Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 5
Um Anjo à Beira da Estrada


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Queria me desculpar com vocês por ter sumido esses dias e ter demorando a responder os reviews de vocês e ler algumas fics, pois tive um problema de saúde e de quebra fiquei sem internet (fim de semana tedioso). Prometo que vou ficar em dias com as fics e creio que já respondi a todos os comentários rsrs

**Recomendo ouvir todas as músicas
** Percebo que a Gabi é rainha e a Lara é nadinha



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PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI.

Valeska e eu optamos por pedir ajuda quando chegássemos no Rio de Janeiro. Para quem, ainda não sabíamos. Eu estava carregando sozinho toda a bagagem, inclusive a dela e a das outras meninas.

— Eu vou processar aquele motorista por ter me deixado longe das minhas amigas. — dizia Valeska enquanto andávamos na rodoviária para pegar o ônibus que nos levaria para a Cidade do Rock.

— Você deveria levantar as mãos para os céus e agradecer a Deus pelo motorista não ter te jogado pra fora do ônibus também. Principalmente naquela hora que você começou a cantar aquelas músicas de forró. — falei.

— Forró uma vírgula. Forró antigo, Márcio.

— Não vejo diferença. — opinei. Isso fez com que ela cantasse bem alto na rodoviária.

“Eu faço tudo por você; ponho um anúncio na TV, boto meu coração pra todo mundo ver, porque eu amo você!” — cantava ela.

— Isso, Valeska, canta Calcinha Preta quando a gente estiver perto dos fãs de Slipknot. Você nunca vai sentir tanta adrenalina na sua vida. Agora cala a boca e vamos encontrar um lugar pra ficar e alguém pra pedir ajuda.

PALAVRAS DE LARA PACHECO.

Música: Snow (Hey,oh) — Red Hot Chili Peppers.

Perguntamos o nome do rapaz que nos dava carona. Ele nos disse para chamarmos de “Anjo”. Estava tudo muito estranho: ele, com seu velho Chevette preto, dirigia muito mal. Logo descobrimos sua idade: dezessete. Gabi e ele cantavam uma música da nossa banda favorita, mas eu já estava estressada e só não pedi pra descer porque eu precisava ligar para o celular da Valeska, já que o nerd do Márcio não usava celular. Eu estava no banco de trás e Gabi no do passageiro, mexendo no porta-luvas do carro do garoto.

— Sua amiga é muito calada, não? — disse “Anjo” para Gabi.

— A Lara tá de bode. — respondeu minha adorável amiga.

— Gabriela, porque não coloca no jornal que eu tô menstruada? Porra, tem que ficar falando sempre!

Hello, filhinha! Pra que serve Facebook?

Não briguem! — disse “Anjo”. — Eu tô com uma impressão de que conheço vocês de algum lugar.

— Impossível. Viemos de Fortaleza. Porém, eu também acho que já te vi antes, já que tocou no assunto. — respondi. — por que você não nos diz seu nome verdadeiro?

Anjo virou a cabeça e olhou para mim, no banco traseiro. Ao olhar nos seus olhos, verdes, brilhantes, lindos, meu coração bateu mais forte, como nunca havia batido há quase dez anos. Por Douglas.

— Minha identidade. — ele me entregou. — Agora entende porque eu não quero falar meu nome, né?

— Josivaldo Aquino Pinto? — li em voz alta. — Isso é brincadeira, né?

Gabriela começou a rir. Ria aquelas risadas de doer a barriga. Realmente era um nome bem engraçado. E sacana. Como o sorriso dele.

— Lara, é a mais pura verdade. — Anjo sorriu.

Entreguei-lhe de volta sua identidade.

PALAVRAS DE GABRIELA CARVALHO.

Quando Lara finalmente conseguiu falar com Valeska e Márcio, já estávamos quase chegando à Cidade do Rock. O hotel onde Anjo (ou, segundo sua identidade, Josivaldo) ficaria, era perto do nosso. Por isso, ganhamos carona até lá. Descemos do Chevette e nos despedimos do rapaz.

