Por Você escrita por Andye


Capítulo 10
As Peripécias da Ruiva


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha linda que eu adoro!!! Como vão todos? Espero que muito bem.

Antes de tudo, agradeço imensamente a Lovegood e Tati Hufflepuff pelas belíssimas recomendações que me deram nesta fanfic. Muito obrigada por estas palavras tão profundas que me deixaram tão emocionada e feliz. É uma satisfação enorme e incrível saber que tenho tocado suas vidas um pouquinho e este toque é gratificante para mim. Obrigada novamente, e eu agradeço 1000x sempre!

Agradeço também a chegada de Anne A por aqui. Obrigada por estar lendo e por seus comentários, minha amiga querida.

Aos demais, mais uma vez, obrigada por seus comentários, por estarem acompanhando e por lerem essa fic que eu estou a cada dia mais feliz e envolvida em escrever. :*



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Rony estava mais que pasmo. Não conseguia acreditar no que via na sua frente. Se moveu impaciente sobre a cama, ficando sentado. Hermione o observava. O olhar variava entre comoção, espanto e emoção.

O ruivo sentiu o peito doer ao ver a garota se aproximar de sua cama. Ela não estava com suas características roupas de trabalho. Usava um vestido florido com alças finas, que lhe deixava ainda mais encantadora, uma sandália de tiras pretas e os cabelos soltos num emaranhado de cachos cor de chocolate que lhe causavam uma sensação desconhecida.

– Como está, Rony?

Ela perguntou com sua típica voz aveludada, parando ao lado de sua cama. Parecia, assim como ele, sem graça e envergonhada, tensa, como se estar ali fosse um sonho, um vislumbre. Hermione o avaliava e ele estava muito mais magro do que antes. Amarelado e abatido. Preocupou-se, mas não tocaria no assunto, não antes de saber até onde ia sua raiva por ela.

– Eu... Eu estou... - a voz dele falhou e ela sorriu novamente, fitando o chão e seus cabelos se moveram com graciosidade. O sorriso dela era de entendimento e compreensão. Ela sabia como ele se sentia.

– Hum... Posso sentar? - ela se referia a beirada da cama.

– Claro. - respondeu ainda atordoado.

– Obrigada. Fiquei sabendo que resolveu desistir do tratamento.

– A Gina já foi fazer fofoca? - tentou ser rude com ela também.

– Sim, foi a Gina me contou, mas ela não foi fazer fofoca. Apenas me disse que estava um pouco triste e que pensa em voltar pra casa.

– Sim, é verdade.

– E posso saber o por quê?

Ele a olhou como se ela estivesse fazendo a pegunta mais idiota do planeta. Como se os dias que se passaram não tivessem importância nenhuma para ela, e, mais uma vez, Rony percebeu que sua mãe tinha razão. Não respondeu.

– Rony – ela respirou profundamente concluindo que ele estava triste com ela – Eu vou ser muito rápida no que vou dizer, não quero te importunar. Eu sei que você deve estar irritado comigo e que deve me odiar, mas eu preciso te explicar o que aconteceu.

Ele a observava em silêncio, não a interrompeu ou se moveu. Hermione realmente imaginou que seria mais bem recebida, mas as suas imaginações haviam sido todas equivocadas.

– Por que você foi embora? - Rony perguntou certeiro, a interrompendo com rispidez.

– Rony, entenda, eu não podia ir de contra sua mãe.

– Vai colocar a culpa nela por sua covardia? - o tom era acusador.

– Não fui covarde – ela olhou os pés – Só não queria que você fosse embora.

– Por quê? - ela o fitou em seus olhos.

– Eu estava disposta a receber todas as advertências que me fossem impostas - falou certa - eu estava ouvindo tudo o que sua mãe falava sem me defender porque eu sabia que merecia tudo aquilo, mas quando ela disse que iria te retirar daqui, eu não pude, simplesmente não pude imaginar que você pudesse sair daqui. Era a sua melhor opção de melhora, o melhor tratamento que poderia encontrar. - Respirou profundamente – E eu abri mão para que ficasse.

– Não preciso de sua pena. - ele desviou o olhar virando para o lado.

– Não é pena, Rony. Será que você não entende? - a voz da morena saiu nervosa e ele a olhou novamente.

– Não, Hermione, eu não entendo. Realmente não era motivo para você desistir. Ao invés de mostrar a minha mãe que ela estava erra...

– Eu me apaixonei por você, é isso.

Ela soltou aquilo como se fosse um fardo retirado de suas costas, cortando as palavras do ruivo pela metade. Rony sentiu o peso daquelas palavras, sua boca abrindo levemente e suas costas pendendo para trás, sobre os travesseiros.

– Imaginei que abrindo mão do seu caso poderia manter você aqui no hospital. Preferia ter você aqui, mesmo que não pudesse vê-lo, mas sabendo como estava, que longe de mim. Depois de alguns dias eu tive uma ideia, na verdade, uns amigos tiveram, e eu achei que seria possível.

