(Hiatus) The Soul escrita por Rose


Capítulo 14
Parte Quatro - Capítulo Um, O Disfarçado


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus doces! Como estão vocês? Antes de tudo, desculpem-me a demora... Precisava organizar tudo o que tenho em mente para essa fic antes de postar alguma coisa. Bem, vamos dar início à quarta parte da história.
Essa quarta parte vai dar uma virada de ângulo. A cronologia desse primeiro capítulo se dá no momento em que Jared e Melanie resgatam o Ian do Hospital. Agora, vocês irão ler sob o ponto de vista de um novo personagem, até que ele se encontre com o pessoal da Caverna. Detalhes a mais nas notas finais.
Espero que curtam e tenham uma boa leitura!!
POV de Basilisco.



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— Bom dia, Curandeiro. Como passou as férias? – Ursa Menor cumprimentou-me com seu costumeiro sorriso largo.

— Passei muitíssimo bem, obrigado. Como vai? – eu tentei devolver o sorriso enquanto ajeitava minha gravata e meu crachá; odiava retornar das férias, sempre me sentia muito inseguro.

— Vou bem. Sei que o senhor acabou de chegar, mas pelo visto estão te esperando no Andar das Inserções... Parece que houve um inconveniente com um dos hospedeiros – disse ela enquanto avaliava algumas informações em seu monitor, apertando os olhos como que para enxergar melhor.

— Ótimo, obrigado – eu tentei soar o mais convincente possível sem deixar transparecer meu total pânico. Meneei positivamente para ela e Ursa sorriu para mim.

— Não há de quê. Tenha um ótimo dia – ela acenou enquanto vou me afastando.

Inconveniente e Hospedeiro na mesma frase nunca é um bom sinal. Quando saí de férias, a taxa de novos hospedeiros havia caído em quase sessenta por cento; eu estava muito aliviado. Tive tempo para aprimorar meus estudos sem consternações, e, acima de tudo, tempo para reavaliar minuciosamente meu disfarce. Nada poderia dar errado, eu tinha que ser sempre extremamente cauteloso. Um passo em falso e pronto – saberiam que eu não passo de um humano qualquer. E agora, no meu primeiro dia de regresso, sou recebido com a notícia de que não apenas houve uma inserção em minha ausência, como também houve inconveniências. Perfeito. Não poderia estar mais vulnerável.

— Por aqui, Bas – ouvi meu “apelido” na voz de uma das minhas enfermeiras prediletas, Rosa dos Ventos. Olhei para o lado e a vejo aparecendo repentinamente por de trás de alguma porta, carregando uma pilha de pastas em seus braços miúdos, tentando equilibrá-la porcamente enquanto chamava a minha atenção.

Acelerei o passo para acompanhá-la e me ofereci para segurar eu mesmo uma porção das pastas. Ela sorriu agradecida.

— Quantos anos o senhor tem, Bas? – ela perguntou muito séria.

— Novecentos e vinte e um – eu menti descaradamente. Fazia parte do meu disfarce, não é mesmo?

— Ah, então presumo que nunca tenha ouvido falar do Transtorno de Kalifa – ela falou um tanto descontente.

— Transtorno de Kalifa? Não, nunca, Rosa – eu falo completamente confuso.

Eu fiz inúmeras pesquisas antes de adentrar no território inimigo. Nenhum dos Curandeiros os quais eu interroguei tinham algo a dizer sobre “Transtorno de Kalifa”.

— Resumidamente – ela falou enquanto indicava para que virássemos à esquerda – Trata-se de uma corrupção dos genes de uma alma ao ser inserida no corpo hospedeiro. Ou seja, o material genético de ambas as espécies se misturam, resultando em um hospedeiro não-suprimido e uma alma agressiva.

— Você está dizendo que o DNA se funde? – eu perguntei perplexo.

— Sempre soubemos dos riscos genéticos, Curandeiro... Embora seja algo raro, estamos presenciando essa fusão agora mesmo. Não podemos arcar com as conseqüências de uma alma corrompida, creio que em alguns instantes algum Buscador virá para dar a ordem da remoção.

