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Jack levantou as mãos e usou seus poderes, as sombras começaram a envolver o corpo da garota, como mãos, foram até a garganta dela e começaram a aperta-la, fazendo-a perder o ar, sentindo sua vida se esvair.

Bunny olhou aquela cena desesperado, tentando se desfazer das sombras para ajudar a amiga, mas ele não conseguia. Por que não conseguia derrota-los? Eles pareciam infinitos! Os pensamentos do guardião da esperança estavam totalmente desfocados, e ele só desejava salvar a garota fada antes que fosse tarde demais.

North pôde, ao longe, ver a cena também; como se os guardiões tivessem uma ligação especial, ele sentiu seu coração doer, e um pesar sobre seus ombros. Parecia sentir a vida da garota se esvaindo, parecia sentir que ela estava aos poucos desaparecendo.

– O que acha disso, North? Tudo que vocês tiraram de mim, eu vi tudo isso indo embora, sendo arrancado de mim. Agora, veja também, veja! Mais um de seus preciosos guardiões tendo sua vida ceifada para um propósito maior.

– Propósito maior? Você só pensa em si mesmo, e seu desejo egoísta de destruir o mundo! – North gritava, enquanto arfava, tentando recuperar as forças que haviam sido tiradas, devido à dura batalha que estavam travando.

– Destruir não, molda-lo de uma maneira mais adequada. – Pitch sorria, tomando guarda outra vez para voltar a batalhar com North.

“Meu velho amigo, por favor, ouça meu desejo... Mande-nos sua luz, sua ajuda, já não podemos mais lidar com esse mal sozinhos. Não deixe Pitch vencer... Eu lhe darei minha vida, a vida imortal que você me deu para cuidar das crianças, eu lhe entregaria ela de bom grado, se pudéssemos livrar o mundo das garras das trevas... Manny, esse é meu único pedido.” – North sussurrava as palavras em pensamento. Seus olhos tiveram de desviar da garota, para focar outra vez em sua dura batalha contra Pitch. Naquele momento, tudo estava passando lentamente à sua frente, como se o tempo fosse desacelerado apenas para que ele pudesse dizer seu pedido, seu desejo, àquele que habitava na lua.

Tooth já não tinha mais voz, seus olhos começaram a perder o foco, e seu corpo, a ficar mole. Suas forças já haviam se esvaído por completo, e a única coisa que ela ainda podia ver era Jack, o seu precioso amigo, que havia sido engolido pelas trevas. Em seus últimos suspiros, a última coisa que ela pôde ver, além de Jack, foi um borrão, vindo em sua direção, a puxando das trevas; algo brilhante e quente. Então a morte era assim? Não sabia, não tinha idéia de que era tão caloroso e aquecedor estar nos braços da morte, desejando que ela a levasse para encontrar com aqueles que um dia fizeram dela quem ela era.

Sorriu para si mesma, sentindo seu corpo sendo carregado para um lugar claro e aconchegante. Estava tão leve, podia sentir a noite a abraçando pela última vez. Tentou abrir os olhos e, com esforço, ainda conseguia ver alguma coisa, embora tudo que ela conseguiu ver foram mãos doces tocando seu rosto pálido, e uma linda aura dourada que envolvia a pessoa que a carregava. Ah, um anjo, agora não estava mais nos braços da morte, e sim, de um anjo dourado. Pôde finalmente fechar os olhos, sentindo seu corpo pesar, e toda aquela dor sair, enquanto seus olhos fechavam-se para, talvez, sempre.

– Você aqui? – Jack olhava para àquele que havia envolvido o corpo da guardiã das lembranças em uma confortável nuvem dourada, e agora, a deitava no chão com cuidado. – Não é possível, mas se você está aqui, quer dizer que ela...

Ele olhava desesperado, para todos os lados, caçando aquela garota que abalava seu coração. Seus olhos só pararam quando encontraram com aquela que era seu alvo; os olhos dourados dele se encontravam com os azuis dela, aquele cabelo loiro, e seus lábios vermelhos...

– Elsa?! – de início ele parecia espantado, mas aos poucos, um sorriso cínico começa a se formar no seu rosto, e seus olhos focados totalmente na figura da loira. – Que bom vê-la aqui, sentiu minha falta?

– Jack... – a rainha de Arendelle estava parada ao lado do guardião dos sonhos, aquele mesmo que, há pouco, havia salvo a guardiã das lembranças, e agora tomava uma postura mais séria ao lado da garota de olhos azuis. – Ela está... – disse ela, esperando uma resposta do guardião, engolindo a seco, e ele sorriu e balançou a cabeça negando, fazendo a garota soltar um pequeno sorriso de alívio.

– Já chega, Jack, eu não irei mais permitir isso. – ela dizia um tanto insegura com suas palavras, mas certa de que o faria. – Eu irei pará-lo.

– Oh! – ele sorriu de canto. – Você não pode, nem em mil anos.

– Eu posso, e não são necessários mil anos. Vamos, aqui e agora. – a rainha toma uma postura séria, e começa a andar em direção ao garoto; de suas mãos, já começavam a sair pequenos flocos de neve, tamanha era sua determinação.

Elsa fez lanças de gelo e lançou contra Jack, que desviou e jogou contra ela uma esfera negra, que a rainha congelou em pleno ar, girou e lançou de volta ao garoto, que a quebrou com uma lança de gelo. Logo em seguida, usou as sombras para segurar os pés da rainha no chão e, posteriormente, os braços, mas Elsa logo foi liberta por Sandman, que usou seus poderes para transformar as sombras em luz, em pequenos grãos de areia dos sonhos.

