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– Eu aceito. – a garota loira disse, ainda um pouco receosa. MoB sorriu para a garota, notando que ela estava nervosa, mas ainda disposta a salvar o garoto Frost.

Ele se sentou na cadeira próxima a si, suspirou, e lentamente começou a explicar tudo à rainha.

– Elsa, se você realmente deseja salvar o Jack, terá de colocar toda sua coragem à prova. Garanto-te, minha querida, que não será fácil. Seu coração é forte, e suas intenções boas, entretanto, você tem uma fraqueza que Pitch pode usar contra você.

A loira se sentou também, juntamente com seu amigo guardião, Sandman, para ambos ouvirem com mais calma o que aquele senhor iria dizer a eles.

– Seus sentimentos, seus medos, é algo que está sempre evidente. Pitch sempre usará os medos e as fraquezas das pessoas contra elas, afinal, é isso que ele sabe sobre todos nós, nossos medos. Primeiro, seja corajosa, mesmo com medo, mostre sua determinação.

A garota assentiu, voltando a ouvi-lo.

– Jack só foi alcançado pelo feitiço de Pitch porque seu coração está balançado, ele não estava focado no que ele realmente é, um guardião. Seu coração estava ligado à outra coisa, isso o enfraqueceu. Você deve fazer Jack se lembrar de quem ele é, trazer a diversão e a neve de volta para a vida dele.

– Mas como eu irei fazer isso? Eu... Eu não consigo! – Elsa olhava para as mãos, já se sentindo impotente pela tarefa que era dada a ela.

– Confie em si mesmo, só você pode fazer isso, afinal, é o seu destino, minha garota.

– O que você quer dizer com isso? – a rainha o olhava, duvidosa, ainda temerosa.

– Existem muitas coisas entre o céu e a terra do que você possa imaginar, jovem rainha. Seu desejo de salvar o Jack não me surpreende nem um pouco. – ele se levantou e foi até a mesa, abrindo a gaveta e retirando uma pequena caixinha de madeira, de cor bege. – Sabe, no Jack falta algo, e a queda dele se deu por isso. Se Jack tivesse isso, ele não teria caído na escuridão. Jack precisa de uma nova lembrança, precisa que mostrem a ele o que faz dele Jack Frost, só assim ele irá recobrar a consciência de volta a si.

A rainha olha para o chão, tentando raciocinar e entender como ela daria ao Jack outra chance de continuar sendo o guardião da neve e diversão. Ela parecia totalmente confusa e sem saber bem o que fazer, mas Sandman parecia saber exatamente o que Elsa precisaria para salvar Jack, aliás, o que ela tinha, para salvar o guardião.

MoB então voltou-se para eles, limpando a caixinha, e a entregou para a rainha loira.

– Você realmente quer fazer isso? Sabe que existe um preço, não é? – MoB olhava para a garota, que mantinha os olhos fixos na caixinha, e assentiu, sem mais hesitar.

MoB tirou da caixa um pequeno colar dourado, com uma luz avermelhada que emanava do cristal vindo do pingente, e entregou à rainha, dizendo:

– Isso irá ajuda-la, é uma recompensa pelo seu sacrifício e determinação e, também, irá ajuda-la a não esquecer quem você é, e não irá te deixar cair na escuridão. Mas lembre-se, irá apenas ajudar, você é quem deve ter o controle sobre seus sentimentos, e manter-te calma para resgatar Jack. É algo poderoso, que, se usado com cuidado, poderá ser a salvação para seu amigo Jack, mas, ele tem um tempo limitado de uso, e quanto tudo acabar, ele perderá seu poder e se tornará apenas um colar com um pingente comum.

A rainha colocou o colar no pescoço, prendendo delicadamente o fecho debaixo de sua trança, deixando-o repousar sobre sua pele alva. Ela passou a mão por ele, sentindo a textura que possuía, deu um leve suspiro e levantou-se, pronta para partir.

– Isso é tudo que irá acontecer? Ele irá perder o poder e tudo ficará bem? – Elsa questionava.

– Não, sua ligação com o Jack, a amizade que tem com ele, e com os outros guardiões, tudo, você deve esquecer, afinal, quando você o resgatar, no momento que Jack voltar a ser ele, você irá voltar a ser apenas a rainha Elsa, e nunca mais tornará a vê-lo.

A rainha se surpreendeu, realmente não esperava aquilo. Era esse o preço? O preço por salvar alguém precioso era esquecê-lo para sempre? Assim que Jack estivesse a salvo, ela nunca mais o veria? Aquilo, aquelas palavras, partiram o coração da rainha de gelo. Um misto de tristeza e angústia tomou o coração e o corpo da loira.

