Sobre deuses e bruxas escrita por Adriana Swan


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Estou completamente viciada no shipper. Como lidar.
Obs. Letty e Lucy são personagens originais, mas Rachel existe nos livros de Percy.



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– Me explique de novo, porque você não aceitou?

Hermione fechou o livro sobre a santa inquisição que trouxera da biblioteca de Hogwarts porque era mais do que obvio que Letty não a deixaria ler. Lucy havia batido palminhas de contentamento quando ela dissera que não pretendia mais ver Percy, mas Letty tinha se postado deitada á seu lado na cama e insistira até a britânica contar como fora o encontro, detalhe por detalhe.

– Lucy tinha razão, ele não é meu tipo – mentiu, tentando encerrar o assunto.

– Você tinha razão, não devia ter deixado você sozinha com Percy – Letty assentiu balançando a cabeça em concordância. – Você é muito certinha, não ia dar certo.

– Letty! – Hermione exclamou, impaciente.

– Deixei vocês sozinhos porque achei que iam se agarrar – Letty continuou, parecendo desapontada. – Se sonhasse que você é tão lerda teria ficado mais tempo.

– Letty! Eu nunca faria isso! – Hermione falou, incrédula e envergonhada, sentindo as faces corarem. – Eu nem o conheço direito.

A menina olhou para a porta, como se quisesse ter certeza de que estavam sozinhas antes de continuar. Só então se virou para Mione e continuou, falando sério e com rosto preocupado.

– Hermione, alguma vez na sua vida, já esteve num amasso de verdade com um rapaz? – perguntou, como se fosse a coisa mais importante do mundo.

– Hum, já, é claro – e era verdade. Estivera aos amassos com Victor. Não sabia bem se os “amasso de verdade” eram mais, bem, sexuais do que a garota gostaria de imaginar.

– Prima, você só vai passar mais alguns dias aqui em Nova York – continuou a outra, falando devagar. – Porque você não aproveita para tornar essa viagem, bem, inesquecível?

A bruxinha arregalou os olhos.

– Não, obrigada, não estou interessada – falou ofendida.

Letty revirou os olhos para o teto, impaciente, igual a irmã Lucy.

– Não estou dizendo para você ir para a cama com o garoto – ela reclamou. – Mas você me parece sempre tão... tão... tão certinha! Quem marcaria um encontro em uma biblioteca?! Aqui ninguém te conhece, não vai ter ninguém para falar mal de você porque você vai ao baile com o garoto-problema. Daqui alguns dias você vai voltar para a Inglaterra e tudo que viver será passado, esquecido e sem importância, ou quem sabe ainda uma história para contar a seus netos. Nenhum amigo seu da Inglaterra vai ficar sabendo se você não contar. Essa provavelmente é a primeira vez em sua vida, que você não precisa se preocupar com o que os outros vão pensar.

Sua prima não esperou uma resposta, apenas levantou e voltou para sua cama. Aquele não era o tipo de conselho que Hermione seguiria nem taxaria como correto. Suas primas também não pareciam o melhor exemplo de politicamente corretas, mas estava na América, a cultura era outra.

Enrolou-se nos cobertores e tentou dormir. Gostaria de estar em Hogwarts e ter as amigas para poder conversar. Gostaria de ouvir o conselho de Ginny sobre o que fazer com relação á Percy. Imediatamente, a voz de Ginny pareceu se formar em sua cabeça, clara como a neve. “Pegue-o”. Era isso que Ginny diria. Ainda pensando nisso, Mione adormeceu.

A manhã seguinte passou com a velocidade da luz, enquanto ela passeava com os pais pela cidade e se corroia com a dúvida. Quando voltaram para almoçar na casa da tia, Mione comeu como se a comida fosse serragem tamanha sua vontade de ficar a sós com a prima. Assim que terminaram, arrastou Letty para o quarto para conversarem.

– Acha que devo ligar para Jackson? – perguntou inquieta.

Letty abriu um enorme sorriso.

– É claro que deve! – respondeu prontamente.

