Amor de Pai - RxHr escrita por Verônica Souza


Capítulo 27
Capítulo 27




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Mia sentou-se pesadamente à mesa com uma carta na mão. Teddy olhou para ela curioso. Ela tinha o rosto preocupado.

– O que foi? – Perguntou bebendo um gole de suco.

– Meu pai me mandou uma carta.

– E então?

– Minha mãe continua na mesma. Ele disse que com muito custo ela resolveu voltar pra casa, mas ela não queria. Disse que não se lembra da gente, mas que ele vai resolver tudo.

– Bom, se ele disse que vai resolver então ele vai.

– Não sei, estou preocupada. E se ele não conseguir fazê-la se lembrar? Você viu como ela olhava pra mim?



– Não se preocupe com isso Mia... Sua mãe é forte demais pra deixar isso atrapalhar a sua família. – Ele sorriu para ela. Mia sorriu de volta.

– Bom dia! – Victória sentou ao lado de Teddy.

– Dia! – Teddy respondeu.

– Oi. – Mia disse desanimada.

– Carta do seu pai?



– Sim.

– E o que ele disse?

– Que minha mãe continua na mesma.

– Que pena... – Disse sincera. – Não se preocupe, vai dar tudo certo.

– Assim espero. – Ela dobrou a carta e viu algo escrito na parte de trás. “Eu tenho muito orgulho de você.”

– Hey, o que é isso? – Teddy pegou o envelope onde tinha um pequeno embrulho dentro.

– Eu não tinha visto. – Ela pegou o embrulho e o abriu, tirando um colar com um pingente delicado em formato de Texugo, o mascote da Lufa Lufa.

– Uau, que lindo! – Victória disse olhando para o pingente.

– E você com medo de que seu pai não gostasse de você na Lufa Lufa. – Teddy disse sorrindo.

Mia olhou emocionada para o pingente, e sentiu uma vontade enorme de abraçar o seu pai naquele momento.



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– Bom dia. – Rony entrou na sala de treinamentos apressado.

– Bom dia. – Todos responderam.

– E aí, como estão as coisas? – Harry perguntou para ele.

– Acho que estão bem. Ela acordou primeiro do que eu, mas ficou sentada no jardim. Tiffy está cuidando das crianças.

– Isso não é tão ruim.

– Ontem ela os colocou para dormir, como sempre fazia. E quando perdeu o sono foi até o quarto deles.

– Ela não se lembra das coisas, mas os costumes continuam. Assim ela vai se recuperar rapidamente. – Harry sorriu e Rony sorriu de volta.

– Rony. – Emília se aproximou.

– Ah... Oi Emília.

– Estamos sabendo o que aconteceu com Hermione... Ela perdeu mesmo a memória?

– É... Mais ou menos.

– Então... Vocês estão separados? – Rony pôde sentir uma felicidade na pergunta de Emília.

– Não Emília, não estamos.

– Ah... – Ela não disfarçou estar desapontada.

– Bom dia. – Nicholas entrou na sala e Rony o encarou assustado. Olhou imediatamente para Harry esperando uma resposta.

– Qual é Rony, você não pode demitir o cara por problemas pessoais. Sabe disso. – Harry se defendeu.

– Eu... Estou sabendo o que aconteceu com Hermione. – Nicholas disse. – Sinto muito.

– Sente? – Rony perguntou sarcástico. Todos voltaram à atenção para os dois.

– Rony... Agora não. – Harry disse para ele.

Rony se acalmou e entregou a prancheta para Nicholas (praticamente a jogou em cima dele).

– Emília, você será a primeira. – Rony disse.

Ela sorriu satisfeita e entrou na sala. Rony, Nicholas e Harry foram para o espelho para avaliá-la.

– Emília, use o feitiço de bloqueio. – Rony disse e sua voz saiu do outro lado da sala. No mesmo instante Emília foi atingida por vários feitiços, e ela os defendeu. Não poderiam negar que ela era realmente boa. Apenas no último feitiço ela perdeu o equilíbrio e caiu no chão, gritando.

Os três entraram correndo na sala para ver se ela estava bem, e ela segurava seu tornozelo.

– Acho que torci. – Ela disse olhando para Rony.

Ele se abaixou na frente dela e tocou o tornozelo.

– Ai! – Ela gritou.

– É, parece que torceu mesmo. – Rony disse para Harry.

– Leve ela para a enfermaria.

Rony olhou feio para o amigo. Queria que fosse a ultima pessoa a ter que fazer isso.

