Deu Tudo Errado... escrita por Raquelzinha


Capítulo 1
Minha pequena confusão.


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia enquanto dormia. Escrever foi inevitável. Espero que esteja boa.



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Era madrugada quando Isabella saltou da cama quente. Caminhou lentamente até a escrivaninha, abriu um pequeno caderno de capa marrom e lentamente começou a escrever:

“Se me considero uma pessoal normal? Não. Definitivamente não. Defeitos é o que mais há em mim. Não me vejo como uma garota bonita. Sei que pareço magra demais, desajeitada demais, comum demais, branca demais.

Também não se pode dizer que sou dada a ter grandes e inseparáveis amigos, sequer faço amizades com facilidade. Que dirá um grande amor! Mas, sempre há aquele momento em que seu coração quer enganar sua mente e sussurra:

– Você é especial. Qualquer homem ficaria feliz em ter alguém como você ao seu lado.

E você cai na asneira de acreditar. Pior, cai na asneira de acreditar que aquele cara, aquele único por quem seu coração insiste em bater, vê essa especialidade na sua humilde pessoa.

Isso já aconteceu com você? Acho que sim, acredito que acontece com todas.

Foi assim, exatamente assim que meu pobre e tão sonhador coração enganou minha fraca e pouco resoluta mente feminina. Achei que poderia, se ele, ele, aquele mencionado alguns parágrafos acima, tivesse a oportunidade de estar comigo, logo trocaria a namorada perfeita e glamorosa por mim.

E, fiz uma grande loucura que acabou sendo a jogada mais acertada da minha vida. Mas, não se enganem, ela não foi acertada por ter dado certo. Não, ela foi acertada por ter dado totalmente errado.

Foi assim.

Como já mencionei, não sou popular, não sou bonita, não sou interessante. Minha atração por desastres é tão grande que algumas vezes... Eu disse algumas? Não! Muitas vezes, para falar a verdade, na maioria das vezes chega a ser constrangedora.

E apesar de todas essas condições contra, consegui concluir meu curso secundário com certa tranquilidade. Afinal há algo de bom em ser invisível, você consegue sobreviver sem grandes percalços. Principalmente se a meta da sua vida não estiver ligada a um dia ser ou parecer com os populares.

A faculdade seguiu o mesmo ritmo, noites tranquilas dedicadas aos estudos me garantiram ótimas notas e, a conclusão do curso entre os três primeiros da turma. Dessa forma me pareceu que tudo seria um mar de rosas. Só faltava mesmo era encontrar o cara. Aquele cara mencionado lá em cima. Aquele com quem dividiria minha vida, teria filhos, casa, cão e tudo o mais que vem com o pacote.

O passo seguinte em direção ao meu tão almejado plano foi aceitar uma ótima proposta de emprego feita por um grande amigo do meu pai, Carlisle Cullen, em Forks, uma cidade sem graça, fria, congelante e que a principio parecia totalmente destituída de homens interessantes.

Tão logo cheguei percebi que estava tudo diferente mesmo, pois, contrariando meu habitual padrão. Logo fiz amizade com uma garota que trabalhava na sala ao lado da minha. Uma baixinha falante, metida, chamada Alice, que vivia retocando o batom e nunca, jamais repetia roupas. Por essas duas características citadas, deu para perceber que tínhamos pouco em comum, mas talvez tenha sido isso o que nos aproximou. As diferenças e... O namorado dela. O filho do meu chefe. Um homem lindo, perfeito, elegante, perfumado, gentil. Um verdadeiro cavalheiro de armadura num cavalo branco. Até o nome dele soa perfeito...

– Edward!

Assim que o vi soube que estava perdida. Quando aqueles olhos se dirigiram para os meus a voz falhou, o coração parou, minhas pernas fraquejaram. A última vez que senti isso foi pelo Mike Newton, um veterano que jogava basquete e namorava todas as garotas bonitas da escola.

Porém, sempre há um porém, apesar da minha paixão intensa que me fazia perder horas de sono todos os dias, entrar em transe quando ele passava diante do meu escritório, ou quando me dirigia um bom dia rápido. Ele nunca me olhou, nunca, nunca como eu queria ser olhada.

Resumindo, a minha figura não o atraía.

Só que vai explicar isso para o meu pobre coração encantado? Não dá! Ele não entendia de jeito nenhum, e insistia em criar sonhos mirabolantes onde a Alice era deixada de lado e eu, eu me transformava na pessoa que ele beijava apaixonadamente todos os dias antes que entrassem no carro dele no estacionamento.

Esse mais ou menos é o começo da minha ilusão que acabou virando realidade... Uma realidade sem precedentes.