— Nos vemos no show do Red Hot, gatinhas. — disse Anjo. — Vocês vão para mais algum show? Katy Perry, Slipknot, Sytem of a Down?

— Filho, eu vou para todos. Tô pagando essa bagaça aqui e vou aproveitar! — falei.

O cabeludo então nos abraçou, deu um beijo no rosto de cada uma, entrou no carro e foi para o seu hotel. Lara ficou suspirando por ele, que eu vi.

— Fecha a boca, Lara. Vai entrar mosca.

— Coitada de você, queridinha. — respondeu Lara. — O que você quer dizer com isso?

— Ora, “o que” ... Cá, cá, cá... Faz-me rir. — ironizei. — Só não mostrou as pernas pro “Anjo” porque tava com medo de ele ser um tarado.

— Tá me chamando de puta? Olha aqui, Gabi, você me respeite!

— Calma, Lara, mulher! Ele era um gatinho mesmo.

Rimos e entramos no hotel. Ele não era lá essas coisas, mas dava para todos nós, os quatro, dividirmos o mesmo quarto. Márcio Q.I era cavalheiro o suficiente para dormir no chão enquanto Valeska, Lara e eu revezaríamos numa cama de casal.

— Tá vendo, sua jumenta, o que dá ficar fazendo molecagem dentro do coletivo? — disse Valeska, me batendo, quando nos reencontramos.

— Até parece que você não estava molecando também. — falei. — mas o que importa é que estamos todos aqui, inteiros, e prontos para curtir todos os shows.

— Espero que leve isso para a vida, Gabi. — disse Márcio Q.I. — E cresça!

— E que você, Márcio Q.I, rejuvenesça. Parece até minha avó falando! — respondi-lhe.

PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI.

Música: Depois da Meia Noite - Capital Inicial

“[...] Dias de verão e noite de inverno

A cidade, às vezes, é um inferno

Criei então um universo onde tudo era perfeito e feito pra nós dois...”

Por recomendação minha, fiz com que todas as garotas ligassem para seus pais para dizerem que haviam chegado no Rio sãs e salvas. Faltavam dois dias para o início do festival e cinco para o dia da apresentação do Red Hot, que seria do sábado para o domingo. Tivemos tempo de sobra para fazer compras, passear, tirar muitas, muitas fotos (se tratando da Gabi, tirar fotos para ela era sagrado) além de conhecer o palco e ver o ensaio de algumas bandas brasileiras, como Capital Inicial.

Lara passava a maior parte do tempo dormindo ou no celular. Gabi às vezes fazia com que ela se socializasse mais um pouco, sempre comparando a mim, me chamando de antissocial e falando que até eu estava saindo.

— Como assim, Lara? Como assim você não vai ver a apresentação das primeiras bandas? — perguntou Gabi, no dia em que iniciava o Rock in Rio 2011.

com dor de cabeça. Vão vocês três. Vou ficar de boa.

— Gabi, não insiste. — disse Valeska. — Não tá vendo que ela não quer ir!

— Pô, Lara! Olha todo o seu dinheiro indo pro ralo! Você pagou pra ir ao show e não vai. Como assim? — disse Gabi.

— Eu que não perco o show do Capital Inicial. — falei.

Fomos ao show, sem a Lara. Curtimos as três primeiras músicas, juntos, mas depois Gabi e Valeska arranjaram “ficantes”. Fiquei só, de braços cruzados e cantando “Depois da Meia Noite”.

“[...] Não quero esquecer as noites viradas

Falando sobre o mundo até a madrugada...”

Alguém apertou a minha bunda. Olhei para trás e não vi ninguém. Só algumas meninas de catorze ou quinze anos cantando, sem mesmo saber a letra. Posers!

— Quem de vocês apertou a minha nádega? — perguntei, mas estávamos muito perto do palco e nenhuma escutou nada.

