Ao olhar pela fresta da janela já era possível ver que um belo dia estava surgindo, depois de tantos dias em que a neve teimava em cobrir a região. Hermione estava deitada em seu quarto, acabara de acordar (na verdade nem havia conseguido dormir direito). Pensava em tudo que aconteceu em sua vida nos últimos dias. Havia ajudado Harry em sua missão para destruir Voldemort e passou por todo o trauma da guerra. Viu pessoas que amava morrer, o medo iminente da morte (sua e de seus melhores amigos), fora o seu próprio drama de abandonar a família para encarar esta “aventura”.

Agora estava completamente perdida, fazia algumas horas que havia deixado a Toca, ficou um tempo por lá até o funeral do Fred. Foi realmente difícil ver como esta família ficou arrasada. E não era para menos. Perder um ente querido já é devastador, e perder Fred, que era uma pessoa muito querida por todos era algo intolerável.

Deixar Rony neste momento foi insuportável, vê-lo sofrer daquela forma era de partir o coração. Mas, tinha que colocar a vida nos trilhos novamente, precisava encontrar seus pais. Já que havia alterado a memória deles meses atrás com um feitiço chamado Obliviate, agora eles pensavam que eram Wendell e Monica Wilkins e estavam na Austrália.

Não ia ser fácil, mas, tinha que encontrá-los. Apesar de já começar a pensar na bronca que iria levar por ter feito isso. Então, voltou para casa para poder planejar sua busca. Harry se ofereceu para ajudá-la, mas, ela pediu que ele ficasse com Gina e Rony e mandasse notícias via coruja. Ele não concordou de início, mas, conseguiu convencê-lo.

Aparatou no jardim de casa e não pôde conter uma lágrima que teimava em cair dos seus olhos. Não tinha ideia do quanto estava com saudades daquele lugar e dos seus pais. Em alguns momentos achava que jamais voltaria aquele lugar. Mas, sua felicidade ainda não era completa, ainda tinha uma missão para seguir.

Abriu a porta e foi possível perceber que tudo estava do jeito que havia deixado a meses atrás. Foi até o segundo andar e entrou em seu quarto. Sentou na cama e começou a observar o local. Era um pouco diferente, pois, tinha uma cara “meio trouxa”. Mas, era bonito e aconchegante. Era seu refúgio.

Para relaxar um pouco decidiu ir tomar um banho. Logo em seguida iria comer e planejar a viagem. Fazia muito tempo que não sentia essa tranquilidade, foram tantos meses de tensão que era estranho não ter nada a temer neste momento (a não ser a reação dos meus pais quando recobrassem a memória). Foi então que lembrou de algo que aconteceu durante a guerra, o beijo. O beijo que havia dado em Rony em meio ao caos. Tanta coisa aconteceu depois que eles não tiveram tempo de conversar sobre o assunto. Mas, se agora não era o momento, quando seria?

*Flashback*

— Calma aí um instante! - disse Rony com energia-Esquecemos alguém!
— Quem?- perguntou Hermione.
— Os elfos domésticos, devem estar lá em baixo na cozinha, não?
— Você quer dizer que devíamos pôr os elfos para lutar?- perguntou Harry.
— Não - respondeu Rony, sério -, devíamos dizer a eles para dar o fora. Não queremos outros Dobbys, não é? Não podemos mandá-los morrer por nós...
Houve um estrépito quando os dentes de basilisco caíram em cascata dos braços de Hermione. Correndo para Rony, ela se atirou ao seu pescoço e chapou-lhe um beijo na boca.
Rony largou os dentes e a vassoura que estava segurando e retribuiu com tal entusiasmo que tirou Hermione do chão.
— Isso é hora?- perguntou Harry, timidamente, e, quando a cena não se alterou exceto por Rony e Hermione se abraçarem com tanta força que chegaram a bambear, ele ergueu a voz: - Oi! Tem uma guerra rolando aqui!
Rony e Hermione se separaram, ainda abraçados.
— Eu sei, colega- disse Rony com cara de quem tinha acabado de levar um balaço na nuca-, então é agora ou nunca, não é?

Trecho retirado do Harry Potter e as Relíquias da Morte,

capítulo 31, A Batalha de Hogwarts ,

página 486.

*Fim do Flashback*

Já haviam evitado tanto colocar pra fora o que sentiam um pelo outro e quando conseguiram o momento não era o mais apropriado. Estavam no meio da guerra e o medo de que tudo acabasse de uma hora para outra fez com que tomassem tal atitude.