Trabalhando com o Edward havia um cara legal, a gente se dava bem, ele era muito alto, forte, moreno, cabelos curtos e escuros. Olhos penetrantes, voz levemente rouca e um sorriso encantador. Gostava de conversar com ele, dávamos boas risadas, ele era irônico e muito, muito espirituoso. Edward um dia sugeriu que eu deveria investir numa ficada, afinal Jacob, esse era o nome dele, era solteiro e tido como um cara atraente por dez entre dez garotas do escritório. Inclusive e talvez, principalmente as casadas. Eu soube o porque disso depois... Mas isso não vem ao caso momento. Conto sobre esse fato uma outra hora.

Só que, apesar do Edward e da Alice insistirem que eu deveria investir, nunca aconteceu nada. Jacob me tratava bem. Como uma colega amiga e só. Nem eu o via de forma diferente.

Certo, continuando: Estava trabalhando lá há mais de um ano, e mudança alguma aconteceu nos meus relacionamentos, principalmente no que dizia respeito ao Edward. Em contrapartida, ele e Alice pareciam a cada dia mais unidos. As esperanças tão cultivadas no começo, agora se perdiam, se desvaneciam a cada novo dia. A única coisa que continuava firme e forte era a paixão enlouquecedora da qual eu era a única vítima.

Foi aí que algo aconteceu, algo sempre acontece quando você está perdendo as esperanças. E esse algo me encheu de renovada alegria. Rosalie, uma loura escultural que trabalhava no RH decidiu promover uma festa. Só que não era uma festa simples, era uma festa a fantasia onde todos os convidados iriam não apenas fantasiados, mas deveriam se mostrar irreconhecíveis.

Nessa hora, quando ouvi essa ideia no mínimo estapafúrdia, meu coração formulou uma teoria ainda mais estapafúrdia: Essa era a minha grande chance de tirar proveito do namorado de minha colega e amiga Alice. Afinal estaríamos irreconhecíveis, eu poderia ficar com ele sem culpa alguma e ainda me aproveitar disso. Isso é claro, porque eu tinha a total e completa certeza de que se ele tivesse a oportunidade de me beijar, qualquer sentimento que ainda existisse pela baixinha, sumiria como que por encanto.

Ideia idiota? Claro que é! Agora eu sei. Mas na época, aquele meu velho coração, culpado pelas minhas maiores burradas, me deu toda a certeza de que os acontecimentos seguiriam todos os passos, exatamente do jeito que o irresponsável do meu cérebro havia formulado.

Assim, parti para a escolha da fantasia, algo que me deixasse totalmente diferente. E, para isso, uma peruca era necessária.

Cabelos louros? Talvez.

Longos? Poderia ser.

E a roupa?

Uma roupa sensual? Tipo mulher gato? Não, não tinha corpo para isso.

Precisava cobrir mais e ao mesmo tempo parecer atraente.

Talvez uma cigana. Mas, se fosse uma cigana, deveria usar uma peruca preta?

Não é necessário dizer que passei dias nessa indecisão sem fim. Para no fim...

Vamos em frente.

Como se uma festa onde ninguém pudesse te reconhecer não já fosse algo inusitado, Rosalie ainda resolveu montar pares aleatórios. Como? Bem, junto com o convite você recebia uma corrente com um pingente. A metade de um coração. Essa metade se fecharia com a de outra pessoa.

Aí, nesse ponto eu tive certeza de que aquela ideia havia sido passada diretamente do meu cupido para a mente pouco privilegiada da loura. E, passei noites sonhando que estava nos braços dele. Vivendo a minha história de amor. Sem perceber que no quesito amor, a mente pouco privilegiada era a minha.

Depois que recebi meu coração pela metade, que era exatamente como eu me sentia sem aquele homem ao meu lado, a ansiedade tomou conta dos meus atos. Tudo o que eu fazia ou pensava se relacionava de alguma forma com essa festa e com o que aconteceria depois. Depois que Edward descobrisse que eu era o amor da vida dele.

O dia chegou. Passei horas me arrumando. Pintei o cabelo, unhas. Fiz massagem. Relaxamento. Tudo o que se pode imaginar. E posso afirmar que a produção ficou perfeita. Desafiando os planos iniciais, usei meu próprio cabelo que foi modificado com um corte, mexas, e uma escova bem feita. Saltos alteraram minha pouca estatura. A ideia da cigana não foi totalmente descartada e uma Esmeralda pálida surgiu diante de mim depois da maquiagem. Só faltava a máscara, que cobria a maior parte do meu rosto. Acho que depois daquilo, nem minha mãe me reconheceria.

