Primária escrita por Ana Catharina Nunes de Araujo, Ana Evan Butler


Capítulo 1
Capítulo 1




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Primaria

Capítulo-1Extinto

Diário de bordo do Capitão Morgan, originário do planeta Terra, órbita do planeta Primarium:

Faz muito tempo desde que sai do meu planeta natal e preferi ir aos confins do desconhecido, e nesta imensidão infinita estou fascinado, esta cultura da qual é muito hostil como nós antes de nos tornamos uma única potencia sem a primitiva divisão dos paises, unificado e sem guerras, onde reina uma só religião e onde vivemos em paz.

Hoje passei por esse planeta, pelo seu tipo de vida e o chamei de Primarium; isso porque são raras as fêmeas que conseguem se reproduzir e nos clãs apenas uma consegue fazer isso.

Divididos em grandes clãs que lutam entre si, sem tecnologia sem armas movidas a pólvora, eles lutam é claro de espada e escudo.

Fisicamente somos iguais, exceto pela altura, eles são maiores que nós.

Acompanho de perto suas atividades culturais, eles vivem para a primária que é uma fêmea que tem um órgão semelhante ao útero. Eles não têm o mesmo sistema de capitalismo que nós nem são separados como os que mandam ou obedecem.

Vamos agora acompanhar a história de uma pequena jovem, seu nome é Sarah ou eu a chamo assim.

Sarah nasceu normalmente de sua primária como qualquer outra, criança seu "útero" é atrofiado e não pode gerar vida — eu só não sei como eles sabem disso — logo depois de nascer é enviada a uma casa, eu a chamo de Incubadora, pois lá ela é examinada por até os oito anos, e depois começa seu treinamento; e como seu clã é o vento, isso se explica pelos seu olhos totalmente brancos, ela aprende como manusear uma flecha. As mulheres (por falta de palavras é assim que vou chamá-las) a ensinam como ninguém, miram e atiram enquanto ela nem mesmo sabe segurar o arco. Para aprender ela toma uma tapão e, após dois dias de surra (ou ensinamento, como é verdadeiramente o fato), ela consegue atirar uma flecha no centro do alvo; ninguém mostra emoção, mas ela repete o feito por várias vezes, até que lhe tiram dali e a mandam para uma casa onde ela vê uma espada pela primeira vez.

Ela a levanta com facilidade, mas não sabe manuseá-la com a agilidade de um verdadeiro guerreiro, toma então mais outras lições (novos tapas) e finalmente aprende.

Logo ela retorna a primária para que a própria primaria lhe ensine mais alguma coisa, o que não é um processo doloroso como os dois últimos, pois que na verdade só testam sua resistência e sua força física.

A primária lhe ensinou tudo que ela sabia e mais alguma coisa como, por exemplo, montar, se esconder no vento, virar um pequeno tornado e outras coisas.

Sarah então é considerada do mais baixo nível de soldado.

Estão todos alertas pela noite fria poucos conseguiam enxergar a noite, preferiam o tato e a audição; um por ser mais confiável do que os olhos e o outro por ser relacionado ao vento, pois o som é apenas a vibração do ar.

Um barulho foi ouvido, a distância espadas cortavam o ar e uivos eram soltos pela noite, cavaleiros montados em uma espécie montaria saltavam os muros de madeira antes impenetráveis e estraçalhavam tudo que viam pela frente, acompanhados de uma alto som de trombetas.

Homens e mulheres eram convocados para batalhar, o tilintar das armaduras era um ótimo sinal, mas o número de parecia bem menor do que o do inimigo. Logo surgiu uma chuva de flechas da qual apenas os componentes do vento podiam se esquivar, alguns viravam tornados com o giro do corpo e faziam várias flechas irem para todos os lados, fazendo com que alguns de seus inimigos caíssem aos seus pés.