– Tudo bem... Consegue ao menos levantar?

– Acho que não. Está doendo muito.

Ele se levantou e a pegou no colo. Emília entrelaçou seus braços ao redor do pescoço dele, e Rony poderia jurar que viu o sorriso no rosto dela. Andou pelos corredores até entrar na enfermaria. Ele a deitou em uma cama e a enfermeira se aproximou.

– Ela torceu o tornozelo. – Ele disse pra ela.

– Hum... Agora nos procedimentos nós temos que tirar raios-X.

– Raio o que?

– Raios-X. Os trouxas usam isso para ver contusões.

– Er... Acho que não precisa disso. – Emília disse.

– Mas é obrigatório agora. Para conseguirmos fazer você se recuperar, querida. – Ela sorriu.

Emília olhou preocupada para Rony, e notou o olhar desconfiado dele.

– Pode ao menos pegar algo para amenizar a dor? – Emília pediu.

– Claro... Um instante. – A enfermeira saiu, deixando os dois a sós.

– Obrigada por me trazer aqui. – Ela disse sorrindo.

– É meu dever.

– É legal ver você preocupado comigo.

– Fico preocupado com todos vocês, não com você em especial.

– Sei.

– Aliás, como você conseguiu torcer o tornozelo com um feitiço de ilusão?

– Eu... – Ela tentou arrumar uma desculpa, mas não conseguiu. – Na verdade eu não torci.

– Não?

– Não...

– Não acredito Emília. Como você é baixa. – Ele disse indignado. – Por que fez isso?

– Queria um tempo a sós com você. – Ela se sentou na cama. Rony riu ironicamente.

– Eu já deveria imaginar. Você nunca prestou mesmo. – Ele se virou, mas ela segurou sua mão.

– Rony eu sei que você ainda se lembra dos momentos que tivemos juntos. – Ela se levantou e se aproximou dele. – Eu sei que se lembra.

– Eu já disse que não tenho mais nada com você. – Ele segurou os pulsos dela. – Você está parecendo uma criança! Já faz mais de dez anos isso Emília. Esqueça! Foi um erro!

– Um erro? Foi um erro termos tido nossa primeira vez juntos?

– Sim, foi um erro. Agi por impulso.

– Pode até ser... Mas você gostou. Sei disso pelas coisas que você falava no meu ouvido. – Ela mordeu os lábios e soltou seus braços das mãos dele, puxando-o pela cintura para mais perto. – Você não resistiu Rony... Do mesmo jeito que não vai resistir de novo.

Ela ficou na ponta dos pés para alcançar os lábios dele e então o beijou. Rony não entendia porque não a empurrou e parou aquele beijo. Várias coisas passaram em sua cabeça, e a principal delas foi Hermione na situação em que se encontrava. Desprezando ele e sua família. Sentia-se sozinho. Mas mesmo assim, não seria certo. Hermione não merecia aquilo. Ele a afastou brutamente, limpando seus lábios.

– Nunca mais faça isso. – Disse nervoso.

– Eu sabia que você não ia resistir. – Ela sentou-se na cama cruzando as pernas e mordendo os lábios. Rony a encarou por uns instantes e depois saiu batendo os pés. Passou pela porta com tanta raiva, que não notou que Nicholas estava ali, abismado.




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Hermione entrou em casa e Tiffy estava preparando o almoço. Anny e Allan estavam sentados à mesa brincando com alguns biscoitos que tinham na mesa.

– Olá Senhora. O almoço está quase pronto. Quer que eu sirva agora ou espere o Senhor Rony chegar?

– Acho... Que podemos esperá-lo não é? Ele demora muito?

– Normalmente chega na hora do almoço exatamente.

– Certo... Então podemos esperá-lo.

– Mamãe, quelo andar de vassola com o papai. – Allan disse.

– Mas não é assim que fala...

– Eu quero andar de vassoura com o papai. – Ele concertou.

– Muito bem. Vamos ver se ele terá tempo depois do almoço. – Hermione sorriu. Tiffy olhou para ela sorrindo. – Que foi?

– A Senhora está ensinando o menino Allan a falar corretamente.

– Sim... Ele já tem três anos, está na hora de aprender.

– A Senhora sempre achava bonitinho ele falar errado.

– Bom... Vejo então que algumas mudanças foram para melhor. – Ela sorriu. – Precisa de ajuda?

