Insane escrita por Winnie Clark, KumaCupCake


Capítulo 1
Insane


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera!
Bem, a história é narrada por dois personagens, então achei melhor avisar pra ninguém ficar perdido :)
Boa leitura!



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Era uma sexta-feira à noite e eu estava deitado em minha cama, nu, lendo um livro de romance policial, enquanto esperava minha namorada, Spencer, sair do banho.

Ela saiu do banheiro segurando uma toalha algum tempo depois. Ergui os olhos do livro e devorei seu corpo com o olhar. Contei mentalmente até dez. Olhei novamente para o livro e disse:

— Deve ser muito interessante ser um detetive.

Olhei para Spencer novamente e notei uma expressão estranha em sua face.

“Ela é mulher, deve estar de TPM”, pensei.

— O que deve ser legal é ser o assassino.

***

Na manhã seguinte, fui ao apartamento do meu melhor amigo buscar uns papéis para o meu trabalho.

Agachei-me e peguei a chave embaixo do tapete. Destranquei a porta e entrei. Não havia ninguém na sala nem na cozinha. Fui para o quarto e entrei calmamente. Meu amigo estava dormindo ainda.

Caminhei até a cama para acordá-lo, mas, ao chegar perto, vi que ele não estava dormindo, estava morto.

Tinha um hematoma roxo no pescoço. Fora enforcado.

Respirei fundo, tentando me acalmar e senti um cheiro de perfume no ar. Eu conhecia aquele cheiro, era o mesmo do perfume que eu dei a Spencer.

Ao olhar para trás, deparei-me com o computador de meu amigo ligado em uma conversa sobre um bar.

Saí do apartamento correndo, enquanto ligava para a polícia, avisando sobre o crime e fui para o bar.

Ao chegar lá, encontrei um colega de faculdade do meu amigo. Ele estava com um copo na mão.

Conversamos sobre o ocorrido, eu tentava saber sobre tudo que o cara sabia. Em um certo momento, o homem tomou o conteúdo e começou a sufocar. Tentei socorrê-lo, mas ele caiu morto aos meus pés.

Todos no bar estavam desesperados, e, no meio da confusão, vi uma pessoa saindo de fininho da cena da morte.

Dava claramente para saber que era uma figura feminina, mas não consegui identificar a pessoa, pois ela usava um gorro e óculos escuros.

Voltei para casa para procurar alguns livros em que pudesse me basear para solucionar os dois crimes.

Um de meus livros estava todo riscado com marca-textos, cheio de pistas. Frases circuladas incriminando uma mulher. O que mais me chamou atenção foi a palavra “perfume”.

Alguém esteve em meu apartamento, mas quem seria?

Fui até a portaria e o porteiro me disse que a única pessoa que tinha entrado, além de mim, era Spencer, e que ela tinha deixado uma surpresa.

Liguei para ela.

Fui até a portaria e o porteiro me disse que a única pessoa que tinha entrado, além de mim, era Spencer, e que ela tinha deixado uma surpresa.

Liguei para ela.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

Foi em uma sexta-feira à noite que tudo começou. Haziel e eu tínhamos acabado de ter uma de nossas noites juntos, eu estava saindo do banho concentrada em secar meu cabelo, mas nem me importava em cobrir meu corpo, eu queria provocá-lo. Quando ele percebeu, tentando se segurar, devorou-me com os olhos por alguns segundos e voltou a concentrar-se no romance policial que estava lendo.

— Deve ser muito interessante ser um detetive.

Parei. “Então ele queria ser um detetive”.

— O que deve ser legal é ser o assassino.

Foi assim que meu plano surgiu. Se ele queria brincar de detetive, então, ele teria um crime para desvendar.

Naquela mesma noite, fui para o apartamento de seu melhor amigo, onde Haziel disse que pegaria uns papéis do trabalho no dia seguinte. Eu sabia onde a chave reserva ficava, mas não precisaria dela. Toquei a campainha e ele me atendeu bem rápido, tivemos uma conversa rápida sobre fazer uma surpresa para o Hazi. Ele concordou em participar na investigação.

— Então, eu vou ser tipo um suspeito? — ele me perguntou.

— Não, você vai ser uma vítima.

— Tá bom, e você? Qual papel vai fazer?

— O da assassina. — disse, abraçando seu pescoço.

