Faça Suas Apostas! escrita por Gabriel Campos


Capítulo 3
Festa do ABC


Notas iniciais do capítulo

O capítulo é curtinho, mas foi feito de coração :)
No próximo, vocês verão os personagens crescidos, com 16 anos!



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PALAVRAS DE LARA PACHECO.

(Música - No Fundo do Coração - Sandy & Júnior)

Eu temia cada vez mais gostar de Douglas, principalmente porque ele era muito amigo do João Paixão. Eu tinha receio também em falar com ele, apesar de ele ter pegado na minha mão e naquele dia e termos uma certa “intimidade”.

O ano de 2002 acabou e tivemos uma festa do ABC, com direito a músicas da Kelly Key e das Rouge. Ao final da alfabetização, eu não sabia ler direito e nem mesmo escrever com letra cursiva, apenas com letra bastão. Porém, as professoras queriam logo se livrar de mim e fizeram com que eu passasse de ano o mais rápido possível. Uma cagada de tinta numa cartolina e eu tinha nota média em todas as matérias.

Os meninos estavam engraçados, de terno e gravata. Nós meninas estávamos com um vestidinho cor-de-rosa, prontas para dançar a valsa com os nossos pais. O terno de Márcio Q.I era o mais engraçado, com uns babadinhos que lhe davam um tom de mais idiota. Ele, claro, era o orador da turma. Lia fluentemente desde o jardim, mas as professoras da alfabetização se vangloriavam dizendo que ele havia aprendido a ler com elas.

“[…] Vem aqui, que agora eu tô mandando.

Vem meu cachorrinho, a sua dona tá chamando.”

Algumas crianças foram dançar, ao final das comemorações. Eu, Gabi, Valeska e Márcio Q.I ficamos sentados perto do DJ. Douglas Loreto estava meio “largadão”, sentado no chão e perto do banheiro feminino do buffet. De repente, me deu uma vontade de fazer xixi...

— Gente, eu vou ao banheiro. — falei.

— Ah, eu vou também. — disse Gabi. — preciso retocar a maquiagem.

— E desde quando “cê” usa maquiagem, Gabi? — perguntou Valeska.

Gabi deu uma tapa de leve na cabeça de Valeska e um chute discreto nas canelas dela. Depois, disparou aquele olhar de “fica calada”.

— Eu vou sozinha. — fui firme. — Tenho vergonha. — levantei-me e saí rapidamente.

— Só não se esqueça de lavar as mãos, por favor! — ouvi Márcio Q.I gritar.

Entrei no banheiro e Douglas pareceu nem ter me visto. Olhei-me no espelho e retirei da bolsa um batonzinho cor-de-rosa da Moranguinho. Pensei que, talvez, não estivesse bonita o suficiente naquele dia.

Ao sair do banheiro, percebi que Douglas Pacheco não estava mais sentado naquele lugar. Até que percebi uma cutucada nas minhas costas. Olhei para trás. Era ele. Sorri. Ele sorriu também.

— Preciso falar com você, menina. — disse Douglas.

—Eu nem te conheço! — me fiz de difícil e fiquei de costas para ele. Temi que Gabi e os outros me vissem falando com ele.

— Você sabe o meu nome... Lara.

— Mas nunca falei com você. E eu não sei o seu nome... Sei mais ou menos... — fingi ter esquecido. — Diego... Daniel... Não, pera... Eu já lembro.

— Vem comigo!

Douglas me puxou pelo braço e me levou para um lugar onde não havia ninguém. Eu era ingênua o suficiente para acreditar que ele queria apenas falar comigo. E era mesmo. Na festa, tocava ao longe:

“[...] Vou te encontrar na luz das estrelas, te refletir nas águas do mar.

Quero ficar assim pra sempre

porque, pra mim, a vida é te amar.”

— Lara, eu preciso te dizer que, mesmo você não ligando a mínima pra mim, eu gosto muito de você.

Fiquei surpresa com tais declarações, porém me fiz de desentendida.

— Sai fora, já disse que eu nem te conheço. E eu sou menina de família, não sou de ficar sozinha com qualquer um, não.

— Espera, poxa! — Douglas ficou de joelhos e segurou meu pulso com sua mão direita. — Você foi a primeira menina que eu amei. Não sei falar dessas coisas, não. Só queria te dizer que eu vou embora, pro Rio de Janeiro, e que você sempre vai ficar aqui, no meu coração.

Douglas se levantou e deu as costas; eu, ainda chocada com aquelas palavras, corri para frente dele e lhe roubei um selinho. Em seguida, fugi.

Meu primeiro beijo foi aos meus oito anos de idade, com Douglas Pacheco, o amor da minha vida. Pena que ele iria embora e eu nunca mais o veria.

“[...] Você é um lindo sonho, que eu vivo ao te olhar,

Que acorda o meu coração.

Um sonho assim não vai ter fim...”


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Notas finais do capítulo

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