O Amante escrita por Allie Blake


Capítulo 12
Amantes Por Mais Uma Noite




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— Esposa? — Sasuke perguntou ainda surpreso diante da palavra. — O que mais aconteceu enquanto eu estava inconsciente?

Sakura sorriu, vendo-o, afinal de contas, são e salvo.

O grande alívio que sentia deixava-a mais à vontade agora, pois quando o médico estivera no quarto tentara mostrar-se mais firme, mais sóbria. E, agora, aideia de Sasuke de que poderiam ter se casado enquanto estava inconsciente fazia-a ter vontade de rir. Deixou a caneca que ele lhe entregara sobre a mesinha de cabeceira e sentou-se a seu lado, rindo. Não entendia por que ele fingia tamanha surpresa, ou, até mesmo, desagrado, pela ideia de tê-la como esposa.

— Devo lembrá-lo de que estamos ainda muito longe de Gretna Green?— disse, olhando-o com carinho. — Só lá eu poderia arrastá-lo, sem sentidos, diante de um pastor, tendo meu cocheiro a segurá-lo para que parecesse estar disposto a se casar comigo. — A cena pareceu-lhe, de repente, tão engraçada que riu ainda mais.

— Bem, mas o médico disse que você era minha esposa...

— Porque foi essa a explicação que eu lhe dei, nada mais. Afinal, esta hospedaria tinha apenas um quarto desocupado e pareceu-me óbvio que você precisaria de alguém que cuidasse do seu estado durante a noite. E, como não queria que houvesse comentários desagradáveis sobre nós, menti.

— Podia ter dito que era minha irmã...

A observação eliminou qualquer resquício de alegria do rosto de Sakura.

— É... Suponho que sim — concordou, por fim. — Mas nem pensei nisso.

Como ela não tinha irmãos, a ideia, de fato, nem lhe passara pela cabeça. Além do mais, não conseguia imaginar-se tendo um relacionamento assim tão casto com Sasuke.

— E acho que você não deve ficar questionando minha atitude num momento de crise — acrescentou, sentindo-se irritada com tudo aquilo. —Está vivo, não está?

— Parece-me que sim...

— Está bem alerta, pelo menos, embora eu ache que ainda não recobrou totalmente a razão. Não tem ferimentos que alguns dias de descanso não curem. Meus criados e eu fomos de grande ajuda, sabia? Mas pensa em me agradecer? Não, claro que não... Muito ao contrário. Você está até querendo sair da cama e arriscar ainda mais seu restabelecimento para ir correndo atrás da sua irmã e do meu sobrinho. E, além do mais, reclama só por eu ter inventado que sou sua esposa para podermos ter uma estadia tranquila aqui!

— Desculpe-me — disse ele, por fim, vendo que, mais uma vez, era inútil discutir com Sakura. — Não quis parecer ingrato. Fiquei surpreso com essa história de você ser minha esposa, nada mais. E, quanto à minha irmã, quero apenas encontrá-la enquanto há tempo. Não está, também, ansiosa por reencontrar seu sobrinho e fazê-lo enxergar o erro que está cometendo?

— É claro que sim, mas... — Ela hesitou. Estava, na verdade, muito mais preocupada com a saúde de Sasuke do que com Oliver, o que era uma tolice, analisava, já que teria de cortar todos os laços que a uniam a ele.

— É claro — Sasuke repetiu suas palavras estendendo a mão, e, por alguns suaves momentos, Sakura chegou a pensar que ele a estivesse convidando a partilhar a cama. — Agora, seja uma boa esposa e pegue aquelas roupas para o seu pobre marido ferido.

— Bem, eu gostaria de poder — Sakura respondeu, não sem uma ponta de satisfação —, mas você caiu no rio, lembra-se? Suas roupas ficaram encharcadas e geladas. Nem sei como você não congelou dentro delas. Nem sei como você estaria agora se não o tivéssemos despido assim que chegamos aqui.

