Just don't be afraid escrita por Maya


Capítulo 52
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Ora, por onde começar??
meus querido abacates, a vida é tramada, sabem? Eu não quero prolongar-me muito no que aconteceu durante estes meses em que cá não apareci, só vos digo, que este capitulo, escrito aos pedacinhos de cada vez, é um orgulho para quem achou que não voltaria a encarar uma folha de papel e conseguir escrever.
Foram meses cheios de momentos tanto felizes como tristes, onde a cada dia que passava, tudo se ia complicando. Não quero entrar em pormenores para não chorar nem nada.
Sei que isto não é a justificação que esperavam, mas não acho que deva dizer mais nada. Deixo só aqui umacitação para que percebam, pelo menos um pouco, o que vai na minha cabeça:
«dou a mão ao acaso e percebo que todas minhas antigas certezas foram ao chão. desconheço meu rosto, minha voz, minha alma. olho para todos os lados e não encontro um caminho. as pessoas me observam. sei que esperam muito de mim. e cá estou, sem rumo, trémula de medo. viver é uma briga que simplesmente não quero lutar. não aguento. não tenho chances. só queria voltar para os tempos em que lutavam por mim. em que eu não precisava lidar sozinha.»
E sem mais nada a diz: boa leitura, meus anjos :)



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 «Como admitir que não sei se consigo ficar muito tempo sem estar ao seu lado?» 

— Annelise Williams

 

» Anne «

 

— Podes vestir uma camisola, por favor? — repeti mais uma vez. — Estou a tentar tirar uma foto para o Instagram. — Encarei-o com a minha melhor cara de aborrecimento. Ele abriu um sorriso de lado e soube logo que o que quer eu fosse sair pelos seus lábios, não iria prestar.

— Mais vale tirar comigo assim, afinal, sempre meto mais inveja que as tuas torradas. Ou melhor, a nossa combinação é o sonho de qualquer miúda. — Piscou o olho. Levei a mão à testa. A sério?

Kentin começou a rir-se e pegou no copo de sumo, levando-o à boca, sem desfazer o sorriso de convencido. Concentrei-me novamente no telemóvel e tirei a fotografia, colocando-a depois na rede social.

Observei o meu noivo beber, enquanto dava uma trinca na torrada que acabara de pegar. Alheio ao meu olhar, Kentin pegou numa bolacha, separando-a e lambeu o chocolate que continha no interior.

Sabes que isso não é uma Oreo, certo? Assentiu, continuando a lamber, porém, com os olhos postos em mim.

Assim que o chocolate acabou, colocou o que restava da bolacha na boca, devorando em poucos segundos.

― Devias experimentar, é mesmo bom ― sugeriu, pegando em mais duas, entregando-me uma a mim.

Com a sobrancelha erguida, separei as duas partes e coloquei a língua no chocolate, deixando-a lá. Kentin incentivou-me com o olhar. Lentamente, lambi o ingrediente castanho até ao fim, comendo o restante após acabar.

― É a mesma coisa, Kentin. Não faz com que a bolacha saiba melhor. Aliás, ela sabe melhor colada, do que separada. ― Ele negou com a cabeça e estendeu outra bolacha na minha direção. Recusei, pegando na torrada que ainda não acabara de comer. ― Cada um com a sua refeição preferida, está bem?

― Mas eu adoro quando partilhamos bolachas, Annie ― Pronunciou a minha alcunha com uma voz infantil, colocando o lábio inferior para fora, fazendo beicinho. Inclinei o meu corpo na sua direção, mordendo o seu lábio.

― A única coisa que esse beicinho me faz ter vontade fazer, é beijar-te. Não vais subornar-me em relação a mais nada com isso ― sussurrei, mantendo as nossas caras próximas. A sua mão pousou na minha bochecha, acariciando-a com o seu polegar.

― Acho que não me importo com isso.