Ela se aproximou e começou a ajudar Tiffy com o almoço, enquanto as crianças tagarelavam na mesa. Hermione estava começando a se sentir bem ao lado daquelas crianças e isso a deixava feliz, coisa que ela não sentia desde que tudo tinha acontecido. E por algum motivo ela estava ansiosa esperando Rony chegar.

As duas arrumaram a mesa, e meio dia em ponto Rony saiu da lareira, parecendo exausto. Olhou para a mesa, e todos estavam sentados esperando por ele. Ele sorriu e beijou cada um de seus filhos. Olhou para Hermione, mas não a cumprimentou com um beijo. Achou melhor não.

– Oi. – Ele sorriu.

– Oi. – Ela sorriu de volta.

– Estavam me esperando?

– Pelo visto é uma coisa que a gente costuma fazer.

– É, é sim. Mas não achei que iriam esperar hoje...

Hermione abaixou a cabeça envergonhada.

– Então... Como se comportaram hoje? – Rony se sentou olhando para os filhos.

– Nós desenhamos, assistimos desenho e também ajudamos a mamãe e a Tiffy fazer almoço. – Anny disse animada.

– Ajudaram é? – Ele olhou para Hermione sorrindo. – Isso é bom.

– Papai eu quelia... – Allan parou de falar e olhou para Hermione. – Eu queria saber se pode andar de vassoura comigo depois do almoço.

Rony olhou assustado para o filho, e Hermione sorriu satisfeita.

– Bom... Depois dessa surpresa eu acho que não poderia negar. – Rony sorriu para ele e depois olhou para Hermione. – Ensinou ele a falar corretamente?

– Já estava na hora. – Ela tomou um gole do suco.

Rony sorriu encantado para ela. Tiffy serviu o almoço e todos almoçaram juntos. Os gêmeos sentaram-se a mesa depois de Hermione dizer que já estavam muito grandinhos para sentarem em cadeiras separadas.

O almoço foi animado. Hermione permaneceu calada o tempo inteiro, mas estava bem melhor do que antes. Parecia mais animada, e mais acostumada com a família. Rony ficou aliviado notando aquilo.

Depois do almoço, Tiffy levou os gêmeos para brincarem no jardim. Rony ajudou Hermione a tirar a mesa e levar as coisas para a cozinha.

– O almoço estava muito bom. – Rony disse colocando os pratos na pia.

– Tiffy cozinha muito bem. – Hermione disse envergonhada.

– Com certeza, mas não estava falando da comida. – Ele olhou nos olhos dela. – Foi bom termos almoçado todos juntos.

– Nunca tínhamos feito isso?

– Normalmente você coloca os gêmeos na cadeirinha e a única que almoça conosco é Mia. Mas como ela está em Hogwarts...

– Acho que os dois já precisam se acostumar com algumas coisas.

– Foi isso que eu sempre disse para você. – Ele sorriu.

– É... Pelo visto eu era muito boba. – Ela sorriu também.

– Só um pouco. – Ele riu e ela bateu em seu ombro, rindo também.

– Como foi no trabalho? – Ela perguntou se afastando um pouco.

– Cansativo. – Respondeu rapidamente, tentando tirar o acontecimento com Emília de sua cabeça.

– Você vai voltar pra lá?

– Acho que ainda posso ficar um pouco. Os treinamentos foram pela manhã.

– Hum...

– Por quê? Tem algo em mente? – Perguntou divertido.

– Acho que seria bom passarmos um tempo com as crianças. Elas parecem sentir falta de você.

– É, eu sei. Seria realmente bom.

Hermione olhou para ele, e sentiu o seu corpo em chamas. Não entendia que sensação era aquela. Queria agarrá-lo ali mesmo, e beijá-lo como nunca tinha feito, pelo menos ela não se lembrava. Rony queria fazer o mesmo. Estava se segurando para não agarrá-la ali e matar todas as suas vontades. Era uma tortura ficar sem os carinhos de Hermione.

– Bom... – Ela desviou o olhar. – Então vamos aproveitar o tempo que ainda tem. – Ela sorriu.

– Certo. – Ele sorriu de volta.

Os dois saíram da cozinha e foram direto para o jardim. Brincaram a tarde inteira com os gêmeos, e Hermione parecia até a Hermione de antes. Sempre rindo e dando gargalhadas, sendo carinhosa com os filhos. Trocava olhares com Rony quase todo o momento, e sempre sentia algo diferente quando fazia isso.

