Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 9
Voltando a Fortaleza


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo nada a ver, pra rir um pouquinho ;)
Se quiser escutar alguma música enquanto lê, põe The All-American Rejects - Dirty Little Secret



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PALAVRAS DE GABI CARVALHO

Quando Valeska e eu chegamos em Fortaleza, vimos ao longe que tanto os nossos pais quanto os de Márcio e a madrasta de Lara nos esperavam na rodoviária.

— Mulher! Os pais de todo mundo estão ali! — disse Valeska, amedrontada.

— Querida, a gente contorna todos eles dizendo a verdade. A madrasta da Lara já sabe que ela é uma galinha. Agora a mãe do Márcio vai ter uma síncope quando souber que o queridinho dela ficou lá no Rio. — falei.

Continuamos caminhando, até que Valeska soltou a minha mão e saiu correndo pelo caminho contrário pelo qual nós íamos.

— Mulher, volta aqui! Deixa de ser frouxa!

Decidi continuar andando lentamente, levando minhas malas comigo. Finalmente aproximei-me do conjunto de adultos que ali nos esperavam. Abracei minha mãe.

— Onde estão os outros? — perguntou Sheila, madrasta de Lara.

— Valeska foi comprar água e alguns Doritos. Acreditam que ela comeu todo o nosso estoque de comida o caminho todo? Eu tô faminta! — menti. Na verdade eu não sabia para onde a anta da minha amiga havia corrido e menti também porque quem havia comido toda a comida fui eu.

Todos se olharam. Era difícil não decifrar quando eu, Gabi Carvalho, mentia ou escondia alguma coisa.

Silêncio absoluto. Olhares desconfiados, todos para mim.

— Tá! Vocês venceram! — falei, finalmente — Lara fugiu com um cara do Rio de Janeiro, Marcio foi atrás dela e Valeska acabou de sair correndo com medo de vocês. — cuspi todas as palavras rapidamente — Eu sou a única “macho” daqui. Podem me aplaudir, eu sei que sou demais.

Minha mãe puxou minha orelha enquanto a mãe de Márcio alegava palpitações, abraçando-se ao marido, que tentava acalmá-la. Os pais de Valeska se retiraram para ir procurar a filha e Sheila andava de um lado para o outro, a passos curtos, sem saber o que dizer. Até que finalmente disse:

— Que cara é esse que está com a Lara? — Sheila tinha o rosto meio inchado e não consegui entender exatamente o que ela dizia porque estava prestando atenção na sua roupa: meio palmo de um short jeans (tenho certeza que aquilo era uma calça que ela cortou) e uma blusa tomara que caia que deixava seu umbigo e pança a mostra. — Gabriela, pode me responder onde está minha enteada?

Recompus-me.

— Não, Dona Sheila, eu não sei exatamente por onde a Lara anda porque simplesmente ela decidiu que não é mais nossa amiga e nos abandonou. A única coisa que eu sei é que ela estava com um cara, pois andava com a cabeça nas nuvens e os olhinhos brilhando “forevermente”. Ai, que iludida...

Havia uma expressão de preocupação em Sheila. Confesso que eu me espantei com a reação dela, pois sabia que a relação entre Lara e a madrasta não era das melhores. Tinha alguma coisa muito estranha.

— Bom... o pai da Lara vai ficar sabendo. E ai de você, da Valeska e daquele amigo estranho de vocês (Márcio) se estiverem me escondendo mais alguma coisa. Fiquem sabendo que o meu marido — nessa parte ela encheu a boca para falar é um ex-policial e tem contatos com gente importante de todo o estado.

Sheila deu de costas e saiu. Enquanto andava, tive uma pequena impressão de que ela tentava seduzir as pessoas de alguma forma rebolando a sua bunda cheia de banha e de crostas. Sim, ela chamava atenção de todos a sua volta, mas mal sabia que as pessoas estavam rindo dela por ser tão ridícula.

— Eu sabia que essa viagem pro Rio de Janeiro não ia prestar. — disse minha mãe.

Mais alguns mimimis da minha mãe e dos pais do Márcio Q.I. Vi ao longe os pais da Valeska puxando a coitada pelo braço e pedindo explicações também. Então saímos da rodoviária alguns minutos depois com a sensação de que nada acabaria tão cedo.