Um elemento que parecia ser fêmea, montado em alguma coisa foi em direção de Sarah, que usando apenas parte de sua habilidade, pegou um arco e uma única flecha, mirando e fazendo com que uma corrente de vento surgisse em favor de sua flecha para que ela não saísse do curso ou perdesse sua força original, acertando aquele ser de forma mortal.

Ela acertou a montaria, que deu um último uivo, mas o inimigo ainda parecia viver, apontando a espada em direção a Sarah, o ódio era perceptível, pois sob sua pele branca como a lua surgiam linhas negras, foi ali que Sarah descobriu o que era o clã da noite.

Sua oponente avançou com uma velocidade incrível e Sarah foi obrigada a largar o arco e lutar com a espada. A "mulher" fez ataques aéreos e baixos, ela se esquivava de todos, um pegou de raspão em seu pescoço, provocando um ferimento.

Então sua oponente abriu a guarda por um segundo o que lhe custou um bom corte, em sua perna, por sorte a oponente parou para olhar o sangramento e nisso Sarah a desarmou, ouvindo uma estranha gargalhada ao ver sua espada no chão, então disse:

-Você é muito boa será ótima no nosso exército!

-Não me juntarei a você. Disse Sarah

-Não tem escolha, sua primária será derrotada e se você me matar outro pior entrará no meu lugar, mas você nem viva estará, morrerá aqui mesmo a não ser que se junte a nós.Disse a oponente.

Nesse momento, a líder do clã da noite (os inimigos de Sarah), que até então somente apreciava o embate, se fez ver pelas duas lutadoras, se manifestando:

-Quero conversar com ela. Disse a líder à sua guerreira.

A oponente de Sarah então fez uma grande reverência, recebendo um beijo na testa de sua líder, o que era de máxima importância, pois era a honra recebida pelo reconhecimento de melhor guerreira e significado de que lutaria com a primária do povo conquistado.

A oponente foi até a maior construção da vila, a única que parecia realmente de tijolos, onde aguardaria o início de seu embate final.

No local ficara a líder do Clã da Noite, uma outra primária como também se mostrou ser após a retirada da armadura, momento em que esta se dirigiu a Sarah, para então falar:

-Você é uma ótima guerreira, qual sua classe?

Sarah abriu a boca para começar a responder, sendo impedida imediatamente por aquela que lhe dirigia a palavra, recebera imediatamente uma facada em sua perna, causando-lhe uma dor tão imensa que não suportou em silencio, emitindo um grito de dor de horrorosa extensão, um de seus olhos brancos foi escurecendo gradativamente até que ficasse totalmente preto como os de um nascido da noite.

Sua mente começou a se tornar dividida como se ela tivesse aprendendo a força os conhecimentos do clã da noite, ela gritava e urrava, por um momento pensou que ia enlouquecer, mas não, perdeu os sentidos.

Sarah acordou numa cela escura onde lhe oferecem comida. Ela cheira, mas o alimento não lhe parece envenenado, mas o gosto se demonstrou horrível. Os dias se passam, a rotina não muda, apenas as esperanças vão acabando; Sarah é torturada dia e noite, obrigam-na a fazer armaduras e outros trabalhos manuais, com o tempo ela descobre que outros mestiços também pareciam estar nas mesmas condições que ela própria; conseguiu identificar outros que também tiveram um dos olhos modificados, via vizinhos de olho azul, prateado, verde e outras cores, o que lhe forçava a imaginar de onde esses prisioneiros tinham vindo.

Um dia Sarah foi surpreendentemente convocada, assim como os outros demais presos para algo que fugia de sua compreensão. Foram conduzidos um local um pouco maior (mas ainda muito apertado para todos os que ali estavam), e do alto de alguma coisa que parecia um pedestal tinha um ser, não identificado pela distância em que Sarah se encontra daquele pupito.

Seus devaneios foram interrompidos por um assobio que mais parecia o assombro da morte, surgindo assim aquela primária que outrora lhe fizera prisioneira, era a Líder do Clã da Noite.