Rony deu uma volta de vassoura com os gêmeos como tinha prometido. A tarde foi realmente agradável, mas Rony precisou voltar para o Ministério. Hermione estava feliz e satisfeita. Passou o resto da tarde com os gêmeos, e olhando as dezenas de fotos que Tiffy a mostrou, tentando fazê-la se lembrar.




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Rony entrou em sua sala e fechou a porta. Estava animado e muito feliz pela tarde agradável que passou. Nada poderia estragar a sua tarde. Menos uma pessoa.

– Emília, o que tá fazendo aqui? – Rony perguntou nervoso. – Por favor, saia.

– Calma Rony. Vim apenas te pedir desculpas pelo que aconteceu. – Ela sorriu, escorada na mesa dele.

– Sei... Desculpas... – Ele riu ironicamente. – Está desculpada. Agora por favor, não quero ficar nervoso com você.

– Se bem que quando você está nervoso... Fica bem melhor. – Ela sorriu andando até ele.

– Emília... Por favor. – Rony começava a perder e paciência.

– Não adianta Rony... Eu sou apaixonada por você. – Ela chegou bem próxima à ele, segurando sua gravata.

– Não é nada. Você é uma mimada que quer as coisas do seu jeito. Mas eu sou casado, ouviu bem?

– Mas sua mulher nem ao menos se lembra de você.

– Mas eu me lembro dela, e é isso que importa.

– Até parece... Já nos beijamos uma vez... – Ela sorriu. – Já está tudo desencaminhado.

– Não, não está. – Ele segurou os braços dela. – Para com isso Emília! Não me obrigue a afastá-la do Ministério por causa disso.

– Você não pode fazer isso.

Rony se calou. Realmente não poderia fazer, mas tinha vontade.

– Emília, para, por favor. – Ele a afastava enquanto ela tentava acariciá-lo.

– Apenas me deixe mostrar que eu estou muito melhor do que antes Rony. – Ela soltou seus braços das mãos dele e segurou em seu terno. – Só me deixa...

– Rony eu queria saber se... – Harry entrou na sala e deu de cara com os dois. Rony afastou Emília brutamente. – O que está acontecendo aqui?

– Nada. Emília já estava de saída. – Rony olhou vermelho para ela.

– Sim... – Ela arrumou o cabelo e a saia. – Até mais. – Ela andou passando por Harry e limpando os lábios. Deu as costas sorrindo e saiu da sala.

– Pode me explicar o que aconteceu aqui? – Harry perguntou exaltado.

– Não aconteceu nada Harry. – Rony passou a mão pelos cabelos. – Não agora.

– O que? Como assim?

– Eu não sei o que deu em mim Harry... Quando fui levá-la na Ala Hospitalar, ela me beijou e... Eu... Eu queria parar. Eu queria Harry... Mas não consegui. Fiquei pensando em tudo o que aconteceu, e eu estava aflito... Estava magoado.

– E isso te da o direito de trair Hermione? – Harry perguntou nervoso.

– Não! Eu não a traí... Eu...

Harry o encarou. Rony bateu a mão em sua mesa e tirou seu terno, jogando-o para o outro lado.

– Eu sou um lixo Harry!

– Talvez... Mas eu te entendo.

– Entende?

– Não estou do seu lado, e que isso fique bem claro. Se você não fosse meu melhor amigo eu te daria um soco, agora mesmo. Mas entendo que está passando momentos difíceis em casa e está confuso. Mas Rony... Como seu melhor amigo, me sinto no dever de te dar esse conselho. Se estiver confuso, peça um tempo para Hermione.

– Mas eu não estou confuso Harry. Eu amo Hermione! É que tudo isso me deixou aflito.

– Isso não é desculpa para beijar outra mulher.

– Eu sei... – Ele abaixou a cabeça. – Eu sei.

– Podemos deixar isso passar. Mas você tem que prometer que não vai deixar que isso aconteça de novo.

– É claro que não vou deixar Harry. Ainda mais agora que Hermione parece estar voltando ao normal.

– Ótimo... Assim espero.

Rony olhou para ele, como se pedisse desculpas. Mas sabia que não devia desculpas a Harry e sim à Hermione.

– Mas então... Quer dizer que Hermione está melhorando? – Harry perguntou animado mudando de assunto.

– Ah... Sim! Passamos uma ótima tarde junto com as crianças! Ela estava realmente melhor. – Disse alegre.

– Isso é ótimo Rony! – Harry disse sincero. – Logo ela vai voltar ao normal, você vai ver!

– Espero que sim Harry... Sinto tanto a falta dela.




