Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 18
Sebastian - Pt. 1


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo peço desculpas aos leitores pelo tempo sem postar, espero que não tenham se desanimado. Estava sendo escravo da escola e consegui, enfim, férias.

"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente." - Soren Kierkergaard



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– Querida, apresse-se, ele está chegando! São quase 8 horas! - disse a senhora, transpirando alegria.

– Estou quase pronta mamãe! Apenas calçando os sapatos! - respondeu a jovem sentada numa cadeira próxima ao sofá - Ah... estou tão empolgada! Tenho quase certeza que será hoje.

– Não fique tão empolgada, pode acabar no vácuo. - riu a irmã mais nova.

– Ora cale-se Helena! Não desanime sua irmã! Peter, querido, fale alguma coisa. - pediu a senhora.

– Ora, Martha, o quer que eu faça?

– Mamãe, papai... e Helena! Parem já! - sorriu a jovem - Não precisam se preocupar com nada! Nada do que você disser vai abalar minha noite... ouviu Helena? Aliás, acho até que está com inveja! - brincou a jovem, desfilando e rodopiando com o deslumbrante vestido carmim que comprara apenas para aquela ocasião.

– Hunf! - a menina cruzou os braços – Inveja? Eu? Não mesmo.

– Fique tranquila, irmãzinha. O seu chegará em breve. - disse simpaticamente.

"Beep, beep." Ouviu-se a buzina do carro esperado.

– Silvia querida! Ele chegou! - disse a senhora, olhando pelo olho mágico da porta - Não esqueça da bolsa!

– Sim, mãe! Claro. - disse a jovem saindo pela porta - Não me esperem acordados!

– Vou esperar com o cinto na mão caso não chegue na hora. - brincou o pai.

– Papai... tenho 24 anos! – ela respondeu.

Todos riram diante da situação engraçada em que se encontravam, Silvia entrou no carro e este partiu.

Ela aconchegou-se confortavelmente no banco do carona e colocou sua bolsa no colo.

– Está com sua bochecha corada... – riu o rapaz, dando a partida no carro.

– Eu... eu... só... não é nada... – ela passou o cabelo pra trás da orelha.

A viagem até o local do encontro foi cercada de risos e brincadeiras, Silvia estava empolgada como nunca, seu coração palpitava, batia mais rápido que um baterista em um solo de rock. Atravessando meia cidade, o rapaz dobrou uma das esquinas mais movimentadas e começou a frear o carro.

– O que fazemos aqui? – espantou-se Silvia, nunca havia nem chegado perto daquela parte da cidade, não tinha condições para frequentá-la.

– Chegamos! - disse o rapaz.

– Não acredito... - disse Silvia, pondo a mão revestida com a luva de seda sobre a boca - Quando você disse que era chique... eu... eu ... não imaginei que você... Meu Deus, nunca achei que frequentaria um lugar de tamanha classe.

Ambos haviam parado em frente ao Nouveau Paris, o restaurante mais conhecido da cidade de Jersey, frequentado apenas pela finíssima alta classe. E Silvia sabia que nenhum dos dois pertencia a alta classe, quem dirá a finíssima.

– Como conseguiu? Digo, é muito caro e... não me diga que...

O rapaz baixou a cabeça.

– Charles, gastou suas economias para a compra do novo carro com esse jantar?

Silvia foi movida de íntima tristeza, sabia que Charles não ganhava muito em seu trabalho no departamento de polícia local e que havia se esforçado muito para juntar tudo que conseguiu. Não queria vê-lo jogando tudo num jantar, ainda que fosse com ela.

– Uma boa parte dela... - disse Charles - Mas não importa, é uma noite especial e quero que seja perfeito e inesquecível. - ele a beijou apaixonadamente.

– Especial?

– Vem eu vou te mostrar....

O casal desceu do carro, entregaram-no ao manobrista e adentraram as suntuosas portas do Nouveau Paris.

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– O que está dizendo? - disse Silvia com lágrimas nos olhos.

– O que você ouviu... - disse Charles.

– Eu... eu... - suas mãos trêmulas largaram o garfo com o delicioso bolo de chocolate sobre a toalha branca da mesa.

– Vamos responda! - disse o rapaz, levantando-se da mesa e falando em voz alta para todos ouvirem – Silvia Garden, você quer se casar comigo? - ele ajoelhou-se e abriu em sua frente uma pequena caixinha de veludo com um lindo anel de brilhantes dentro.

– Sim!!! Sim!!!! - disse ela chorando, fechando a caixinha e pondo sobre a mesa. Para Silvia não importava o anel ou com o que ele era incrustado, tudo que importava naquele momento era que aquele era o começo da sua nova vida ao lado do homem que amava, o começo dos seus dias preenchidos de sorrisos. Ela ajoelhou-se e abraçou-lhe calorosamente, em meio a todo restaurante, que aplaudiu de pé.

