Toda garota precisa de um melhor amigo escrita por Jessie


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

OMG A JESSIE TÁ VIVA!!!!

Comemorem de pé, viu. Porque foi difícil, foi difícil jovens... Mas eu voltei. Jessie sempre termina seus trabalhos, nem que seja à força, arrastada, puxada pelo cabelo e com trocentas ameaças de ser encontrada mortinha à beira da praia da lua (sabe, aquela que encontraram uma sereia há alguns anos... Ah, pesquisem no google).

Enfim, olha... Viu, olha. Não sei o que falar mais.

Só... Será que tem alguém aqui ainda? *fala com o vento*

Bom, boa leitura.



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POV Anna

Não é tão fácil estar apaixonada por seu melhor amigo. Por motivos de:

a) melhor;

b) amigo.

c) já leu o segundo?!

d) reforce com o primeiro.

Melhor amigo.

Quero dizer, não é um carinha qualquer.

E já não seria fácil se no meio de tudo isso ainda não houvesse um namorado. Mas há. Há um namorado. Porque a vida, meus amigos, ela não é fácil.

Dei-me conta de tudo isso no momento em que Luiz fora pra casa. Assim, sem entender nada. Depois do nosso melhor sexo e uma Anna completamente esquisita, ele resolveu que seria melhor dar um tempo.

Mas eu não podia ficar de outra maneira. A ficha caiu. A ficha de que eu estava completamente apaixonada por Luiz. E doeu. Era uma ficha bem pesadinha.

Sem falar na ex-namorada dele, Karen, que teve a cara de pau de me pedir ajuda pra tentar reconquistá-lo.

Assim, eu até a ajudaria, de verdadezinha. Se não o quisesse pra mim.

O que recém descobri que quero.

E ainda tinha o Marcelo...

Meu Zeus.

***

POV Mari

Anna não me atendia, chegava ligação até de Kauã e o dia simplesmente não se acabava. Tudo porque no dia seguinte eu iria sair com Robert.

As horas iam pisando em ovos, rastejando nos cacos de vidro e pareciam não sair do lugar. Era triste.

Corri pra cozinha, louca de fome pela ansiedade - ou pura gordice -, em busca de chocolate. Precisava muito, muito de chocolate. A vida de uma garota absurdamente apaixonada já é meio complicada, imagine sendo apaixonada por um professor super gato e casado. E, junta tudo com uma amiga perturbada namorando um e ficando com outro, o namorado da amiga perturbada se juntando com a ex do ficante e melhor amigo da mesma pra algum plano maléfico ou sei lá, e mais... Ai. Pensar em tudo dá até dor de cabeça.

Tentava me lembrar em que encrencas mais eu e as pessoas ao meu redor tinham se metido - que, aliás, eram muitas -, enquanto revirava os armários atrás de uma bendita barra de chocolate meio amargo bem calórica. Mas estava difícil, talvez a mamãe não tivesse comprado ou eu tivesse comido a última há alguns dias...

E, pensando na mulher, puff!

— Mariana Verônica DeLucca! - gritou o ser de branco e rosto verde, vulgo mamãe.

— Eita, mulher! - foi minha reação só um pouquinho assustada com a visão daquele creme noturno dos horrores. Com a mão direita, que pulou automaticamente pro peito, sentia meu coração na maior performance de escola de samba.

Pelo temido nome do meio pronunciado pela boca da minha, como eu já mencionei, nem um pouco normal mãe, já vi que o humor da bendita não estava lá muito bom.

— Verônica, o que você faz acordada a essa hora?! - perguntou com a pose clássica de Manuella: mãos nos quadris, o rosto verde franzido. Ah, e claro, o biquinho. Tinha o de raiva, e o de manha. Aquele, definitivamente, era o de raiva. Principalmente porque agora ela tinha usado o "Verônica". Nem Mariana, nem Mari, nem mesmo senhorita. Verônica. Odeio Verônica.

— Oh maiê— pronunciei com a voz arrastada. - ainda é uma... - Mamãe me interrompeu com um "ca-ham", apontando com os olhos para o relógio na parede, e a sobrancelha fazendo seu papel de ficar arqueada pra me mostrar que eu estava bem errada. - Er, três... Três horas. - corrigi, desviando o olhar.

— Exatamente! Três e quinze da manhã, Mariana. - bateu o pé. Ao menos não tinha sido Verônica dessa vez.

— Sim, mas é que... É que eu não estava conseguindo dormir. - fiz biquinho de manha. Eu também possuia a habilidade de fazer ambos, raiva e manha.

Mamãe pareceu amolecer um pouquinho. Sempre dava certo.

— Ohhh, tadinha da minha bebê. - falou ela com voz fina, aproximando-se. - Quer que a mamãe esquente leitinho? - ofereceu com os dedos esmagando minhas bochechas.

