Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 16
O Momento Crucial ― Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores. Como estão? Essa parte da história foi dividida em apenas duas, estamos na reta final do Ensino Médio. Finalmente nossos amores vão se tornar adultos. Estou contando os minutos e chorando de felicidade: A FORMATURA VEM AÍ!!! *---*



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― Olha, Bennet não está na lista. ― disse alguém e eu ignorei. Já era a quarta pessoa que falava algo sobre isso, o que me deixava irritada.

Depois das férias, tivemos outro teste geral, o que rendeu uma nova lista. Eu até tentei ficar entre os colocados, mas a ajuda de Darcy foi crucial na primeira vez, de modo que a ausência dela me impediu de conseguir uma colocação. Eu não lamentava isso, meu desejo de estar na lista já havia passado. Agora eu só queria levar as coisas no meu ritmo normal. O problema é que eu não era normal, se comparado aos outros ali, e sempre tendo que me preocupar. A preocupação era tanta que eu tinha uma reunião com uma das conselheiras para tratar de assuntos relacionados à minha admissão na faculdade. Como eu havia entrado no meio do ano, não tinha muita chance de conseguir entrar em uma faculdade conceituada.

― Bom dia, Srta. Bennet.

― Bom dia, Sra. Roberts. ― respondi sentando-me em uma das cadeiras vagas em sua sala que era até agradável, em móveis com de mogno.

― Bem, querida. Diferente da maior parte dos alunos, estamos precisando ter essa conversa. ― Eu assenti. ― Mas antes gostaria de saber se tem alguma área pela qual você se interessa.

― Hm... eu não tenho certeza.

― Hmm... E tem alguma faculdade de preferência?

― Eu sempre sonhei em estudar em Oxford. ― sorri ao responder.

― Compreendo... Mas, minha querida, eu tenho olhado seu histórico na sua escola antiga. Tirando que suas notas eram medianas, você não tem nenhuma atividade extracurricular para apresentarmos. Temo que isso seja um problema.

― Um problema? Então não vou poder tentar Oxford? ― indaguei assustada.

― Não, não foi isso que eu quis dizer. O que falei é que mais da metade dos alunos das melhores escolas do Reino Unido estarão tentando uma vaga em Oxford e que isso poderá ser um problema para você, não que realmente é.

― Mas eu fiquei entre os primeiros colocados no semestre passado, isso deve servir para alguma coisa, não? ― perguntei esperançosa.

― Meu anjo, só serviria se você tivesse permanecido entre eles dessa vez também. As universidades iriam avaliar o seu currículo e ver que, quando se esforça, pode chegar longe. Mas você saiu, não há muito que podemos fazer.

― Então não há outro jeito?

― Bem, sempre há. Vejamos... você pode tentar uma faculdade menos conceituada.

Assim que as palavras chegaram aos meus ouvidos eu pensei... “faculdade menos conceituada”. Era óbvio que eu não poderia aceitar. Segundo Georgiana, toda a família havia estudado em Oxford, de modo que Darcy iria para lá. Eu tinha que conseguir uma vaga em Oxford!

― Não é opção, eu preciso de alternativas.

― Não há. Se quiser cursar uma faculdade, terá que aceitar isso. Mas até mesmo as menos conceituadas são exigentes, o que faz com que tememos o resultado.

― Como assim?

― Foi como falei... você não tem nada que lhe indique, além da sua colocação na segunda lista de primeiros colocados. Se tivesse ficado também nessa última...

― Mas e se eu voltar para lá? Eu posso fazer isso.

― Não teremos mais provas desse tipo, Elizabeth. Agora as notas serão apenas para conclusão, sem lista.

― Então... como posso fazer para ir para a faculdade?

― Sua única opção seria a faculdade da nossa escola, o que já vai ser difícil.

― A Universidade de Derby?

― Sim. Ela avalia mais o potencial do que os resultados do Ensino Médio. Olhamos onde os alunos podem chegar, não onde estão. Se tivermos um bom trabalho por trás podemos conseguir uma vaga. Infelizmente você não tem nenhuma atividade extracurricular, mas ser próxima do Duque de Dorset pode nos servir.