Antes que Hermione dissesse qualquer coisa, a prima pulou da cama e correu até a penteadeira onde o telefone celular de Lucy estava carregando a bateria. Letty tirou o cabo da tomada e voltou saltitando para a cama, animada.

– Percy é da mesma turma que Lucy, aposto que ela tem o número dele – falou e começou a olhar na agenda do aparelho.

A bruxinha abriu a boca, sem acreditar. Bem, estava pensando em talvez ligar sim para o rapaz, isso não quer dizer que ela já havia tomado essa decisão. Ela ainda estava pensando. Talvez nem ligasse. Por Merlin, o que estava fazendo?!

– Achei – Letty falou, franzindo o cenho em seguida. – Não é o celular dele, é um residencial. Bem, é melhor do que nada.

Sem perguntar nada a Hermione, apertou em chamar, colocou no viva-voz e entregou o aparelho a britânica.

– O quê?! – Mione segurou o aparelho, nervosa. – Mas eu ainda nem decidi se...

– Alô? – falou uma voz de mulher do outro lado da linha. A garota quase soltou o telefone.

– Ah, alô – falou, sem saber o que fazer.

– Em que posso ajudar? – a mulher insistiu do outro lado, diante da hesitação da menina. Letty fazia sinais para que ela falasse.

– Hum, bem, eu gostaria de falar com Percy Jackson – Mione começou. – Ele está? Ou poderia me passar o número do celular dele?

– Percy não tem celular e não está em casa – a mulher informou, indiferente – quer deixar recado?

– Ah, não. Pode deixar, não era importante mesmo...

– Quero deixar recado sim – Letty se intrometeu interrompendo Mione. – Poderia dizer a Percy que Hermione Granger, a garota inglesa, quer saber se o convite dele de irem para o baile juntos ainda está de pé?

Fez-se silêncio do outro lado da linha. Hermione realmente queria lançar um extupefaça na prima depois daquilo. O.que.ela.achava.que.estava.fazendo?! Queria ser maior de dezessete e poder fazer magia fora da escola para poder estuporá-la!

– Percy chamou alguém para sair? – a mulher perguntou, parecendo interessada.

– Sim, a minha prima, Hermione – Letty continuou, já que Mione parecia incapaz de falar. – Ela acabou de falar com você.

– Percy chamou uma garota para sair? – a mulher tornou a indagar.

As duas meninas franziram o cenho. Pergunta tensa.

– É – Letty continuou, explicando melhor. – Para ir com ele ao baile da escola hoje á noite. Ela tinha dito que não poderia ir, mas agora pensou melhor e quer saber se o convite ainda está de pé.

– Ele vai sim, pode deixar – a mulher respondeu, entediada.

– Bem, se puder confirmar com ele – Letty tentou falar, mas a mulher a interrompeu.

– Não se preocupe, sou a mãe dele e pode deixar que darei o recado. Percy irá. Ele já tem seu endereço? – a mulher falou enquanto elas ouviam o barulho dela pegando papel para anotar.

Letty passou o endereço pelo telefone e se despediu da mãe de Percy cordialmente. Assim que desligou o telefone, olhou para Hermione e riu.

– Hora de se arrumar para seu grande encontro!

Xxx

As primas já haviam saído para o baile com os namorados quando Percy chegou para buscá-la. Estava vestindo terno de novo, mas dessa vez com uma camisa branca e uma gravata bem alinhada. Naquele momento, era o garoto mais bonito com quem Hermione já havia saído (ok, saíra com bem poucos, mas mesmo assim). Aquele trouxa poderia concorrer com os garotos mais bonitos de Hogwarts e não faria feio, porque estava simplesmente uma gracinha. Queria que Ginny estivesse ali para comentar isso. Hermione usava um vestido vermelho com saia xadrez. Não era colado ou sexy como o que suas primas lhe emprestaram na outra noite, mas esse ela trouxe esse da Inglaterra e o vermelho lembrava Grifinória, então pelo menos se sentia confortável nele.

