompanhou com o olhar enquanto Haymitch saía do compartimento.

Espere - disse subitamente, fazendo Haymitch virar-se e olhá-la com esperança. - Pode chamar o Plutarch, por favor?

Haymitch deixou escapar um suspiro desapontado antes de virar-se para vê-la. Ela lembrava-se de Plutarch, menos dele.

Claro, princesa - respondeu cabisbaixo. Em seguida fechou a porta e saiu pelos corredores segurando suas lágrimas. Ele poderia chorar ali sem se preocupar com quem pudesse vê-lo. Era de madrugada e poucos estavam acordados. Sem saber para onde ir exatamente, Haymitch rumou até a sala de Beetee, na esperança de encontrar algum conhecido e, para a sua surpresa, Plutarch também estava lá.

Entrando na sala, com todos os olhares centrados nele, Haymitch esperou até sentar-se numa cadeira qualquer para poder falar.

Ela acordou - disse, com o olhar vago. - Effie acordou.

Algumas exclamações surgiram, então. Mas Plutarch logo percebeu que algo estava errado nisso tudo. Haymitch deveria estar dando pulos de alegria, esbanjando felicidade, porém estava muito longe disso.

Tem algo mais, não é, Haymitch? Você deveria estar feliz - disse, tentando se aproximar. Haymitch, porém, fez um sinal com a mão para que ele parasse. Plutarch o obedeceu sem questionar.

Devia - repetiu, fechando a cara. Ele não iria deixar aquelas lágrimas caírem. Ele seria forte.

Haymitch fechou os olhos e respirou fundo antes de prosseguir:

Ela quer ver você - disse, lançando um olhar para Plutarch, que pareceu não entender o que ele estava dizendo. - Se puder ir e falar com ela...

Mas Haymitch...

Haymitch, o que houve? - dessa vez foi Beetee quem perguntou, lançando um olhar curioso para Plutarch, que balançou os ombros como quem não sabe do que se trata.

Percebendo que não iria conseguir sair daquela sala sem dizer o que realmente estava acontecendo, Haymitch calculou bem que palavras usar para não sentir tanto, mas não conseguia. Não havia um ângulo melhor de ser vista a sua situação. Ele, enfim, levantou a cabeça e, olhando de Beetee para Plutarch, disse:

Ela não se lembra de mim.

Rápido e direto. Curto e grosso. Acreditando que aquelas palavras o afetariam menos, Haymitch caiu na própria cilada e não conseguiu mais segurar o seu pranto. Desde que ela chegara ao 13, Haymitch fizera uma promessa a si mesmo de não mais beber e, assim, conseguir a confiança dela - e um pouco mais além disso. - Porém ao se deparar com a cena dela acordada, ver seus olhos azuis brilhando de gratidão pelas flores, uma ponta de esperança surgiu, fazendo-o acreditar que ela finalmente o olharia com outros olhos, mas ele estava errado.

Novamente o silêncio se estendeu enquanto Beetee e Plutarch trocaram um olhar atento para voltarem-se para Haymitch, que estava sedento por bebida, qualquer que fosse, que o ajudasse a esquecer tudo. Por um momento foi isso o que ele quis. Esquecer. Esquecê-la assim como ela se esqueceu dele.

Espera, Haymitch– disse Beetee, voltando a se sentar em sua cadeira para analisá-lo. - O que quer dizer exatamente?

Ela sofreu algum dano?

Haymitch balançou a cabeça, negando o que os outros dois diziam. Juntou as mãos em cima do colo, apertando firmemente.

É melhor eu ir - disse, por fim, Plutarch. Decidido a saber o que realmente aconteceu para Haymitch estar daquela forma. - Vou falar com ela e descobrir o que houve. Voltarei com mais notícias. Enquanto isso, Haymitch– acrescentou, apontando um dedo para o homem - controle-se.

Deixando os dois sozinhos na sala de Beetee, sem trocar mais uma palavra, Plutarch rumou até o compartimento onde estava Effie Trinket, passando por alguns enfermeiros que não tiveram como impedi–lo de visitá-la, visto que o único que fez questão de vê-la foi Haymitch, a ponto de ameaçar quem ousasse interceptá-lo.

Plutarch entrou no compartimento, esperando não vê-la num estado deplorável, porém se surpreendeu ao ver uma Effie Trinket sentada na maca, com um olhar ansioso em sua direção. Apesar das pequenas marcas em algumas partes do seu corpo, devido a tortura, ela parecia reluzente. Feliz por estar viva.

Olhe só se não é a Srta. Trinket vivinha da Silva! - comentou enquanto caminhava em direção a mulher, que sorriu. Plutarch parou ao lado dela, apoiando-se no colchão. - Como você está?

Viva - respondeu, ainda com o sorriso nos lábios.

Plutarch concordou com a cabeça, mas sabia que não deveria ficar dando arrodeio e ir direto ao ponto.

Effie– começou a dizer, sentando-se numa cadeira próxima. Ele esperou até sentir-se acomodado para poder continuar: - antes de qualquer coisa, imagino que esteja querendo saber muita coisa, preciso lhe fazer uma pergunta, tudo bem? - ela assentiu com a cabeça e o deixou prosseguir. - Você tem certeza de que não lembra quem é Haymitch Abernathy?

Alguns segundos se seguiram em silêncio enquanto Effie tentava novamente cavar fundo nas suas lembranças, tentando encontrar algum vestígio de que conhecia aquele homem de algum lugar, mas não obteve sucesso. Ele lhe causava uma sensação estranha, disso ela estava ciente, mas nenhuma indicação de que o conhecia. Ele era um estranho.

