– Seja bem vindo de volta Senhor. – O mordomo disse ao abrir a porta do carro.

– É bom estar de volta. – Ele disse olhando para a Mansão em sua frente.

– Seu quarto está preparado, à sua espera. Quer que eu avise seus pais que está de volta?

– Não será necessário. Só estou de passagem.

– Pensei que o Senhor ficaria aqui. Já que...

– Não posso ficar aqui. – Ele o interrompeu. – Logo saberão que eu voltei.

– Quem saberá, Senhor?

**

– Rony! – Harry entrou na sala escancarando a porta.

– Por Mérlin Harry, o que foi? – Rony o olhou preocupado.

– Kingsley nos liberou para irmos ao jogo. Vamos logo! – Harry parecia uma criança totalmente animada. – Vá chamar Hermione! Vamos pra minha casa buscar a Gina.

– Certo. Me espere na lareira principal.

Rony se levantou e saiu apressado seguindo pelo corredor. Chegou até a sala de Hermione, e bateu duas vezes. Não esperou ela dizer: “entre”. Ele sempre batia duas vezes.

– Oi linda. – Ele sorriu para ela.

– Oi amor. – Ela disse sem olhá-lo. – Estou organizando uma papelada aqui. Pretendo entregar esses casos até o fim da semana.

– Mione, deixa isso só por hoje. Olha só... Kingsley liberou eu e Harry para irmos ao jogo! Lembra que eu tinha te prometido?

– Jogo? Que jogo?

– A final Hermione.

–Ah... Eu tinha me esquecido. – Ela sorriu sem graça. – Mas divirta-se. Eu não posso ir Ron. Desculpe.

– Ah Hermione qual é. Você trabalha o dia inteiro e sabe muito bem que mesmo se for ao jogo você vai conseguir entregar tudo isso até sexta.

– Ron, eu já disse, não posso e...

– Hermione faz quanto tempo que nós não saímos assim? É um encontro de casal, como fazíamos antigamente... Vai preferir trabalhar do que sair com seu marido?

Hermione o encarou por alguns instantes, respirando fundo. Levantou-se, passando a mão pela barriga que já estava crescendo.

– Eu não deveria... Mas... Contando que estou louca pra aproveitar um tempo com meu marido. – Ela entrelaçou seus braços no pescoço de Rony. – E que uma mulher grávida não pode trabalhar mais de cinco horas por dia... Acho que vou aceitar seu pedido. – Ela sorriu.

– Acho bom... Se não eu ia ficar muito magoado com você. – Ele sorriu.

– E isso é uma coisa que nós não queremos... O que seria de mim sem você me abraçando a noite? – Ela riu e o beijou.

**

– ô Mia. É só pedir sua mãe... – Teddy dizia.

– Também acho. Tia Mione conhece muito bem os trouxas, não teria problema nisso. – Victória completou.

– Gente, vocês não entendem. O problema não é minha mãe, e sim meu pai. Ele nunca me deixou sair sozinha, principalmente pra lugares trouxas.

– Mas você não está sozinha. Está com a gente.

– Ah sim Teddy, muito reconfortante pra ele.

Os três cruzaram os braços, ficando emburrados no sofá. A lareira se acendeu, e Harry Rony e Hermione saíram dela.

– Que caras são essas? – Hermione perguntou olhando para eles.

– É que aqui está um tédio. – Mia disse.

– Tédio? Olha o tamanho daquele quintal! – Rony apontou para fora. – Seus irmãos estão se divertindo. – Ele notou as crianças brincando do lado de fora junto com Tiffy, que adorava ficar com eles.

– Eles são crianças pai.

– E você é o que?

– É diferente. Não queremos brincar lá no jardim.

– E por que não vão jogar quadribol? – Harry perguntou.

– Porque só tem três pessoas. – Teddy falou.

– Vocês reclamam demais. – Gina entrou na sala dando um beijo em Harry. – Na idade de vocês nós inventávamos brincadeiras não é Rony?

– Aham. E claro que sempre acabávamos sobrando com as que Fred e Jorge inventavam.

Todos riram.

– Sabe... A gente... Er... Queria ir... Ao shopping.

– Shopping? – Rony parecia perplexo. – Como assim shopping?

– Shopping pai... Aquele lugar aonde os trouxas vão para...

– Eu sei o que é um shopping. Quero saber o que vocês querem fazer lá.

– Ah Tio Rony, você sabe... Andar... Comer alguma coisa. Só pra nos divertimos um pouco. – Victória disse.

– Podem se divertir aqui. – Ele respondeu nervoso.

– Rony, não precisa reagir assim... Já fui varias vezes em um shopping... É bastante seguro. – Hermione disse.

– Não se trata de segurança. Eles são crianças, não vai ter nenhum adulto com eles, e eles não podem usar magia no meio de tantos trouxas.

– Mas tecnicamente não podemos usar magia fora de hogwarts...

– Exceto se houver uma emergência.

– Ah pai... Por favooor...