– Você concordou, jovem rainha. Isso é tudo o que posso fazer.

– E-eu entendo... Obrigada pela ajuda, Mob.

Ela se curvou elegantemente, agradecendo e sorrindo gentilmente para ele. Logo, ele e o guardião dos sonhos já estavam na nuvem de areia dourada, partindo rumo a outro lugar.

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O jovem garoto de cabelos negros e olhos dourados saltava de telhado em telhado, procurando alguma criança que ainda estivesse na rua. Não era tarde da noite, então a possibilidade não era tão remota. Ele estava cercado de cavalos negros como seu cabelo, e que pareciam gostar muito do mais novo brinquedinho de seu mestre. O novo motivo de orgulho de Pitch, saltou para um parquinho, onde as crianças faziam bonecos de neve próximos à suas casas, e o garoto observava a cena com a cabeça tombada para o lado. Um dos cavalos relinchou, e ele sorriu sinistramente, mostrando seus novos poderes.

Aquelas doces crianças, suas expressões angelicais e felizes, mal sabiam o que se passava logo ali perto. Jack soprou sua magia contra elas que, uma por uma, começaram a ficar paralisadas e lentamente foram jogando a neve no chão. Desanimadas, elas seguiram rumo a suas casas, já que toda diversão havia sido aniquilada.

O Frost sorriu mais uma vez, e usou seus poderes em tudo à sua volta. Os casais que estavam felizes no parque começaram a sentir um extremo frio e um aspecto sombrio no lugar, espinhos de gelo começaram a se formar no chão e nas árvores, assustando aqueles que ainda estavam ali.

Um vento muito frio começou a girar em torno do ex-guardião, e ele voou em direção às casas, espalhando uma terrível nevasca. Além disso, pelas casas em que ele passava, todas as crianças felizes, que sentiam alegria e diversão em seus corações, começaram a se sentir desmotivadas e tristes, duvidando de si mesmo, começando a ter pensamentos ruins, e sofrendo, sem ter um motivo aparente.

A neve começou a cair ainda mais forte, as pedras de granizo faziam barulho nos telhados das casas, o vento acompanhado de neve cobria todas as casas e carros, pessoas corriam para se proteger das pedras de gelo e do frio, crianças brigavam entre si por bobeira, enquanto outras pessoas choravam, mostrando o quão poderoso aquele Dark Jack Frost era, o quão poderoso era a influência da diversão, e do guardião dela, na vida das crianças.

Provavelmente no globo de North e de Pitch, as luzes já haviam começado a se apagar, com o medo e o desespero à solta. Logo, Pitch teria domínio de tudo.

O garoto de olhos dourados sorria, feliz, sentindo-se orgulhoso pelo medo e desespero que estava causando. Os cavalos se transformaram em sombras, e envolveram-se com Jack, restando apenas ele, que salvou e se jogou novamente na corrente fria de ar, deixando a cidade perecer sobre o frio.

❄❆❄

Sandman deixou a loira de olhos azuis em seu castelo. Ela parecia um pouco confusa com tudo que MoB dissera a ela, e ainda parecia estar abalada com o fato de ter que abandonar tudo depois disso.

Quando ela desceu da nuvem, ele segurou no braço dela, fazendo-a olhar para trás, dando a ela um sorriso meigo e confortador. Ah, como Sandman era bom nisso... Ele sempre sabia o que fazer, parecia ter algum tipo de magia que o fazia ver dentro do coração das pessoas, de seus sentimentos. Quando estavam felizes ou tristes, ele não precisava dizer uma palavra, sua presença sempre era confortadora e aconchegante.

Ele levou a pequena mão até a cabeça da rainha, e fez um doce carinho, tão meigo e delicadamente, como alguém assim existia? As bochechas dela ficaram rosadas, e ela sorriu para si mesmo, segurando a mão do guardião, que estava livre, passando também a mão sobre a cabeça dele, retribuindo o carinho deste, que deu outro de seus sorrisos meigos. Ele se afastou e acenou para ela, se despedindo.

Ela deu um suspiro, enquanto olhava seu amigo se distanciar. Sua inquietação a fez começar a andar pelo quarto com os braços em volta de seu corpo, dando um abraço em si mesma, tentando raciocinar, afina, essa era Elsa, sempre tentava pensar em tudo antes de agir, sempre duvidava de si mesma e de suas decisões. Sabia que o que estava fazendo era certo, mas o fato de ter que abandonar Jack depois de tudo a deixava com um aperto no peito; aquele garoto barulhento, bobo e brincalhão, estava mexendo mesmo com a cabeça da herdeira do trono de Arendelle. Sua cabeça estava barulhenta, seus pensamentos lá na frente, que a diziam como ela sentiria falta daquele garoto pálido, de cabelo esbranquiçados.

