Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 22
Uma Confissão Inesperada


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Espero que gostem do capítulo que preparei para vocês.



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― Quer sair comigo? ― ele perguntou de repente e eu olhei para cima surpresa, minha boca formando um O, para encontrar seus olhos presos em mim.

― Eu quero! ― respondi rapidamente. Era uma chance, talvez a única, eu deveria aproveitar.

Ele sorriu e eu precisei lembrar de respirar para não desmaiar naquele momento. Darcy sabia o estrago que aquele sorriso poderia fazer? Talvez, ou então iria evitar disparar aquela arma mortal para corações fracos como o meu.

― O que você quer fazer? ― à sua pergunta um sorriso abriu-se nos meus lábios.

― Eu quero ir ao cinema! ― respondi rápido demais, só então pensando sobre o que tinha dito. Ele arqueou uma sobrancelha carregando um olhar divertido. ― Não... é... que tal comermos alguma coisa? ― Então eu vi a burrada que continuava fazendo. ― Já sei! Podemos comprar al- ― Nossa, eu era mesmo uma inútil.

Mas ele sorriu e eu me sentia feliz por ver que o humor dele estava tão bom que não se irritava com as minhas idiotices.

― Só vamos nos divertir, Lizzie.

E assim eu tive a ideia perfeita!

@@@

― Não, você está roubando!

― Só admita que encontramos alguma coisa na qual sou melhor que você!

― Impossível! ― ele respondeu com ar de diversão.

Estávamos em um clube, muito frequentado por mim e por papai. Como todo homem que não sabe como lidar com uma filha, papai havia me acostumado a todo tipo de diversão mais voltado ao público masculino. Não que as mulheres não poderiam ser melhores em determinados jogos, mas as meninas da minha idade estavam mais preocupadas com outras coisas. Eu não, era viciada em sinuca, sabia bem como encaçapar cada bola. Já Darcy precisou de algum tempo até se acostumar.

― Eu pensei que na sua casa tinha uma mesa, não é suposto que você saiba jogar?

Ele riu sem graça.

― Realmente tem, mas confesso que não fui um aluno muito bom, ou sequer interessado, quando papai tentou me ensinar.

― Você deveria. ― sorri.

― E serei. Não suporto a ideia de você ganhar para mim.

Então continuamos jogando. Quanto mais o tempo passava, melhor eram as jogadas de Darcy. Eu sabia que em pouco tempo ele poderia ser bastante habilidoso, o problema era que ele mesmo não tinha interesse algum. Bem, melhor para mim.

Continuamos nos divertindo. Quando terminamos, seguimos para o boliche e eu acabei perdendo. Darcy costumava jogar sempre com os amigos, já eu não posso dizer que realmente sabia jogar. Ele me ensinou algumas técnicas e pelo menos não passei vergonha.

Já estava escurecendo quando cansamos depois de uma tarde toda nos divertindo. Quando eu esperava que ele fosse nos chamar para retornar à mansão, ele me chamou para jantar.

― Poderíamos ir naquele restaurante perto de casa, a comida de lá é muito boa. ― falei. Embora não fosse meu favorito, era àquele tipo de lugar que Darcy pertencia.

― Quero um sanduíche.

― Tem sanduíche nesse restaurante... ― tentei novamente.

― Mas não um sanduíche gorduroso e enorme. Vamos àquela lanchonete nova.

Eu choquei. Meus olhos o fitaram e eu compreendi que não sabia muito sobre ele. Esperava que ele gostasse das coisas sofisticadas com as quais estava acostumado, mas não... ele era tão humano quanto eu.

Seguimos para a tal lanchonete, que ficava relativamente longe da mansão. Teríamos que ir de táxi, mas o tempo iria valer a pena. Assim que chegamos uma mulher jovem, em torno dos 25 anos, nos atendeu. Seu olhar de cobiça sobre Darcy me irritou, mas eu tentei me controlar – se eu fosse atacar todo mundo que olhasse para ele daquela forma iria acabar exterminando quase todas as mulheres que encontrasse, além de alguns homens. Sorrindo demais, ela perguntou a Darcy o que ele desejava e ele, da forma mais fria possível (seu jeito normal de ser), pediu que trouxesse um sanduíche de 30 cm. Meus olhos se abriram. Ele era um fominha!

― Você não conseguiria comer isso tudo! ― não aguentei guardar para mim. Ele sorriu enquanto fechava o cardápio e o colocava sobre a mesa.

― Não era a minha intenção, mas a forma como você se expressa me faz levar como um desafio.

― Desafio? Como assim? Se não era para comer sozinho, então por que pediu?

― Bom, eu tinha a intenção da gente dividir. O menor tem 20 cm e até ele é grande demais para mim, imagino que você não aguente também. ― Eu assenti. ― Então... depois disso eu penso que a gente poderia apostar.