Os dois começaram a travar uma dura batalha. A cada golpe de gelo que a rainha investia contra o ex-guardião, e ele revidava, contra-atacando a garota com a mesma força. Sandman deixou Elsa batalhando contra o Frost, e foi junto do amigo Bunny para ajuda-lo a se livrar dos infinitos pesadelos. Sandman chamou a atenção de todos eles para si, e esperou até que eles estivessem bem próximos, para criar pássaros de areia, que voaram em direção aos pesadelos, transformando-os em sonhos.

Sandman estendeu a mão ao companheiro guardião que, mesmo ofegante, ainda teve forças para se recompor e cumprimentar o amigo.

– Está atrasado, baixinho, esses caras dão muito trabalho, não é? – ao dizer isso, o guardião da esperança olhou o horizonte, e viu que ainda havia muito trabalho a ser feito. Logo ele suspirou e sorriu, animado. – Obrigado pela ajuda, mas eu dou conta, não se preocupe.

Ele correu na direção dos outros inimigos, deixando o guardião dourado boquiaberto com sua determinação, porém, muito orgulhoso. Sandman voou e foi até North, criando seus chicotes, e os batendo contra o chão.

– Eu sabia que você viria, velho amigo, nunca deixei de acreditar. – North disse, colocando a mão no ombro do pequeno, olhando para o céu e sussurrando para si um “obrigado”.

Sandman e North se juntaram em uma batalha contra Pitch e seus pesadelos. Enquanto isso, a rainha corria, desviando das investidas do garoto de cabelos negros.

Embora possuído pelo mal, até o lado obscuro de Jack parecia gostar da rainha, e a presença dela ali deixava um sorriso estampado no seu rosto, mesmo que um tanto sinistro. Ele, no fundo, estava feliz por ela ter vindo, porém, esse sentimento também se misturava com a raiva de não conseguir usar as sombras contra ela. Mesmo que ele a prendesse, as sombras se transformavam em areia dos sonhos, mesmo Sandman não estando ali. Ele queria mancha-la com o mal também, dar a ela o dom que Pitch havia posto em si, mas não entendia o porquê de não conseguir, então, olhando mais detalhadamente a garota, viu que ela estava com uma estranha pulseira dourada, que brilhava como se fosse feita da mesma areia que Sandman usava e, em seu pescoço, ela tinha um colar com uma pedra vermelha, que ele tentava decifrar a função.

Ele não se importou muito, e logo partiu para lutar novamente com a garota, que já parecia cansada, já que não estava acostumada com batalhas. A rainha, vendo o garoto vindo em sua direção, não estava preparada para nada, apenas usou seus poderes para fazer uma barreira contra a investida dele, e ele novamente tentou possui-la com os poderes das trevas, notando que a pulseira brilhava e os pesadelos viravam areia. Esse era o segredo, só tinha que sobrecarrega-la, assim, ele perderia o poder, e Jack poderia finalmente colocar as trevas no coração da rainha.

Ele invocou quantas sombras podia, e as lançou todas contra a loira, que tentava congelar e desviar delas, mas eram muitas; demasiadas sombras para que ela conseguisse fazer algo contra elas. As que tentavam puxa-la para a escuridão viraram areia dourada, mas as trevas estavam vindas de todos os lugares, deixando a pulseira mágica de Sandman sobrecarregada, e depois de alguns segundos lutando, o objetivo do garoto Frost foi, enfim, realizado; a pulseira se sobrecarregou, e todo o poder mágico dela se esvaiu.

Contente com o resultado, Jack voou até a garota e a empurrou contra uma rocha que havia ali perto.

– Me solte agora! – ela se debatia contra o peito dele.

– Tem certeza que quer isso? – Ele tocou rapidamente os lábios dela, em um beijo rápido, que estava mais para um selinho. – Seja minha, Elsa, eu sei todos os seus medos, e com nossos poderes, podemos fazer coisas fantásticas, não acha? – ele tentou força-la a outro beijo, mas o cordão que ela usava o repeliu. Furioso, ele tentou quebra-lo, mas, novamente, o colar o repeliu, o jogando para longe, deixando a rainha cair ao chão, enquanto o cordão voou longe. Ela correu para pega-lo e, quanto notou, a pedra dele estava trincada. Não havia mais como usa-lo para salvar Jack. Entristecida, ela leva o colar até o peito, vendo sua única esperança de tirar Jack das trevas se quebrar bem na sua frente.

Sem notar ao seu redor, Elsa nem percebeu a aproximação do Frost, que a puxou pelo braço e colou seu corpo no dela, vendo-a triste por causa do colar quebrado.

– Ah, isso era importante, desculpe-me. – ele sorriu. – Brincadeirinha, agora, venha, vamos nos tornar um pela eternidade. – ele segurou a mão dela.

Ela soltou o cordão no chão, abraçando-o, deixando seu corpo pousar sobre ele, deitando a cabeça no peito do garoto, que retribuiu com um sorriso, e a envolveu em seus braços. Lentamente, a barra do vestido de Elsa começou a ficar negro como a noite, e foi subindo até alcançar sua cintura, e, posteriormente, seu busto, até seus cabelos também começarem a adquirir tal cor, transformando-a em igual a Jack, uma com as sombras. As sombras começaram a envolver mais os dois, um forte poder podia ser sentido vindo deles. Uma cúpula se formou em volta deles, deixando-os se misturarem com as sombras.

“Ao menos, posso fazer isso por você.” – os pensamentos de Elsa são para Jack, antes que ela se tornasse uma com a escuridão.

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