Sasuke lançou-lhe um olhar sério, que ela entendeu de imediato e explicou:

— Sim, nós o despimos. Eu e Ned, enquanto o Sr. Hixon ia buscar o médico. E, como a maioria dos criados, Ned tem muita experiência em ajudar um cavalheiro a despir-se, pois trabalhou com mais de um até hoje. —Sakura apontou para a lareira que, da cama, Sasuke não conseguia ver. —Suas roupas estão secando diante do fogo, mas ainda estão muito molhadas. Acho que só estarão boas para serem vestidas pela manhã.

— Não me importa que estejam molhadas — Sasuke teimou. Fez menção de sair da cama, exigindo: — Traga-as para mim.

— Não! — Sakura deu um passo atrás quando ele afastou as cobertas, expondo-se diante de seus olhos. — Você vai acabar se matando se sair numa noite fria vestido com roupas molhadas!

A expressão de Sasuke estava mudada, deixava de ser a séria de sempre e adquiria um ar de hostilidade que ela desconhecia.

— Muito bem. Então, eu mesmo vou pegá-las! — decidiu.

Sakura colocou-se entre ele e a lareira.

— Se der um passo em direção à lareira, eu jogo suas roupas no fogo!— ameaçou.

— Mas o que deu em você, Sakura?! — Uma careta de dor apareceu no rosto dele quando se levantou. — Não é minha mãe! Nem mesmo quer mais ser minha amante! Portanto pare de agir assim!

Sasuke ameaçou dar um passo, mas a força de suas pernas pareciam não ser compatíveis com a de sua vontade. Praticamente caiu sobre Sakura, que teve grande dificuldade em levá-lo de volta para a cama, onde acabou por cair por cima dele.

E toda a indignação que se forçara a mostrar até então desapareceu como por encanto. Uma sensação deliciosa apoderou-se de seu corpo quando sentiu seu peito junto ao de Sasuke. O desespero que a tomara quando vira seus criados tirando o corpo inerte de Sasuke do rio agora desaparecia por completo, porque ele estava ali, junto dela, quente como sempre, vivo! Poderia afastar-se, mas adorava estar assim, sentindo-o por completo, percebendo que ele a desejava ainda, talvez como nunca.

Quem sabe estivesse agindo errado o tempo todo, pensou por uma fração de segundo. Talvez, em vez de querer forçar Sasuke a permanecer na cama, fosse melhor e mais fácil seduzi-lo para ele ficar. Então, acariciou-lhe o rosto e sussurrou:

— Gostaria que eu voltasse a ser sua amante? Pelo menos por uma noite? — Sua voz fraquejava, não por causa do desejo, mas porque um temor absurdo a afligia no momento: e se Sasuke agora a recusasse?

അഅഅഅഅഅഅഅ

Ele ainda não acreditava no que acabara de ouvir. E, mesmo que aquilo fosse verdade, que Sakura o estivesse querendo, poderia arriscar o futuro de sua irmã permanecendo ali, com ela, e deixando que Emily e Oliver ficassem à vontade para agir como quisessem?

— É claro que sim — respondeu, também sussurrando. — Parece-me óbvio que sim, não? O que não consigo entender é por que, de repente, você não se importa mais se minha irmã e seu sobrinho possam fugir de nós, já que estão tão perto.

— Não quero que eles escapem — Sakura explicou, com certa culpa no coração. — Mas também não quero que você arrisque sua saúde para impedir que meu sobrinho cometa um erro.

Sasuke encarou-a, sentindo-se incrivelmente tentado a beijá-la. Estaria assim tão errado colocar seu desejo antes de sua obrigação para com os outros? Ao menos por uma vez?

Sem sair da posição em que se encontrava, ela propôs:

— E se eu pedisse aos meus criados para verificarem as hospedarias da região? Quando localizarem Oliver e Ivy, poderão ficar vigiando e, ao amanhecer, eles os trarão aqui.

Aquelas palavras tentavam-no quase tanto quanto as curvas macias do corpo de Sakura junto ao seu. E aqueles intensos olhos verdes, brilhando, ansiosos por sua resposta, excitavam-no.