― Mas... mas eu não sou próxima do duque.

― Você reside no mesmo lar, então já é suficiente. Só em colocar tal endereço bastará. Sua Graça vem patrocinando nossa escola há muitos anos, e a faculdade praticamente pertence à família, exceto porque é sem fins lucrativos.

― Não gosto muito disso...

― Essa é a única forma, Elizabeth. Seguiremos por esse caminho e veremos onde podemos chegar. ― e eu assenti.

Não havia muito que eu poderia fazer, minha única opção era aceitar aquilo. Embora quisesse conquistar meu lugar na faculdade com meus próprios méritos, eu não tinha trabalhado para conseguir isso acreditando que teria que trabalhar assim que deixasse a escola. Agora não havia mais essa opção, eu finalmente iria poder estudar. Mas a que custo?

@@@@@

― Lizzie? ― disse Maggie depois de algumas batidas na porta. Ela havia desistido e entrado. ― Algum problema, minha querida? Você tem estado aqui desde que chegou da escola, precisa sair um pouco deste quarto.

Eu, que estava sentada em uma poltrona que ficava junto à janela só sorri sem graça; sempre causando problemas.

― Me desculpe, Maggie. ― Maggie sorriu, mas era nítido que ela não iria desistir facilmente. Sendo assim, sentou-se na poltrona frente à minha e sorriu mais uma vez, me encorajando a falar. ― Bem... é que começaram as inscrições para a faculdade. Todos os alunos estão respondendo formulários para enviar às faculdades nas quais têm interesse.

― Compreendo... e você está preocupada com isso porque não sabe em qual quer estudar, é isso? Minha querida, você só precisa se inscrever no máximo que puder, quando enviarem a resposta é que precisará decidir.

Era ótimo como tudo parecia simples com Maggie, mas infelizmente não era.

― Infelizmente não é com isso que estou preocupada... ― suspirei. ― Na realidade não há muitas opções para mim. Eu não tenho um currículo excepcional, na verdade ele nem sequer se enquadra na média, e minha melhor opção é a faculdade da escola.

― Faculdade da escola? Mas há tantas opções por aí.

― Hmm, não tantas, na verdade. As faculdades que poderiam me aceitar não estão em uma posição considerável entre as melhores do Reino Unido, me deixando com poucas opções. Essas poucas opções não me aceitariam. A própria faculdade da escola pode não me aceitar, exceto por um detalhe...

― E qual seria, meu anjo?

― Minha associação com o próprio Duque de Dorset. Soube que a faculdade foi uma ideia de um dos antigos Duques de Dorset, e que por isso o atual duque tem tamanha influência lá.

― Verdade, o tataravô do meu marido sempre incentivou o conhecimento. A universidade foi uma das suas melhores ideias, tanto que a deram o sobrenome de um dos títulos da família, “Derby”, em sua homenagem. Mas, querida, eu não vejo qual o problema nisso. Me explique, por favor.

Eu suspirei, estava sendo mais difícil do que eu achava que seria.

― Eu só não queria entrar na faculdade dessa forma...

Maggie me olhou por algum tempo, sua expressão confusa, mas depois de um tempo ela assentiu.

― Ah, sim... começo a compreender. Lizzie, por mais que você seja próxima da família, não acho que seja apenas por isso que poderá ser aceita. Claro, isso ajudará, mas a faculdade é completamente independente nesses aspectos. A família não tem qualquer influência.

― Não é totalmente assim...

― Não, eu sei, mas nós não nos intrometemos. Se eles a escolherem, será porque você tem o perfil que a faculdade busca. Tenha mais confiança em si mesma, afinal não é ser escolhida que importa, mas conseguir sair de lá e enfrentar o mercado de trabalho. Você precisará lutar suas batalhas sozinha e é isso que deveria realmente importar.

Resignada, segurei sua mão direita e sorri. Uma mãe estava me fazendo mais falta do que eu já havia percebido.

