– Presta atenção McCallen! – já era a décima sexta vez que eu chamo a atenção de Dylan.

– Quié garota? – e pela décima sexta vez ele me respondeu isso.

Não agüentei mais e bati com o livro de química na cabeça dele.

– Ai ai – resmungou ele, esfregando o local onde eu havia acertado-o. – Porque você ta me batendo?

– Pra ver se entra algo nessa coisa estúpida que você chama de cérebro – comecei a guardar as coisas dentro da bolsa, ali eu não ficava nem mais um minuto.

– Espera ai nerd. Aonde você pensa que vai? – ele se levantou da cadeira acompanhando meus passos.

– Para longe de você, obvio – continuei andando até ele me puxar pelo o braço.

– Não, você fica – ele me arrastou de volta para a mesa da biblioteca e me sentou na cadeira – Mas que droga, você é muito irritante – ele suspirou e passou a mão esquerda pelos cabelos já arrepiados.

– Eu que sou irritante? Você que não presta atenção no que eu to falando, to ensinando pra nada? – cruzei os braços e esperei por uma resposta da parte dele, mas não obtive nenhuma.

– Você estava falando sobre prótons e alguma coisa assim, continua – ele abriu o livro e ficou esperando que eu continuasse.

– Ok, mas tenta não ficar observando a vida da mosca. – ele assentiu e tentou prestar atenção nas minhas palavras, mas ficava sempre vagando, olhando para a mosca que nos rondava – acho que era falta de banho dele – e roia as unhas a cada segundo.

– Porque ta olhando pra mim nerd? – perguntou ele me tirando do devaneio – Sei que sou bonito.

– Não é isso idiota, e não você não é bonito – ta ai uma verdade, ele não era bonito, ele era lindo, lindo nível máster super blaster.

– Eu não sou bonito? – ele ergueu uma sobrancelha.

– A questão não é a sua beleza inexistente, a questão é que você deveria passar no medico. – dei de ombros e fechei o livro, guardando-o na bolsa.

– Por quê? Estou com cara de doente? - ele ergueu novamente a sobrancelha – o que estava me dando inveja, já que eu não conseguia fazer aquilo -.

– Está ansioso, pelo menos parece isso. Mas não importa, estou indo – desta vez me levantei definitivamente e fui embora.

*

Já fazia uma semana que eu tentava ensinar alguma coisa para o tapado McCallen, mas não estava adiantando de nada, então resolvi falar com o professor, já que não estava dando certo e já que eu não ia com a cara do Dylan mesmo.

– Não Srta Evans, já foi feito. Agora isso é como um contrato, lembre-se das notas a mais que você ira ganhar – aquela peste de professor tentou fazer mais alguns incentivos para que eu ajudasse Dylan e deu ate algumas dicas de estudo, porem a minha vontade de ver a cara dele todos os dias na escola e ainda ter que ajudar ele a estudar, era igual a zero. Um zero que eu teria caso eu não fizesse justamente o que eu estava praticamente sendo obrigada a fazer.

Sai da sala e fui em busca de Ava, que conversava com alguns dos nerds reclusos, sim existem nerds mais reclusos que eu e Avallanah.

– Oi – ela me cumprimentou com sorriso.

– Oi, to com fome, vamos comer logo? – educação e delicadeza são iguais à Lidia.

– Lidia sempre sendo Lidia – ela suspirou e fomos rumo ao refeitório, movimentado como sempre. Observei Blythe do outro lado e vi que ela me encarava de modo estranho, tudo bem que ela já era meio estranha, mas ela sorria diabolicamente mais do que o normal.

– Porque Blythe está arreganhando os dentes de cavalo dela para nós? – perguntei a Ava.

– Na na ni na não, ela está olhando feio e arreganhando os dentes para você, isso não me incluiu – respondeu ela sentando-se em uma mesa.

– Não importa, ela ainda é uma vaca em minha opinião humilde. – dei de ombros e me sentei ao lado de Ava.

– Sua opinião não é nada humilde – alguém falou atrás de mim. Taylor.

– O que você quer? – perguntei emburrada.

– Nada, apenas passando por aqui – ela se sentou na nossa mesa. Opa. SENTOU-SE NA NOSSA MESA. A mesa das nerds excluídas e solitárias.

– O que você quer? – repeti a pergunta olhando fixamente para imagem da menina na minha frente.

– Ok, você me pegou – ela jogou as mãos para cima em forma de rendição.

