❄❆❄

–Oh, Anna... – a loira, com lágrimas nos olhos, apertava o corpo de sua irmã contra o seu. – Eu preciso de você...

O boneco de neve olhava comovido a toda aquela cena. Sempre admirou o amor de Anna por Elsa, e vice-versa. – Desde que chegamos aqui a Anna está assim, mas vai ficar tudo bem, ela só está dormindo.

A loira olhou para os outros guardiões, com lágrimas nos olhos, e North prosseguiu. – O... Boneco de neve...? Tem razão, a garota só está dormindo. Vamos sair daqui, e voltar para a oficina.

Elsa se levantou, segurando as lagrimas, não queria deixar sua pose de rainha e mostrar fraqueza,ela deu espaço para Kristoff que pegou Anna no colo; eles se juntaram aos guardiões e saíram do lugar.

❄❆❄

– Eu já vi isso acontecer antes, com uma amiga. – North dizia, olhando para a garota deitada sobre um divã, e todos em volta dela, Kristoff sentado ao lado do divã, com Sven próximo a si, a cabeça da rena encostada no ombro do amigo, que estava inconsolável; Olaf estava próximo aos dois, todos ouvindo atentamente o que North dizia. – Infelizmente, eu não sei como acordá-la.

– Como não? Você acabou de dizer que já viu isso acontecer. – O desespero na voz de Elsa era evidente.

– Bom, eu vi sim, mas quem acordou foi outro amigo.

– North, você não estaria falando de Katherine, não é? – Tooth questionava.

– Mas é claro, quem mais seria? A Katherine ficou adormecida por causa dos pesadelos de Pitch, porém o Night a acordou. – North continuou.

Sandman levantou a mão e perguntou aos seus companheiros por que não usar o mesmo método que Nightlight usou para acordar Katherine, em Anna.

– Não sabemos como ele a acordou, Sand. Quando nos encontramos com eles, Katherine já estava de pé.

Elsa estava sentada ao lado de Anna, suas mãos frias seguravam as da irmã, e a loira olhou, temerosa, para Anna. Por que sempre Anna? Por que sempre sua irmã era quem pagava as coisas por si? Seu coração se partia ao vê-la ali, dormindo em um sono eterno. Aquela Anna quieta e calada não era sua Anna, deveria ter um jeito de trazê-la de volta.

O Frost pousou sua mão sobre a de Elsa, fazendo com que ela se sentisse um pouco menos triste pois, pelo menos, não estava sozinha nessa. – Não podemos ir e perguntar a ele como ele acordou a garota? – Jack pergunta.

Os guardiões se entreolharam, e Jack sabia que algo bom não iria vir. – Jack... Ele provavelmente deve estar... – Tooth não conseguiu prosseguir.

– Morto. – Bunny finalizou.

– O quê? Como? – Jack deixou um leve tom de desespero se misturar com sua surpresa.

– Jack, isso aconteceu há muito tempo, foram séculos e séculos atrás... Katherine era só uma humana. – Tooth finalizou sua explicação.

– A única pessoa que poderia ajudar minha irmã está morta... – Elsa segurou a mão de Anna próxima a seu rosto, não pôde mais conter as lágrimas. Seu choro baixo era de partir o coração de qualquer um naquela sala. Sandman olhou para Jack, e o mesmo estava estarrecido com a situação, e ver Elsa chorar daquele jeito o machucou mais do que aos outros. Ele parecia compartilhar da dor dela, a dor de ver alguém importante bem na sua frente precisando de ajuda, e não poder fazer nada. Os olhos do guardião estavam cobertos de tristeza e, em seu semblante triste, podia-se notar claramente que ele estava realmente emocionalmente ligado à rainha.

Com comiseração, eles deram apoio à Elsa e todos permaneceram em silencio por alguns segundos, sentindo a dor da garota juntamente com todos aqueles sentimentos de solidão e impotência.

Jack franziu o cenho e desviou o olhar da cena. Ele se virou de costas e sussurrou algo que apenas ele deveria ouvir, mas não foi baixo o suficiente, já que o espírito dos sonhos também ouviu. – Seria bom se houvesse um jeito de consertar tudo...

Sandman deu um suspiro pesado, e viu seu amigo Jack totalmente sem chão. Foi então, olhando a figura de seu companheiro, que ele arregalou os olhos e, rapidamente sorrindo, estalou os dedos, e chamou a atenção de North.

– Que foi, Sand? – disse ele, ainda desanimado.

O guardião dos sonhos fez, então, a figura de uma árvore, e um livro, depois escreveu Katherine com areia, fazendo North se surpreender com o que o outro havia dito.

– Ombric... – sussurrou. – Mas é claro! Por que eu não pensei nisso antes? – O guardião do Natal se animou. Sandman fez um sinal positivo para ele, sorrindo meigamente.