Confirmei com a cabeça. Eu não tinha achado chocolate nenhum mesmo... Era só colocar umas quatro colheres de nescau e ficava quase a mesma coisa. Tão calórico quanto. E era doce. Afinal, como diziam, quem não tem cão tanto bate até que fura... Ou algo assim.

— Obrigada mãezinha. - agradeci com a voz meiga, indo lhe dar um beijo no rosto... Que estava verde. Desviei pra dar uma bitoquinha no seu ombro. Mais seguro.

Mamãe sorriu e pegou uma panela. Toda me mimando. Ser filha única tinha lá suas vantagens.

Mas até que era bem solitário às vezes, pensei enquanto me sentava no balcão da cozinha. Apoiei as mãos no queixo, e assisti mamãe derramar um pouco do leite da caixa para a panela, que já estava em cima de uma das bocas do fogão.

— Mãe, por que você não tem um bebêzinho, ein?

Mamãe se espantou, franzindo as sobrancelhas como se eu estivesse ficando louca.

— O quê menina?!

— Um irmãozinho, mãe. Sabe, é chato ser filha única. Digo, é legal, assim. Mas de vez em quando é bom ter...

Ela continuava me encarando, com a expressão cada vez mais atônita.

— Ué, que foi? - perguntei, não entendendo a reação dela.

— Eu hein, Mariana. Não vou ter menino mais nem se eu soubesse que ia ficar rica.

— Poooxa, mãe... Nem custa nada você-

— Você já está tendo alucinações, querida. Pare de ficar acordada a essa hora.

Suspirei, apoiando a cabeça em uma mão só.

— Ah, verdade mamãe. Você tá encalhada.

— Estou solteira por opção.

— Dos outros?

Mamãe me deu um cascudo na cabeça.

— Ai! - gemi com a dor, cruzando os braços. - Pessoa pode nem falar a verdade mais. Toda agressiva.

— Cale a boca e tome seu leite. - disse me entregando o copo com o leite quentinho. - Vou voltar pra cama. Lave seu copo depois, e vá dormir menina.

— Tá. - concordei, indo atrás da lata de nescau. Mamãe atravessou a porta com sua camisola branca e cara verde, e eu automaticamente me senti mal por não contar a ela sobre Robert. Claro que ela iria me bater até ano que vem, dizer que eu estava pirando e me internar numa clínica de reabilitação... Mas acho que ela devia saber. Talvez fosse mais seguro.

No entanto, era uma coisinha nada demais. Não era como se tudo fosse dar completamente errado.

***

POV Anna

Sábado. Finalmente.

Sem aula, sem Luiz, Marcelo, Karen, Patrícia ou seja lá quem for. Era só eu, minha cama, minha fome e minha melhor amiga de sempre: a preguiça.

Acordei me afogando na minha própria saliva, que já tinha criado toda uma poça no sofá onde eu consegui pregar os olhos na madrugada anterior. A televisão estava ligada em um canal de televendas, com um gringo loiro muito bonitinho me incomodando pra comprar uma maldita câmera multi-uso. Mas tão multi-uso, que chegava a ser inútil, a bichinha.

Como eu tinha avisado ao meu querídissimo pai, na nossa última conversa por telefone, que precisava urgentemente de dinheiro ou ia morrer de fome sozinha na escuridão eterna - também precisava pagar algumas continhas -, lembrei-me que ele prometera depositar o dinheiro nesse dito sábado. E eu precisava mesmo ir buscar.

Ter responsabilidade era chato, muito chato.

***

POV Mari

Sábadooooo. SÁ-BA-DO! Acordei praticamente cantando que era sábado, o sol brilhava lá fora, o celular tocava e as nuvens... Espera.

O celular!

Apoiei-me no colchão e engatinhei pra pegá-lo na cabeceira da cama, onde ficara carregando a noite toda. Puxei-o da tomada. O coração acelerado com o nome que aparecia na tela. Arrastei a barrinha pra atender.

— Oi, Robert.

Oi bebê. Tudo certo pra hoje?

Não pude conter um sorriso. Um mega-sorriso. Tirei o celular do ouvido bem rapidinho pra conferir as horas. Duas da tarde... Nada mal pra quem tinha ido dormir quase seis da manhã.

— Ah, claro! Eu estava indo agora mesmo me arrumar.

Pretende sair daí que horas?

— Às três, está bom pra ti?

Ótimo. Estou saindo do treino em meia hora, passo em casa rapidinho e nos encontramos...

— Tudo bem. Pensei em ir no shopping aqui da zona norte, que fica pertinho da minha casa.

Ah! Você mora por aí? Também moro bem próximo, te pego então.

OMG. Eu ia com ele. Com o Robert, no carro dele.

— Certo. - confirmei com um risinho descompromissado.