Percy a cumprimentou e explicou que não podia dirigir ainda, já que só tinha quinze anos, mas que sua mãe e o namorado tinham lhes oferecido uma carona até o baile. Era um carrinho simpático, azul metálico. Entraram no carro, sentaram no banco de traz e Percy fez as apresentações enquanto o homem ao volante dava a partida.

– Essa é Hermione Granger, ela é britânica. Esse aqui é Paul Blofis, namorado de minha mãe e professor lá na Goode High School. E essa aqui – ele apontou para a mulher no banco da frente, que se virou para olhar melhor para Mione – é a minha mãe, Sally Jackson.

– Sua namorada é linda, Percy! – a Sra. Jackson falou, encantada.

– Mãe, ela não é minha namorada – Percy ralhou, entre os dentes.

– Tem quantos anos, Hermione? – ela continuou, ignorando-o.

– Dezesseis – a garota respondeu sorrindo sem graça.

– Percy tem quinze. Não repare se estou animada, é que é tão bom ver Percy saindo com uma garota normal – ela exclamou, feliz.

– Mãe, o que ela vai pensar de mim?! – ele reclamou, constrangido.

– Ah, desculpe, querido, vou ficar quieta. – E se virou para frente de novo.

Seguiram em silêncio e Hermione sentia vontade de rir. Percy ficava ainda mais gracinha envergonhado e a Sra. Jackson parecia divertida, apesar de tudo que Lucy havia falado sobre ela e seu suposto caso com o professor.

– Quero que saibam que fico muito feliz em ver vocês dois juntos – Sally falou, parecendo não conseguir se conter.

Ele suspirou.

– Você nem a conhece ainda – comentou, cético.

– É, mas aquela tal de Rachel me cheirava a problema – ralhou, no seu melhor tom de mãe ciumenta.

O garoto arregalou os olhos.

– Se importa em não falar de outra garota na frente da Hermione? – ele indagou, incrédulo com o comentário dela.

– Tudo bem – ela anuiu e tornou a ficar quieta. Mais alguns quarteirões se passaram. – Só acho que se você ficar com uma garota mais certinha, como uma inglesa, talvez você não seja expulso da escola de novo.

Percy ficou tenso no banco. Ele engoliu em seco.

– Mãe, a senhora quer me matar de vergonha?! A Hermione vai achar que sou um vândalo! – ele ralhou e mesmo na pouca luz dos postes, Hermione podia ver que estava ficando corado. – E a senhora sabe que meu problema é um pouquinho maior do que garotas.

Hermione não entendera o que ele quis dizer, mas não teve tempo para pensar nisso com as próximas frases da mãe de Percy.

– Por falar em problema, lembre-se da conversa que tivemos, Percy – ela falou ficando séria. – Lembre-se, já tem quase dezesseis, deve se cuidar.

Pelo olhar que o garoto lançou a mãe, Mione achou que ele fosse enfartar.

– Mãe, pelo amor dos deuses, conversamos sobre isso depois – ele implorou.

– Meu filho, esse assunto é muito sério, sou muito jovem para ser avó – falou Sally Jackson decidida.

A garota engoliu em seco. Pelo.amor.de.Merlin. Percy levou as duas mãos ao rosto como se quisesse meter a cabeça num buraco e se esconder.

Mãe!!! – ele gemeu.

– É sério – ela insistiu, instrutiva – se chegarem aos finalmente, lembrem de usarem camisinha.

Certo. Hermione olhou pela janela do carro sem poder encará-lo e teve a séria impressão que ia morrer de tanta vergonha.

O garoto grunhiu ao lado dela, no bando de trás do carro.

– Paul, por favor, pare o carro na próxima ponte que eu quero me jogar – Percy falou.

– Querida, - o Sr. Blofis falou, contendo a vontade de rir da situação dos dois adolescentes. – entendo que deve ter sido difícil criar um filho praticamente sozinha, já que seu ex-marido não era um bom exemplo para ele, mas agora que estamos juntos, creio que posso assumir o papel de pai, pelo menos na parte de conversas constrangedoras. Acho que ele ia preferir assim.

