– Volte para casa. – eu sussurro antes de me entregar ao sono profundo. – Volte para mim.

Já se passaram anos que ele me deixou, tentei diversas vezes entrar em contato com ele, mas nenhuma resposta, nenhum sinal de vida... Essa palavra soa irônica para nós, mas como vamos falar da nossa existência se não for dessa forma mortal?

Eu te odeio muito por não me responder. Nós temos aquele laço inquebrável de criador e tal, você devia responder ao meu chamado, devia voltar para casa. Você me deixou sozinha e desamparada, no fim do mundo e eu mal tinha ideia de como me virar nessa nova forma. Minha transformação estava tão recente, você me deu o básico do básico para sobreviver, mas ainda sim estou perdida.

Você podia voltar pra casa, Gaara, podia deixar tudo para trás e voltar para mim... Eu ainda espero por você e sei que você me escuta, mas não me responde nunca, por quê? Não me lembro de ter feito nada de errado além de te amar e idolatrar, você me prometeu a eternidade ao meu lado e sumiu, isso é imperdoável!

Você vai sentir a minha falta às vezes, eu sei, por isso volte para casa, volte para mim.

Eu estou sozinha, presa em um lugar onde não há você, estou com muito medo porque eu não posso ver o que está a minha frente... Gaara, eu preciso que me guie como fez antes, eu preciso de você, volte para casa, por favor.

Mesmo se passando muitos dias, muitos anos, eu sei que não terminamos... Onde está você? Faça o que tem que fazer e volte para casa.

Lágrimas vermelhas descem pelo meu rosto, não quero chorar, mas sinto falta do seu cheiro que costumava me envolver. Eu vagueio pelas ruas de todos os lugares prováveis que você tenha ido, às vezes sinto um rastro seu, o persigo e depois ele some... Eu só queria que voltasse pra mim, voltasse pra casa.

E após uma noite de eterna procura, volto para o único lugar seguro para um de nós, um caixão fedido, de preferência numa sala onde não bate sol nenhum.

Meu vampiro criador, meu amado Gaara, volte para casa, volte para mim. Sussurro as mesmas palavras e caio no mesmo sono profundo de sempre.

E no dia seguinte, ao abrir meus olhos para a escuridão, sinto aquele cheiro que jamais esquecerei em toda a minha existência... A tampa do meu caixão é aberta e dou de cara com olhos cor de esmeralda.

– Eu voltei pra casa, Ino. – escuto aquela voz que me envolveu desde o primeiro momento que a ouvi e vejo aquele sorriso de canto que ele só dá pra mim.

Sinto lágrimas vermelhas descerem pelo meu rosto novamente, lágrimas de sangue, mas aquelas que simbolizam felicidade e pulo nele.

– Eu voltei pra você. – ele sussurra no meu ouvido enquanto corresponde ao meu abraço.

E quando nos encaramos novamente, sinto os lábios que tanto sonhei sentir novamente sobre os meus.