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Hermione não sabia explicar por que estava tão animada e ansiosa. Tiffy já tinha preparado o jantar e terminava de arrumar a mesa. Hermione olhava no espelho dando uns retoques em seu visual. Os cabelos estavam jogados para o lado, usava um vestido justo vermelho e passou um batom vermelho vivo. Algo lhe dizia que Rony adorava vermelho, mas era apenas uma intuição. As crianças assistiam televisão depois de passarem a tarde inteira brincando no jardim. Estavam quase pegando no sono quando Rony chegou.

– Papaaai! – Os dois correram pulando no colo de Rony. Ele os abraçou e beijou cada um deles.

– Se divertiram muito hoje? – Ele perguntou a eles?

– Muito papai! Mamãe brincou muito com a gente! – Allan disse descendo do colo de Rony.

– Isso é bom... Pelo menos não ficaram o tempo inteiro assistindo essa caixa boba! – Ele brincou e os dois riram.

– É televisão papai! – Anny disse.

– Ah sim, tinha me esquecido. – Ele riu e olhou para Hermione. Não tinha notado ela antes. Ela sorriu de lado para ele, colocando uma parte do cabelo atrás da orelha. Rony parecia paralisado olhando para ela.

– O jantar está servido Senhor Rony. – Tiffy disse para ele.

– Hum? – Perguntou desconcentrado ainda olhando para Hermione.

– O jantar. – Tiffy segurou o riso notando os olhares de Rony.

– Ah... Sim! – Ele desviou o olhar e olhou para a pequena elfa. – Pode descansar Tiffy. Obrigado.

– Boa noite Senhora. – Ela disse para Hermione. – Boa noite Senhor Rony.

– Boa noite. – Rony sorriu.

– Boa noite Tiffy, obrigada. – Hermione disse educadamente. Tiffy se virou para Rony e cochichou algo para que apenas ele ouvisse:

– Ela está voltando ao normal.

Rony sorriu para ela e a pequena elfa estalou os dedos desaparecendo.

– Então... Podemos comer? – Ele perguntou olhando para a mesa farta.

– Sim. – Hermione sorriu e pegou Anny no colo, colocando ela sentada na cadeira. Rony colocou Allan ao lado. Eles serviram as crianças e depois se serviram. Enquanto comiam conversavam animados. Os gêmeos contavam o que fizeram à tarde, e Rony contava como foi cansativo o trabalho no Ministério. Contava de Emília e suas tentativas de querer aparecer, mas obviamente omitiu o pior.

– Emília Bulstrode? Ela trabalha com você? – Hermione perguntou.

– Sim... Contra a minha vontade, mas sim. Infelizmente ela é muito boa em feitiços.

– Eu quem diga. – Ela disse colocando o garfo no prato com raiva.

– Ela continua a mesma mimada de sempre. – Rony disse percebendo que Hermione começava a ficar com ciúmes.

– Já era de se imaginar. Queria eu poder ter mais uma chance de duelar com ela. Aí sim ia mostrar quem é melhor.

Rony a encarou. Hermione nunca tinha falado daquele jeito. Resolveu mudar de assunto, para não estragar a animação.

– Por que não leva as crianças para Hogsmeade amanhã? Acho que elas gostariam de ir até a Dedos de Mel.

– É uma boa ideia. – Hermione disse mais calma. – O que acham? – Olhou para as crianças.

– Eu quero ir mamãe! – Anny disse animada.

– Eu também! – Allan disse.

– Então iremos. – Ela sorriu.

Depois que terminaram o jantar, Hermione sentou-se no sofá com as crianças, enquanto Rony subia para tomar um banho. Eles adormeceram assim que Hermione ligou a televisão e acariciou o cabelo deles. Rony desceu as escadas e Hermione fez gesto para que ele fizesse silencio. Rony se aproximou e olhou para os dois dormindo. Era sempre uma alegria para ele chegar em casa e ver os filhos.

– Se parecem muito com você. – Ela disse olhando para eles. – Mas acho que Anny se parece um pouco comigo também.

– Anny se parece com você sim, mas Mia se parece muito mais. Tenho certeza que está sendo a melhor aluna da classe e deixando aqueles Sonserinos com raiva por ela saber tanto.

Os dois riram.

– Talvez não só os Sonserinos fiquem com raiva. Lembro muito bem de um garoto ruivo e impaciente que não gostava nada de alguém sendo melhor que ele.

– Isso não era tão difícil. Qualquer um era melhor que eu. – Ele riu, mas Hermione o encarou séria.

– Só você não percebia o quanto era brilhante Rony.