― Apostar?

Eu estava preferindo não entender muito bem.

― Você não poderia? ― indagou arqueando a sobrancelha.

― Não, eu não poderia. ― respondi de uma vez, afinal eu não poderia mesmo.

Ele não se deu por vencido, inclinando seu corpo para frente e apoiando seu cotovelo sobre a mesa, ficando mais próximo de mim, que estava sentada na frente dele. Eu não esperava aquela aproximação.

― Recordo que você tem um pedido em suas mãos, que, considerando sua magnitude, não iria gastá-lo com algo mais simples. Então... se apostássemos seguindo o mesmo padrão, mas com alguns limites? ― falou e lançou uma piscadela. Eu tremi. Um novo pedido? Eu gostaria muito!

 ― E-e quais seriam os limites?

No entanto, antes dele responder, alguém limpou a garganta. Viramos nossos rostos no mesmo instante para só então perceber que a garçonete ainda estava ali esperando os pedidos.

― Nossa, desculpa. Eu ainda não deci-

― Só traga duas cocas, depois faremos o pedido. ― Darcy me cortou, então voltou-se para mim e tornou a ignorar a mulher. ― Os limites... ― ele pareceu pensar um pouco, tornando a falar meio envergonhado: ― Podemos deixar isso em apenas uma confissão? 

Eu não compreendia o que ele queria dizer com aquilo. Iria se confessar para mim?

― Como assim?

― Quem perder será obrigado a fazer uma confissão.

Confissão? Era isso mesmo? Ele iria se confessar!

Eu devo ter me mostrado alegre demais, pois ele revirou os olhos e balançou a face em negação.

― Não esse tipo de confissão, Lizzie! Será algo que você nunca falou para alguém. Alguma coisa que escondeu, ou que a atormenta. Algo que seja somente seu.

Eu ponderei por um tempo, seria difícil encontrar algo para falar. Todos sabiam tudo sobre mim! O que eu poderia falar?

No entanto, tinha o outro lado. Ninguém sabia nada sobre ele, isso me daria uma vantagem sobre a Stefanski. Eu não poderia perde aquela chance!

― Aceito! ― falei rápido demais, logo pensando que eu não sabia o que realmente tinha aceitado. ― Espera... o que realmente estamos apostando?

― Hm, vamos ver quem consegue comer um sanduíche de 30 cm primeiro. ― disse ao inclinar-se para frente e apoiar o cotovelo sobre a mesa, deixando que seu queixo ficasse apoiado sobre a palma da sua mão.

Avaliei a aposta por um momento e vi que eu nunca poderia conseguir, aquilo era absurdo.

― Ei, eu não posso apostar isso!

Darcy sorriu e acenou para a garçonete.

― Você já apostou. Dois sanduíches de 30 cm... ― então ele passou a dizer tudo o que queria nos sanduíches, no fim eu vi que ele iria ficar muito maior do que eu pensava.

Apesar de assustada, não pude dar para trás; atacamos os sanduíches assim que eles chegaram. Ele estava delicioso, isso é fato, mas assim que cheguei na metade já não aguentava mais. No entanto eu me chamo Elizabeth Bennet, a garota que não desiste de nada. Uma rápida olhada para Darcy foi o suficiente para saber que ele também não estava se sentindo muito bem em ter que comer tudo aquilo, então eu tratei logo de comer o mais lentamente que eu podia, mastigando tudo com cuidado, e dando apenas pequenos goles na coca para ajudar o conteúdo a descer. E, depois de um esforço tremendo e de várias tentativas de regurgitar frustradas, eu ganhei!

Mas nem tudo pode ser perfeito, porque assim que coloquei o guardanapo de lado um arroto horrendo deixou a minha boca e eu fiquei vermelha de vergonha. Que mico!

Por sorte, ao invés de fazer cara feia para mim, Darcy começou a rir e eu pude me sentir melhor, embora não pudesse fazer muita coisa com a cor que tomou meu rosto. Mas depois que aquela vergonha havia ficado no passado eu conseguir criar um pouco de coragem para comunicar a minha vitória e cobrar meu prêmio; não iria perder tempo, estava curiosa demais para saber o segredo do cara que amava.

— Eu não sei o que fazer com o meu futuro. — ele falou depois de alguns segundos em silêncio e uma respiração profunda. Eu congelei, afinal aquilo não fazia sentido.

— Está brincando, não é? — perguntei sem fôlego, meu corpo tenso.

— Eu não brinco. — E por mais que isso pudesse parecer inacreditável, vindo dele parecia verdade.

— É... eu sei. Mas é que isso é muito estranho; você pode fazer qualquer coisa.

Ele ficou em silêncio. Talvez eu estivesse falando as palavras erradas.