– Pode ir contando o motivo de você querer repentinamente sentar com a gente – eu estava desconfiada dessa menina, ela era muito sorridente, isso me assustava.

– Lá vai. É muita coisa, mas vou resumir. Briguei com a Blythe e cansei dos populares. Fim – ela suspirou e colocou uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha.

– Se você me entregasse um resumo assim eu daria zero. – falei.

– Lidia, você nem sabe direito o que aconteceu – disse Ava, se pronunciando pela primeira vez.

– Vou tentar me explicar melhor – ela se ajeitou melhor na cadeira – Foi assim, eu estava andando pelos corredores do colégio, e de repente, dou de cara com Blythe se pegando com o meu namorado. Quero dizer, ex. – eu disse a Blythe sempre foi uma vaca, até com a melhor amiga, ela era um demônio.

– Sempre soube que ela não prestava – disse Ava frustrada.

– Eu também, mas eu sempre tive esperanças que fosse somente uma fase e que ela mudasse – Taylor suspirou e seus olhos se encheram de lagrimas, e pelo visto ela realmente não estava mentindo, ela realmente parecia chateada.

– Você poderia cortar o cabelo dela – disse Ava. Meu Deus! Onde está Avallanah Smith e o que fizeram com a minha amiga?

– Seria pouco para aquela vadia – disse Taylor.

Olhei de uma para a outra e percebi a maldade – mais maldade do que a minha maldade pura de nascença – e vi o quanto elas se pareciam naquele momento.

– Hm, ok. Mas porque você está nessa mesa, com a gente? – apontei de Ava para mim.

– Porque eu quero ser amiga de vocês – ela sorriu amarela e não pude deixar de rir.

Ava dava palminhas e sorria feliz.

– Ótima piada, responda a minha pergunta – disse parando subitamente de rir. Taylor estava processando o que eu havia dito, sem entender.

– Hm, Lid, acho que ela realmente não está brincando – sussurrou Ava.

– Oh Jesus! Tirei você da cruz e o puxei pelo pé a cavalo? – gritei exasperada jogando as mãos para o alto.

– Lid, tudo bem, ela pode ser nossa amiga. – mas o que? Não ela não pode! Espera ai Lidia, porque ela não pode? Ah que droga.

– Ok, mas se você pisar na bola comigo ou com a Ava, já sabe – apontei o dedo para ela que me respondeu com um abraço – bem nojento e meio falso, é eu sei – Ta, agora chega, estamos em publico.

Ela se sentou de volta no lugar e começou uma conversa bem animada com Ava, enquanto eu observava os acéfalos a minha volta. Tinha a mesa dos skatistas, dos jogadores de futebol e das lideres de torcida, do clube do livro, e do grupo de estudos de ciências contáveis, e tinha a nossa mesa, a das nerds reclusas com a líder de torcida que foi traída e não tem mais amigos. Parecia ate High School Music, com uma mistura de novela mexicana. É bem estranho, meu cérebro é ainda mais.

Enquanto meus olhos caminhavam de mesa em mesa, encontrei os olhos de Blythe, que vinha desfilando – para mim parecia que ela estava trotando – pelo pátio, e vinha em direção a minha mesa, tem como piorar?

Se você respondeu que sim, te devo uma bala, porque é exatamente essa a resposta.

Aconteceu o seguinte. Blythe perguntou a Taylor se as duas poderiam conversar sobre os treinos de lideres de torcida, Taylor ficou muito brava por Blythe agir como se nada tivesse acontecido. Blythe alegava que elas sempre dividiram tudo, e não teria problema algum se dividissem os namorados também, Taylor ficou muito irritada e jogou Blythe no chão, lhe dando uns bons sopapos na cara.

Alguns fios de cabelos negros e loiros foram arrancados, até que apareceu a nossa amigável diretora, e o velho inspetor Fishe, que mais parece uma múmia do que uma pessoa. Ainda acho que ele tem um caso com a velha verruguenta. Mas voltando ao barraco do ano. Quando finalmente conseguiram desfazer o embolo que na verdade era Blythe e Taylor, Taylor ainda não conformada arrancou o salto muito alto, a atirou na cabeça de Blythe, o que me fez rir bastante, fazendo alguns olhares se voltarem para mim, porem isso não vem ao caso.

Depois disso, as duas foram para diretoria, e no fim da historia contém: TO BE CONTINUED...