O que será que Rony pensava sobre o beijo? Será que estava tão confuso quanto ela? É difícil admitir, mas, estava perdidamente apaixonada por Rony desde muito tempo. Todas aquelas brigas da infância e adolescência eram só faíscas de todo o amor que queimava dentro deles.

E agora, mais uma coisa poderia atrapalhá-los. Essa sua viagem. Mas, agora não tinha muito que fazer, a não ser buscar seus pais para a partir daí poder pensar no que faria com sua vida.

Hermione saiu do banho com memórias de um tempo que parecia distante e com pensamentos que a levavam ao futuro. Se meu plano realmente estava certo, seus pais deveriam estar em Brisbane. Pensou em como será bom retornar a Austrália, esta foi a única coisa que consegui pensar no momento.

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— Harry, por favor, me diz onde a Mione está! – pedia Rony angustiado.

— Rony, pelas graças de Mérlin! Você promete que não vai sair como um louco atrás dela?

— Prometo! Não sei como consegue ficar tranquilo, ela foi embora sem falar pra onde ou o que iria fazer!

— Calma, eu sei onde e o que está fazendo...

— Então me diz!

— Ela foi procurar os pais, o que você acha que ela poderia fazer agora que a guerra acabou?

— Sozinha?

— Você sabe como a Mione é...

— Mas, ela não pode fazer isso sozinha!

— Rony entende, eu me ofereci pra ajudar, mas a Mione é muito cabeça dura. Ela preferiu ir sozinha!

— Onde ela está nesse exato momento?

— Em casa eu acho...

— Você sabe onde é?

— Sei, mas...

— Então vamos pra lá!

— Rony, por favor...

— Harry, por favor! Não podemos deixar ela sozinha!

— Você sabe que ela vai surtar.

— Depois eu me entendo com ela, vamos Harry!

— Está bem... Vamos pelo menos avisar a Gina e a Molly.

— Tudo bem. Vou arrumar minhas coisas.

— O quê?

— Oras, se vamos até lá, também vamos viajar com ela concorda?

— Você não existe! Ela não quer que ajudemos e você já vai de mala e tudo?

— Ela vai nos agradecer!

— Se você está dizendo... – Harry não pôde deixar de ver um pequeno sorriso nos lábios de Rony.

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Hermione já estava pronta e terminava de jantar quando ouviu um barulho no jardim. Rapidamente pegou sua varinha e se aproximou da janela, abriu lentamente a porta que dava acesso à varanda, foi quando pôde ver uma sombra entre as árvores.

— Quem está aí?

Ninguém respondeu.

— Quem está aí? – tornou a perguntar.

Foi então que bichento pulou de um galho nos pés de Hermione.

— Aaaahhhhh! Que susto Bichento! – O gato logo foi se enroscando em suas pernas – Que saudade!

O gato pareceu feliz com o encontro com a dona.

— Poxa, como você fez falta... Como está meu lindo? Tenho tanta coisa pra te contar, mas, não pode ser agora...

— Que é isso, está ficando louca de vez é? – perguntou Rony.

— Rony, Harry! Que susto! - Hermione levantou rapidamente largando Bichento e ficando em posição de defesa - O que fazem aqui?

— O que “você” faz aqui? Porque não quer nossa ajuda? – perguntou Rony.

— Porque você tem que ficar com sua família neste momento...

— Se vai começar com o discurso que é por causa do Fred, pode parar... – Mas não conseguiu completar o que ia falar pois lágrimas já brotavam dos seus olhos.

Harry ficou sem ação, já viu Rony angustiado várias vezes. Mas, agora era diferente, ele estava arrasado. A única coisa que fez foi puxar o amigo para um abraço e Hermione fez o mesmo.

— Está vendo, é por isso... Você tem que ficar na Toca... – respondeu Hermione.

— Já tentei falar isso pra ele Mione. – disse Harry.

— Mas, eu não quero ficar lá. Por favor, me deixa ir com você, preciso esquecer um pouco tudo isso!

Hermione hesitou, mas, não poderia deixá-lo daquele jeito.

— Tudo bem, você venceu!

— Sério? Pensei que seria mais difícil – disse Rony.

Harry e Hermione sorriram.

— Graças a Mérlin Mione, não aguentava mais a ladainha do Rony.

— Ah, dá um tempo Harry! - retrucou Rony.

Hermione não conseguiu segurar o riso e convidou os dois para entrar em sua casa.