– Que ideia? - ele perguntou curioso quando viu que ela não continuava.

– Bem... A ideia era te olhar sempre que desse. - ela deu de ombros, vencida - Eu ia vir aqui no teu quarto quantas vezes eu pudesse e ver como estava, como progredia e... Poderia matar um pouco da minha saudade também, mas não deu certo.

– Por que não?

– Algumas pessoas da administração do hospital souberam o que aconteceu e houve uma liminar interna exigindo meu afastamento completo do seu caso. Eu não posso nem mesmo passar na frente da sua porta.

– Mas...

– Eu não sei, Rony. Não sei quem ou porquê, mas foi o que aconteceu. Eu fiquei sem saber como agir, sem saber o que fazer. Eu entrei em desespero, e até a dra. Falls tentou me ajudar. Ela me deu uns dias de licença para que eu pudesse pensar e me recompor, mas não adiantou. Voltei ao hospital essa semana e, antes de ontem eu encontrei a Gina no banheiro. Ela conversou comigo e me abriu os olhos para algumas coisas que eu não conseguia ver.

– O que minha irmã tem a ver com isto?

– Tudo. - Hermione sorriu novamente.

– Como assim, tudo?

– Foi ela que me ajudou a estar aqui, agora. Ela e seu irmão, Guilherme.

– A Gina e o Gui? Mas como?

– No banheiro a Gina me fez a proposta de ajudar. Ela disse que você estava mal e queria que eu conversasse com você e tentasse entender o porquê de você está desistindo. Ela me disse que sua mãe sairia com o Gui hoje, e coincidentemente hoje era a minha folga. - ela sorriu – Assim sendo, cheguei agora pouco aqui no hospital. Esperei que o seu irmão ligasse para ela e avisasse que já haviam saído daqui. Ela me ligou e disse que você estava só e eu vim. Eu vim te ver. Eu vim por você.

– Você... - Ron parecia confuso - O que acontece se te virem aqui?

– Eu não sei. - foi sincera olhando as mãos sobre o colo enquanto respirava profundamente – Sei que como médica eu não posso me aproximar de você, mas não sei o que aconteceria se me encontrassem aqui. Não estou te acompanhando como médica, estou te visitando, te visitando como uma amiga... Como sua amiga.

– Hermione – ele parecia realmente preocupado – Isto é perigoso e...

– Não se preocupe – tranquilizou – A Gina foi para a lanchonete e está de olho em tudo. Você tem uma irmã maravilhosa - a morena refletiu - Caso a sua mãe volte antes do esperado, ela me liga e eu saio antes de qualquer complicação maior.

– Mas... E se alguém da administração te vir aqui, o que poderia acontecer? - ele parecia ainda mais preocupado.

– Eu não sei ao certo. Talvez eu fosse afastada do hospital ou perdesse a bolsa...

– Hermione...

– Não, Ron. Eu não vou embora. Não de novo. - falou decidida - Não me importa se me expulsarem se, por isso, eu possa ficar um pouco mais com você. Não vou passar a angústia que passei nesses dias. Não vou. Eu me recuso.

Rony sentia-se péssimo e feliz ao mesmo tempo. Como ele podia ter julgado Hermione tão mal? Como ele podia ter sido tão cego e tão idiota? Ela tentou de todas as formas. Ela fez tudo o que era possível. Estava se arriscando por ele, e ele a julgou. O peso do remorso o corroeu.

– Me desculpe, Hermione – falou, por fim, abaixando os olhos, envergonhado.

– Pelo que? - ela estranhou – Você que precisa me desculpar. Eu te ignorei. Não falei nada naquele dia triste. Não te procurei depois. Me afastei e não fiz nada por você.

– Sim, você fez. - ele falou respirando profundamente – Você abriu mão de muita coisa por mim, e isto eu nunca poderei pagar.

– E nem precisa – sorriu – Só quero que você aceite o tratamento. Por favor, Rony, quero você bem. Quero que você saia daqui.

– Pra que? - ele sorriu também.

– Pra poder ter você comigo. - ela sentiu a face esquentar, mas não negaria - Prometo que vou te levar para passear de moto pelos lugares mais lindos dessa cidade comigo. Quero caminhar de mãos dadas com você no bosque central. Quero sentir a areia do mar em meus pés enquanto você corre atrás de mim e me abraça… Quero que você fique comigo, Ron. - suspirou - E mesmo que você não queira estar ao meu lado, quero ter a certeza de que estará bem, vivo e sadio, ao lado da sua família, vivendo sua vida com as pessoas que te amam, fazendo sua faculdade, trabalhando, conquistando seus sonhos. Quero ver tudo isso, Ron, mesmo que de longe.

– Não se preocupe. - falou por fim.

– Não? - ela sorriu animada.

– Não. Eu vou ficar com você. - ele sorriu em resposta.

– Promete?

– Sempre.