― Obrigada, Maggie.

― Não tem de quê, minha querida. Me procure sempre que desejar, mas pare já de pensar em coisas assim.

― Certo, irei parar. ― respondi sorrindo e ela logo deixou o quarto.

Eu passei os próximos dias preparando a minha inscrição e foi com grande alegria que recebi o resultado do meu trabalho: Eu havia sido aceita! Finalmente estaria na faculdade. Quase todos os Darcy’s estavam felizes comigo e com meu pai e nos reunimos para sair e comemorar. Foi enquanto estavam todos conversando entre eles que Darcy, que estava ao meu lado, soltou algo que eu não esperava:

― Por que você vai para a faculdade?

Eu não entendi direito a sua pergunta, afinal era meio óbvio para qualquer um que estivesse terminando os estudos. Então não foi surpresa nenhuma quando olhei para ele completamente confusa, tentando articular algo que fizesse sentido.

― Bem, para estudar...

― Mas você não é boa em nada, não tem interesse em nada em particular, não vejo motivo para ir. Então por que se dar ao trabalho assim? Não é melhor só procurar um emprego qualquer?

Eu bufei irritada. Quem era ele para falar assim comigo?

― Não importa. Se não for para estudar, posso muito bem encontrar algo que realmente me agrade enquanto estiver lá. É para isso que vamos à faculdade, descobrir o que gostamos ou no que somos bons.

― E como saberá que encontrou quando isso acontecer?

― É fácil! O meu coração começará a bater forte sempre que eu me ver fazendo isso. ― respondi estampando o meu particular sorriso de sonhadora. Mas Darcy, no entanto, me pareceu meio distante, como se não estivesse ali conosco. Depois de um tempo, ele respondeu como se nada tivesse acontecido.

― Gostaria de experimentar um sentimento assim.

Olhei-o sem compreender o que aquelas palavras significavam de início, mas à medida que a ficha caía, ele virou e começou a me ignorar. Será possível que ele realmente não tivesse experimentado um sentimento assim? É realmente algo possível? Todo mundo, em algum momento em particular, sempre chega a experimentar algo que gosta de fazer. Será possível que Darcy era tão diferente assim da maioria das pessoas? Era difícil para eu compreender, precisaria saber como funciona a mente de um gênio para realmente entender a dele. Foi só quando estávamos jantando, alguns dias depois, que tudo fez realmente sentido. Ou não...

― Finalmente chegou o dia de o meu querido Fitzwilliam fazer as provas para as faculdades... ― começou Maggie.

― Sim, querida. Filho, você sabe que estará livre para escolher a que desejar! ― disse o Sr. Darcy. Não sei por que, mas a forma como Darcy ignorava tudo aquilo me foi meio estranha, mas quando ele falou foi que eu entendi o que estava acontecendo.

― Eu não vou fazer nenhuma prova ou entrevista.

― Como? ― perguntou o Sr. Darcy.

― O quê? ― gritou Maggie. Todos os outros estavam espantados, inclusive eu.

― Eu disse que não quero fazer as provas e entrevistas. Não irei para a faculdade.

― Qual o motivo disso? ― indagou o Sr. Darcy. Era notório que aquilo não agradava o duque.

― Porque não tem nada que eu queira fazer, e eu não me sinto como se estivesse indo a qualquer lugar também.

― E o que você fará, então? ― tornou o Sr. Darcy.

― Bem, eu posso sempre arrumar um emprego qualquer. ― falou Darcy como se estivesse dizendo qual a cor das cortinas. Ele não entendia o que estava dizendo?

― Fitzwilliam Darcy! ― vociferou o duque. ― Sua vida é uma piada? Você quer vivê-la de qualquer jeito?

A Sra. Darcy tentou acalmar o marido, mas não estava tendo algum resultado. Dessa forma, começou logo a falar.

― Querido, você sempre pode ajudar a mamãe na administração da loja.

Espera, loja? Ela tinha uma loja? Como eu não sabia? De qualquer forma, Darcy não deu muita atenção e continuou falando com o pai calmamente.

