A sonata escrita por Manih


Capítulo 1
One-short


Notas iniciais do capítulo

Passa-se na temporada do Clássico, antes que eles descobrem que Usagi é a princesa que procuram.



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Andei pelos corredores da casa que estávamos hospedados a procura da fonte da linda melodia e não demorei a encontrar. Entrei em uma sala pequena, porém clara. Dentro havia um belissimo piano em cauda na cor mogno, e me surpreendi ao ver que quem tocava era Chiba Mamoru.
Sua expressão estava concentrada. Seus olhos ora estavam fechados, ora se entreabriam apenas para visualizar as teclas à sua frente. Seus dedos se moviam habilmente, assim como seu corpo: embora estivesse ereto, se movimentava ao decorrer da música. Toda aquela dança, mais a melodia surtiu um efeito em mim que nunca havia sentido: meu coração começou a palpitar freneticamente e meu corpo começou a tremer levemente. Permaneci ali, ao lado do piano até o final da melodia.
– Bela melodia. - falei, em um tom mais baixo do usual. Meu coração ainda palpitava. Ele abriu os olhos surpreso.
– Odango? Está ai a quanto tempo?
– Não faz tanto tempo, mas consegui ouvir boa parte da melodia. Qual o nome dela?
– Song of Secret Garden.
Olhei em volta envergonhada. Sempre que estava perto dele brigávamos...mas queria permanecer ali...
– Posso me sentar?
– Claro. Só um instante, buscarei uma cadeira para você.
Ele saiu rapidamente, passando a mão pelos cabelos. Acompanhei suas costas com o olhar até que ele saiu da sala. meus olhos cairam nas teclas do piano e passei meus dedos por elas. Meu dedo apertou uma tecla aleatória e um bonito som saiu. Apertei três teclas de vez e o som saiu entrecortado, provavelmente não deveria ser um acorde. Minha mente divagou pelos sons que eu fazia ao apertar uma tecla até que a voz de Chiba interrompeu minha brincadeira.
– Divertindo-se, Odango?
Olhei para ele e lhe mostrei a lingua, andando para o lado para que ele colocasse o banco que havia em suas mãos ao lado do seu.
– Se você mostrar sua lingua de novo para mim eu juro que vou pegá-la.
– Fala como se eu fosse uma criança.
– Você é. Sente-se antes que eu chame sua mãe e mostre suas notas. - apesar disso ele sorria.
– Está com bom humor hoje? - perguntei provocando-o, enquanto sentava.
– Gosto de tocar, me relaxa. Me faz...viajar.
– É com um longo banho de banheira.
– Talvez seja.
– Toque uma melodia para mim?
Ele sorriu e pousou as mãos nas teclas, e logo as percorreu, produzindo uma musica bem agitada. Desta vez, meu corpo não reagiu daquela forma, contudo ainda sim fiquei encantada. Meus olhos ora estavam em suas mãos, ora em seu rosto, o percorrendo todo. Quando ela parou de tocar finalizando a musica, olhou para mim.
– Posso sentar no piano? - perguntei de subito e corei assim que falei.
– Como?
– É que...bem, nas estórias que eu leio...er, lia, as princesas sempre sentavam em cima do piano Mas foi uma pergunta boba, eu não sou uma princesa hahaha...
– Se é do seu desejo, Odango, faça como quiser.
Eu sorri, levantei da cadeira e matei minha vontade.
– É bom relaxar um pouco. - eu disse. - Qual era o nome dessa música?
– Não sei. Quer dizer, não tem nome, fui eu quem a criou.
– Nossa! Que incrivel você é! Ouvi dizer que para criar uma melodia você precisa colocar seu coração nela, e seus sentimentos. Então, se está triste, acaba compondo uma música triste. Se está feliz, uma música alegre. Você devia estar bem agitado quando compôs esta...ou preocupado talvez.
– Talvez... - ele disse pensativo me olhando. E assim permanecemos por um tempo, um olhando para os olhos do outro. Eu não sei qual motivo, mas eu gosto de olhar para seus olhos...O tom azul escuro sempre me monstra um quê de mistério. Um que eu quero descobrir. O que será que se passa pela mente dele? Agora, por exemplo...o que tumultua sua mente, nesse exato momento em que nossos olhares estão conectados? Sem cessar o contato de nossos olhos, pude ver suas mãos se movimentando e logo as teclas responderam. Então ele olhou para elas e começou a tocar a melodia mais doce que ouvi. Era tão leve. Após os primeiros acordes ele olhou para mim e continuou assim, com um pequeno sorriso no rosto. Nossos olhos têm se encontrado muito esses dias em que estivemos hospedados nesse resort...aliás, se for parar pra pensar, desde que o conheci é assim. Ele sempre me olha do mesmo modo, tão profundamente. Quer dizer, menos quando estamos discutindo, seu olhar nesses momentos está sempre zombando de mim.
Quando a melodia acabou e eu pude sair de meu devaneio, percebi que havia chego mais pra frente, e uma mecha de meus cabelos estavam sobre suas mãos; eu estava quase caindo em cima das teclas de tão próxima a ele. Ele pegou a mecha de meu cabelo e começou a enrolar em seus dedos.
– Mas que...lindo. - eu disse meio abobada. - É sua criação também?
– Sim. Bem, acabei de criar.
– Mesmo? e o que estava pensando agora, para fazer uma melodia tão bonita?
–Eu pensei em você, Usagi. - ele colocou a outra mão em minha face. Prendi a respiração. - Em tudo que você...- Ele chegou mais perto. - ...representa... - ele já estava tão perto que seu nariz roçou no meu e eu fechei meus olhos, meus lábios formigando.
"Usako!Onde está?"
Dei um pulo, fazendo Mamoru cair no chão. Mas eu não fiquei pra trás e logo caí em cima dele.
– Mas o quê? - ele perguntou.
– Desculpe, desculpe! Só um instante...
Me levantei e virei as costas pra ele, envergonhada.
"O que foi?" perguntei no comunicador, meio irritada.
"Precisamos de você, agora! Ou acha que a louça vai se lavar sozinha?" - gritou Ray.
Murmurei qualquer coisa e sai correndo dali, mais vermelha que salsicha enlatada!
***

