Happy Birthday, Molly escrita por Louise


Capítulo 17
Estaremos esperando


Notas iniciais do capítulo

Alô alô criançada, a Amelia chegou! Olha como eu estou estou regrada, postando um capítulo por dia... Esse capítulo, como o anterior, pertence a cronologia dos flashbacks. Espero que gostem!



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__ Vamos logo, Molly!

__ Calma, Sherlock! Estou me arrumando, para de me apressar!

Eu a esperava, sentado na poltrona do quarto. O carro chegaria em poucos minutos e, como de prache, ela ainda não estava pronta. Dissera a Sophia que cuidaria do resto, e se trancou no banheiro com todo tipo de aparato de beleza desde o meio da tarde. Ah, mulheres. Sempre com seus complexos de beleza – suas ceras quentes de depilação, maquiagens coloridas e saltos apertados.

Arrumei-me na poltrona macia, apoiando a cabeça na palma de uma mão. Não demorei tanto para ficar pronto, porque ela tinha que demorar?

__ Se não quer ficar aqui, porque não desce para o hall do hotel? Em menos de vinte minutos estarei pronta – ela continuou. – Sophia já está lá.

É exatamente isso que eu vou fazer. Silencioso, andei até próximo a mesa. Escondi a pistola .9mm dentro do bolso interno do smoking, junto com uma pequena carta dobrada e algumas notas de dinheiro. Sai do quarto e rumei as escadas.

Sophia me esperava no hall. Não conseguia me lembrar a última vez que havia a visto tão altiva e feliz. Abriu um sorriso ao me ver descer a escadaria luxuosa. Usava um vestido elegante e discreto – preto e sem brilho, não tinha nada de especial. Aproximei-me dela e a vi sorrir mais uma vez.

__ Sherlock! – ela me abraçou com ternura. – Você está ótimo! Mas onde está Molly?

__ Ela ainda está se arrumando. Me garantiu que daqui há alguns minutos estará aqui.

__ Excelente. Sherlock, precisamos falar sobre Moran.

Me aproximei ainda mais, fitando a porta de entrada da construção enquanto a ouvia falar.

__ Charlotte sabe que foi uma armadilha. Sabe que Molly está no meio, e você também. Mycroft e eu tomaremos alguns cuidados para que tudo ocorra normalmente. Mas não se esqueça disso, está bem?

__ Vou me cuidar, irmã minha, não se preocupe – respondi, ainda mirando os olhos para a porta.

__ Não se esqueça de... Oh, mon dieu.

Minha irmã observava o topo da escadaria. A olhei, confuso, seguindo seus olhos e entendi o porque da surpresa.

Não era Molly, não podia ser. Ela estava... Maravilhosa. Era outra mulher. Não era aquela Molly que usava roupas coloridas para chamar minha atenção, nem aquela Molly que odiava vestidos apertados, saltos altos e maquiagem.

O pano azul-escuro esculpia as curvas do corpo de uma musa grega. Tomara que caia, o vestido escorria até o chão, como se um pedaço do céu noturno – cravejado de estrelas que mais pareciam pequenos diamantes – tivesse sido roubado e costurado com suas exatas medidas. Nunca a vi tão diferente.

Quando terminou de descer as escadas, maneou a cabeça, tentando esconder de mim o rosto que começava a corar.

__ Não me olha assim. Estou me sentindo ridícula com esse vestido.

__ Você... você está... hm... está...

__ Bonita...? – ela completou.

__ Perfeita – eu disse, ao mesmo tempo.

Nos entreolhamos. Agora, com os olhos dela bem abertos, eu podia notar as pequenas pontas de um verde-folha, que despontava íris adentro, desbravando a cor de mel. Tudo estava perfeito, entretanto nem a maquiagem conseguia disfarçar o pequeno corte à faca na bochecha.

___

O salão era cheio de cor. Vida pulsante corria por cada pilastra, cada centímetro de mármore do chão, cada tapeçaria tingida de vermelho. Ao som da boa e velha música clássica, os casais mais influentes da Europa – e alguns da América do Norte e Sul – dançavam em pares, como se remontassem as antigas festas de luxo da corte francesa. Dos corredores superiores, a visão da coreografia era como um scópio, com os movimentos espelhados em todos os cantos do círculo.