― Então, como acha que devo viver, pai?

― O que você quer dizer com isso?

― Você diz que eu devo ir para a faculdade, mas é porque não sei o que fazer com a minha vida que escolho não ir. Não quero ser mais uma pessoa que vive sem qualquer motivação. Então, como devo viver?

― Você é um marquês, Fitzwilliam! Você não é qualquer pessoa! ― tentou o Sr. Darcy, mas Darcy não parecia dar muita atenção.

― Você herdará o título, e sempre poderá estudar para administrar a empresa da sua família. ― falou papai. Eu fiquei na minha, calada, sabia que falar ali não iria ajudar em alguma coisa. Georgie também, ela só olhava aquilo tudo e eu suspeitava que ela não estivesse tão surpresa assim. Ela conhecia demais o irmão. Não consigo saber como, mas ela parece ler ele sem qualquer dificuldade.

― Você sabe que sou egoísta, certo, pai? ― tornou Darcy. ― Não tenho qualquer plano de cuidar de um negócio que nem sequer gosto, então não espere nada de mim. Eu não posso fugir do título, e na verdade não tenho esse interesse, mas procure outros planos para a corporação.

― Fitzwilliam! ― a Sra. Darcy tentou chamar atenção dele, mas Darcy não estava preocupado com isso.

― Já terminei, se me dão licença. ― ele disse calmamente, erguendo-se da cadeira e saindo da sala de jantar, deixando para trás rostos não muito felizes com a decisão dele.

― Esse bastardo... ― disse o Sr. Darcy.

― Calma, amigo. Ele pode estar dizendo isso, não quer dizer que realmente vá deixar de ir para a faculdade. ― falou papai.

― É verdade... ― murmurou o Sr. Darcy e alcançou um copo com água para bebericar um pouco do líquido.

― Ele tem tudo tão facilmente, é por isso que não tem nenhuma motivação. Sinto que nós erramos com nosso filho, querido. O que podemos fazer agora que está tarde demais?

― Não, mamãe. ― Finalmente Georgie falou, tentando acalmar a mãe. ― Will só está confuso, logo ele encontrará algo para fazer. Dê tempo a ele.

― Eu realmente espero que seja isso, querida. ― disse o Sr. Darcy, logo em seguida pediu licença e deixou o recinto. Algo me dizia que aquele velho jovem homem estava se sentindo ainda mais velho diante da recusa do filho. Não era bom para um pai escutar algo assim do filho. De qualquer forma, eles poderiam esperar, mas a conversa de uns dias atrás no restaurante ainda estava na minha mente e eu tinha certeza que ele estava falando muito sério e que não iria voltar atrás de uma hora para outra. Mas eu não poderia deixar as coisas assim, precisava fazer alguma coisa. E foi com esse pensamento que eu fui atrás de Darcy.

Não foi muito difícil encontrá-lo, uma vez que ele só poderia estar em dois lugares: na estufa ou na biblioteca. Como já era noite e ele não gostava de ir para a estufa quando anoitecia, ele só poderia estar na biblioteca. E foi lá que o encontrei, sentado em uma poltrona lendo um livro. Tentei ganhar sua atenção chamando seu nome, mas ele nem sequer parou de ler. Se ia ser assim, tudo bem.

― Darcy... você vai fazer a prova amanhã e a entrevista depois, certo? Todos estão preocupados com você, especialmente o seu pai. Ele continua preocupado com o seu futuro. Você poderia, sabe, fazer essas provas e decidir se vai ou não depois. O que você fará se depois de não ir decidir que quer fazer faculdade? Por favor, me responda. ― Silêncio. ― Você pode fazer praticamente tudo, então precisa usar sua habilidade para ajudar os outros. Eu acredito que aqueles que têm muito devem dividir com os outros. Eu, por exemplo, gostaria de dividir o que tenho, mas já não possuo nada. Só pense nisso, certo? Depois decida o que quer fazer. E... até amanhã.