— Se eu falar com os meus criados e eles fizerem o que eu disse, promete ficar na cama, sem tentar sair por aí no meio da noite? — ela insistiu.

— Ficar na cama... Com você?

— Sim. Comigo.

Sasuke ergueu um pouco o rosto e deu-lhe um longo beijo. Aquele que vinha querendo dar-lhe desde que a reencontrara. Um beijo com toda a força e a saudade de seu amor.

— Está bem, lady Haruno. Temos um acordo, então — sussurrou logo em seguida, ainda muito próximo dos lábios dela. E depois tornou a beijá-la, agora com uma paixão ardente que os fez se esquecer de tudo o mais.

Sasuke sentia certa mudança em seu relacionamento com Sakura. Era como se, desde que se tinham tornado amantes, ele a tivesse procurado como um criado ou alguém a quem ela estivesse fazendo o grande favor de se entregar. Mas, nessa noite, sentia que ela estava sendo, de alguma forma, subjugada pela força de seu amor.

— Por que não vai falar com seus criados logo, antes que eles se recolham? — sugeriu, entre beijos.

— Claro... — Sakura parecia estar tão zonza quanto ele quando despertara de sua inconsciência. E, ao levantar-se para ir fazer o que ele dissera, sentiu que suas pernas fraquejavam. Foi até a lareira e ouviu Sasuke estranhar:

— O que está fazendo?

— Vou levar suas roupas comigo, para garantir que você não vai vesti-las e sair enquanto falo com Ned e com o Sr. Hixon.

Sasuke sorriu, enfiando-se embaixo das cobertas novamente.

— Parece que a minha palavra de cavalheiro já não é suficiente para convencê-la, lady Haruno — observou.

— Pois eu suspeito que, por baixo de todo esse cavalheirismo e de toda essa honra, meu querido, você deva ter uma centelha de canalhice, sabia? E não pretendo arriscar nada. Quero ter certeza de que estará aqui quando eu voltar.

— Então, juro que não vou me mover mais do que o suficiente para alcançar a bandeja.

— Ótimo. É melhor mesmo comer algo. — E, sorrindo com malícia, acrescentou: — Para manter as forças...

— É? Então, é melhor ir logo falar com os criados, ou vou puxá-la para esta cama e fazê-la esquecer de por completo dos dois malucos que nos fizeram começar essa viagem.

Sakura sorriu e foi até a porta. Já a abria quando ouviu:

— Não demore mais do que o necessário, Sakura.

— Nem um segundo a mais, meu querido. Eu prometo!

അഅഅഅഅഅഅഅ

Depois de avisar os criados sobre o que queria que fizessem Sakura subiu as escadas dos fundos, ansiosa por voltar ao quarto. A ideia de que Sasuke a estava esperando, sob as cobertas, a aquecia de desejo. Algo mais a apressava também, embora não quisesse admiti-lo nem para si mesma. Eram as dúvidas e incertezas sobre o que estava prestes a fazer. Sabia muito bem que reatar aquele romance só traria mais dor para ambos quando tivessem de se separar novamente. E ela sabia que ficaria melhor do que ele, porque, afinal, teria seu filho para consolar a tristeza e a solidão. Sasuke nada teria...

— Sra. Uchiha? — chamou uma mulher atrás de Sakura, fazendo-a voltar-se de pronto. — A senhora e seu marido precisam de mais alguma coisa?

"Seu marido". A camareira a chamara pelo sobrenome de Sasuke... Sakura sentiu o coração se acelerar. Toda a amargura e a traiçãoque haviam ficado como lembranças de seu casamento era um vivido contraste em relação ao que havia agora em seu relacionamento com Sasuke.

— Não, obrigada. Temos tudo de que precisamos — respondeu com um sorriso.

— Não quer que as roupas do cavalheiro sejam lavadas?

Sakura dava-se conta de que segurava as roupas dele.

— Oh... Não, não... Obrigada. É que... Notei que um botão estava frouxo e... Levei a calça de meu marido para que o nosso criado o costurasse de volta ao lugar. Sabe, ele foi aprendiz de alfaiate e sabe muito bem lidarcom uma agulha... — A explicação parecia-lhe excessiva, mas a mentira era o que a provocava. Se continuasse assim, admirou-se, acabaria contando ainda mais mentiras do que lhe tinham contado a vida toda.