Assim que Molly, agarrada ao braço do jovem Holmes, foram avistados na porta, todas as atenções viraram-se para o casal. Não era só pelo vestido da legista e sua beleza estonteante, nem só pelos olhos azuis esverdeados e o cabelo do detetive; era a combinação de todos os pequenos e perfeitos detalhes que fascinava os outros convidados. Eles pareciam figuras místicas, impossíveis de serem alcançados, só poderiam ser observados de longe.

Ganharam espaço, um passo de cada vez, até chegarem ao outro lado da sala retangular. Ali, Daniel – o velho que os ajudara com os documentos – e, para a surpresa do casal, Mycroft os esperava. Daniel estava diferente. Fora afastado dos trapos que normalmente usava, sendo substituídos por um smoking elegante, com direito a flor na lapela e tudo mais. A barba, antes longa e grisalha, agora estava somente rala.

Cumprimentaram-se mutualmente – do jeito costumeiro dos Holmes, com um maneio de cabeça e um olhar discreto.

__ Disse que ia ficar linda com esse vestido – Sophia sussurrou para Molly. – O que acha, Mycroft? – perguntou, porém não deixou o irmão responder, continuando. – Esqueça, você não saberia apreciar uma obra de arte como Molly e o vestido juntos.

__ O que vamos fazer aqui? – Molly intrometeu-se, puxando o tecido brilhante junto. – Disse que Moran e a irmã estariam aqui.

__ E estão. E tenho certeza que estão procurando por vocês – a loira apontou, com um maneio de cabeça, um casal, que dançava na borda do círculo de pessoas. Moran era um pouco parecido com Charlie. O cabelo e a barba eram cor de ébano, porém os olhos tinham a mesma cor e intensidade dos da irmã. Vestia, como a maioria dos homens, um smoking.

__ O que eles querem hoje?

__ Segundo nossas fontes, eles estariam representando Lady Elizabeth Smith, uma das mais notáveis e ricas participantes e ajudantes da ONU. Adotaram a posição dos filhos de Lady Smith. Laura e Marcus. Elizabeth tem uma doença terminal, e está em estado vegetativo há alguns meses.

__ Que devem estar mortos, a essa altura. Ou serão usados mais para frente, como modo de ganhar muito dinheiro, pedindo o resgate, embora esse não seja o estilo de James.

Sherlock, inconscientemente – mas com certa vontade -, agarrou a cintura da legista, como se fossem um casal. “Mas me deixa em paz, desgraça” ela praguejou mentalmente. “Agarra a sua irmã, ou Charlie, mas me solta”.

__ Você podia me soltar.

__ Não. Venha, vamos dançar. Preciso ver uma coisa.

__ Mas...

__ Vem logo – ele a puxou para a roda. Logo, com os corpos colados flutuando em meio a música, os dois misturaram-se aos convidados. A mão esquerda dele escondia a dela, e a direita abusava do direito de estar na cintura. As vezes, escorregava mais para baixo. Ele mal notava, observando os Moran, e o trabalho de trazer a mão do detetive de volta à cintura ficara para Molly. “Mais essa ainda. Esse homem ainda me mata”.

__ Observe. Eles nunca saem de perto do Primeiro-Ministro britânico e dos representantes do líder americano – ele sussurrou em seu ouvido. Ela sentiu cócegas no ouvido.

__ O que eles podem fazer?

__ Eles sabem que fomos nós. Sabem que temos as cartas, e provavelmente que podemos decodifica-las.

__ Como sabem que podemos?

__ As cartas estão sobre a proteção da família Holmes, os três gênios do Eixo. Sophia na França, eu e Mycroft na Inglaterra. Com os três juntos, decodifica-las seria como tirar doce de criança.

“A modéstia também é um ponto forte dos Holmes” sua consciência ironizou, e ela soltou uma risada baixa.

Moran e a irmã caminharam para fora do círculo. Antes de saírem, passaram pela ruiva e o moreno e entregaram-lhe um pequeno pedaço de papel dobrado. Charlotte fuzilou Molly com os olhos, como se pudesse mata-la pelo olhar.

Depois que saíram, Sherlock abriu o bilhete.

“Centro do jardim. Daqui a dez minutos. Estaremos esperando. –SM”.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim ^^ Comentários são sempre bem-vindos! Nos vemos amanhã o/

Beijinhos da ruiva,

Amelia.



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