Ela passou, outra vez, a mão sobre o colar, relembrando cada palavra de MoB, palavras estas que estavam mertelando mais que tudo em sua mente.

Ela olhou para o canto da parede, o cajado de Jack estava pousado lá. A garota mal o havia deixado ali, já o pegara outra vez, parecia que a presença do cajado trazia a ela algum tipo de paz. Estava tão distraída que nem percebeu uma sombra atrás de si.

– Eu realmente passei muito tempo com esse cajado. – a loira deu um pulo de susto, e virou-se subitamente para reconhecer quem era o dono daquela voz. Susto maior ainda esta tomou, quando viu o ex-dono do cajado, e ex-guardião, Jack Frost, parado bem próximo à janela. Ele estava sozinho, seus olhos dourados pareciam tochas em meio ao escuro da noite, e do quarto da loira de Arendelle.

Ele se aproximou dela, que recuava a cada passo dado de avanço dele, até que ela chegou ao limite, encostando-se à parede.

– Está com medo de mim? Não costumávamos ser amigos? – o pálido jovem de cabelos pretos olhava intensamente para a rainha, que parecia não querer encara-lo.

– Você não é mais quem costumava ser... Você não é o Jack.

– Claro que eu sou o Jack, eu tenho todas as lembranças dele, como não posso ser ele? – ele tombava a cabeça para o lado, com o rosto bem colado ao da rainha.

– Eu sei que não é, por favor, vá embora. – ela pedia, tentando não notar a respiração do garoto tocando sua bochecha. As mãos dela tocam o peito dele, tentando empurra-lo para longe, mas como? Ele parecia hipnotiza-la com aqueles olhos dourados, e os cabelos negros, ele a monopolizava, fazia com que ela se sentisse estranha e envergonhada em sua presença. E o pior, não a deixava pensar direito. Ela não queria salva-lo? Então por que pedia para que ele fosse embora? Era a oportunidade perfeita de resgatar seu amigo guardião, por que ela não o fazia?

Ele sorriu com a reação dela, aumentando um pouco o espaço entre eles.

– Você sabe, Elsa, nós nos tornamos diferentes quando somos possuídos por um poder diferente. – ele levou a mão até o rosto dela, que a empurrou na mesma hora.

– Você não é o Jack, ele nunca deixaria o mau o possuir assim, ele apenas estava... Estava confuso. – ela tropeçava nas palavras, não tinha certeza do que dizia, e o que dizia era em meio à duvidas.

– Então por que me tornei quem sou agora? Jack era cheio de medos, cheio de dúvidas, como você. Você o tornou assim, Elsa. – as mãos do garoto a prenderam contra a parede novamente, e sussurrou no ouvido da loira. – Eu sei, agora eu também posso sentir seus medos, assim como ele.

Ele empurrou todo seu corpo contra o da jovem Elsa, até seus corpos estarem colados. Ele então tomou os lábios dela antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. Como esperado de Jack, seus lábios eram frios, porém macios, e ele a beijava com volúpia e satisfação, sentindo os lábios da rainha contra os seus, que eram um pouco mais quentes que o dele, mas também eram volumosos e macios. O beijo deles não era calmo, era ardente e rápido, Jack a beijava com luxúria e prazer, começando a explorar cada centímetro da boca da rainha, envolvendo sua língua com a dela.

Elsa tentava resistir, batendo as mãos contra o peito do garoto, que parecia não se importar nem um pouco com a relutância dela que, embora estivesse relutante, não parecia estar se esforçando demasiadamente para se livrar dos atraentes lábios do ex-guardião. Ela estava envolvida nos braços dele, que a apertava, como se ela fosse escapar de suas mãos a qualquer momento, envolvendo-a naquele beijo molhado, coberto de relutância e ousadia.

Ele a soltou, quando ela começou a perder fôlego, passando a mão pelo canto da boca, dando um aspecto provocante ao Frost. Ela ainda estava ofegante e totalmente corada, mas ao mesmo tempo, pronta para dar uma resposta para o garoto, quando ele deu uma piscadela para ela, e correu em direção à janela, virando-se uma última vez, apenas para dar um sorriso sarcástico, se jogando no vento e sendo levado por ele.

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