Fui para o meu quarto me sentindo frustrada. Eu queria muito que ele me escutasse, mas não tinha certeza que tivesse feito. Bem, não seria novidade se estivesse realmente me ignorando. De qualquer forma, aquilo não era minha culpa e eu precisava seguir em frente.

Mas isso não me impediu de acordar cedo e ficar à espera de Darcy. A prova começaria cedo, então ele teria que sair logo de casa. Junto com toda família Darcy, fiquei na expectativa durante todo o café da manhã. O Sr. Darcy, que costumava sair cedo, havia ficado em casa por mais algum tempo para ver o que iria acontecer. Ele não gostava de se intrometer nos assuntos do filho e eu podia ver o quanto estava sendo difícil para ele fazer aquilo. No entanto, ele precisava intervir, afinal era sua função de pai. Mas Darcy, segundo Georgie, sempre havia sido muito independente. Ninguém conseguia fazê-lo mudar de opinião sobre algo. E embora ela tenha falado que ele iria mudar de opinião para acalmar a mãe, não via isso acontecendo de forma alguma. Ela já esperava que o irmão não fosse fazer a prova. Isso me entristeceu.

Mas não por muito tempo, pois Darcy apareceu e sentou-se à mesa como se nada estivesse acontecendo. Como todas as manhãs, ele sentou-se em seu lugar e começou a tomar o café da manhã. Estava com o uniforme da escola, o que era meio estranho uma vez que as aulas haviam sido canceladas para o último ano... E foi então que a ficha caiu:

Ele iria fazer a prova!

Como assim? Georgie havia dito que ele nunca iria mudar de ideia, então como ele mudou?

Olhei para Georgie procurando respostas, mas ela deu de ombros sinalizando que também não estava entendendo. O jeito era esperar e ver no que aquilo iria dar.

Depois que todos terminaram o café da manhã, ficamos sentados na sala de estar passando o tempo enquanto Darcy subia para terminar de se arrumar. Quando já fazia algum tempo que eu estava ali, tomei uma decisão: eu iria com ele. Subi para o meu quarto e me arrumei o mais rápido que pude. Quando finalmente estava pronta, desci para esperá-lo junto com todos. Quando ele finalmente desceu as escadas todo mundo pareceu aliviado, parecia que aquele era o acontecimento mais importante do ano. Quando já estava no térreo, Darcy olhou para todos e revirou os olhos. Revirou os olhos e depois tossiu. Tossiu!

― Espera, é um resfriado? Você está doente? ― falou Maggie, nervosa.

― Talvez. ― respondeu Darcy.

― Eu tenho um remédio! ― falei antes de todos e já procurei entre os pertences dentro da bolsa. Encontrei o remédio e entreguei a Darcy enquanto uma empregada, às ordens de Maggie, ia buscar um copo com água na cozinha. Depois que a empregada voltou, Darcy tomou o remédio e colocou o copo sobre a bandeja.

― Esse remédio não causa sonolência, não é?!

― O quê? Sonolência? ― apressei-me em procurar na bula para saber e me angustiei com o resultado: Não dirigir depois de ingeri-lo! Droga! Droga! Droga! ― Cuspa! ― gritei me aproximando para fazê-lo colocar para fora, mas Darcy me afastou facilmente.

― O que está fazendo? É sempre assim com você! ― resmungou se arrumando, afinal minha aproximação havia deixado ele todo descabelado (ele costumava deixar seu cabelo impecável no bom aspecto almofadinha).

― Vai dar tudo certo, afinal você é capaz! ― disse a Sra. Darcy rindo, mas sua insegurança era notável pela forma que falava.

Não foi muito difícil para ele aceitar eu ir junto, mas disse que só seria até a metade do caminho. Como não tinha alternativa, aceitei e decidi que iria para a casa de Charlotte. Como ela morava perto de Jane, não seria difícil conseguir juntar elas duas.

― Você é um ótimo filho! ― falei quando já estava no carro.

― Pare de bobagens. ― ordenou Darcy. ― E o que há com toda aquela psicologia idiota? Está achando que sou igual a você?