Estava pronta. Totalmente pronta para enfrentar meu destino. O meu príncipe num cavalo branco. Entrei no carro e segui o rumo que meu coração indicava. A casa de Rosalie e à festa da minha vida.

Logo na chegada a primeira dúvida se instalou. Havia tantos carros! Isso queria dizer que o número de convidados era grande. Será que ele, justamente ele, seria a pessoa que estava com a metade do meu coração? Foi apenas uma insegurança logo descartada. Estava certa do meu plano. O destino era meu guia. Ele me levaria na direção certa.

A direção... Essa direção, a bendita estrada do destino é engraçada. Dá tantas voltas que parece que você vai se perder... Confesso que no mínimo tonta eu fiquei.

Depois que larguei o convite com o segurança, ingressei na casa topando logo com pessoas. Pessoas e mais pessoas, fantasias e mais fantasias era tudo o que via em todo lugar. Gente conhecida e desconhecida. Todos eram um só. E Edward estava entre eles, pensei com um sorriso bobo e infantil nos lábios vermelhos.

Um médico parou querendo testar nossas metades e por um instante me desviou da meta da noite. Tomei um susto e quase não consegui estender o pingente em direção ao dele. Quando o resultado foi negativo não sabia se deveria respirar aliviada ou desapontada. Quem era aquele médico?

Dois outros se aproximaram com um intervalo pequeno de tempo. Um vampiro e um pirata. O coração de um palhaço quase fechou como meu. No fim, recebi apenas um sorriso amarelo como um cumprimento de despedida antes que ele se afastasse. Olhei em volta, as pessoas bebiam, dançavam, mas não conversavam, apenas tentavam descobrir quem eram seus pares. Para aqueles que já haviam feito a descoberta, outra sala estava aberta para momentos mais íntimos e para os tais beijos que eu...

Uma mão tocando meu ombro me desviou dos pensamentos doidos e insanos que chegavam. Era um... O que ele era? Não sei. Parecia ser a mistura de um pirata com um vampiro, um cavaleiro medieval renascentista. Mas a máscara... Era uma fera. Um leão ou algo do gênero. Ele afastou o pingente da camisa branca e larga. A mão coberta por uma luva preta. Na orelha havia duas argolas de tamanhos diferentes penduradas. O cabelo? Não conseguia ver, a cabeleira do leão cobria qualquer possibilidade de visão.

Preciso dizer que essa figura grotesca tinha a metade do meu coração? Claro que não! Vocês já adivinharam. Porém, tenho certeza de que não adivinharam o que aconteceu a seguir. Isso nem eu imaginaria.

Assim que ele percebeu o que acontecera, veio pra cima de mim, sem prévio aviso e me beijou. Um beijo longo que começou firme e pouco atrativo, mas acabou sensual, delicado, quase gentil. Em resposta ao comportamento da minha metade, aquele velho coração bobo que mora no meu peito, acelerou sem permissão.

Será que isso aconteceu porque fazia já algum tempo que eu não beijava ninguém? Ou porque aquele homem... Aquele ali, com máscara de animal, capa preta, camisa branca e botas era ele? O meu destino.

Uma mão tomou posse da minha, sem falar nada ele me guiou em direção a um corredor. Surpresa, percebi que não estávamos seguindo o rumo da sala onde os casais ficavam. De repente tive medo. Para onde aquele desconhecido me levava? Afinal, apesar de todas as certezas que me levaram até ali, aquela pessoa poderia ser qualquer um.

Parei, ele parou. Se voltou, me olhou como quem não entende o que está acontecendo e sorriu. Pela primeira vez achei que sabia quem era e novamente fui enganada pelo desejo de estar certa. Vi Edward naquele gesto simples.

Quanta estupidez cega! Desnecessário dizer que cedi... O seguiria para onde quer que ele me levasse.

E ele me levou para uma sacada, havia apenas um casal naquele lugar, estavam juntos, pertinho, namorando. Ao ver a cena senti novamente os batimentos de meu coração acelerarem. Em poucos minutos quem estaria naquela mesma situação seria eu.

Nem foram minutos, foram segundos. Novamente ele me puxou para perto, passando as mãos pela minha cintura me obrigou a olhá-lo. Olhos escondidos pela penumbra do ambiente tornaram aquele momento misteriosamente mágico. Totalmente hipnotizada, perdida e entregue permiti um novo beijo.

A música chegava até nós. Ele começou a dançar enquanto afastava os lábios dos meus. Deixei que aquela insanidade continuasse e já não mais me perguntava se aquele era o cara certo. Porém, a mente apaixonada gritava que se não era o cara que eu desejava, com certeza era a minha metade. A metade que o cupido e o destino colocaram no meu caminho...