— Que casa linda Mione... Minha nossa, você já estava de partida? – espantou-se Rony ao observar as malas na sala.

— Acho que está mais do que na hora de consertar a maluquice que fiz não!?

— Você tem razão... – concordou Rony.

— Sua casa é realmente muito bonita Hermione – emendou Harry.

— Obrigada! Querem conhecer?

— Mas é claro! – responderam os dois.

E Hermione foi mostrando cada canto de sua casa, ria a todo momento com o estranhamento de Rony com qualquer artefato trouxa. Ele conseguiu ser mais curioso que o pai em alguns momentos, chegava a ser engraçado. Por fim, retornaram a sala, foi quando Rony perguntou:

— E então quando vamos, hoje ou amanhã?

— Como? – questionou Hermione.

— Quando vamos para a Austrália?

— Como assim “vamos”? Eu vou sozinha!

— Você acha mesmo que vamos deixar você ir sozinha? Pensei que já havia aceitado a ideia assim que nos deixou entrar – completou Harry.

— Mas, não precisa garotos... Agradeço a boa vontade, mas, preciso fazer isso sozinha...

— Olha, dispensar o Harry eu até entendo... Mas, dispensar minha companhia...

— Como assim pode dispensar o Harry? – cortou o moreno – E eu sou o quê?

— Não me leve a mal Harry, mas, você é muito chato – brincou Rony.

— Está vendo Mione, é assim agora, só porque ele ainda não aceitou que é meu cunhadinho!

Hermione só conseguia rir de toda a cena que Rony fazia.

— Parem você dois! Tudo bem, vocês me “convenceram”. Se eu disser que não, não vai adiantar, não é verdade?

— Sim! – responderam os dois.

— Na verdade, eu tenho que concordar em parte com o Rony. Não posso ir neste momento, a Gina precisa de mim... - emendou Harry.

— Eu te entendo Harry, se preferir pode ficar pra cuidar da Gina. Será até melhor, assim você poderá me mandar umas corujas me contando como ela está - disse Hermione.

— Falei brincando cara, mas, se você ficar pra cuidar dela eu fico mais tranquilo... - completou Rony.

— Eu posso fazer assim, fico uns dias aqui e depois encontro com vocês lá, pode ser? Mione, sou eternamente grato por tudo o que fez por mim nos últimos tempos, tenho uma dívida enorme contigo e nunca conseguirei pagar. Com vocês dois na verdade, mas, vocês me entendem não é?

— Com certeza! E não aceito essa história que me deve algo. Fiz o que fiz por que gosto de você. – disse Hermione e Rony concordou.

Harry sorriu e abraçou os dois.

— Então está tudo certo? - questionou Harry.

— Sim! - concordaram os dois.

E então, passaram o resto da noite ouvindo todo o plano de Hermione para encontrar os pais. Não demorou muito e já estavam morrendo de sono, Hermione ofereceu o quarto de hóspedes para eles e logo todos estavam dormindo.

No dia seguinte Hermione levantou cedo para poder preparar o café da manhã dos garotos e ficou surpresa em ver Rony deitado no sofá.

— Já de pé?

— Não consegui dormir direito...

— O que houve?

— Não sei, acho que é ansiedade com a viagem...

— Bom, garanto que esta viagem será muito mais tranquila que a viagem que fizemos com o Harry – Hermione tentou descontrair o ruivo.

— Tenho certeza que sim.

— Garanto pra você que se der tempo vou te levar pra conhecer um lugar, combinado?

— Combinado. Onde será?

— Surpresa!

Harry já estava no topo da escada e ouvia a conversa dos dois, estava feliz que os dois já não brigavam tanto quanto antes. Isso poderia ser um sinal, esperava realmente que os dois se acertassem de vez. Embora o momento não fosse o mais adequado, presenciar aquele beijo dos dois em meio a guerra foi muito bom, ele esperava sinceramente que eles de fato reconhecessem o amor e ficassem juntos de vez, mas, percebia que tinha algo que prendia toda esta história, só não conseguia entender o que poderia ser. Viu nessa viagem, uma oportunidade de aproximar os dois e foi por este motivo que resolveu não ir logo no início, assim eles teriam um pouco mais de tempo sozinhos e poderiam se entender de vez. Harry não conseguiu ficar escondido por muito tempo, sua presença foi percebida por Hermione.

— Bom dia Harry!

— Bom dia gente, não queria interromper a conversa de vocês.

— Não interrompeu nada cara, estava apenas contando pra Mione que não consegui dormir direito esta noite.