― Você está sendo muito rude. ― respondi sorrindo. Nada do que ele dissesse iria me deixar triste. Ficamos em silêncio por algum tempo, até que Darcy mandou Sr. Reynolds parar o carro.

― Desça.

― Como...? ― perguntei procurando saber onde estávamos, foi quando notei a entrada para o metrô.

― Desça e siga seu caminho. ― repetiu sem sequer me olhar. Não iria discutir, então apenas abrir a porta para descer. Quando já estava do lado de fora, virei-me e lhe desejei boa prova.

Não demorei muito para chegar à casa de Char e de lá chamamos Jane. Passamos horas conversando e matando a saudade. Char e Jane, assim como eu, estavam felizes com os resultados da faculdade: nós três iríamos estudar juntas novamente, elas haviam tentado entrar para a mesma faculdade e haviam conseguido! Já era bem depois da hora do almoço quando Jane recebeu uma mensagem e notei que ela parecia preocupada.

― O que foi, Jane?

― Não é nada... é só Charles... ― ela falou, mas eu vi que era alguma coisa séria.

― O que aconteceu, Jane? Pode falar. ― tentei mais uma vez. Ela suspirou resignada e começou a finalmente falar.

― Ele disse que Darcy teve problemas durante a prova. Segundo ele, dormiu quase todo o tempo e teve que responder direto no gabarito faltando poucos minutos. Nem Darcy pode dizer se foi bem. Eles estão preocupados com o amigo e falou que não poderá me encontrar hoje pois estão tentando sair com ele.

― O que você disse? Darcy foi mal na prova porque dormiu? ― perguntei nervosa.

― Sim, parece que ele tinha tomado alguma coisa antes da prova e dormiu. Mas, Lizzie, eles não sabem se foi bem ou mal. Você sabe, Darcy é um gênio e pode ter se saído bem apesar disso. ― ela disse tentando me acalmar, mas seria preciso mais que isso para conseguir.

― Sim, mas ele também pode ter ido mal e a culpa será minha, Jane. Foi eu que dei o remédio a ele! ― falei com a voz ficando embargada, as lágrimas já mostravam que a qualquer momento iriam cair.

― Lizzie, não seja assim. Você não sabe se ele foi bem ou mal, só vai saber na semana que vem. ― interveio Char, sempre a direta.

Eu tentei me acalmar durante os próximos minutos, mas não estava tendo sucesso e não queria deixar as minhas amigas preocupadas, então disse que estava indo para casa e me apressei para ficar o mais distante delas possível. No entanto, voltar para casa era a última coisa que eu queria, afinal não tinha cara para olhar Darcy depois do que havia feito, então fiquei em uma lanchonete por algum tempo enquanto não era a hora de voltar. Quando finalmente a hora chegou, voltei para casa e fiz de tudo para evitá-lo, embora não pudesse fugir das refeições obrigatórias. E foi assim que passei a próxima semana, sempre o evitando. A única refeição difícil foi o primeiro jantar, pois a prova era o assunto em alta. Darcy, apesar do que eu já sabia, disse a todos que a prova foi boa e ocultou a parte em que havia dormido. Eu sabia que aquele segredo não iria durar muito e nem queria isso, eu havia errado e merecia ser punida. Mas ele não fez, continuou me ignorando como sempre fez e, como eu não tentava me aproximar como era o costume, passamos uma semana ótima longe um do outro. Por mais que uma parte de mim, a covarde, quisesse aquilo, a outra ficava me torturando tentando pegar um vislumbre dele entre as brechas das portas da casa. Era humilhante!

Uma semana havia passado e o resultado da prova havia saído: 100! Ele havia tirado 100% de acertos e havia ficado na frente de todos com ampla diferença! E foi só então que eu pude suspirar aliviada depois de tantos dias, não haveria mais problema para me deixar preocupada.