A sua face veio ao encontro da minha. Fechei os olhos lentamente, esperando pelo toque dos seus lábios. E quando este chegou, não pude deixar de sentir o turbilhão de sentimentos habitual quando se trata do meu noivo. Quando nos separamos por breves segundos, saí da cadeira onde estava e sentei-me no seu colo, voltando a juntar os nossos lábios, num beijo terno.

― Adoro-te ― murmurei, após encaixar a minha cabeça na curva do seu pescoço.

Deixei-me ficar no conforto do seu corpo até acabarmos a refeição, e quando me levantei, ajudei-o a arrumar tudo.

Passara uma semana desde a despedida de Lucas e exatos oito dias que não falo com Camila. O meu coração ainda dói sempre que penso nela, nas palavras que ambas dissemos e, sobretudo, no seu olhar triste.

Eu não sei como vamos resolver as coisas. Como vou saber que aquilo que ela está a dizer é verdade?

Tenho medo que a nossa amizade não volte a ser a mesma.

― Anne? ― Virei-me na direção da voz. ― Está tudo bem? ― Formei um sorriso, ou pelo menos tentei, e assenti.

«»

Liguei a televisão, procurando algo para a assistir entre os canais.

Kentin foi treinar para academia aqui perto, dizendo que era um treino obrigatório, logo, não podia faltar.

Passei a maior parte da semana com o meu noivo, no início porque não queria estar sozinha em casa e mais tarde porque não estar com o Kentin passara a ser algo que não estava habituada. Já estou a dormir no seu apartamento desde quinta-feira, e hoje já é segunda. O meu pai não ficou agradado com a ideia, porém, a minha mãe insistiu que isto seria bom para mim, pois ficaria a ter uma ideia de como será se um dia vier morar a sério com Kentin. Eu nem vou dizer que fiquei surpreendia com a sua atitude porque, na verdade, eu já esperava isso de si. Ela está convencida que eu e o Kentin estaremos casados daqui a alguns anos.

Eu sei que essa ideia já não é tão distante como era no inicio, só que eu não quero pensar nisso. Quero deixar-me levar, ver até onde isto vai dar. Claro que estou a adorar estes dias só com o Kentin, mas ainda é muito cedo. Além de que daqui a algumas semanas ele irá para o exército e terá de ficar lá a morar.

Ambos já conversamos sobre isso e decidimos que o que fazer em relação ao noivado. Ele não me vai propor, nem eu a ele. Vamos namorar a partir do dia em que os três meses da tradição acabarem e, se um dia, daqui a alguns anos, acharmos ser acertado, ficaremos noivos outra vez. Sei que a minha mãe espera algo diferente, contudo, é isso que vai ter. E pensando em como tudo começou, já não é mau.

Desliguei a televisão, após desistir de encontrar algo que a valesse a pena ser visto e deixei a minha cabeça ir até à cabeceira do sofá. Respirei fundo e fechei os olhos. Será que ele ainda demora muito?

Às vezes dou comigo a pensar se não estou a ficar demasiado dependente da sua companhia. Depois de lhe ter contando o episódio das sardas, alguma coisa mudou entre nós, e eu ainda não consegui perceber o quê.

Percorri a divisão com o olhar, focando depois nas montanhas que via ao fundo através da janela. O pensamento sobre o meu noivo persistiu na minha cabeça, fazendo-me aumentar a saudades e a sensação de aborrecimento que toma conta de mim sempre que ele não se encontra presente. O mais engraçado nisto tudo é que ele nem sequer precisa de estar a interagir comigo para eu me sentir bem. Basta eu estar a vê-lo, ou então, ter a noção que ele está perto de mim. Isso chega para aquietar o meu coração, para me fazer sentir bem.

«»

― Então, é só isso que tens? ― disse, com um sorriso de lado. Nathaniel afastou os fios loiros da testa e abriu um sorriso também.

― Só estou a ser simpático, Kentin. Ficaste alguns dias sem treinar.