– Também não vejo mal nisso. – Gina sorriu para os três.

– O que acha Harry? – Rony olhou para ele.

– Bom... Temos que levar em conta que os tempos não são como antes... Na nossa época éramos felizes nos divertindo apenas indo para o jardim... Esses jovens de hoje estão ficando cada vez mais difíceis. Não sei como vou sobreviver a isso quando Tiago tiver a idade deles.

– Ok Molly Weasley... Pode responder antes que o mês termine? – Disse Rony impaciente.

– Acho que não tem mal nenhum nisso. Além do mais, não sei se eles iam querer ficar com Tiffy e as crianças.

Os três se olharam animados.

– Está certo... – Rony respirou fundo. Os três se animaram e pularam no sofá. – Mas o jogo acaba às nove. Nove em ponto quero os três aqui. Entenderam?

– Sim Senhor! – Disseram juntos fazendo continência.

**

– Não sei não... Ainda estou preocupado com as crianças irem sozinhas pra esse tal de Shopping. – Rony falava enquanto os quatro procuravam um lugar para se sentar.

Como sempre, o campo de Quadribol estava lotado. Rony sentiu um pouco de saudade de quando jogava, mas seu sonho de tornar auror virou realidade, e ele estava muito feliz.

– Não precisa de tudo isso Rony. O shopping é completamente seguro. – Hermione o tranquilizou.

– Aqui, vamos sentar aqui. – Harry apontou para um lugar ao centro.

Os quatro se sentaram um ao lado do outro.

– Bem vindos ao campeonato final de Quadribol. – Barney disse animado. – Estão todos preparados? – Todos fizeram um grande barulho. – Ótimo! O quê? Quem? Pelas calças de Mérlin acabei de receber a notícia que o incrível Rony Weasley veio assistir ao jogo hoje. Onde ele está pessoal?

Todos olharam em volta, até que encontraram Rony. Suas orelhas ficaram vermelhas e todos começaram a aplaudi-lo. Harry e Gina começaram a rir, e Hermione segurou o riso. Sabiam como Rony odiava todas as atenções focadas para ele. Bem diferente de quando era adolescente, que era tudo o que ele mais queria.

– Da um tchauzinho pra galera Weasley! Não seja marrento. – A voz de Barney recoou por todo o estádio. Rony deu um aceno de leve, muito envergonhado. Mais uma vez as pessoas o aplaudiram. – Espero que os jogadores façam bonito! Ter o Weasley na arquibancada é algo muito sério!

– Devia ter esperado por isso. – Hermione disse a ele. – Ninguém mandou ser famoso. – Ela riu.

– Não sou famoso. – Disse nervoso. – Faz tanto tempo que não jogo que pensei que já tivessem me esquecido.

– Esquecer Rony Weasley do quadribol? Impossível. Ninguém esquece o rei. – Gina falou e os três riram. Rony continuou com a cara fechada.

**

– Isso é demais! – Teddy disse empolgado.

– Mamãe sempre me contou sobre ele. Mas eu nunca acreditei. – Mia tinha a mesma expressão que Teddy.

– Será que conseguimos comer? – Victória olhou para eles, os três olharam para o enorme sanduíche que estava em sua frente. Tinha três camadas e cada uma delas

**

– ISSO FOI UMA TREMENDA FALTA! – Rony gritou nervoso.

– EXPULSA ELE! – Harry gritou também.

Gina e Hermione se olharam virando os olhos. Os dois não mudaram nada desde quando eram adolescentes. Sempre gritando e xingando nos jogos de quadribol, enquanto as duas continuavam sentadas assistindo ao jogo caladas. Hermione principalmente, porque nunca entendeu nada sobre quadribol.

– ISSO AÍIIII! – Rony gritou abraçando Harry.

– VENCEMOOOOSS! – Harry disse animado.

Gina e Hermione levantaram e aplaudiram. Mas a arquibancada inteira comemorava gritando.

– OLHA SÓ A CARA DO MCLAGGEN! – Harry disse rindo.

– Que vontade de chegar nele zombando. – Rony ria.

– Nada disso Ronald. Nós vamos embora porque já está ficando tarde e são quase nove. As crianças já devem estar chegando. – Hermione disse autoritária.

– Certo, certo... Vamos descer por aqui. O outro lado está muito cheio.

Os quatro andaram em zig zag para conseguirem descer a arquibancada. Todos ainda estavam comemorando. Por onde passavam várias pessoas apertavam a mão de Rony, dizendo que continuavam sendo fãs. Ele ficou um pouco envergonhado, mas estava tão animado com a vitória dos Chudley que nem ligou tanto.

Assim que conseguiram descer da arquibancada, Cormaco passou como um foguete ao lado deles, quase derrubando Hermione. Rony a segurou quando ela se desequilibrou.

– HEY! OLHA POR ONDE ANDA IDIOTA! – Rony disse nervoso.

– Rony... Calma. – Hermione segurou a mão dele.