E não me preocupei, afinal só havia motivos para ficar feliz! Quando finalmente chegou o sábado, foi com grande surpresa que recebi um convite de Maggie para assistir a um musical. Eu nunca havia visto um, nem sequer me lembrava de quando havia realmente saído com a minha mãe, de modo que fiquei ainda mais feliz do que antes. Segundo ela, Darcy estava ocupado com suas flores e Georgie precisou passar o dia no orfanato, então ela precisava de alguém para lhe fazer companhia. Disse que sim na hora! Ela, no entanto, precisaria sair mais cedo para resolver alguns problemas e me encontraria no lugar. Para adiantar, deixou as entradas comigo.

Eu fiquei muito animada com o novo programa, então na hora exata estava na entrada do teatro. Como Maggie não havia chegado, esperei um pouco. Depois de algum tempo ela ligou avisando que iria demorar um pouco e que era para eu deixar a entrada dela na bilheteria. Eu não entendia muito bem como essas coisa funcionavam, então apenas deixei lá com instruções para entregar à Sra. Darcy, depois entrei e fiquei no meu lugar.

O musical começou e nada, Maggie ainda não havia chegado. Como eu não queria perder nada, me concentrei na apresentação e deixei para me preocupar com ela quando fosse realmente preocupante... afinal mal tinha começado. Quando já fazia uns dez minutos que eu estava ali, senti que o lugar ao lado foi ocupado, o lugar que pertencia a Maggie. No entanto, quando olhei, não foi Maggie que encontrei, mas Darcy! Surpresa foi pouco perto do que senti e não consegui tirar os olhos dele. Ele, me ajudando, moveu meu rosto com uma mão para que eu olhasse para frente, mas foi inútil... Voltei a olhar para ele! O que, claro, o obrigou a me fazer olhar para frente novamente... e foi assim que ficamos quase toda a noite, até que eu desisti e olhei para frente. Quando a apresentação terminou, deixamos nossos lugares e minha cara de idiota sorridente deve ter entregado algo, porque ele logo perguntou enquanto andávamos:

― Qual o problema?

― Nada... é só que... o que aconteceu para você estar aqui? ― perguntei mordendo o lábio inferior. Ele continuou andando na direção onde provavelmente o Sr. Reynolds nos esperava, mas respondeu:

― O que você acha que deve ter acontecido?

Hã? Como assim?

Quando chegamos ao carro, notei que Darcy estava indo para o banco do motorista. Espera... o que estava acontecendo? Darcy dirigindo?

― O quê? Você vai dirigir? ― perguntei um pouco surpresa e assustada, afinal nunca o havia visto dirigir.

― Sim, qual o problema? Tenho a carteira tem alguns meses já. ― respondeu dando de ombros.

― Sim, mas você não dirige, não é? É sempre o Sr. Reynolds ou o Sr. Ferrars. Você, nunca.

Ele sorriu maliciosamente e depois piscou, parecia que estava escondendo algo.

― A partir de agora terá que se contentar comigo, infelizmente.

Quando ele entrou no carro fiz o mesmo, tomando o lugar ao lado. Depois de tanto tempo, apesar de sempre ficar ao lado dele dentro do carro, pela primeira vez me senti próxima. Talvez seja pelo fato de estarmos sozinhos ali. Era algo que nunca tinha experimentado antes.

― Para onde você quer ir? ― ele perguntou enquanto o carro começava a se mover. Surpresa, falei a primeira coisa que estava na minha mente.

― Para casa, não?

― Casa? Pensei que queria comer alguma coisa antes. Podemos ir a um lugar novo que descobri essa semana, eles servem uma ótima comida e ainda tem uns jogos por lá. Pode ser divertido.

O quê? Darcy me chamando para fazer algo “divertido”? O que aconteceu com ele?

Mas não importa o que tinha acontecido, eu seria uma idiota se dissesse não. Sendo assim, disse logo que sim e seguimos logo para o tal lugar novo. Quando chegamos lá o lugar era totalmente diferente do que eu esperava e começamos a andar entre as máquinas. Além de realmente parecer um lugar divertido, com vários jogos voltados para jovens e crianças, ainda tinha uma lanchonete bem aconchegante e... e eu fiquei com ciúme. Como assim ele havia descoberto aquele lugar durante a semana? Até onde eu sabia, Charles vivia com Jane e Richard estava muito ocupado estudando. Era óbvio que ele não havia saído com os únicos amigos dele, então com quem ele havia ido ali?