Tentei novamente.

― Eu quero dizer... Você pode fazer qualquer coisa porque é um gênio. Nós, pobres mortais, temos que pensar calmamente sobre o que devemos fazer porque não há chance de voltar atrás. Mas, como tudo parece tão complicado, eu estou perdida.

― Eu também estou perdido. Até um tempo atrás, acreditava que só devia seguir o fluxo e fazer o que a minha família esperava que eu fizesse. Na minha mente, eu não tinha escolha.

― Mas você tem.

― Sim, eu tenho... E agora estou mais perdido do que quando achava que não tinha.

― Mas eu sinto que você pode fazer tudo, Darcy. Você pode ser professor universitário, ou pode inventar remédios... Melhor, você poderia virar um médico e curar doenças incuráveis. O seu potencial é incrível. Você só precisa avaliar as possibilidades.

Ele ficou em silêncio por um tempo e só voltou a falar quando eu achei que a nossa conversa já havia acabado.

― Mesmo que haja milhões delas, não significa nada se você não sabe o que quer fazer. Até recentemente eu conseguia fazer tudo. Em outras palavras, eu estava entediado. Agora que minha vida parece ter encontrado um rumo, parece que tudo mudou. O que é importante para mim, ou o que me interessa. Nunca soube direito, só recentemente que comecei finalmente a descobrir o que são essas coisas.

― Bem, muitas pessoas levam uma vida inteira para decidir o que vão fazer do futuro. Você só recentemente despertou para isso, não pode se pressionar a encontrar algo em tão pouco tempo.

Com um suspiro, Darcy me olhou nos olhos e eu quase consegui ver a sua alma.

— Lizzie, por mais que você pense que sou incrível, eu não sou. E não serei jovem para sempre, as decisões precisam ser tomadas agora. Já estou na idade.

Então, com outro suspiro Darcy se levantou da mesa e foi até o caixa. Eu fiquei no meu lugar sentada, olhando para o lugar antes ocupado pelo meu amor. Eu não sabia o que fazer para ajudar e alguma coisa me dizia que aquilo não estava ao meu alcance, que ele precisava se encontrar sozinho. O duque e a duquesa haviam o protegido tanto que Darcy se sentia perdido, jogado ao vento sem saber qual caminho seguir; ele precisava tomar as rédeas da sua vida.

Darcy voltou um tempo depois e precisou me despertar das minhas reflexões. O segui sem entender muito bem o que estava fazendo, pensando em como ele havia contado coisas que mais ninguém sabia para mim. Isso me fez bem, me mostrou que talvez ele não me odiasse mesmo. Chamamos o táxi e quando ele chegou seguimos para casa. A viagem não foi muito longa e logo eu estava me despedindo de Darcy e correndo para o meu quarto. Lá, eu extravasei todo sentimento que guardava no meu peito: Eu havia tido o meu primeiro encontro com Darcy! E, por mais que não tivesse sido algo romântico, eu iria guardá-lo para sempre em minha mente.

Ainda passei bastante tempo trancada em meu quarto até que desci para beber um pouco de água. Apesar de tudo está escuro demais, eu consegui me locomover sem problema, até que vozes chamou minha atenção. Pela hora eu não esperava encontrar ninguém acordado, e foi por esse motivo que eu segui o som; minha curiosidade era sobrenatural.

— Por que isso? Você não precisa! Logo agora que as coisas estavam indo tão bem. — exclamava Maggie e pelo tom da sua voz eu comecei a ficar preocupada.

— Eu preciso, mãe, como poderei amadurecer se sempre terei vocês me protegendo? — Darcy replicava. O que ele queria dizer com aquilo?

— Mas você não pode ficar só, eu não deixarei! — ela respondeu. Fez silêncio e tornou logo em seguida. — Querido? — Eu julguei que estivesse falando com o Duque.

— Papai? — Darcy também falou.

E novamente silêncio.

— Compreendo. — a voz do Duque parecia sem vida, mas ainda assim podíamos identificar a imponência do homem. — Um homem precisa experimentar algo assim ao menos uma vez na vida. Você pode ir, tem a minha autorização. Faça uma tentativa.

Ir? Ir para onde?

— Obrigado, pai. — a voz de Darcy parecia bem mais animada e eu poderia imaginar facilmente ele abraçando o duque nesse momento.

— Querido, não... Fitzwilliam! — Maggie não parecia muito bem.

— Eu preciso, mãe, morar sozinho por uns tempos vai me ajudar.

Darcy estava indo morar sozinho?

Mas, se ele disse que não me odiava, por quê? O que está acontecendo?


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Notas finais do capítulo

E aqui se foi mais um capítulo. Espero vocês no próximo, ele terá algumas surpresas agradáveis. Ou não. Haha, beijos. ♥