— Mas se o DNA está fundido, a remoção... – eu comecei a divagar. Seria uma remoção completamente diferente da qual estávamos habituados, algo mais cirúrgico e complicado.

— É diferente, sim, senhor. Por isso precisamos de você, Bas. O único apto ao serviço está de férias a cinco mil quilômetros daqui. Não temos cirurgiões, a não ser você, mas temos alguns Curandeiros que podem te fornecer alguma base teórica. Estas pastas – ela falou ajeitando os papéis que segurava e apontou com o olhar para as pastas que eu mesmo estava segurando. – Contêm informações que podem te ajudar.

Então paramos em frente a uma porta ao lado da Sala de Cirurgia. Eu apoiei as pastas em um dos braços e com a mão livre girei a maçaneta. Uma improvisada sala de reuniões havia sido feita no cômodo.

— Curandeiros, este é o nosso cirurgião, Basilisco – Rosa me apresentou às demais almas sentadas na mesa oval.

— É um prazer. Sou Brasão de Ferro e estes são Magma e Correnteza – disse o mais velho deles, apontando para si mesmo e depois para os outros dois respectivamente.

Eu deixei minha pilha em cima de mesa e assisti Rosa fazer o mesmo. Ela nos deu um rápido e gentil sorriso e retirou-se da sala, trancando a porta. Deixei um suspiro escapar de minha garganta e me sentei ao lado dos curandeiros.

— Estávamos fazendo os exames periódicos e não demorou muito para notarmos as peculiaridades. É só uma questão de recebermos a autorização do Buscador responsável e removeremos a alma o mais depressa possível – disse o Correnteza.

— Perdoe minha ignorância – eu limpei a garganta um tanto receoso. – Mas por que almas... Como dizem... Ah, “corrompidas” são uma ameaça para nós?

— Bem, Curandeiro, o DNA das espécies funde-se um ao outro. Geram uma espécie única que vai contra tudo o que a nossa espécie representa. Não podemos permitir uma miscigenação. Aqui, leia o que aconteceu com Pollux – disse Magma entregando-me uma das pastas.

Abri a pasta com a testa enrugada, dividido entre a curiosidade e o pânico completo. O título dizia “Colonização – Planeta Pollux”. Pensei em argumentar que Pollux era, na verdade, uma estrela, mas logo descartei a hipótese. Talvez, como alma, eu devesse saber que Pollux era um planeta. Fui lendo o documento com toda a atenção que podia dar, contendo minhas exclamações diante de tudo aquilo. Ao final da leitura, eu realmente estava... Atônito? Surpreso?

— Está bem... – eu sussurrei. – E como iremos remover a alma sem causar danos e seqüelas? – eu perguntei; era, de fato, o que intrigava a todos, não é mesmo?

— Como Rosa deve ter lhe informado, não irá ser uma remoção comum. Não nós temos instruções em cirurgias, mas temos bases teóricas. Seremos uma equipe, nós lhe diremos o que fazer e você aplicará – disse Brasão de Ferro autoritariamente.

— Essencialmente, trata-se de uma mistura entre “lobotomia” e transfusão de medula óssea, em termos cirúrgicos – disse Magma enquanto estendia um mapa do corpo humano no centro da mesa. – Faremos uma incisão aqui, entre a occipital e a cervical posterior – ele apontou para a parte de trás do pescoço. – A alma está alojada, como bem deve saber, nessa exata região. A diferença é que estará enroscada aos nervos do hospedeiro. Temos que desvencilhá-las sem danificar nenhuma das duas.

— Quando retirarmos a alma, temos de deixar o hospedeiro em repouso por cerca de cinco horas e então, prosseguiremos para a parte mais complicada: separação dos códigos genéticos. A alma vai estar desvencilhada e fora do corpo, mas ainda irá haver vestígios. Injetaremos um pouco disto – disse Correnteza erguendo um pequeno frasco cujo líquido era verde fluorescente. – No sulco intra-parietal e será o suficiente para o hospedeiro ter controle sobre si mesmo novamente.