— O que foi? — uma delas perguntou.

— Uma de vocês apertou a minha nádega e eu quero saber quem foi!

Elas riam muito e eu não via graça nenhuma. Fui para longe delas.

PALAVRAS DE LARA PACHECO.

Naquele momento, me arrependi por não ter ido ao show. A música da banda Capital Inicial invadia o meu quarto. Decidi sair do hotel e ficar pelo menos na calçada. Pensei que talvez pudesse entrar no lugar onde estava havendo o show. Ainda estava com o ingresso. No meio do caminho, tombei com “Anjo”. Ele estava todo de preto e fumava um cigarro.

— Olha só, se não é a menina do bode! — exclamou.

— Por favor, Josivaldo Aquino Pinto! — revidei. — nem estou mais “de bode”.

— Porque não foi ao show? Vi sua amiga Gabi por lá nos maiores amassos com um conhecido meu.

— Sério? Não acredito. Vaca! — lembrei-me do tal pacto que fizemos na infância. Acho que ninguém lembrava mais aquilo. Fazia tanto tempo que ninguém mais tocava no assunto que comecei a achar que tudo aquilo ficou guardado nas tumbas do passado. — Bom, Anjo, não fui ao show porque estava com muita dor de cabeça. Passamos o dia passeando e tirando fotos. E você, por que não ficou lá?

— Não no clima... Por que não vem comigo dar uma volta, Lara?

“[...] Por quanto tempo só nós dois?

Por quanto tempo, só nos dois?”

Fomos até uma espécie de estacionamento e tomamos o seu bom e velho Chevettepreto. O carro estava imundo, com pacotes de salgadinhos e garrafas de vinho barato por todos os lados.

— Desculpa o estado da caranga. Fizemos uma festinha aqui.

— Nossa Senhora! — pus a mão no nariz. — Você deve trazer um monte de vagabundas pra cá, não é? Melhor eu ir, não quero ser mais uma.

Quando eu pus a mão na porta do carro para abri-la, Anjo foi mais rápido e a travou novamente. Seu corpo ficou em cima do meu por alguns instantes. Meu coração acelerou, como há dez anos atrás. De novo.

— Por favor. Você tá me deixando com medo!

— Olha bem pro meu rosto. Diz que não me reconhece! — Ele forçou meu rosto para que eu olhasse para o seu.

Frio na barriga. Borboletas idiotas incomodando novamente meu estômago. Era ele?

— Douglas Loreto? — perguntei.

— Eu sabia que você nunca se esqueceria de mim! — ele me abraçou forte. Mais frio na barriga. Aquilo só poderia ser um sonho.

— Não pode ser você. Eu vi sua identidade!

— Você achou mesmo que meu nome era aquele? Se fosse eu já teria me matado. — Douglas (achava então que era esse mesmo seu nome) sorriu. — Como você acha que eu saio por aí dirigindo um carro e comprando um monte de cigarros e bebidas, mesmo sendo menor de idade?

— Douglas... eca! Não pode ser você! O Douglas de nove anos atrás era um menino meigo, puro... Você é um bêbado cabeludo!

— Você sabe que eu nunca fui nem meigo, nem puro, Lara!

— Eu vou destravar a porta desse carro e sair. Se você tentar alguma coisa eu grito bem alto e você se fode!

Finalmente consegui sair daquele carro imundo. Não queria acreditar, mas o “Anjo” era realmente Douglas!

“[...] Depois da meia noite, nós acendemos

as luzes da cidade,

Nos abraçamos e ficamos juntos

Até nascer o sol...”


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Notas finais do capítulo

Eu sei que a última música não ficou sincronizada, mas eu amo essa music :/
Não sei se é desse jeito lá no Rock in Rio, porque eu nunca fui (chorando), porém, dei asas a minha imaginação.
Comentem, por favor, e mil desculpas pelo sumiço *--*

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