— Demais! E como você vai me “matar”?

— Que tal enforcado?

Puxei uma fita escondida no meu casaco, envolvendo o pescoço dele e não dando tempo para que ele revidasse, matando-o. Eu tinha pensado em tudo, estava usando luvas para as digitais não aparecerem, mas eu queria deixar uma pista fácil, meu perfume.

Peguei o corpo já mole e o coloquei na cama do único quarto do apartamento. Ajeitei-o de um jeito que parecia estar dormindo e, quando me virei para ver se não tinha me esquecido de nada, achei uma coisa interessante. O melhor amigo, que agora estava morto, estava tendo uma conversa com algum colega de faculdade. O monitor do computador estava brilhando, exibindo aquela conversa para mais um de meus planos entrar em ação. Fingindo ser o morto, eu enviei uma mensagem para esse colega, marcando um encontro na manhã seguinte em um bar não muito conhecido perto do bairro.

“Hazi, isso tudo é para você”, pensei. Eu gostava de fazer surpresas para ele. Ver sua cara de empolgação quando descobria o que era me trazia muito prazer.

Saí da cena do crime, certificando-me que tudo saíra certo e me dirigi para a farmácia mais perto.

***

Tudo ocorrera esplendidamente bem. O colega de faculdade do melhor amigo morto tinha acabado de chegar no bar não muito movimentado, e a essa hora o Haziel já deveria ter encontrado o corpo e a pista. Eu já havia me acomodado no balcão do bar, agora era só esperar.

Até que parecia um dia normal, o bar ia ficando movimentado aos poucos e o suposto colega do amigo morto pediu uma cerveja. Foi aí que eu agi. O barman preparou a bebida perto de mim e, quando ele se virou para ouvir um pedido, eu me apressei e despejei veneno de rato na cerveja depressa o bastante para o barman se virar sem perceber algo estranho na bebida.

Haziel chegou logo depois do barman depositara bebida na frente do suposto colega do morto. “Garota esperta”, pensei. Ele estava com uma expressão assustada, diferente daquela empolgação de sempre, e isso me deixou confusa, mas o meu plano se seguia e eu não tinha tempo para pensar nisso agora. O suposto colega estava sendo interrogado por Hazi e isso não estava levando a lugar nenhum. “Não, Hazi, você ainda não entendeu”.

Foi aí que aconteceu. O colega resolveu acalmar-se dando um gole em sua cerveja e... BAM! Sufocamento.

Ri com a cena. Aquilo estava se saindo perfeitamente. Algumas pessoas que estavam no bar, assustadas, começaram a tentar ajudar o colega que estava sufocando, enquanto outras começaram a gritar.

Haziel tentou ajudar o homem a sua frente, mas, quando viu que ele havia parado de se mexer, ele fez uma cara que tirou o sorriso do meu rosto. Aquela expressão... Seria medo? Ou confusão. Não, acho que era desespero. Longe de ser aquela expressão animada de empolgação. Eu me senti esquisita.

Achei que já era hora de ir embora e saí de dentro do bar de fininho, tentando não ser reconhecida, sendo que eu já tinha me prevenido. Eu usava uns óculos escuros e um gorro.

Depois daquela cena, eu passei em uma livraria. Eu sempre comprava um livro de romance policial para ele quando queria fazer as pazes, ou tentar me desculpar. Na capa eu escrevi um pedido de desculpas e disse que o amava. Fui levar o livro para seu apartamento. Ele tinha me dado a chave, afinal, já namorávamos há cinco anos.

Entrei em seu apartamento e me dirigi para a grande e entupida estante de livros que ele tinha. Já tinha perdido a conta de quantos livros já tinha comprado para ele. Todos de romance policial, seu gênero favorito.

Depositei-o em uma gaveta, que ele quase nunca abre e encontrei uma caixinha. Sorri, mas acabei ignorando-a. Eu tinha ido longe demais. Talvez ele esteja traumatizado agora. Mas a esse ponto não dava mais para parar, então, peguei vários livros de sua estante, que incontáveis vezes ele tinha lido para mim e comecei a circular e grifar palavras e frases que davam várias pistas sobre minha surpresa. Fiz questão de circular e grifar todas as palavras “perfume” que eu achava.

Guardei todos os livros em seus respectivos lugares e fui para casa.