Os dias que se seguiram foram de festa e alegria, depois de dois anos de noivados e cinco de namoro, o casamento dos dois finalmente estava para acontecer. Charles era de origem muito humilde, ficou órfão aos 15 anos quando perdeu os pais em um acidente, no qual por pouco também não morreu. Sem família nem nenhum parente que se tivesse conhecimento, Charles passou a viver independentemente e com muito esforço, conseguiu emprego no esquadrão dos policiais da cidade, onde se dedicou bastante e tornou-se um dos melhores, principalmente no que se refere ao uso de armas de fogo. Tais razões fizeram-lhe muito admirado pela família de Silvia, que por sua vez, teve uma vida mais fácil, podendo frequentar boas escolas e ter apoio e carinho familiar. Silvia, por gostar muito de companhia, principalmente da de crianças, pois as achava curiosas e divertidas, tornou-se professora de uma escola primária, também da cidade. Onde, a propósito, os dois se conheceram: era um dia ensolarado, quando o esquadrão de policias foi até a escola onde Silvia trabalhava falar de segurança para os alunos, a velhas e já conhecidas regras de conduta ao sair de casa e andar nas ruas, devido a uma febre de assaltos que estourara naquela parte da cidade na época. Desde então, formado o romance entre os dois... o resto já se sabe.

Não demorou muitos meses para que o casamento acontecesse. Com um reforço financeiro vindo da família de Silvia, o casamento dos dois saiu perfeito e segundo o planejado nos mínimos detalhes. O mesmo ocorreu na praia, e embora simples, foi lindo e inesquecível para os convidados, para a família e para os dois, que após cinco anos se encontravam no altar, juntos e prontos para ouvir do padre a frase que qualquer um que deseja se casar pretende ouvir.

– E pela autoridade a mim concedida eu vos declaro, Charles e Silvia, marido e mulher!

Houveram aplausos incessantes.

– Lhe batizo desde já não mais de Garden minha jovem, mas de Baker. Senhoras e senhores presentes. - o padre abriu os braços para a plateia - Em nome de Deus, vos apresento Sr. e Sra. Baker.

Mais aplausos.

– Agora pode beijar a noiva.

Charles pegou então Silvia e deu-lhe um romântico e caloroso beijo inclinado.

– O que está sentindo? - ele sussurrou em seu ouvido.

– Não existem palavras para definir... a minha felicidade... – ela respondeu sorrido.

– Eu te amo. - ele disse, beijando-a novamente.

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– Arrrr... - suspirou Charles, girando a chave na fechadura após chegar em casa após um longo dia qualquer de trabalho, pendurando seu chapéu em um gancho na parte interna da porta - Amor... cheguei em casa, o que tem pro jantar? – ele perguntou.

Ela, mais que depressa, veio correndo ao seu encontro sorridente e pulou em seus braços, beijando-o.

– Ei... ei... o que houve? - ele riu – Pra quê tudo isso?

– Eu ... eu estou tão feliz. - ela respondeu sem conseguir conter a empolgação.

– Alguns dizem que a alegria do casamento acaba em menos de um ano... mas quem diria isso de você? Já fazem pouco mais de dois anos... Acho que cair na rotina não é problema para uma mulher selvagem e explosiva como você! - disse ele, puxando o corpo dela para o seu, provocantemente.

– Bom... - disse ela escalando o peito dele com os dedos - ... eu acho... que não cairemos na rotina tão cedo.

– O que quer dizer?

Ela riu.

– Estou grávida. - disse.

O rosto de Charles mudou de expressão no mesmo instante e este caiu sentado no sofá, estático.

– Querido? Está bem? – ela sentou do seu lado.

– Isso... – ele pôs as mãos na cabeça.

– O que houve? – ela já havia começado a ficar nervosa – Nós conversamos tanto sobre isso... por tantas noites... já faz um tempo que a gente tenta... não... não está feliz...?

– Isso... é... INCRÍVEL! – ele gritou, agarrando-a pela cintura e girando-a no ar – Eu vou ser pai!! – ele gritava – EU VOU SER PAIIIIIIIIIIIIIII!

Ela ria.

A alegria estava completa, a benção divina concedera ao casal um filho. Finalmente teriam uma família com todos os componentes devidos, e, embora Silvia não conseguisse tirar o sorriso do rosto, Charles era o que estava mais feliz com a notícia, afinal, como perdera os pais na adolescência, também perdera muitos momentos com eles que jamais lhe seriam devolvidos: como seus aniversários, sua formatura, sua namorada, seu casamento e agora... seus filhos. Por tal motivo, estava ansioso para dar tudo que tinha, estava disposto a ser o pai que não tivera, estava disposto a fazer daquela criança a alegria e maior símbolo de união entre os dois. Afinal era seu primeiro filho, ou filha, ou...

– Gêmeos? – perguntou Charles espantado após um atestado médico.