— E o que é isto? – eu perguntei apontando para o frasco.

— Isto é a vacina deles – disse Brasão de Ferro um tanto desgostoso. – O problema disso é que, uma vez ingerido, não há volta. Separa permanentemente quaisquer vínculos que possam surgir entre ser humano e alma. Quando injetado, não haverá uma alma capaz de agüentar uma inserção. Ela não conseguirá se conectar.

— Está dizendo que torna o hospedeiro inútil? – minha pergunta é completamente retórica, mas tenho que confirmar.

— Sim – disse Magma após um longo suspiro. – Mas não temos opção. Temos que salvar a alma; não podemos deixá-la entrelaçada aos códigos humanos para sempre.

— Compreendo perfeitamente – eu disse tentando esconder meu sorriso triunfal. Eu acabei de ser apresentado à “cura”. A solução de todos os problemas era um líquido verde-fluorescente. – Mas, se o hospedeiro se tornar inútil... Quero dizer, o que farão com ele? – eu perguntei, lembrando-me subitamente do destino do humano.

— Francamente? Não faço idéia – disse Correnteza.

Eu estava prestes a sugerir para manter o “humano” vivo ou algo parecido para interrogá-lo ou qualquer coisa que o mantivesse vivo, quando a porta se abriu bruscamente. Rosa dos Ventos ofegava e tinha a mão apoiada no ventre, sinal de que fizera muito esforço e deve ter corrido bastante.

— Invasão... Uma invasão... – ela ofegou.

— Como assim, Rosa? – Brasão de Ferro levantou-se de imediato de sua cadeira e apoiou suas enormes mãos na mesa, encarando-a incrédulo e assustado.

— Levaram o hospedeiro. Levaram o corrompido – ela disse pesarosamente.

— Não, não, não! – reclamou Magma. – Não!

— Tudo bem, vamos manter a calma. Curandeiro, você entendeu tudo o que nós explicamos a você? – perguntou Correnteza.

— Sim... – eu respondi incerto das intenções dele.

— Muito bem, então. O Buscador responsável deve estar chegando, isso se já não chegou. Vá com ele na caçada ao humano. Não podemos deixá-lo escapar. Mas também não sabemos onde os outros o levarão, então fique com o frasco. Se o capturarem longe daqui, reúna uma equipe e faça a cirurgia assim que possível no Hospital mais próximo. Caso perguntem o que é, diga que se chama “A-K78”. Entendeu? – ele balança meus ombros como se o gesto fosse me fazer compreender. Mas eu compreendi.

— Sim, Correnteza – eu falei com toda a convicção que podia demonstrar.

— Se estiverem mais próximos daqui, tragam o humano para – enfatizou Brasão de Ferro; ele parecia frustrado e angustiado.

— Vamos, Bas – disse Rosa, estendendo-me a mão.

Peguei o frasquinho e o guardei com cuidado nos bolsos do jaleco. Tudo estava acontecendo rápido demais, perigoso demais. Eu não podia simplesmente ir com o buscador. Eu tinha de avisar a todos, todos que esperavam por mim em casa. Eu tinha de me preparar; meu disfarce não é algo permanente, é apenas temporário... Mas, por outro lado, a salvação da humanidade estava engarrafada e bem guardada no meu bolso. Isso só poderia ser um sinal.


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Notas finais do capítulo

Bem, como vocês devem ter percebido, Basilisco não é uma alma, tampouco possui uma dentro de si. Ele apenas está "disfarçado". Vocês verão tudo sob o ponto de vista dele até que meu novo personagem se encontre com os demais na Caverna, voltando à cronologia normal. É mais como um "enquanto isso". Por favor, se tiverem dúvidas, não hesitem em perguntar.
Espero que tenham curtido!! Irão se familiarizar mais com o Bas nos próximos capítulos.
Deixem seu manifesto, meus doces, quero saber a opinião de vocês.
Xoxo,
Rose