Effie hesitou antes de responder, desviando o olhar.

Eu realmente não me lembro - respondeu, balançando a cabeça. - Não sei se há algo de errado comigo, mas... - ela levantou a cabeça, procurando por alguma resposta e os seus olhos ficaram úmidos. - Eu me lembro de tudo, dos jogos, da colheita, do tordo... - voltou, então, seu olhar para Plutarch, numa súplica, procurando por ajuda. - Mas eu não sei quem é aquele homem. Não faço ideia.

Plutarch a observava com determinada atenção. As palavras dela eram sinceras e ela parecia estar começando a ficar angustiada.

Mas você ao menos admite que possa tê-lo conhecido antes? - disse ele, tentando encontrar alguma brecha naquele caminho. - Leve em consideração o que ele disse hoje, as flores, tudo.

Eu não sei - ela quase gritou. Sua angústia estava tomando conta dela. - Eu não sei - repetiu, agora sussurrando. Ela sentia-se forçada a tentar se lembrar daquele homem e isto a estava deixando confusa. Seu olhar, de repente, ficou vago e ela não tentou mais lembrar. - Por favor, não me peça mais isso agora. Eu só... eu só queria que alguém me explicasse o que está havendo... onde estou... por que me trouxeram para cá...

Plutarch suspirou desanimado, porém não recusou atender ao pedido dela.

Claro, Effie– ele disse. - Claro.

E assim ele contou-lhe tudo: como ele e Haymitch a tiraram daquela cela onde a mantinham presa para obterem qualquer informação sobre o paradeiro de Katniss, tentando não entrar em detalhes quando se referia a Haymitch, visto que ela não queria tocar neste assunto. Contou-lhe como o Distrito 13 estava mantido e como a levaram até lá, até finalmente chegar no presente dia.

Execução? - perguntou Effie quando Plutarch falou sobre os planos para um futuro bastante próximo. - Quanto tempo eu passei...

Muito tempo, Effie– Plutarch a interrompeu, suspirando em seguida. - Confesso que... achávamos que você não iria resistir.

Ao ouvir aquelas palavras, Effie sentiu a respiração pesar. Ela poderia ter morrido.

Mesmo que não queira ouvir sobre ele - continuou Plutarch, mudando de posição na cadeira. Seus olhos encontraram os dela, suplicando que ela não os desviasse e entendesse o que ele queria dizer - Haymitch lutou para mantê-la viva, porque Coin não queria você aqui.

Effie não encontrou palavras para expressar o que estava sentindo naquele momento. Aquele homem estranho não era só seu admirador secreto como também o homem responsável por deixá-la viva. Talvez o seu medo estivesse servindo como barreira para o que estava a sua frente. Ela deveria ser grata a ele, porém sabia que continuaria a tratá-lo como um estranho, pois era isso o que ele aparentava.

Talvez eu tenha me precipitado - ela disse, seguida de um riso breve de timidez. Fez, então, sinal para que Plutarch se aproximasse e assim ele o fez. - Acho que ele está apaixonado por mim - sussurrou e voltou para a posição em que estava, deixando Plutarch fazer o mesmo, prendendo o riso.

Você acha mesmo? - perguntou. Effie assentiu com a cabeça.

~*~

Voltando a sala de Beetee quase que saltitanto, Plutarch abriu a porta com um sorriso estampado nos lábios, porém ao ver o estado deprimente de Haymitch, o sorriso deu lugar a uma expressão séria.

Bebendo, Haymitch? - indagou. Lançou, então, um olhar de reprovação para Beetee que levantou os braços como inocente.

– O que eu posso fazer? - retrucou, já com a voz embargada. Virou sua dose e nem fez careta. A bebida já não fazia mais efeito.

– Eu espero que esteja sóbrio o suficiente para entender o que vou dizer, Haymitch– disse Plutarch, roubando a atenção dos dois ali presentes. - Effie está um pouco receosa quanto a você porque... - ele pigarreou - porque ela acha que você está apaixonado por ela.

Beetee não conseguiu segurar o riso e começou a gargalhar. Haymitch lançou-lhe um olhar fulminante e ele se controlou, tentando prender o máximo que conseguiu.

– Qual foi a graça? - perguntou, levantando-se bruscamente para encarar Beetee, que agora adquirira uma expressão séria. - Hein? - perguntou mais alto. - Qual foi a graça?

– Ei Haymitch, calma! - disse Beetee, acompanhando Haymitch rumar até a porta da sala. - Parece até que está gostando mesmo dela... - olhou para Plutarch com dúvida e recebeu o mesmo olhar em resposta.

– É, Haymitch– disse Plutarch. - É o que ela está achando, só isso. Com certeza foi um mal entendido.

– Não, isso não foi um mal entendido - disse Haymitch, interrompendo-o. - Eu a amo, e vou fazer o que for preciso para fazê-la se lembrar de mim.

Haymitch bateu a porta, deixando Beetee e Plutarch boquiabertos, sem saber o que dizer sobre o que acabaram de ouvir.


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Notas finais do capítulo

Esse Hayhay apaixonado, hein??? Nada como uma boa bebida pra afogar as mágoas de um coração partido :(

Bom, já deu pra notar que o Haymitch vai sofrer muito se quiser fazer a Effie lembrar dele, né? Mas antes que vocês comecem a cogitar como ela vai lembrar, sugiro que não façam isso porque no próximo vai vir uma prim, ops, bomba! (piada desnecessária, Lovett!)

É isso, gente! Espero que estejam gostando e blá blá blá, vocês sabem, a tia Lovett adora reviews ;)