– QUE FOI WEASLEY? NÃO ENXE! – Cormaco respondeu se virando para eles.

– Não é só porque perdeu que tem que descontar a raiva em qualquer um. – Harry disse.

– É, ninguém tem culpa por você ser um péssimo jogador.

– Olha aqui Weasley, eu nem sei o que você veio fazer aqui. – Ele se aproximou com raiva. – Você não aguenta nem montar em uma vassoura mais, aposto. Preferiu virar um auror idiota pra cuidar da sua mulherzinha e dos seus filhos bastardos.

– OLHA COMO FALA DA MINHA FAMÍLIA! – Rony se aproximou dele furioso. Harry o segurou, e Hermione pediu para que ele parasse.

– VAI FAZER O QUE? ME JOGAR FEITIÇOS? VA EM FRENTE!

– Rony, tudo bem... Deixa ele pra lá. Vamos embora. – Hermione disse puxando ele.

– É, faz o que ela tá falando. Você sempre fez o que ela pede. Como um cachorrinho. Até mesmo quando ela não se lembra de você e da sua família. É um bobo mesmo Weasley!

– Deixa Ron, ele só está irritado porque não acreditei nas mentiras dele. – Ela disse virando de costas.

– Ainda bem que não acreditou! Não sei o que deu em mim para tentar ter alguma coisa com uma sangue ruim.

Rony teria virado e dado socos em Mclaggen, contando cada soco com uma sílaba de “sangue-ruim”, mas Hermione fez o trabalho por ele. Virou-se e deu um belo soco no rosto dele, fazendo com que ele caísse no chão sangrando e atraindo os repórteres.

**

– Não é possível! Não pode ser... – Kingsley andava de um lado para o outro. – Ele não poderia ter voltado. Não era pra ser assim.

– Mas ele voltou Senhor. – Um auror disse. – Fomos avisados pelo rastreamento que o Senhor mandou colocarmos nele.

– Mas eu pensei que ele não teria coragem de voltar, afinal estava louco!

– Ele está em sua mansão. Parece que é herdeiro de alguma herança muito grande.

– Ele não está com a varinha, certo?

– Não Senhor. A varinha dele está aqui. – O auror a entregou para o Ministro.

– Ótimo... Menos mal...

– Ele não poderá fazer mal a alguém, não é Senhor?

– Creio que não... Mas tenho que avisar uma pessoa.

**

– Da pra acreditar no tanto que ele é idiota? – Rony perguntou enquanto os quatro seguiam para a saída. – Se Hermione não tivesse sido tão rápida, eu mesmo tinha feito aquilo! Muito bem Mione, por isso que eu te amo. – Ele a abraçou pela cintura.

– Ron, não fique do meu lado. O que eu fiz foi muito errado! Mas é que não consegui me controlar... É a gravidez...

– E como sei! – Rony disse.

Gina e Harry riram dos dois, mas pararam quando viram Kingsley vindo em sua direção. Pela cara dele, não parecia ser coisa boa.

– Weasley!

– Senhor?

– Tive que vir o mais rápido possível. Que bom que te encontrei. Aconteceu uma coisa... Uma coisa muito grave.

– O que aconteceu Senhor? – Harry perguntou assustado.

– Cometemos um erro dizendo que Pierre era louco! Quero dizer, ele é realmente louco, mas não do jeito que imaginávamos.

– O que quer dizer? – Perguntou Rony aflito.

– Ele voltou para Londres. E ele parece não se importar que saibamos disso. E é isso que me deixa preocupado. Quis te avisar antes, para que você tome as providências para a segurança da sua família, enquanto não sabemos ainda porque ele voltou. Alguns aurores já foram atrás dele, espero que tenham o encontrado. Mas fico aliviado em saber que vocês estão bem. Quer dizer que ele não foi atrás de vocês.

Os quatro se entreolharam, assustados.

– Vocês estão bem não é?

– Sim... Estamos Senhor. – Rony disse olhando para Hermione. – Está tudo bem não é?

– Está. – Ela apertou sua mão tranquilizando-o.

– É, acho que estamos bem.

– Ótimo. O meu conselho é que proteja principalmente as crianças. Não queremos que nada aconteça a elas. Onde elas estão?

Rony prendeu sua respiração por vários segundos. Olhou para Harry, e os dois saíram correndo apressados.

**

Os quatro saíram da lareira tropeçando. Pararam na sala, onde Tiffy estava dando água para Victória, e Teddy a abraçava. Os gêmeos e Tiago estavam no chão observando tudo sem entender. Entraram tão apressados que não notaram que Victória estava aos prantos.

– Graças a Merlin! – Rony respirou fundo tomando fôlego.

– Cadê a Mia? – Hermione saiu de traz de Rony.

Victória voltou a chorar. Todos olharam sem entender, até que Teddy se levantou, de cabeça baixa.

– Foi tão rápido... – Ele começou a dizer. – Não conseguimos fazer nada.

– Do que está falando? – Rony perguntou.

– Mia... Alguém... Alguém levou ela.