Ele a encarou por alguns instantes, e então ela se levantou, ficando a poucos centímetros de distancia do rosto dele.

– Hoje Tiffy me mostrou algumas fotos... Eu... Meio que me lembrei de alguma coisa.

– Não estou me esforçando para que você se lembre. – Ele disse.

– Não? – Perguntou perplexa.

– Não... Estou tentando te reconquistar, e fico feliz em saber que está dando certo.

– Acho que você é muito convencido. – Ela riu. – Quem disse que está dando certo?

– Não tem outro motivo para você estar tão encantadoramente linda hoje. – Ele riu olhando para ela de cima em baixo. – Sabia que eu adoro quando se veste de vermelho.

– Foi mais como uma intuição.

– E acertou em cheio. – Ele sorriu.

– Que bom. – Ela olhou nos olhos dele, e deu mais um passo a frente. Agora os dois sentiam a respiração um do outro. – Sabe, Ron... – Ela sussurrou.

– Hum? – Ele fechou os olhos ouvindo o som da voz dela.

– Não estou vendo Bichento por aqui esses dias.

Rony abriu os olhos e a encarou.

– Verdade... Também não tenho visto ele. Mas... Você se lembrou dele?

– É... Acho que sim. – Ela disse ainda olhando para ele. Rony não conseguiu se segurar mais. Puxou Hermione pela cintura e a beijou.

Ele esperou que a qualquer momento ela fosse afastá-lo, mas desistiu desse pensamento quando ela entrelaçou os braços em volta do pescoço dele. O beijo ficava mais quente a cada momento, e então Hermione se afastou olhando para ele.

– Que foi? – Ele perguntou preocupado.

– As crianças... – Ela disse olhando para o sofá.

– Vamos levá-los lá pra cima.

Hermione pegou Allan e Rony pegou Anny. Os dois subiram as escadas com cuidado para não acordá-los. Colocaram cada um em sua cama, e fecharam a porta do quarto. Voltaram em silencio para o quarto deles, e Rony olhou para Hermione. Sem dizer nada ele a puxou novamente, voltando a beijá-la. Hermione sentia suas pernas tremerem e um desejo percorrer por todo o seu corpo. Queria Rony inteiro para ela.

Ele a pegou no colo, enquanto ela passava a mão por entre os cabelos ruivos dele. Rony seguiu para a cama, e deitou Hermione, se apoiando na cama e ficando por cima dela. Ainda beijando ela subiu a camisa dele, e ele terminou de tirá-la. Olhou fixamente para Hermione, e então subiu a dela. Esperou uns instantes se ela iria manda-lo parar, mas não mandou. Ele tirou a blusa dela, e então a encarou com desejo. Esperou tanto tempo por isso, e o desejo guardado em seu peito fez com que ele estivesse completamente excitado em pouco tempo. Mas a culpa veio em sua mente. Tinha traído Hermione. Mesmo que tenha sido apenas um beijo, ele a traiu. E isso ia contra os princípios dele.

– Eu... Eu não posso fazer isso. – Ele se sentou na cama. Hermione o encarou perplexa ainda ofegante.

– O que... O que está dizendo? – Ela perguntou se sentando também.

– Não quero fazer isso agora Hermione, não é certo.

– Por que não é certo?

– Você ainda não recuperou totalmente a memória.

– Mas eu estou tentando Rony, já me lembrei de tantas coisas...

– Mesmo assim, não é certo.

– Rony...

– Não Hermione. Por favor. – Ele se levantou e vestiu sua camisa. Hermione também se levantou e o segurou pelo pulso.

– Rony! Eu estou me esforçando.

– Eu sei que está... Mas é que...

– Então por que não me quer? Você não me deseja mais?

– Não é isso Hermione... É que...

– Você está desistindo de mim, é isso?

– Não Hermione, me deixe explicar.

– Pra que fez toda aquela cena então se você não quer mais ficar comigo? – Perguntou irritada.

– Eu quero Hermione!

– Então me diga, POR QUÊ? – Ela aumentou o tom de voz.

– PORQUE EU BEIJEI EMÍLIA! – Ele gritou, não por raiva, mas por ter segurado aquilo por tanto tempo. Hermione soltou o braço dele lentamente, olhando paralisada para ele. Rony passou a mão pelos cabelos, nervoso. – Me desculpe Hermione... Eu não... Queria. Sei que isso não é desculpa, mas eu estava me sentindo sozinho. Você estava agindo estranhamente, e ela me beijou... Eu não a afastei. Mas deveria, eu sei que deveria. Eu me sinto péssimo por isso. E eu estou arrependido, eu juro que estou.

