Tudo Aconteceu em Um Inverno - Dramione escrita por Grind
Tudo Aconteceu em um Inverno – Dramione / Capítulo 10 – Dor
— Mãe, você tem certeza disso? – Scorpius apoiou as mãos sobre as roupas que Hermione Granger arrumava com pressa dentro da mala – O tempo anda ruim pra viagem e a senhora sabe disso. Não seria melhor esperar até o amanhecer?
- Eu fiz tudo o que pude por todos vocês –Advertiu em direção a figura loira que era tão tremendamente parecida com o pai que Hermione precisou focar a atenção de novo nas próprias coisas – Não ousem me pedir outra vez pra ficar, essa é uma decisão minha, que seu pai entende, e entramos num consenso.
— Mas tudo estava dando tão certo entre vocês dois não estava?
Hermione suspirou enquanto fechava os olhos.
— Exatamente, estava.
— O que foi então que deu errado? Se foi algo que papai disse, podemos consertar isso-
— Não Scorpius – Granger fechou a mala com mais força do que realmente deveria – Seu pai não fez nada de errado, talvez ele até tenha feito tudo certo demais.
Scorpius franziu o cenho e Hermione suspirou outra vez.
— É complicado está bem? – Beijou o rosto do filho mais velho – Eu vou desaparatar em Londres então não precisam se preocupar.
— Poxa mãe a gente não queria fazer nenhum dois sofrer quando os convencemos a vir – Scorpius abaixou os olhos azuis – Só que Rose e eu realmente achamos que íamos conseguir fazer com que vocês dois dessem uma chance um pro outro.
— Não se culpe – Hermione o abraçou apertado – Eu ordeno que não se culpem okay? Apenas aproveitem mais essas duas semanas com seu pai antes dele voltar pra rotina agitada dele e então tudo voltara a ser como sempre foi.
Scorpius suspirou como a mãe e Granger segurou a mala firmemente em uma das mãos enquanto abandonava o quarto. A casa estava incrivelmente silenciosa, e Hermione Granger tentava evitar carregar o fardo de que talvez fosse por sua culpa.
Desceu as escadas tentando evitar que rangessem, e encarou os cômodos mal iluminados. Apenas a lareira se mantinha acesa, incrivelmente convidativa perto de todo o gelo que compunha as coisas distantes dela. Rose estava ajoelhada ao lado da poltrona onde Draco Malfoy estava sentado, de costas pra ela, ele não podia vê-la assim como ela não via nada além do braço caído pra fora com o copo cheio de gelo e whisky.
Os olhos da filha mais velha caíram sobre a mãe, molhados por causa das lagrimas o que só tornava tudo ainda pior. Rose era sua filha mais forte, com o sangue fervente dos Malfoy correndo nas veias, ela não se abalava com tanta facilidade.
— Mãe – A voz feminina veio carregada de sentimento e Hermione precisou se controlar para não chorar também.
O braço de Malfoy não se moveu.
Rose ficou de pé, juntando o cabelo no topo da cabeça e caminhando na direção de Granger como se andasse no corredor da morte.
— Mãe! – Hugo surgiu no topo da escada, descabelado e suado, a mochila que trouxera nas costas. – Me espere.
— Eu já disse que você não vai vir comigo – Granger negou veemente quando o filho o meu se apressou a ponto de pular degraus para chegar até a mãe.
— Por favor, eu prometo me comportar, eu prometo que-
— Hugo – Hermione colocou ambas as mãos sobre as bochechas rosadas de Hugo – Você vai ficar com seus irmãos e com seu pai, principalmente agora que estão se entendendo, não vou permitir que vire as costas pra ele.
Hugo deixou a cabeça pender de forma manhosa abraçando a mãe com toda a força que tinha.
— Eu juro que-
— Hugo.
O de cabelos castanhos bufou ao se afastar, escondendo o rosto, orgulhoso demais pra se demonstrar fraquejar. A atenção de Hermione voltou a filha mais velha, que num aceno como quem compreendia abraçou a mãe com igual amor e carinho até que as duas se soltassem parcialmente aliviadas.
— Passe para ver os gêmeos quando voltar Malfoy – Granger advertiu ainda que não precisasse.
Malfoy não se levantou, não respondeu, mas seu braço visível foi erguido em direção ao rosto e voltou a surgir com o copo quase vazio. Granger suspirou de forma pesada antes de fechar os olhos, se concentrar, e aparatar em direção a Londres.
