O Herdeiro escrita por GabrielaGQ


Capítulo 4
O encontro


Notas iniciais do capítulo

O Shezza apareceu Sherlollies *----*

Esse vai ter música: https://www.youtube.com/watch?v=RB-RcX5DS5A
apertem 'play' depois do ♫, pra criar um clima.
Here we go!



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Molly tinha acabado de deixar William na escola. Era ótimo ter arrumado uma vaga para ele na melhor escola de Londres e ainda em uma escola em frente ao seu local de trabalho. Apesar de saber que iria ganhar 4 vezes mais do que quando trabalhava no Times Square Hospital, em Nova York, Molly sabia que uma boa parte do seu dinheiro iria para os taxistas de Londres. Ela precisava urgentemente comprar um carro. Seria muito mais fácil para ela e William e ainda por cima, caso surgisse alguma emergência.

William costumava ficar muito doente. Só ela sabia de todos os meses terríveis em que William ficava internado devido uma forte crise de asma ou por estar delirando de febre. Mas agora ele já estava um pouco crescido e até insistia que conseguia tomar banho sozinho. Molly duvidava, mas deixava. Sabia que era preciso ajudá-lo a crescer.

E enquanto entrava no St. Bartholomew’s Hospital depois de tanto tempo, se analisou no grande espelho que tinha na entrada da ala Sul no térreo. Molly estava vestida com o seu terninho preto que ornava com a saia e uma blusa branca com um grande laço abaixo do pescoço. Ela tinha até aprendido a se equilibrar melhor nos sapatos de salto alto e a usar maquiagem bem leve, apenas para destacar os seus traços. Os cabelos presos num grande coque ressaltavam ainda mais a sua pele branca que não tinha mudado nem um pouco na sua tonalidade. Molly enfim percebeu que ela mesma tinha crescido e enquanto ouvia o barulho dos seus passos produzido pelos seus sapatos de salto alto, sabia que estava indo em direção a uma nova vida.

Ela só não imaginava que a sua antiga vida estaria tão próxima. Enquanto entrava no elevador e apertava o 7º andar pertencente a diretoria do Hospital, Molly pode ver de relance um vulto preto entrar correndo no elevador antes que as portas se fechassem. Molly imediatamente reconheceu o perfume que entrava como um vendaval pelo seu nariz. Sem conseguir se controlar, suas pernas por vontade própria cederam e levemente começaram a tremer. Não pode ser, ela pensava. Então, um misto de emoções afloraram dentro dela: raiva, tristeza, desespero, saudade e ... amor. Não, de jeito nenhum, amor não, ela lutava contra si. Então uma voz a tirou dos seus devaneios. Uma voz que ela conhecia tão bem e que sempre fazia seu coração estremecer:

Olá Molly. –Ela se virou para encarar o dono da voz e quase teve um ataque do coração ao confirmar que era ele mesmo. Sherlock. Ali. No mesmo elevador que ela. Roubando todo o ar que ela tinha para respirar. Respirar? Como se faz isso? Ela então se apercebeu de que não tinha respirado desde o momento em que ele entrou no elevador. E estava ali. A encarando como ele sempre fazia. Molly não sabia o que dizer. Apenas virou e começou a encará-lo também. Mais um pouquinho para frente e ela sabia que poderia beijá-lo. Não, nem pense nisso, sua consciência a lembrava.

Molly decidiu aproveitar aquele momento para dominar as suas emoções e observar. Três meses casada com Sherlock tinha lhe ensinado muita coisa. Ainda podia se lembrar de Sherlock repetindo “Minha querida Molly, você nesse sentido, é igual ao John, só olha, mas não observa”. Então ela observou. Com um rápido olhar pode notar as enormes olheiras debaixo dos olhos de Sherlock, mas isso era normal, ele sempre teve olheiras. Então observou o cabelo. Tinha cortado recentemente e agora não usava mais tantos cachos como antigamente. Uma pena, ela pensou. Ao olhar o sobretudo que ele vestia, pode notar sinais de vários restos de materiais, provavelmente, alguma experiência química. Fato comprovado pelo resíduo azul-roxeado presente nos dedos dele. E ao observar a mão esquerda dele, pode notar uma aliança dourada que brilhava em meio aqueles dedos tão rústicos.