Ele olhou para ela. Os olhos dela marejados mostravam o quanto ela estava se esforçando para não chorar.

– Por favor... Diz alguma coisa.

– Eu não tenho nada para dizer. – Ela pegou sua blusa e a vestiu.

– Eu sei que errei, e sei que está furiosa... Mas pelo menos acredite que eu estou arrependido, e faria de tudo para voltar atrás e não ter feito aquilo.

– Sei... – Ela riu ironicamente e passou por ele, quando ele segurou seu braço.

– Acredite em mim Hermione.

– Sabe o que eu acho engraçado? Você ficou tão nervoso por eu não querer voltar para essa família, eu fui praticamente obrigada a voltar, e quando eu finalmente começo a me adaptar você beija outra mulher. Por que Rony? Pra que tudo isso? Seria mais fácil você simplesmente ter me deixado ir embora.

Ele não respondeu.

– Na verdade... Teria sido mais fácil você ter me deixando morrer. – Ela disse com raiva e soltou seu braço da mão dele, saindo do quarto.

– Hermione! – Rony gritou, mas já era tarde, ela já tinha desaparecido pela lareira.





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Mia tinha acabado de pegar no sono, quando ouviu passos do lado de sua cama. Ela acordou assustada, mas não havia ninguém. Suas colegas de quarto estavam dormindo. Ela pegou sua varinha em cima da mesinha e apontou para o nada.

– Sou eu! – Teddy tirou a capa mostrando seu rosto.

– O que tá fazendo aqui? – Ela sussurrou.

– Preciso te mostrar uma coisa.

– Mas agora?

– É! Você vai adorar!

Ela se levantou e calçou seus sapatos e saíram da sala Comunal da Lufa Lufa. Quando chegaram ao corredor, Victória estava parada na porta.

– Estamos aqui! – Teddy disse.

– Vocês demoraram. – Victória disse brava entrando debaixo da capa.

– Onde estamos indo? – Mia perguntou confusa se cobrindo com a capa.

– Victória achou um lugar muito legal! – Teddy disse empolgado.

Os três subiram algumas escadas, quando chegaram ao terceiro andar e pararam em frente uma porta.

– O que estamos fazendo aqui? – Mia perguntou tirando a capa quando eles passaram pela porta. – É proibido! Ouviram McGonagall dizer?

– Não se preocupe... Nós temos a capa. – Teddy disse.

– E como você achou isso aqui? – Mia perguntou olhando para Victória.

– As escadas mudaram quando eu ia para a sala comunal. E então eu entrei.

– Ah e você simplesmente entrou onde é proibido?

– Eu queria ver o que tinha.

– E então? O que tem? Só uma sala vazia.

– Não! – Victória disse empolgada. Os três andaram para outra porta. – Alohomora! – Victória apontou para a porta e ela se abriu. Dentro da sala enorme, havia um tabuleiro de xadrez bruxo muito maior do que eles e ocupava a sala inteira. As peças do xadrez eram muito maiores do que eles, mas elas estavam todas praticamente destruídas.

– Isso... É...

– Fantástico! – Teddy completou. – Olha só pra isso!

– Mas... Pra que iam deixar isso aqui, e ainda proibirem a gente de entrarmos aqui?

– Talvez isso seja alguma coisa histórica ou valiosa, não sei. Mas é demais! – Victória disse.

– Está bem... Agora vamos embora.

– Espera... Vamos nos aproximar. – Teddy disse andando em direção ao tabuleiro.

– Teddy, não! – Mia sussurrou. – Pode ser perigoso.

– O que tem de perigoso em um xadrez bruxo gigante? – Teddy riu e pisou no tabuleiro. Quando deu o primeiro passo, quase foi atingido por uma das peças. Ele correu rapidamente para perto das garotas antes de ser acertado em cheio, o que o deixaria vários dias desacordado.

– EU AVISEI! – Mia disse assustada.

– CARA QUE DEMAIS! – Ele gritou empolgado.

– NÃO TEM NADA DE DEMAIS NISSO TEDDY! VAMOS EMBORA! – Mia disse com raiva.

– Mia tem razão Teddy, você quase foi atingido. – Victória disse.

– Esperem aí... – Ele olhou para o peito da peça que quase lhe atingiu. Havia algo vermelho brilhando nela. – O que é aquilo? – Ele se aproximou mais uma vez.