A líder conhecida pelos seus seguidores como Rainha Negra deu início a um discurso, perguntando aos presentes:

- O que é mal?

-São vocês.Responderam todos.

-Somos mesmo? Ajudem-me, então, a responder esta pergunta com a mais cândida honestidade, então repetiu a Líder:

- O que é o mal? Diz-se que querer tomar o poder absoluto pelas próprias mãos constitui-se num mal. Ora, a Primariedade tem evoluído desde tempos imemoriais porque os seus nunca estão satisfeitos com as leis estabelecidas e resolvem tomar as rédeas do mundo para si, tentando resolver tudo o que consideram o verdadeiro mal da Primariedade. Reflitam...

- Estamos refletindo. Gritou um homem demonstrando mais coragem do que juízo.

A Rainha Negra, parecendo momentaneamente deixar aquele ato de desrespeito passar, respondeu ao desavisado protestante:

- Outros aparentemente da mesma espécie também têm demonstrado problema com a evolução da espécie e a forma apresentada como solução. E são igualmente incompreendidos. A poucos é dada a condição de conhecer os reais desígnios de nosso povo.

A Rainha Negra parecia animada para suas palavras, continuando:

- Nós não pretendemos conquistar o mundo, mas subvertê-lo de uma forma um tanto quanto obscura. Não interessa a nós divulgar os objetivos de nossas ações talvez porque o segredo que nos ronda seja a tática mais segura para alcançarmos o que almejamos. A névoa do mistério sobe com a incerteza; e as alcunhas e categorizações não conseguem fixar em nossos costumes e certezas. Heroísmo ou vilania são mera coincidência, meus caros.

Nesse momento, a Rainha Negra faz um breve intervalo, fazendo um pequeno gesto para que a antiga adversária de Sarah se manifestar, parecia ter alguma importância no Clã, cujo o nome era Tenebra:

- Eu os invejo por terem criado uma verdadeira filosofia própria e terem pautado suas ações pura e inteiramente por esta linha de normas: perfeita e fechada como um círculo. Há aqueles que entenderam perfeitamente a crueldade do capital. Não precisamos de um Estado forte e centralizador para uma comunidade. Precisamos de indivíduos fortes e dependentes o suficiente para que a humanidade tenha alguma chance de futuro.

Essa quantidade de informações fez com que Sarah, que até então ouvia atentamente chegasse à seguinte conclusão: a Tenebra parecia estar certa com o seu rigor evolucionário: os mais fortes sobrevivem na selva predatória. O mundo nos ensinou a dar valor ao vil metal porque o mundo provavelmente não considera o metal tão vil assim. Foi surpreendida por um grito entusiástico próximo:

-Estou com você. Gritou um homem.

Outros de sua espécie pareceram não concordar já que se apressaram em bradar, chamando-o de ‘traidor’.

Outros, porém, entenderam aquela exclamação com uma aceitação razoável e inteligente, fazendo uma procissão de prisioneiros que se dispuseram atrás daquele desconhecido apontado como traidor, indo ao encontro da líder do Clã da Noite.

Radiante de felicidade pela conquista de novos seguidores, a Líder recebeu os prisioneiros com uma expressão que parecia um sorriso, talvez nem tanto, e identificou-se como Rainha Negra.

Sarah que acabara por seguir os outros prisioneiros (ou não sabe se foi levada pela multidão) chegou próximo à Rainha, mas prestou atenção realmente naquela segunda pessoa que antes falara, Tenebra, assim dizendo:

- Tenebra, você não é nada, nem mesmo é uma primária, você é apenas a segunda no comando então... Tenebra - disse Sarah logo depois de terminar cuspiu no chão o que era a maior ofensa.

Tenebra gargalhou, sorriu e disse:

- QUANTA AUDACIA, QUANTA CORAGEM, QUANTA ESTUPIDEZ! LEVEM-NA DAQUI EU A TREINAREI!