Rose soluçou, talvez tenha sido baixo, mas o clima desesperador que tomava conta das almas fez o som reverberar pelas paredes como uma praga.
— Rose – Draco chamou pela filha ainda sem desencostar o corpo da poltrona de couro, a garota não o respondeu, e todos os pisos rangeram quando subiu as escadas correndo e em seguida bateu a porta do próprio quarto.
Draco Malfoy se sentia partido, em vários e pequenos pedaços, como se ao invés de sentir apenas dor ao ser socado varias vezes no peito e no estomago ele fosse um frágil espelho sendo trincado, e depois despedaçado até que alguém andasse sobre seus cacos como se fosse uma garrafa de cerveja abandonada numa viela na rua.
Coçou os olhos que pesavam de cansaço e pareciam se molhar com uma facilidade que ele não se julgaria capaz. Ainda que sua família fosse a prova de um novo começo na linhagem dos Malfoy, tinha sido sobre as tradições antigas, e independente do quanto procurasse evoluir, Malfoy’s não choravam.
E tudo só se tornava um caos ainda maior em seu peito, porque não sabia lidar com a tristeza, não sabia como contê-la e guarda-la no seu mais profundo ser depois que ela escapava, não sabia o que fazer com as lagrimas depois que elas lhe escapavam dos olhos, não sabia o que fazer com o nó que lhe tomava a garganta se tentasse parar de chorar e evitar soluços, só sabia que a tristeza era facilmente revertida em ódio.
E ele lidara com ódios tantas e tantas vezes que ansiava para que isso logo acontecesse. No entanto ainda era cedo demais, ainda sentia apenas o vazio no peito, a angustia de não ter aquilo que mais queria, de que mais precisava.
A briga no quarto com Hermione tinha sido tão acida que ela não foi capaz de se manter no mesmo ambiente do que ele por muito mais tempo, e conseguiu arrumar uma maneira de convencer os filhos de que realmente tinha de ir embora.
Abandonou o copo em cima da lareira, queria estar bêbado, mas perdera toda a capacidade de ingerir álcool depois do terceiro filho. Não tinha mais 17 anos, seu organismo não aguentava as coisas loucas que bebia antes para esfriar a cabeça, e ainda que aguentasse, ele tinha três de seus cinco filhos com ele, a responsabilidade sempre gritava mais alto.
Deixou os braços se apoiarem nos joelhos para segurar a cabeça, seu cérebro pegava fogo.
Maldição, ele sempre a amara mais do que tudo no mundo, a primeira separação dos dois fora tão horrenda que se quer se julgou ser capaz de sobreviver, até aprender que teria o contento de vê-la por causa das crianças e tentou usar como base pra se reestruturar ainda que não fosse o suficiente.
Até que os filhos cresceram, e a quantidade de vezes que podia observa-la reduziu a uma a cada quinze dias. A viagem realmente não pode ter surgido em melhor hora, onde se drogaria mais vezes de observar Hermione Granger sem se sentir culpado ou maníaco.
As coisas voltaram a funcionar entre os dois, e então seu lado racional se desligou da realidade e o mundo voltou a girar de forma normal, estava internamente realizado, o corpo extasiado, a mente viajando num paraíso, e gostava de saber que ainda que tivesse apenas a imaginado por tanto tempo ela sempre correspondia a todas as expectativas.
Mas se despedir formalmente outra vez depois de tudo o que tinha passado não era uma coisa da qual fosse capaz de fazer.
Os braços do filho do meio rodaram seus ombros, firmes e seguros do que faziam e Malfoy abraçou Hugo segundos depois, exausto demais para manda-lo pra cima e evitar que visse o estado lamentável em que se encontrava.
As lagrimas em seu rosto molharam a camisa do filho, e procurou recurar o equilíbrio para evitar que aquela situação se estendesse muito mais.
— Não precisa se desesperar por eu estar de abraçando – A voz de Hugo estava tão calma que foi um deleite pros ouvidos – E sei que o melhor a se fazer agora seria desistir, mas eu conheço a minha mãe. Você só precisa dar um tempo pra ela.
Draco Malfoy queria ter a mesma linha de pensamento esperançosa do filho, mas não tinha mais esses sentimentos.
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