Jane estava deitado na cama, em seu trailer. Ele olhava para o teto sorrindo. O que ele via? Lisbon. ele a imaginava como a três dias atrás, sorrindo feliz.
O sorriso de Jane estava meio retraído. Não que a imagem de Lisbon não o fizesse sorrir, era justo o contrário; Jane não gostava de saber que Lisbon sorria porque Pike estava com ela - o tempo todo aliás - mas só vê-la sorrir o fazia sorrir.
E esse empasse entre sorrir por ela ou não cessou no momento em que ele lembrou que não via aquele sorriso faziam três dias, e que, desde lá, só a via irritada e pensativa. Além disso, ele percebeu uma dor de cabeça contínua, o que a deixava ainda mais irritada.
Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.
- Só um minuto - disse ele se levantando lentamente.
Ele seguiu até a porta e quando abriu viu atrás dela Teresa Lisbon, com as mãos no bolso, a cabeça baixa e o olhar desviado.
- Oi, Lisbon - disse ele.
- Preciso falar com você - diz Lisbon inquieta.
- Entre - Jane a deixou entrar e se sentou na cama - Senta, sinta-se em casa - ele ficou sério ao ver que ela não mudou a expressão.
- Jane, - Lisbon respira fundo fechando os olhos - eu estive pensando muito esses últimos dias - começa ela inquieta, sua perna esquerda não sossegava um minuto.
- Por isso a dor de cabeça...
- Só... me ouve - interrompeu ela; ele encolheu os ombros e confirmou o silêncio passando os dedos nos lábios - eu pensei muito e cheguei a três conclusões: 1) Você é extremamente irritante, infantil, imprevisível e eu te odeio por isso; 2) Apesar me estressar só de pensar em você, eu te amo; - Nessa hora Jane sorriu o mais belo dos sorrisos - 3) E é por isso que eu t...

Lisbon não consegue concluir a frase. Jane a interrompe unindo sua boa a dela e a apertando contra si de forma que, depois do beijo - cujo tempo não se conta -, Lisbon soltou dos seus pulmões: ''odeio'', ainda tonta da surpresa.
Os dois se olham fixos. Jane com paixão e desejo escritos nós olhos, Lisbon confusa e incrédula. Jane não espera muito e retoma o beijo; e a medida que ele o aprofundava, Lisbon assimilava a realidade, que para ela era um sonho. Aos poucos os dois foram sentindo um ao outro mais intensamente, Jane a envolveu em seus braços apertando gradualmente e ela correspondendo com a mesma intensidade.
Depois da tentativa frustrada de continuar sem ar, os dois respiraram fundo com os rostos colados e os olhos fechados. Jane sentia o seu coração acelerado e o dela alcançando a mesma velocidade. Os dois ficaram assim, em harmonia, por alguns segundos. Sentindo-se atônitos e alheios a qualquer coisa.
- Eu te amo de verdade - sussurou Jane, quebrando o silêncio.
Lisbon apenas sorriu inerte, um sorriso que aparece nos rostos quando sonham com o seu momento mais feliz.
- Lis... Teresa - Jane sorriu ao chamá-la assim - Você não vai me dizer nada?
- Você... me confunde - Lisbon parece acordar - Oh Deus como é que se pode amar e odiar a mesma pessoa assim? - diz ela saindo dos braços dele e caindo em si.
Jane a puxa de volta para si.
- Então você me ama? - diz ele com um sorriso radiante
Lisbon sentiu ainda mais amor por ele e, involuntária e espontâneamente, disse: "sim".