– Elsa, escute-me, você quer salvar sua irmã, certo? Talvez ainda não seja tarde demais. Eu disse que conhecia alguém que já havia acordado dos pesadelos de Pitch, mas ele não era a única pessoa que pode nos ajudar, talvez exista outra possibilidade.

A garota abriu seus olhos e virou-se para North, ainda com os olhos cheios de lágrimas e o rosto avermelhado pelo choro. – O que... Ainda há uma forma de salvar a Anna? Por favor, me diga como posso salvar minha irmã! – Ela se levantou e pôs-se de pé, limpando os rastros que as lágrimas haviam deixado em seu rosto.

– E quem seria, North? – Tooth se animava.

– Ombric!

– O pai de Katherine? – Bunny pergunta.

– Sim, ele é alguém muito sábio, ele foi meu tutor e de Katherine. – North responde.

– E ele tem uma máquina... Mas é claro, isso é genial, Nick! – Tooth sorria, dando um pulo no ar.

– Então nos diga onde ele está, vamos agora salvar Anna! – Elsa pedia, ela desejava salvar sua irmã.

– Não é muito longe daqui, não com um trenó e um globo mágico. – North gargalha depois de dizer isso. – Vamos! Tenho certeza de que ele pode nos ajudar!

– Vamos à casa do Ombric! Espera, quem é Ombric? – O boneco de neve se alegrava e questionava ao mesmo tempo, fazendo a alegria voltar aos olhos e lábios de Elsa.

Kristoff sorria abertamente, ainda segurava a mão de sua amada, e seu amigo Sven lhe deu uma lambida de alegria. Ele se abraçou com a rena e suspirou de felicidade.

Jack sorriu, e seu sorriso chamou a atenção da Elsa, e a mesma olhou meigamente para ele. A garota sempre sorria quando encontrava os olhos do garoto Frost, ele lhe transmitia uma paz e uma alegria com seu jeito brincalhão e divertido. Eles trocaram olhares carinhosos por alguns segundos, até que Tooth chamou a atenção de Jack.

– Vamos Jack, o que está esperando? – disse a fada, segurando o braço do garoto, puxando-o rumo aos outros guardiões. Ele sorriu outra vez para Elsa, que retribuiu com seu sorriso tímido, com sua linda e delicada mão sobre a boca.

❄❆❄

– É aqui. – North disse.

Eles estavam em meio a uma grande e densa floresta, provavelmente quem entrasse naquele lugar não saberia sair dali nem em cem anos. Eram árvores centenárias que tinham vários metros de altura, um lugar um tanto escuro, porém extremamente bonito.

– Para os humanos, é apenas uma floresta normal, porém aquele que conseguir desvendar seus mistérios e chegar até o fim, pode entrar tanto no vilarejo no qual iremos, ou encontrar tesouros como ouro e diamantes. Exatamente por isso que muitos ainda tentam a sorte aqui. – North explicava.

Todos entraram por uma fenda feita por árvores, um tanto apertada, mas quando conseguiram sair do lugar, se depararam com algo ainda mais impressionante que a própria floresta: era o vilarejo de Santoff Claussen, localizado no leste da floresta da Sibéria. Era fantástico, as casas eram nas árvores, tanto nos troncos como em seus gigantes galhos, suas ruas eram cobertas de flores e folhas verdinhas, e as crianças corriam de um lado para outro, tão felizes como se nunca tivessem provado o medo, alguns jovens deitados debaixo das árvores menores, trocando palavras românticas e gestos doces de amor um com o outro. Senhoras cantarolavam, e varriam a porta de suas casas.

Ao fundo, podia-se ouvir o som de água caindo e o cheiro da terra molhada, provavelmente deveria haver algum córrego com uma cachoeira. Era de encher os olhos, talvez por isso que todos ali pareciam tão felizes, porém, não era hora de apreciar a paisagem. Depois de alguns minutos olhando o lugar, eles seguiram até uma árvore, que tinha uma porta em seu tronco. North deu duas batidas, e ela se abriu só.

Eles entraram, e North chamou: - Ombric, você está aí? – ninguém respondeu... – Sou eu, o Nick. – ainda silêncio.

– Tem certeza que esse é o lugar certo? – Tooth perguntava.

– Claro, já vim aqui antes.

– É, ele está certo! – Uma voz atrás de todos foi ouvida, e logo eles se viraram para ver quem era que havia lhes chamado a atenção.

– Nick, Bunnymund... – Disse um senhor, de longos cabelos e barba branca, ele também tinha um bigode e sobrancelhas espessas, olhos azuis e usava uma túnica também de cor azul clara, juntamente com um chapéu longo. Ele segurava uma espécie de cetro de madeira, que em uma das pontas tinha uma curva, que formava um “C”.

❄❆❄