She Wolf escrita por Angelic Power


Capítulo 2
Gancho de Prata


Notas iniciais do capítulo

Eu NUNCA pensaria que tanta gente iria comentar. Poxa, muuuuuuuito obrigada, que lindoo



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Passava rápido pelas pessoas da vila. Alguns tropeçavam e murmuravam algo ofensivo, mas tudo o que passava pela minha cabeça era chegar a tempo. Meus pés doíam, mas eu não podia exitar. Empurrei a posta de casa e corri para o quarto.
Ela vai me matar. Ela vai me matar. Repetia em minha mente para ir mais rápido.
Desci a escadaria até o andar de baixo e encontrei-a lá. Seu vestido longo e seu coque grisalho a faziam parecer uma senhora inofensiva, mas eu a conhecia muito bem.
O lugar era perturbador para qualquer um que entrasse. Como era no subsolo, não possuía janelas. Tudo era feito de pedra, para impedir gritos, meus gritos. As armas estavam por todo o canto, qualquer tipo que alguém poderia imaginar. E todas eram feitas de prata.
–Está atrasada, mocinha. -Retrucou ela.
–Desculpe, vovó, eu estava...
–Não importa, hoje será a noite de sua vida, Lana, precisamos treinar!
–Tudo bem, tudo bem...
Ela me olhou satisfeita e se virou, voltando às sombras. Hoje seria noite de lua cheia, eu precisava estar pronta. Vovó havia me treinado para ter força, aprender a lutar e controlar minha fera.
–Está pronta? -Perguntou ela, retornando com uma corrente nas mãos. Eu já havia treinado com aquilo antes, de todas as armas, era a pior. No fim da corrente tinha um gancho. O treinamento se baseava em rapidez, se eu não fosse rápida o suficiente, iria sangrar. Simples, não?
–Estou. -Declarei.
Encarei a corrente e me concentrei. Acalmei a respiração. Vovó girou a corrente com uma facilidade absurda e lançou em minha direção. Meus olhos arderam e a visão clareou. As correntes não chegavam tão rápido, me lancei ao lado, me chocando com a parede. O movimento foi tão rápido que pude quase andar na pedra. Ouvi outro barulho e vi o brilho da corrente outra vez, mas não havia sido rápida. O gancho havia se fincado nas minhas costas.
Meus joelhos tocaram a pedra gelada. A dor veio lentamente, mas não consegui sentir mais nada. Meu corpo simplesmente caiu e minha respiração parou. Tudo foi escurecendo e...
–Quem é ela? -Perguntou uma voz de longe. Eu estava mergulhada em sombras.
–Não sei, nós a encontramos na caça de ontem à noite. Acho que estava fugindo. -Disse outra voz.
–E se ela quiser nos matar? Ficou louco? -Esbravejou.
–Ela é uma de nós, Sebastian, não nos fará mal algum, afinal, é apenas uma garota.
–Tudo bem, mas se ela causar confusão, você será punido, Thomas!
–Só não mate a menina, ok? -Caçoou a voz.
Ouvi o barulho de uma porta. Alguém entrara ou saíra. Ouvi passos, se aproximavam. Eu precisava acordar ou poderia ser morta. Forcei meus olhos a se abrirem e encarei o cômodo desconhecido. Estava em uma cama lotada de travesseiros e cobertas. Era um lugar grande, mas não conseguia ver nenhuma janela, a única opção de saída seria a porta.
Foi então que o vi, um cara carrancudo me encarava severamente. Tinha grandes olhos negros e o cabelo tão escuro quanto. Ele não havia dito nada, só me encarava, aquilo era estranho e irritante.
–O que está olhando? -Perguntei.
Ele arregalou os olhos, com uma clara expressão de surpresa.
–Como ousa falar assim comigo? -Retrucou ele.
–Não estou sendo grosseira, só quero saber o que está olhando. Nunca viu uma garota na vida?
–Pra falar a verdade você esta sendo grosseira. -Disse ele com um pequeno sorriso.
–Não sei onde estou, nem quem são vocês, como quer que eu seja gentil?
Ele me olhou por um instante e estendeu a mão.
–Sou Sebastian Ward, esse aqui é a caverna do meu... grupo. Eles acharam você enquanto estavam na caçada de ontem... Agora conhece. -Disse ele sorrindo, tinha um sorriso mais bonito do que a cara brava.
–Illana, mas pode me chamar de Lana. -Falei, apertando sua mão.
–O que acha de conhecer o lugar, Lana? -Perguntou ele, puxando minha mão e me ajudando a levantar.
–Seria muito bom.
Sebastian me levou para os corredores da caverna. Me lembrava o lugar onde eu treinava. Minha avó...
Não pense nisso agora. Respirei fundo.
Foi então que vi a luz pela porta. Levava à uma varanda bem alta. O céu estava totalmente azul e o sol brilhava, fazendo meus olhos arderem um pouco. Me aproximei da grade de madeira. Lá embaixo tinha um enorme gramado, com crianças e adultos correndo por todos os lados.
–Essa é minha família, -Disse Sebastian, ao meu lado- espero que não esteja cometendo um erro em deixar que fique aqui. Esse é o único lugar em que pessoas como nós podem ficar. É nossa segurança.
–Pode confiar, sei como é ter família.
–Então por que fugiu? -Disse olhando novamente pra mim. Examinando cada canto, para se certificar de tudo o que eu dizia.
–Os habitantes da vila nos encontraram, atearam fogo em tudo... eu deveria ter ficado para lutar, mas ela mandou que eu corresse...
–Todos perdemos alguém em algum momento, o que importa é como achamos um modo de conviver com isso. Usar a dor em nosso favor. É isso que ensino à eles.
–Você... é o líder deles? -Perguntei surpresa, mas ele sorriu ao ver minha expressão.
–Algum problema com isso?
–Você não é meio novo? Duvido que controle todos eles... -Disse encarando-o de volta.
–Duvida é? Então venha na caçada de hoje à noite comigo e veja por si mesma. O que acha disso?
Soltei uma gargalhada, seria um completo desastre.
–Eu topo.


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Notas finais do capítulo

E então? Imaginam por que a casa foi incendiada? Será mesmo que a caçada vai sair bem ou não? Até o próximo, agradeço novamente à todos os que comentaram.