– Sim... temos essa suspeita há mais de dois meses atrás, mas acabamos de confirmar com base em alguns exames que a sua mulher está fazendo: são dois meninos... tem algum problema? – perguntou o médico, diante da surpresa do rapaz ao receber a notícia.

– Na verdade... tem unzinho só! – ele riu.

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– Nos mudar? – perguntou Silvia, olhando tristemente para a casa a sua volta – Mas por quê?

– Nossa casa não é grande o suficiente para duas crianças Silvia...

– Eu gosto daqui... tem tantas lembranças... – disse ela, fazendo cara feia.

– Eu também... mas não quer que nossos pequeninos cresçam com espaço para brincar? Essa casa de subúrbio é muito pequena... nela só cabem lembranças solteiras, sonhos sem filhos, precisamos de uma casa maior para caber mais lembranças! – brincou.

Ela riu.

– Além do mais... já andei pesquisando e achei uma casa linda mais próxima do centro da cidade, o que é bom porque vão estar perto do agito quando forem adolescentes, e é mais próximo do hospital caso aconteça alguma coisa... e ... e.. da piscina comunitária, eles tem que aprender a nadar! E... da delegacia... um dos dois tem que ser policial, como o pai! E... – a empolgação de Charles foi interrompida por Silvia.

– Já está mais calmo?

– Sim... sim... Três quartos, duas salas, eles vão poder correr até cair.

– Não quero que eles corram até cair. Vão se machucar!

– Você é uma graça... – ele disse com um sorriso simpático no rosto.

– Eu sei! – ela respondeu.

– E então?

– Hm... – ela pensou – Qual o número do caminhão da mudança? – ela puxou o telefone e riu.

– Isso!

– Mas temos que ser rápidos. Já estão com 7 meses. Quero tudo pronto pra quando eles chegarem! Temos que comprar os móveis! – ela começou a discar um número no telefone – Alô mamãe! Vai mesmo comigo escolher os móveis? – ela olhou pra ele e sussurrou – O caminhão.... – ele fez que sim com a cabeça e saiu de casa.

Em menos de 3 semanas a mudança fiou pronta. A casa de fato era bem maior do que a que moravam e Silva já se acostumara com o lugar, ficava em uma rua relativamente alta por isso possuía uma vista linda do bairro, o quarto dos pequeninos já estava completamente pronto e agora só faltavam, bem, os pequeninos. Faltava apenas um mês para que nascessem e um clima de tensão e alegria tomava conta de todos da família, mês esse que passou voando, pois em uma madrugada qualquer, Silvia começou a sentir a dores do parto. Charles ligou para os familiares dela e informou o acontecido, após isso pôs sua mulher no carro e, radiantes de emoção, foram até o hospital. Chegando lá, uma enfermeira simpática recebeu Silvia em uma cadeia de rodas e a direcionou para a sala de partos. Enquanto Charles esperava apreensivo com a cabeça apoiada sobre as mãos, os pais e a irmã de Silvia chegaram até o hospital.

Todos sentados nas cadeiras de espera aguardavam ansiosamente a notícia sobre seus filhos, netos, sobrinhos... após quase uma hora, o que mais pareceu uma eternidade, principalmente para Charles, o médico apareceu no corredor e disse em voz alta:

– Responsáveis por Silvia Baker, por favor apresentem-se.

Todos se levantaram e olharam para o médico.

– Hm... – ele respirou fundo - O parto foi um sucesso, tanto as crianças como a senhora estão bem. Já está recebendo visitas, mas só podem entrar um de cada vez.

Todos concordaram que Charles fosse o primeiro a entrar.

– Me acompanhe Sr. Baker.

Charles seguiu o médico até a sala de cirurgia, que ficava em uma ala silenciosa do hospital, não muito distante da recepção. O médico abriu a porta e ofereceu-lhe passagem.

– Voltarei em breve para ver como andam as coisas e fazer mais alguns exames nos bebês, mas por enquanto tenho um problema a resolver no andar de cima.

– Claro, claro. – Charles assentiu com a cabeça e entrou.

Ao entrar na sala seus olhos até então pesados por causa do nervosismo e da espera de momentos antes, se encheram de lágrimas ao ver Silvia, deitada na cama com dois lindos bebês, um em cada braço, repousando sobre o peito da mãe. Ele aproximou-se e pôde ouvir Silvia falar com um certo esforço.

– Parecem com você...

– Sim... parecem assim... – Charles acariciou um com cada mão.

– São lindos e saudáveis. – ela completou.

– São perfeitos. – ele limpou as lágrimas dos olhos.

– E então, vamos chamá-los mesmo do que decidimos em casa?

– Sim! Sim!

Ela riu e olhou para seus filhos.

– Nossos pequenos Simon e Sebastian... os mais novos Baker. – ela disse.


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Notas finais do capítulo

Primeira Parte Explicativa Sobre o Passado de Sebastian



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