Hermione estava tão feliz que não se continha em si. Pensou mesmo que Ron a detestasse. Que ele nunca entenderia seus motivos, mas não, ele compreendeu. Ele aceitou suas explicações. Ele estaria ali, lutando com ela.

– Eu preciso ir – ela falou um pouco depois.

– Tão rápido? - ele pareceu entristecido.

– Não posso me arriscar demais, por enquanto, mas eu prometo, Ron, eu volto pra te ver.

– Eu sei que sim – ele sorriu de volta e ela se aproximou um pouco o abraçando e lhe dando um beijo leve no rosto. Sorriu antes de se levantar.

– Se cuida, Ron. Por favor. Eu volto e quero ver você bem melhor quando aparecer novamente.

– Quando você vem?

– Eu não sei, mas eu volto.

Ela se encaminhou para a porta, a cabeça levemente abaixada, olhando para o caminho que dava para a saída. Ouviu a voz de Rony quando tocou a mão na maçaneta da porta.

– Hermione?

– Oi – ela virou ainda segurando a maçaneta.

– O que você disse é verdade?

– Sobre o que você está falando?

– Sobre o que disse... É verdade que... se apaixonou por mim?

– E por que não acredita? - ela voltou-se para ele se aproximando.

– Eu... Acho estranho.

– Por que?

– Como uma garota como você poderia se apaixonar por um cara como eu?

– Como você?

– Sim. Sou um cara doente, Hermione. Não tenho muita chance na vida.

– Ron – ela sentou novamente ao seu lado, segurando suas mãos – Você é o rapaz mais encantador que eu já conheci na minha vida. Você tem uma doçura e uma vontade de viver que dão gosto a quem convive ao seu lado. Cheio de qualidades. Cheio de alegria. Você é a pessoa mais amável que já tive o prazer de conhecer. Difícil mesmo é não se apaixonar por você.

– Eu... Nem sei o que dizer.

– Não diga nada – ela sorriu – Não estou te cobrando nada nem te pedindo que fale alguma coisa. Estou bem, não se preocupe. Eu precisava assumir o que sentia para me sentir mais leve.

Dizendo isto ela levantou novamente. Sorriu e caminhou decidida até a porta e novamente foi interrompida ao tocar a maçaneta que lhe separava do mundo real. Ele a chamara novamente e ela virou para ele, esperando o que viria em seguida.

– Está realmente se sentindo mais leve?

– Claro.

– Por quê?

– Bem... - ela assumiu aquele tom superior que usava quando falava clinicamente – Quando assumimos algo que sentimos ou fazemos, quando realmente admitimos, as coisas costumam ficar mais fáceis. Conseguimos viver mais leves...

– Então eu preciso assumir uma coisa pra você.

– Pra mim? - ela se surpreendeu.

– Sim, pra você. Poderia se aproximar novamente.

– O que houve? - ela perguntou depois de sentar, um pouco preocupada.

– Eu também estou apaixonado por você.

– Quê...?

– Eu nunca imaginei que alguém como você pudesse sentir algo por mim e por isto eu estava mais ranzinza do que nunca fui porque... eu estou apaixonado por você também, como nunca estive antes. Não que tenha tido muitas experiências, mas a dor da falta que você me faz me deixou em nervos. Eu pensei que tivesse desistido de mim.

– Jamais desistiria de você.

– Eu sei. Agora tenho certeza.

– Ron... - ela sorria satisfeita.

– Será que... posso te pedir uma coisa agora que também assumi o que sinto?

– Claro.

– Será que... Bem. - ele coçou o pescoço constrangido – Será que agora que não tem ninguém olhando a gente poderia, er...

– O que?

– Terminar o que começamos há catorze dias?

– Rony...? - ela ergueu as sobrancelhas.

– Hermione, eu me apaixonei por você desde o primeiro dia que eu te vi. Eu... No dia que me levou ao lago, o que eu mais queria era dizer para você como eu me sentia e que eu queria ficar ao seu lado... Quando voltamos, no corredor, eu ia ,e declarar e... e ia...

– Me beijar? - Hermione perguntou diante da dificuldade do ruivo.

– É... Sim.

Hermione sorriu com a beleza daquele ruivo. Sua face estava corada, suas orelhas avermelhadas. Não negava que também sonhou várias vezes com aquele “quase” beijo e que o desejava demais.

Avaliou tudo o que acontecia e, aproximando o rosto do dele, fechou os olhos esperando pelo toque, que não demorou.

Borboletas voaram em seus estômagos com a mesma intensidade. A dor do peito se extinguindo com aquele contato final. As mãos vencendo as barreiras do preconceito, do medo e da angustia. Sorriram ao trocarem olhares, e após um selinho, Hermione finalmente saiu.

Estavam ambos felizes. Haviam superado suas dificuldades juntos e agora estavam dispostos: não deixariam que os separassem, mesmo que precisassem se ver escondidos para isso. Precisavam um do outro.


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