PALAVRAS DE VALESKA SOARES

Minha mãe me arrastou até a casa de Lara, pois tinha medo que o pai dela, um senhorzinho já de idade, não entendesse as coisas que sua esposa ouvira na rodoviária naquele dia mais cedo e... partisse dessa pra melhor. (batendo na madeira três vezes)

— Mãe, eu não quero ir! Eu já disse que a Lara foi sequestrada por um lobisomem na noite de lua cheia!

— Ah, Valeska, mas você vai sim. Não quero filha minha sendo acusada de ser cúmplice de sequestro ou alguma coisa do tipo.

Estávamos exatamente em frente ao portão da casa dos Pacheco quando o meu celular tocou.

“Eu vou passar batom (chic, chic, chic, chic), eu vou ficar bonita. Segura! Eu vou rebolar, vou rebolar, vou rebolar...”

— Menina, eu já mandei tu desgrudar da porcaria desse celular! — disse minha mãe, furiosa. — E que diabo de toque é esse?!

— Eu posso até um dia me livrar do celular, mas não abro mão da minha diva Kelly Key por nada desse mundo, ouviu mãe? — atendi — oi, Valeska Soares falando.

Valeska, aqui é o Márcio! Só liguei pra avisar que estou voltando pra Fortaleza. — disse uma voz ao telefone.

— Pera... Márcio? Mentira, não é o Márcio. Ele não usa celular, eu conheço meu amigo. Vambora, diga logo de que planeta você veio e fale o que você fez com o meu amigo Márcio Q.I!

Eu vim do “Planeta Anta”, do país “Amebolândia” o mesmo que você veio! Menina, escuta logo o que eu tenho pra dizer! Olha, eu consegui falar com a Lara. Ela não quer mais saber da gente e parece que de ninguém da família também. Dá um jeito de avisar pro pessoal porque eu não quero mais me meter nessa história. Tô desligando porque pedi o celular emprestado e o bônus tá acabando. Logo estarei chegando aí. Até a vista!

Posso enumerar algumas coisas estranhas:

1) Márcio Q.I usando celular.

2) Márcio Q.I me tratando mal. Ele nunca me chamou de anta. Das duas uma: ou ele estava muito estressado ou alguma raça alienígena pôs uma sonda em seu cérebro e estavam controlando todos os seus movimentos.

3) Essa martelou minha cabeça durante um bom tempo: Márcio Q.I fazendo uma loucura dessas pela Lara? A Gabi disse que ele finalmente estava apaixonado por alguém e era por ela. Duvido muito.

4) Sim, sou fã da Kelly desde os tempos de “Cachorrinho”.

***

Quando eu e minha mãe entramos na residência dos Pacheco, quase sentimos um clima de luto: Sr. Giuseppe, pai de Lara, assistia à TV num volume inaudível (daí pude perceber que estava perdendo a Malhação). Sheila estava sentada aos pés do homem, chorando. A meia-irmã de Lara, a Clarinha, brincava com alguns bonecos de lego babados.

— Parece que não viemos em uma boa hora. Perdão, mas o portão estava aberto e...

— Não! — Sheila interrompeu minha mãe com um berro e se levantou rapidamente do chão, correndo até ela — Por favor, Dona Sílvia, convença o Giuseppe a acionar as autoridades para ir atrás da Lara! Eu amo tanto aquela garota! Ela é como se fosse uma filha para mim!

(falsa...)

— Já disse que aquela vadia não é mais minha filha! Que fique com ela pra você! — resmungou o velho senhor, que apoiou o cotovelo no braço do sofá e encostou o punho cerrado na têmpora direita. — Se é isso o que ela quer, se ver livre da gente, que vá.

Sr. Giuseppe enfim se levantou do sofá, calçou os chinelos, coçou a bunda explicitamente por cima do calção e saiu andando a passos curtos para dentro da casa. Sheila sentou-se no sofá e começou a espernear. Clarinha ficou nervosa e eu logo a coloquei nos braços.

— Valeska, por favor, leva a Clarinha lá pra fora pra dar uma volta que eu vou conversar com Sheila. — ordenou minha mãe.

Então eu saí e não precisei falar nada para a família Pacheco naquele dia, mas estava louca para contar os babados para a Gabi o quanto antes!


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Notas finais do capítulo

Vocês acham que o drama da Sheila é verdadeiro? Comentem ;)



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