– É o rei! Você não joga xadrez? – Mia perguntou irritada. – Agora vamos.

– Eu sei que é o rei... Estou falando daquilo no pescoço dele.

– Faz parte da peça Teddy, agora vamos. – Victória também estava irritada.

– Mia, seu pai não te ensinou a jogar xadrez?

– Sim, e daí?

– O que derruba o rei?

– Precisamos fazer um xeque, e depois um xeque mate.

– Como fazemos xeque mate nessa situação? – Ele apontou para o tabuleiro.

Mia olhou atentamente para cada uma das peças, e rapidamente teve a resposta. Seu pai tinha lhe ensinado todos os truques que sabia de xadrez, e ela era tão boa quanto ele. Foi a que mais chegou perto dos talentos de Rony para o xadrez.

– O cavalo teria que estar na E4, seria xeque. Restaria apenas o rei para se mover e derrubar o cavalo, e então ficaria na reta da torre que iria se mover para a esquerda. Seria xeque mate. Agora podemos ir?

– Cavalo na E4. – Teddy disse alto. Victória e Mia olharam para ele sem entender, até que o cavalo aos pedaços se moveu lentamente para o lugar. Os três se olharam perplexos. – Xeque! - O rei se movimentou como Mia disse, e parou na frente do cavalo, fazendo-o explodir brutamente. Os três se agacharam no chão se protegendo.

– Xeque Mate. – Teddy gritou empolgado se levantando. Nenhuma peça se mexeu, o rei apenas se desfez em pedaços, deixando o lugar repleto de poeira. Os três começaram a tossir, quando a poeira se abaixou. Teddy correu para o meio do tabuleiro, e nenhuma peça tentou acertá-lo desta vez. No meio dos pedaços do rei, ele pegou uma pequena pedra vermelha, como um anel. Ele voltou correndo até as garotas, mostrando a pequena pedra em suas mãos.

– O que é isso Teddy? – Victória perguntou. – Tudo isso só pra você pegar essa maldita pedra?

– Não acredito... – Mia disse irritada. – Olha só o estado que ficou a sala! Se alguém entrar aqui vai saber rapidamente que um dos alunos esteve aqui.

– Nem vão entrar aqui, eles acham que a gente não iria entrar. Ninguém sabe xadrez tão bem quanto seu pai, apenas você.

– Vamos logo. Já está tarde! – Victória disse. Os três se cobriram com a capa, e saíram da sala, fechando a porta. Andaram o mais rápido que podiam até chegarem em frente a Sala comunal da Grifinória.

– Vocês são loucos, sabiam? – Victória disse rindo. – Em menos de uma semana de aula olha só o tanto de coisa que fizeram.

– Você dessa vez estava com a gente. – Mia disse rindo também.

– Melhor eu entrar antes que a gente se meta em alguma confusão. Boa noite. – Ela entrou correndo na sala Comunal. Mia e Teddy voltaram para a Sala da Lufa Lufa, e se despiram da capa.

– Boa noite Teddy. – Mia disse.

– Espera. É... Pra você. – Ele entregou a pedra para ela.

– Pra mim? Mas você nem sabe de quem é. – Ela riu.

– Agora é sua. Você ganhou o jogo. Merece um premio por ser tão inteligente. – Ele sorriu. Mia pegou a pedra da mão dele e sorriu de volta.

– Obrigada.

– Boa noite Mia.

– Boa noite Teddy.





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Minerva entrou às pressas em sua sala. Se aproximou do quadro de Dumbledore, onde ele parecia pensativo, como sempre ficou durante sua vida.

– Alguém entrou na Sala Proibida. – Ela disse rapidamente.

– Vejo que os alunos ainda não entendem o significado de Sala Proibida. – Ele disse em um tom divertido. – Mas já devíamos ter esperado isso Minerva.

– Então não devo adverti-los? Procurar os culpados para puni-los?

– Não... São apenas crianças em busca de aventura. Que mal teria em um xadrez bruxo?

– Não tinha mesmo nada de valioso naquela sala Professor?

– Receio que se tinha algo de valioso, a pessoa que o pegou merece estar com ele.

– Não seria melhor eu procurar quem pegou?

– Não... Apenas uma pessoa seria capaz de conseguir pegar o que tinha naquela sala. Está em boas mãos. – Ele sorriu.

Minerva não fez mais perguntas. Sabia que Dumbledore era o maior doido que já tinha conhecido, mas suas loucuras sempre tinham um fundamento.




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