— Muito bem, então, senhora. Se precisarem de alguma coisa, é só tocar a sineta. Espero que passem uma noite agradável aqui.

— Ah, tenho certeza de que passaremos. — Pelo menos isso era verdade, Sakura ponderou. E seguiu pelo corredor com passos calculados, para não levantar suspeitas quanto à sua pressa por regressar.

Ao entrar no quarto, encontrou-o iluminado apenas pela claridade vinda da lareira.

— Quando lhe pedi para que voltasse logo, não quis dizer que deveria correr o tempo todo — Sasuke observou, percebendo que ela respirava fundo. Sakura sorriu, trancou a porta e avançou para a lareira, onde tornou a pendurar as roupas.

— Não comeu nada — comentou, notando que os sanduíches ainda se encontravam no prato.

— Porque achei que seria muito mais agradável dividi-los com você. Além do mais, minhas mãos estão um tanto trêmulas. Acharia que sou mimado se lhe pedisse que me alimentasse? — Havia um tom de malícia na voz dele que a fez sorrir outra vez.

— Muito mimado — comentou, escolhendo um lanche. — Mas eutambém fui mimada ontem à noite quando me apoiei em você, na carruagem, porque estava assustada. Não vejo por que não possamos nos mimar de vez em quando.

Sakura chutou longe os sapatos e sentou-se na cama, segurando o lanche para Sasuke e mordendo um pedaço de outro. Sentiu os lábios dele tocarem sua mão quando Sasuke mordia outro pedaço, e isso causou-lhe um arrepio intenso por todo o corpo.

— Eles fazem bons sanduíches aqui, não acha? — comentou, tentando afastar a sensação que a sacudia mais do que poderia esperar.

O presunto era tenro e bem temperado, o pão, macio e saboroso. Mas a perspectiva de passar uma noite completamente diferente com Sasuke, ali, era o tempero mais delicioso de todos.

— Os melhores que já provei — ele concordou. E com, uma última dentada, arrebatou o resto do lanche, mordendo-lhe a mão de leve e fazendo-a rir.

— Deve estar faminto — Sakura observou, pegando mais dois sanduíches do prato. E sentou-se ao lado dele contra os travesseiros.

Sasuke achegou-se ainda mais, mas não mordeu o lanche e sim seu pescoço, fazendo-a arrepiar-se. E seguiu beijando-a muito de leve, até que chegou a seu ouvido para sussurrar:

— Voraz...

Ela engoliu em seco antes de dizer:

— Eu também... — E largou os sanduíches para poder passar os braços pelo pescoço de Sasuke e buscar-lhe a boca, num ardente beijo.

E, de repente, estavam envoltos num mar de desejo que os arrastava, como já havia acontecido tantas vezes. As mãos de Sasuke, acariciando-a, estavam como ele dissera trêmulas, mas isso não parecia perturbá-lo.Sentia a exigência de uma forma que jamais experimentara, e seus beijos intensos deixavam Sakura totalmente entregue.

Havia nele uma necessidade premente, uma fome que precisava ser saciada logo, mas Sakura pediu-lhe, entre beijos:

— Precisamos ir tão depressa? Temos a noite toda pela frente...

— Não, meu amor. Há uma necessidade muito maior — Sasuke sussurrou, acariciando-a e livrando-a das últimas peças de roupa. — Não sente também?

— Sim, mas... Se nos apressarmos, tudo vai acabar tão depressa...

Ele beijou-lhe os seios e riu, murmurando apenas:

— Então, minha querida, vamos ter de recomeça tudo... Que problema, não?

Sakura entreabriu os lábios, mas sem saber o que dizer. Nunca o vira assim tão agitado, tão ardente. Era sempre ela quem conduzia seu amor, seu desejo. Porém, nessa noite, Sasuke estava diferente. E a faria sentir essa diferença de todas as formas possíveis.


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