— Entendi... Algo sério? - preocupou-se Harry.

— Nada de mais... - respondeu Rony.

— Que bom, então... Vamos tomar café? - completou Harry.

— Pensei que não ia perguntar! – disse Rony.

— Você não muda! – respondeu Hermione.

Todos sorriram e foram para a cozinha. Esta era a primeira vez que podiam ver Hermione de fato em uma cozinha. Ela sempre preparava as refeições deles durante a guerra, mas, não era a mesma coisa. Agora teriam a oportunidade de provar dos dotes culinários da amiga.

— Você cozinha bem Mione! – disse Rony colocando mais um pedaço de panqueca na boca.

— Fala como se nunca tivesse comido alguma coisa preparada por mim.

— Ah, mas é diferente Mione, agora você está na cozinha e preparando tudo como tem que ser e não naquela agonia em que vivíamos. – respondeu Harry.

— É verdade. Não sou muito fã da cozinha, mas, sei me virar bem.

— Fico mais tranquilo, pelo menos terei o que comer durante a viagem. – disse Rony.

— Então foi isso que te deixou sem dormir? – brincou Hermione jogando um pano de prato em cima do ruivo.

Harry se divertia com a cena enquanto Rony gargalhou e quase se engasgou.

O café ocorreu tranquilo, e agora estavam na sala. Hermione mostrava para Harry alguns CDs de bandas trouxas e Rony apenas observava os amigos conversarem.

— Esta banda é realmente muito boa!

— Poxa, não sabia que você gostava de Rock Hermione!

— Pois é, mas agora vamos ter muito tempo juntos para poder aproveitar de bons momentos como este, não é verdade.

— Concordo! – interrompeu Rony.

— Bom, adorei a hospitalidade Mione. Mas, tenho que ir... Preciso ver como está minha ruivinha – Rony revirou os olhos e Hermione sorriu.

— Certo Harry, é uma pena que não possa ir conosco. Mas, não se esqueça de nos mandar corujas, certo? - disse Hermione.

— Combinado!

Hermione e Rony acompanharam Harry até a porta e se despediram do amigo. Mas antes que Harry pudesse aparatar ele falou:

— Juízo vocês dois hein!?

E “CRACK”!

— Juízo... O que ele quis dizer com isso? – questionou Rony.

— Ah, sei lá Rony... Vamos entrar, preciso guardar algumas coisas antes de partir.

Rony voltou para a sala e se aproximou dos CDs que os amigos observavam a minutos atrás.

— Realmente gosto muito de música bruxa. Mas, nós não conseguimos fazer uma música tão boa quanto à dos trouxas. Vocês tem um talento diferente.

Hermione sorriu e se aproximou da mesinha.

— Tenho que concordar contigo adoro música trouxa, gosto dos mais variados estilos.

Rony pegou um CD de uma cantora e começou a observar a capa.

— Essa é uma das que eu mais gosto, deixa eu te mostrar. Vou colocar aqui, depois me diz o que achou. - disse Hermione.

A morena pegou a capa das mãos de Rony e em seguida colocou o CD no aparelho. E pulou para a faixa preferida, logo a música começou a tocar. Era uma balada lenta e ela se encostou na mesinha e cruzou os braços.

I had no choice but to hear you

Eu não tive escolha a não ser ouvir você

You stated your case time and again

Você contou sua história várias vezes

I thought about it

Eu pensei sobre isto

Então, Rony se aproximou de Hermione e ofereceu sua mão para que ela o acompanhasse.

— Eu não sei dançar...

— Eu também não – respondeu Rony – Mas, não tem ninguém para rir de nosso jeito desengonçado na dançar neste momento - falou divertido.

Hermione estendeu sua mão para Rony e foram para o meio da sala. E logo ela estava com a cabeça apoiada em seu ombro e balançavam conforme a melodia.

You treat me like I'm a princess

Você me trata como se eu fosse uma princesa

I'm not used to liking that

E não estou acostumada a gostar disso

You ask how my day was

Você pergunta como foi meu dia

You've already won me over in spite of me

Você já me conquistou, independente da minha vontade

Don't be alarmed if I fall head over feet

Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés

Don't be surprised if I love you for all that you are

E não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é

I couldn't help it

Eu não pude evitar

It's all your faults

É tudo culpa sua

Rony fechou os olhos e assim seus sentidos começaram a perceber mais o ambiente. Podia sentir o cheiro de Hermione, aquele cheio o deixava totalmente perdido em seus pensamentos. Hermione por sua vez, esboçou um leve sorriso e seguia lentamente os passos daquela dança.