Eu capitão Morgan percebi que ela fora levada por vários soldados que haviam lutado contra Sarah estes batiam palmas debilmente, esta imagem me fez apenas pensar: "Idiotas! Mestiços que já foram guerreiros, cujas forças antes da prisão era inegavelmente maior, já que, por serem nascidos de sangue, ou seja, respeitarem a continuidade do seu Clã natural como no exemplo de Sarah era o vento. E agora participavam como meros coadjuvantes, que não têm opinião própria e ainda possuem olhos de duas cores, como se passassem a fazer parte de dois Clãs diferentes, mas servindo a uma única causa".Mas não tinha provas para o que tinha na cabeça.

Mais tarde descobri o que realmente estava querendo:

Mestiços ou olhos de duas cores: pois a cor dos olhos identificava a que Clã se pertencia e a mutação provocada pela escravização do Clã da Noite nada mais era do que uma deformação de sentido, já que como exemplo de Sarah, seu olho de vento não enxergava ilusões de ótica ou qualquer coisa que não fosse real que não se tocava... E se tivesse um olho da noite podia simplesmente ver a noite e com isso somente servir para dormir.

Sarah entrou então num aposento extremamente escuro, o que não era problema, Tenebra entrou logo depois e lançou uma faca, Sarah se esquivou na hora, Tenebra batia palmas, por um curto espaço de tempo, para logo depois pegar duas espadas, uma destinada para Sarah e outra para sua própria destreza.

A espada que fora jogada foi pega sem qualquer dificuldade por Sarah, mas nem por isso recebeu qualquer elogio, ao contrário, foi imediatamente atacada por Tenebra.

Sarah parecia prever os golpes de Tenebra, que parecia estar brincando, e como surpresa, Tenebra atacou de um jeito que nenhum espadachim arriscaria, mas era isso que ela queria perder a arma? Pensou Sarah.

Mas não tinha tempo para pensar e com um giro do punho a desarmou pela primeira vez, provocando um susto em Tenebra que, com um olhar apavorado, olhou para Sarah e perguntou:

- Como você fez isso?

- Simples, seu punho estava frouxo e você hesitou em me atacar por isso eu girei o punho com uma força maior que a tua e isso a desarmou, mas eu achei que você sabia...

- Não, ninguém sabe disso. Por isso muitos de nós morremos numa batalha desarmados.

- Só ensine a não hesitar e vocês não terão esse problema.

Sarah então levou um soco na cara assustada, levantou a espada na direção de Tenebra, com um certo ar de dúvida em sua expressão, como se aguardasse algum reconhecimento de Tenebra. Isso não aconteceu, ao contrário, Tenebra avançou rapidamente e a atacou com uma adaga que furou a barriga de Sarah, provocando um urro de dor, que somente consegui perguntar:

-Tenebra, você sabia?

- Não, mas jamais perca a concentração numa luta, pois isso é fatal.

Tenebra então esquentou a lâmina com uma corrente quente que Sarah fizera para esterilizar o machucado.

- Obrigada ... – agradeceu Sarah. Mas foi só isso que teve tempo, pois imediatamente após foi levada até a Rainha Negra para que fosse reconhecida como uma meio noturna.

Isso, na verdade era mais do que necessário, era a única forma de deixar de ser prisioneiro, pois quando se é um mestiço você não tem um clã, então tem que conseguir um que a aceite como um de seus soldados, e isso, normalmente demorava muito, já que essa "adoção" era considerada quase como um nascer de novo, exigindo, assim, certo número de anos para que você chegasse a ser aceito integralmente pelo novo clã. O que no caso de Sarah foi muito mais rápido, já que ela fora ensinada pela Rainha Negra antes mesmo de ser aprisionada.


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Notas finais do capítulo

Minha primeira História estou aberta a reclamanções.



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