***

Meu celular tocou e eu o atendi ainda sonolenta, pois tinha acabado de acordar de uma soneca. Afinal, fazia quase um dia e meio que eu estava acordada.

— Spencer, sou eu — era a voz dele. — Eu falei com o porteiro, e ele disse que você tinha deixado uma surpresa, mas até agora eu não achei nada.

“Como assim?”, pensei. “Achei que você iria direto para seus livros, ou será que ele não suspeita de nada? Eu sabia que ele não abria muito aquela gaveta!”

— Mas você não encontrou o livro?

Silêncio. Ele tinha achado a pista.

— Spencer, encontre-me no estacionamento da velha fábrica abandonada. Chego loa em vinte minutos.

Tentei responder, mas ele desligou na minha cara. Com certeza ele tinha descoberto tudo, afinal, ele não era tão idiota assim. As pistas que deixei eram muito óbvias.

Eu me troquei correndo e aqui estou eu, à noite em um estacionamento de uma fábrica abandonada, o nosso lugar secreto, esperando ver a cabeleira preta que tanto amo, enquanto escondo uma arma nas minhas costas.

Ele chega dois minutos depois.

— Olá, Spencer. Eu achei o livro. O que isso significa?

— Então você achou a outra surpresa... — como pensei.

— Então foi você? — ele está decepcionado.

— Você me disse que queria ser um detetive. Eu só criei um crime para você desvendar. — eu digo, sacando a arma e apontando para ele. Nesse momento, policiais me cercam e miram em mim suas armas.

Haziel abre a boca para falar alguma coisa, só que eu não quero ouvir. E se ele disser que não me ama mais? E se...

— Não diga nada. — respiro fundo, enquanto seguro o choro. — Eu te amo.

Levanto a arma e puxo o gatilho.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

— Spencer, sou eu. Eu falei com o porteiro, e ele disse que você tinha deixado uma surpresa, mas até agora eu não achei nada.

— Mas você não encontrou o livro?

Olhei para o livro marcado. Eu não queria acreditar, mas não tinha outra escolha.

— Spencer — comecei —, encontre-me no estacionamento da velha fábrica abandonada. Chego lá em vinte minutos.

E desliguei.

Saí do apartamento e peguei meu carro, dirigindo até o local, enquanto ligava para a polícia.

Ao chegar ao local, Spencer já estava esperando por mim.

Aproximei-me dela lentamente, ela estava com as mãos nas costas.

— Olá, Spencer. Eu achei o livro. O que isso significa? — comecei.

— Então você achou a outra surpresa...

Eu estava decepcionado.

— Então foi você?

— Você me disse que queria ser detetive. Eu só criei um crime para você desvendar.

Spencer tirou uma das mãos das costas. Segurava uma arma, que apontou para mim. Fiquei em choque.

Nesse momento, várias viaturas chegaram e nos cercaram. Os policiais apontaram suas armas para Spencer.

Abri a boca para pedir rendição, mas ela me interrompeu:

— Não diga nada. Eu te amo. — Ela levou a arma à própria cabeça e atirou.

— Não! — Gritei e corri até ela, mas era tarde demais, ela já estava morta caída no chão.

Ajoelhei-me e abracei seu corpo mole. As lágrimas rolavam pelo meu rosto, e eu não as impedia.

Quanto mais eu a apertava e acariciava, mais seu sangue manchava minhas roupas, mas eu não me importava, não naquela situação.

***

Alguns dias se passaram. Spencer já estava enterrada, assim como meu amigo e seu colega.

Eu estava diante de seu túmulo. O buquê de rosas e tulipas vermelhas enfeitava o local.

Minha mente ainda não tinha aceitado a morte dela.

Coloquei a mão no bolso de meu paletó e senti a textura da caixinha.

Olhei para a lápide sem escritos. Eu não tivera disposição para pensar em nada para gravar nela.

Ajoelhei-me e toquei a lápide.

— Eu deveria ter te proposto isso antes, meu amor.

Tirei a caixinha de veludo do bolso, abri-a e coloquei em cima do túmulo, perto das flores.

Levantei-me. A luz do sol refletia na aliança dourada dentro da caixinha. Dei uma última olhada na lápide e parti, pensando em como eu viveria sem a mulher que amo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
As meninas merecem comentários?
Tenho certeza que elas ficariam muito felizes!
Então tá, é isso...
Bjão!



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