Me passa o endereço.

Expliquei a ele onde ficava a minha casa e estávamos combinados. Tudo indo perfeitamente bem, eu só precisava mesmo... Me arrumar.

Não, não. Produzir, esta era a palavra certa.

Corri pra tomar banho, com direito aos sabonetes super cheirosos - e caros - da mamãe, estrategicamente pegos emprestados sem o conhecimento dela.

Saí do box com cheirinho de lavanda, erva doce, jasmin, morango e alguma flor aleatória. Encarei a imagem refletida no espelho em cima da pia.

Os cabelos castanhos presos em um coque tinham sido lavados ontem. Os olhos enormes pareciam ainda maiores e mais pretos. O rosto branco estava pálido como só após um banho. Olhei pra baixo. As pernas definitivamente precisavam de uma depilação.

Completei o serviço e de repente estava no meu quarto, onde o banheiro ficava. Coloquei antes a lingerie, uma muito bonitinha com estampa de bolinhas. Não ia ser vista, é claro.

Com o cabelo ainda preso e só a franjinha em contato com o rosto, peguei meu estojo de maquiagem. Primeiro a make corretiva, base e pó compacto. Satisfeita com o tom corado adquirido, parti para as cores. Nada nos olhos além de rímel. Batom lilás na boca, que estava super em alta, e nas maçãs do rosto o clássico blush rosa, bem clarinho. Leve e linda. Só faltava mais um pouquinho de rímel...

Depois de mais duas camadas, estava pronto. E os olhos saltando com cílios tão cheios. Perfeito.

Fui atrás do vestidinho novo e suficientemente decotado - ou um pouquinho mais -, e o vesti. Vermelhinho, curtinho, lindíssimo. Finalizei com a jaqueta curta e as sapatilhas. Estava agora bem menininha. Porém, com o decote ainda visível. Elogiei minha capacidade de equilíbrio.

Parei em frente ao espelho, observando o resultado. Só faltava o cabelo. Soltei alguns grampinhos e os fios escorreram até a altura dos ombros. A forma como ele estava amarrado devia tê-lo deixado ondulado, porém permanecia teimosamente todo liso como era naturalmente - e com a intervenção de algumas marroquinas.

Desarrumei a franja pra deixá-lo um pouco diferente, mas em vão. Continuava teso no mesmo canto. Pente pra quê? Os cabelos de Mariana mal ondulavam, quem dirá se embaraçar. Um pouquinho de volume não ia fazer mal a ninguém... Maldito dia que mamãe me apresentou essa tal de marroquina.

Conformei-me, estudando o espelho uma última vez. Estava bem, até. Muito bem.

Peguei o celular e vi as horas: duas e cinquenta. Uma mensagem.

Passo aí em vinte minutos.

— Robert.

Recebida há dez minutos... Logo ele iria chegar. Agradeci mentalmente por mamãe ter trabalho no sábado.

Desci as escadas e parei na sala, procurando por um perfume que Manuella insistia em guardar no rack da TV, pensando estar escondido da minha pessoa.

Inocente.

Borrifei um pouquinho nos pulsos, nas dobrinhas entre os braços, no pescoço e atrás das orelhas. Pontos altamente estratégicos. Foi então a vez da roupa. E estava completo o cheiro de lavanda, erva doce, morango, jasmin, alguma flor qualquer etc, e o perfume levemente cítrico.

Deixei o vidrinho - ênfase em "vidrinho", porque perfumes caros devem por lei ser obrigatoriamente absurdamente mínusculos - no lugar em que estava e caminhei alguns passos em direção a cozinha para um último copo de água antes que Robert chegasse. Porém, fui interrompida pela campanhia.

Dei meia-volta pra ir atender a porta, imaginando que talvez pudesse ser Anna finalmente ressucitando e resolvendo procurar por mim depois de não receber nenhuma das minhas ligações.

Girei a maçaneta pronta pra dar um sermão de cinco minutos, que era o tempo que eu tinha agora, quando fui surpreendida por cabelos loiros e um par de olhos azuis. Mas não perteciam a Anna.

— O que você faz aqui?!


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Notas finais do capítulo

Ahhh gente, é claro que eu tinha que voltar com um suspensezinho bem pequenininho. Mas, vocês já devem saber rs. Então, essa é a hora em que eu peço desculpas por ter morrido e só ressuscitado agora *é um milagre!!!*. Desculpem-me, de verdade. Eu podia escrever 516841541 linhas, mas é melhor utilizar esse tempo pra ir respondê-los nos comentários.

Ahhh, por falar nisso, vocês são DEMAIS!!! Muito obrigada por todo apoio, pelas recomendações, pela confiança... Pela paciência *bate na autora*. Falando sério, vocês me deixam muito feliz!

Aguardem-me *insira risada maléfica aqui*.