― Fale alguma coisa. ― sua voz rompeu o silêncio e me trouxe novamente para a realidade. ― Você parece uma demente movendo esses olhos como uma psicótica. Se continuar assim, vão nos expulsar.

― Quê-

E ele riu, mais uma vez.

― Ash-

Mas depois de pensar um pouco sobre aquilo vi que ele poderia estar certo. De qualquer forma, eu não tinha o direito de ter ciúme dele, afinal o cara tem toda liberdade para ficar com quem bem entender. Dessa forma, senti que era melhor levar a conversa para um assunto seguro:

― Hmm... Você vai fazer a entrevista para Oxford, certo?

Ele não me respondeu por um tempo, mas quando pensei que não teria resposta ouvi sua voz.

― Por que você também está fazendo isso? Eu não entendo por que todo mundo continua falando sobre a faculdade, também não entendo como tantos querem ir para uma.

― É porque você é inteligente e tem alguma coisa para oferecer...

― Eu teria que perder alguns pontos de QI para ser classificado como inteligente. ― ele me interrompeu.

― Você me entendeu... E também você nunca poderia compreender como nós mortais pensamos, afinal você é o Marquês Fitzwilliam Darcy, aquele que poderia entrar em qualquer universidade. Além do mais, não deveria ficar tão preocupado sobre como viver a sua vida. Apenas se divirta vivendo.

― Me divertir? ― ele falou parando para me olhar.

― Sim. É algo que minha avó sempre dizia para fazer... ela dizia que se preocupar demais com algumas coisas só traziam mais problemas, que era para eu me divertir. Se eu fizesse isso, tudo acabaria bem. ― falei sorrindo. E, como eu não poderia perder a chance, tentei: ― Se você vier para Derby, prometo fazer isso divertido para você.

Ele não respondeu nada, apenas continuamos vivendo a noite normalmente. Brincamos em algumas máquinas e aproveitamos para comer algo. Quando a noite terminou eu poderia facilmente classificá-la como a melhor noite da minha vida. Não que ele tivesse se aproximado mais, mas pelo menos senti como se ele estivesse desistindo das barreiras que havia construído entre nós. Isso já era um belo começo para a gente e eu não gostava de me preocupar demais com o futuro.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Como viram, Darcy vem abrindo mais espaço para Lizzie, ele finalmente vem respeitando mais ela. *-* Eu sei que boa parte de vocês já teriam desistido dele se estivesse no lugar dela (até eu), mas às vezes gosto de me colocar no lugar de Darcy e pensar no que eu faria se minha vida estivesse em risco, fazendo com que meu pai colocasse uma sombra me seguindo, por causa de alguém. Eu iria realmente continuar suportando essa pessoa? Bem, acho que não. E é por isso que não consigo odiá-lo! Ele era alguém que tinha a liberdade dele e podia viver normalmente, afinal ele não gosta muito de todo o glamour que segue a vida dele, preferindo seguir uma vida mais simples, mas se vê obrigado a mudar algumas partes dessa vida por causa dela. Afinal, quantos caras de 18 anos iria preferir cuidar de rosas a sair com os amigos? Reflitam!!! Tem outra coisa sobre a qual eu gostaria de falar... Postei o primeiro capítulo de uma nova fic tem alguns dias. Ela é uma que não tenho tanta certeza sobre continuar, então preciso da opinião de vocês. Se gostarem, estarei continuando, então deem uma olhada em "Toque-me!". Também venho trabalhando em uma One para vocês, que só falta uma pequena parte para liberar, ela está 80% completa. Estarei atualizando Ironias do Destino ainda esta semana (depois eu eu achar onde enfiei os capítulos prontos. kkk) e tenho trabalhado em duas outras fics, além de pensar em mais outras. Em breve teremos novidades. Bjs. ;*



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