Esse último fato fez todas as emoções de Molly se resumir em uma só: raiva. Como ele podia usar a aliança com o nome dela, depois de tudo o que aconteceu? Então se virando para encarar a porta de novo, Molly tomou coragem e com um tom irônico perguntou:

Como vai a Janine?

Molly pode notar o olhar firme de Sherlock que ainda a encarava, estremecer e ele então abaixar a cabeça. Será que ele sentia culpa? ela pensava. Mas não daria o braço a torcer. Nem que ele implorasse.

Depois de 5 anos, essa é a primeira coisa que você me pergunta Molly? – a voz dele saiu quase como num sussurro. Sherlock parecia estar sofrendo e estar decepcionado, mas ela não deixaria ele a enganar.

Ah tudo bem então, eu posso fazer outra pergunta – ela respondeu se virando novamente para ele. A raiva a dominando por completo. – Porque você não assinou os papéis do divórcio Sherlock?

Quando Molly percebeu a porta do elevador já tinha aberto revelando o 7º andar, mas ela ainda estava ali: encarando Sherlock, seu quase ex-marido, enquanto ele a observava com aqueles olhos azuis-esverdeados. Ele não tinha respondido a sua última pergunta e na verdade, nem ela queria que ele respondesse. Sherlock era uma incógnita muito grande para Molly decifrar e ela não estava mais disposta a fazer isso. Sem dizer nada apenas se dirigiu para sair do elevador. Quando estava quase passando das portas, ouviu a voz de Sherlock murmurar:

Senti sua falta Molly. E assim que ela se virou para olhá-lo, só teve tempo de ver o olhar de Sherlock implorando por perdão antes das portas do elevador se fecharem.

Molly sabia que aquele seria um grande dia e que não esqueceria o olhar de Sherlock tão cedo.

***

O primeiro dia de William na escola estava sendo razoável. Ele sempre mantinha um registro de tudo o que acontecia durante o dia no seu diário e no final sempre o avaliava entre “um dia ótimo até um dia muito ruim”. Até agora estava sendo “um dia razoável”.

Ao chegar à escola, a primeira coisa que viu foi Olivia. Com um sorriso ela se aproximou e o apresentou a seus amigos. Depois de um passeio para conhecer a escola, eles descobriram que estariam na mesma sala. Enquanto Olivia quase pulou de alegria, Will se esforçou em dar um sorriso.

Mas ele estava animado mesmo era para passar o dia com John. Mal podia esperar para fazer todas as perguntas que ele tinha. O post do “A Study in Pink” ainda o deixava com sérias dúvidas. Apesar de ter apenas 5 anos, Will era muito inteligente e só lia assuntos ligados a mistério, casos policiais ou algo que o chamava atenção. E para ele, com certeza, o Hercule Poirot de Agatha Christie ou o Auguste Dupin de Edgar Allan Poe, nem se comparavam com Sherlock Holmes. Will ainda sonhava em talvez encontrar o famoso detetive consultor, quando sem querer, esbarrou em Mark, amigo de Olivia.

Oh me desculpe – ele disse, recolhendo os seus livros que caíram no chão. Will ainda não tinha achado o pequeno armário que disseram que ele tinha direito.

Olhe para onde anda tampinha. – Mark disse, empurrando Will. –Porque você fala engraçado hein? –Disse procurando confusão.

Eu não falo engraçado. – Will disse, se levantando do chão e já sentindo uma certa dificuldade para respirar.

Fala sim. Você se acha melhor do que todo mundo? – Mark empurrou Will, que caiu novamente no chão. Aos poucos, alguns alunos já estavam formando uma rodinha ao redor dos dois e começaram a gritar “Briga, briga, briga”. Mas antes que Will pudesse responder alguma coisa, sentiu seu pulmão murchar e uma falta de ar repentina. Estava tendo uma crise de asma.


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Notas finais do capítulo

Pobre Will e talvez, eu tenha casado a Molly com o Sherlock :3

o que acharam?