Mais beijos, carinhos, sorrisos e a sensação de estar no céu tomou conta de mim. A solidão era tão grande que agora eu me satisfazia com qualquer um? Naquele momento eu já tinha a certeza de que o leão não era o meu príncipe do cavalo branco?

Ele não tinha a gentileza, o cavalheirismo, os modos que me encantaram em Edward. Mas, me segurava como se nunca mais fosse me largar. Me beijava como se eu fosse o melhor beijo da vida dele, e me encantava com seu sorriso. Ele definitivamente não era qualquer um e aquela não era uma reação motivada pela solidão.

Porém, a necessidade de saber quem estava comigo me levou a fazer pequenas tentativas de descobrir a identidade escondida pela máscara. Cruzei as mãos pelo pescoço dele enquanto nos beijávamos, a intenção era sentir a textura dos fios encobertos pela cabeleira falsa. Mas, não cheguei tão longe, ele não permitiu, entretanto uma coisa ficou clara. Os cabelos eram curtos, muito curtos. A pele do pescoço era firme. Os ombros largos. O corpo exalava um aroma atraente, tão atraente quanto aquele sorriso nos lábios carnudos. Definitivamente um sedutor. Um sedutor que sabia o que fazia. Que me atraia. Que me fazia desejar passar mais tempo junto dele.

As horas passavam sem que eu me desse por conta disso. A música continuava inundando o ambiente com uma aura enigmática. Os movimentos dele junto de mim, consolidando essa hipnose magnética que nos aproximava cada vez mais.

– Você quer sair daqui? – o sussurro ecoou dentro de mim.

Surpresa e assustada me afastei do mascarado. De repente o mistério se desfez, ninguém mais tinha aquele timbre inconfundível. Ele sorriu. Será que compreendeu no meu gesto que havia sido descoberto?

– Quero ir onde você me levar... – falei sem desviar meus olhos dos dele e percebi que não havia surpresa em seus traços. Ele já sabia quem eu era.

Fui imediatamente invadida por uma infinidade de perguntas. As principais eram:

– Isso era uma armação?

– Ele havia armado isso ou era coisa de Edward e Alice?

– O que aqueles momentos significaram?

– Apenas brincadeira como ele fazia sempre?

– Então vem comigo. – novamente o timbre inconfundível.

A voz rouca e firme que me fazia rir nos intervalos para o almoço. Era dele, de Jacob.

– Jacob... – falei sem me conter.

– Isabella... – meu nome sendo sussurrado por aqueles lábios apresentava a sonoridade exata do meu desejo por Jacob.

Fechei os olhos, tentei me recompor e comecei:

– Como você...?... Quando?

Estava confusa. Precisava de respostas. Precisava mesmo de respostas.

– No primeiro beijo.

– Mas como? – como ele descobriu que era eu apenas com um beijo?

– Porque só você tem esse cheiro...

Era difícil de acreditar numa resposta tão boba. Mas eu acreditei. Quis acreditar. Desejei acreditar. Não me importava os próximos dias. Não me importava se ele estava brincando. Não me importava se tudo acabaria quando o sol nascesse. Aproveitar os sentimentos despertados por aquele mascarado era tudo o que realmente queria. Quaisquer sentimentos que um cavaleiro em armadura brilhante e cavalo branco pudessem despertar em mim não se comparavam com o que sentia naquele momento.

Descobri depois, depois de uma noite juntos, que ele não planejara nada. Foi realmente o cupido, o destino, as artimanhas da vida que fizeram aquela brincadeira conosco. Nós nos dávamos bem como amigos. Descobrimos que nos dávamos bem como amantes. E melhor ainda como um casal.

A casa?

Os filhos?

O cão?

Fazem parte de planos passados. O futuro é ainda uma pergunta sem resposta que vai se construindo dia a dia. Nas grandes pequenas coisas. Nos grandes pequenos gestos. Nos beijos, brigas e descobertas.

Então, concluindo, deu errado, mas deu certo. Afinal, o que eu queria não era exatamente o que estava preparado para mim. E fico feliz por isso. “

O diário se fechou. Lentamente Isabella voltou para a cama, acomodou o corpo sob o edredom aconchegando-se ao calor vindo do homem adormecido. Sem demonstrar qualquer sinal de que acordara Jacob se moveu, circulou o corpo delicado com os braços fortes, respirou mais profundamente. Ela sorriu sentindo o peito inflar de uma felicidade incontida e finalmente se permitiu ser carregada para o mundo dos sonhos reais.


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Notas finais do capítulo

Capítulo único... assim não deixo ninguém na mão. Mas vou postar nas outras também. Bjs gurias. Tomara q vcs gostem.



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