Your love is thick and it swallowed me whole

Seu amor é pegajoso e me engoliu inteira

You're so much braver than I gave you credit for

Você é muito mais corajoso do que eu pensava

That's not lip service

E isso não é da boca pra fora

You've already won me over in spite of me

Você já me conquistou, independente da minha vontade

Don't be alarmed if I fall head over feet

Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés

Don't be surprised if I love you for all that you are

E não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é

I couldn't help it

Eu não pude evitar

It's all your faults

É tudo culpa sua

Rony se separou um pouco de Hermione para poder olhá-la nos olhos. Não pôde deixar de notar que ela havia ficado um pouco vermelha.

— O que foi Mione?

— Nada...

— Hum... É verdade? Ou é apenas uma música.

Ela não sabia o que dizer. Rony a pegou desprevenida com esta pergunta. E ele realmente demonstrou interesse em seguir com essa conversa. E o fato é que precisavam conversar sobre isso, foi tudo o que ela pensou desde que acabou a guerra. A oportunidade estava ali em sua frente, era só tomar coragem.

— Desculpa se te deixei sem jeito... – desculpou-se rapidamente o ruivo.

— Não... Não se preocupe... Hãn... É verdade...

Mas, Hermione não conseguiu completar a frase, pois Rony já havia se aproximado de tal forma que foi impossível não beijá-lo.

You are the bearer of unconditional things

Você é o detentor de coisas incondicionais

You held your breath and the door for me

Você segurou a respiração e a porta para mim

Thanks for your patience

Obrigada pela sua paciência

You're the best listener that I've ever met

Você é o melhor ouvinte que eu já conheci

You're my best friend

Você é o meu melhor amigo

Best friend with benefits

Melhor amigo com benefícios

What took me so long

O que me fez demorar tanto?

E eles se entregaram por completo ao momento. Enfim, o beijo tão esperado havia acontecido. Não como o último que parecia meio desesperado, devido as circunstâncias. Este era calmo e conseguia transmitir todo o amor que ambos sentiam (e jamais se permitiam sentir). Rony a segurava pela cintura, enquanto Hermione bagunçava seus cabelos ruivos. Ficaram assim durante alguns minutos (que pareceram uma eternidade), mas, eram humanos e precisavam de ar para respirar e enfim quando se afastavam daquele beijo, Hermione dava leves selinhos para finalizar e finalmente abrir os olhos e encarar aquele lindo olhar azul fitá-la de volta.

— Wow, agora você se superou Hermione!

Ela sorria e fazia um leve carinho na face de Rony. O ruivo segurou os rosto dela com as duas mãos e deu um leve selinho. Ela ficou muito vermelha neste momento.

— O que foi? – perguntou Rony.

— Nada, é que... É estranho não acha?

— O que é estranho?

— Nós dois assim... Desse jeito... - disse Hermione.

— Você se arrependeu?

— Não. Não foi isso que eu quis dizer...

— O que foi então?

— Acho que vou demorar acostumar a sentir todas estas coisas.

— Eu sei, é incontrolável, não é?

— É, acho que é essa a palavra: incontrolável. – Agora Hermione já sorria.

— Mas, e agora?

— O quê?

— Ora Hermione! Como ficamos...

— Ah, não sei Ron... Você sabe... Nunca daríamos certo.

— Como pode dizer isso? Como pode ter tanta certeza disso?

— Nós brigamos demais!

— Mas, já não brigamos tanto como antes...

— Mas, ainda assim brigamos... Somos muito diferentes Ron!

— Mas, somos humanos, temos que ser diferentes mesmo!

— Você entendeu o que quis dizer...

— Então, você não quer nem tentar?

— Não sei...

— Como assim não sabe?

— Não sei Ron, me sinto insegura sabe...

— Hum...

E um silêncio constrangedor pairou na sala. E foi então que perceberam que a música já havia acabado e eles continuavam abraçados.

— Tive uma ideia! – disse Rony liberando a morena de seu abraço.

— O que foi?

— Vamos fazer assim... Viajamos, e vemos como conseguimos nos comportar e administrar o que sentimos, se for tudo ok, continuamos. Caso contrário, deixaremos tudo como está.

Hermione avaliou um pouco e tentou absorver tudo o que Rony acabava de colocar e por fim respondeu:

— Tudo bem. Vamos ver no que isso vai dar...

Rony sorriu e não conseguiu se controlar, logo a puxou para mais um beijo.