Seria muito estranho se ele ainda estivesse lá, afinal já é tão tarde que deve ser quase madrugada. Contudo isso não me impediu de andar até a sala do piano. Estava deserta. Apesar de estar tudo escuro, a luz que entrava plea janela da lua crescente iluminava o local. Andei até o piano colocando em cima dele o troféu de dança que ganhei a tarde. Eu e Aiko havíamos feito uma dupla.Contornei-o piano todo, passando a mão lentamente até chegar onde, antes, Chiba estava sentado. Sentei no banco e levantei a tampa, revelando as brancas e pretas. passei os dedos por elas e toquei uma tecla. Não saia da minha mente o que ele havia dito. "Eu pensei em você, Usagi".Ele me chamou pelo meu nome! E o beijo que quase aconteceu...Suspirei.
Senti a presença de alguém e olhei para a porta, dando de cara com quem eu mais queria encontrar. E claro, com quem menos eu queria encontrar.
– O que esta fazendo aqui? - ele perguntou caminhando rapidamente ao meu encontro.
– Estou sem sono. - Eu disse, não respondendo totalmente a pergunta dele. - E você?
– Eu durmo aqui do lado. Ouvi o barulho do piano e vim ver quem era.
– Oh, me desculpe. - eu levantei e passei por ele, pegando meu troféu de volta e permanecendo de costas para ele.
– O que é isso? - ele perguntou e nossa, estava tão perto que sua respiração bateu em meus cabelos. Próximo demais.
– Eu e Aiko ganhamos um concurso de dança hoje...
– Por que não está me encarando? - ele perguntou colocando as duas mãos apoiados no piano, me envolvendo - e me prendendo em seus braços. Próximo demais.
– Porque estou de costas, ora.
– Esta envergonhada pelo que aconteceu hoje?
– O que aconteceu hoje?
– Você tentou me agarrar, não lembra?
Eu me virei para ele bruscamente, já pensando em dizer poucas e boas para ele, mas ele não deixou e colou seus lábios nos meus, fazendo me sentir como se estivesse flutuando.
Deixei cair o troféu que rolou debaixo do piano.
Mas como o destino aparenta não gostar muito da minha pessoa, fomos interrompidos mais uma vez, contudo desta vez por algo um pouco mais sério.
Um barulho muito alto, aparentemente do lado de fora da mansão fez com que Chiba separasse nossos lábios - com certa relutância. Percebi que estava quase deitada no piano, apoiada no mesmo com os cotovelos. Ele segurava minha cintura com força e meus pés mal tocavam o chão. Quando ele havia se inclinado assim de tal forma?
De qualquer forma, ele separou-se completamente de mim e foi até a janela próxima.
– Usako...fique onde está, eu já volto. - e saiu correndo da sala, me deixando com o coração quase saltando pela minhas orelhas!
Andei rapidamente até onde ele estava antes e vi que um monstro estava atacando a festa que rolava. Não sei o que Chiba poderia fazer, mas eu sim. Estendi a mão para cima e gritei:
PELO PODER DO PRISMA LUNAR!


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