― Deixa de dar desculpas. ― O loiro abanou negativamente a cabeça, ainda sorrindo, e voltou para o centro do ringue.

Sem perder tempo, atacou o Kentin num movimento rápido com o braço direito. O meu noivo desviou-se, dando início a mais uma luta intensa entre ambos.

Devem estar a perguntar-se como vim aqui parar, e, para ser sincera, eu também não sei bem como aqui cheguei.

Após algum tempo de aborrecimento, decidi que iria dar uma volta pelas redondezas, afinal, nunca se sabe onde poderá existir um café que faça torradas deliciosas.

Porém, vi uns rapazes a sair de um ginásio a comentar qualquer coisa sobre boxe, e decidi espreitar para ver se era ali que o Kentin estava. E depois de o encontra sem camisola, a deferir golpes no Nathaniel, a ideia de ir embora parecia não fazer mais sentido.

Ainda nenhum deles reparara em mim. De facto, acho que ninguém ali dentro o fizera. Torna-se impossível olhar para outra coisa que não a luta que está a acontecer no ringue principal.

Era impossível dizer qual deles era o melhor, pareciam estar ambos no mesmo nível. De facto, mesmo estando a lutar a sério, não parecia que estivessem com intenção de se aleijarem mais que o necessário. Os sorrisos não abandonaram as suas faces em nenhum momento, muito menos a troca de comentário sarcásticos.

― Muito bem, rapazes. Acho que a demonstração de testosterona já foi suficiente. Não vamos assustar mais a rapariga. ― A voz veio do fundo da sala e atraiu todas as atenções para mim, incluído a do meu noivo. Este encarou-me com uma sobrancelha erguida e não demorou muito para que saísse do ringue, aproximando-se de mim, com uma toalha à volta dos ombros.

― Que estás aqui a fazer? ― Encolhi levemente os ombros.

Estava farta de estar em casa e não resisti à curiosidade de ver se era aqui que estavas.

― As saudades eram assim tantas, Annie? ― Os seus lábios abriram-se no seu habitual sorriso convencido que sempre me tirara do sério.

Revirei os olhos e desviei a minha atenção para Nathaniel, que se aproximava de nos com passos lentos. O loiro prendeu o seu olhar em mim e sorriu. Assim que ficou ao nosso lado, cumprimentou-me e passou um braço pelos meus ombros, deixando-o à minha volta.

― Então, quando vamos repetir a sessão de música, Annelise? ― Tentei responder, porém, fui puxada da beira do Nathaniel. Quando reparei, encontrava-me colada a Kentin, que pusera ambos os braços à minha volta. Nathaniel soltou uma gargalhada. ― Calma, Ken. Não lhe vou fazer mal.

Ninguém lhe respondeu. Kentin parecia ter esquecido que o seu amigo se encontrava ali, e eu também não estava muito preocupada. Olhei para a sua íris verde e sorri, deixando-me ser hipnotizada. Ele acariciou a minha bochecha com a sua mão esquerda, agarrando depois o meu queixo, erguendo ainda mais a minha face. Mordi levemente o lábio, ansiando aquilo que iria acontecer.

Sabem aqueles segundos antes de um beijo acontecer? Onde o tempo parece que para e que não existe mais nada a não ser vocês e a pessoa à vossa frente? Aquele momento em que o aperto na vossa barriga aumenta e a vossa respiração para, assim como o vosso coração acelera? Aquele instante que parece nunca mais terminar, que vos prende ao olhar do outro até que as vossas pálpebras se fechem em sincronia?

Não são os segundos mais agoniantes e perfeitos que existem?


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Notas finais do capítulo

Sim, é pequnino. Eu sei. mas acreditem, é um alívio finalmente ter conseguido que ficasse deste tamanho, e que me agradasse do inicio ao fim.
Bem, espero por vocês nos comentários. Beijinhos ^^