– Você é um doce, Paul, mas tenho certeza que Percy ia ficar constrangido em falar sobre sexo com o namorado da mãe – Sally comentou, compreensiva. Hermione achou mesmo muito legal que ela não quisesse deixar o filho constrangido, mas era meio difícil ele ficar mais constrangido do que já estava. – Além do mais, estamos nos saindo muito bem nesses assuntos. Até dei um pacote de camisinhas a Percy hoje, antes de sairmos de casa.

– Senhor, por quê?! Hermes?! – Percy exclamou erguendo as mãos, vencido. – Cronos, onde estais numa hora como essa?!

– Não seja dramático, meu filho – a Sra. Jackson reclamou.

– Sally, meu anjo, acredite, Percy vai preferir falar sobre isso comigo – ele insistiu, dessa vez não contendo o riso. – De homem para homem, sabe.

– É, eu vou preferir falar com ele, mãe – o garoto concordou rápido, tentando encerrar o assunto.

– Meu filho, ele é meu namorado. Falar de sexo com ele seria tão constrangedor para você...

Eu prefiro falar de sexo com Paul do que debater a minha vida sexual dentro de um carro – Percy exclamou, começando a soar desesperado.

– Chegamos! – o professor anunciou, divertido.

– Ah, obrigado Hermes, por atender a minha oração – Percy agradeceu, erguendo os olhos para o teto do carro. – Fico lhe devendo essa.

Desceram do carro o mais rápido que puderam e se afastaram sem se despedir, mas ainda puderam ouvir a Sra. Jackson falando alto pela janela.

– Beijos querido, e aproveitem o baile! – em seguida o som do motor e eles se foram.

Hermione sentia que as entranhas haviam dado um nó de tanto se revirarem no carro.

Ótimo, agora ela não tinha coragem nem de olhar para Percy.

– Desculpe – ele falou apressado enquanto entravam, ainda sem se olharem – Minha mãe não costuma ser assim. Não sei o que deu nela.

– Tudo bem, ela é... – Hermione procurou uma palavra que descrevesse, mas era meio difícil de se concentrar quando ainda estava fervendo de vergonha. - ...legal.

Percy não disse nada. Pelo menos, o fato dele ter ficado constrangido também era um bom sinal. Lembrou da mãe dele falando sobre camisinhas e ficou pensando se ele teria á levado ao baile com o único objetivo de levá-la para a cama. Isso com certeza batia com o conceito que Lucy tinha dele.

Entraram. A quadra estava como na outra noite, iluminada por poucas luzes e um jogo de luz colorido, ideal para festas. Percy pegou sua mão para conduzi-la pelo meio das pessoas e a vergonha deu lugar ao nervosismo. Tentou varrer as preocupações da cabeça, afinal, aquilo ainda era um encontro. E se ele tivesse más intenções com ela, bem, Hermione estava com a varinha dentro de sua pequena bolsa de mão equipada com um feitiço de extensão no interior. Passaram pelo bar, cada um pegou um ponche sem álcool e atravessaram a quadra até voltar para o mesmo ponto em que haviam se conhecido: o espaço de parede vazio entre as duas arquibancadas. Ela o puxou para a ponta da arquibancada e sentaram, lado a lado.

– Porque você agradeceu a Hermes quando chegamos? – ela começou, intrigada.

Falar sobre a viagem de carro não era o assunto favorito da bruxinha naquele momento, mas isso a fizera lembrar de quando estavam a biblioteca e ele dissera se interessar por mitologia. Ele não tinha cara de nerd ou de alguém que seguisse religiões fora do padrão predominante de sua sociedade. Percy Jackson parecia o típico garoto nova yorkino rebelde, criado solto pela cidade que aprende rápido a se virar e a se meter em enrascada. Algo bem trouxa.

– Hermes é o deus dos viajantes – respondeu, automaticamente, como se todas as pessoas agradecessem a Hermes quando suas viagens são rápidas.

– Você acredita em deuses gregos? – falou ela, ligeiramente surpresa pela forma como ele falara. Ele parecia realmente acreditar no que dizia.

– Não, de jeito nenhum – ele ressaltou, - são muito mentirosos.

Percy falou e sorriu, um sorriso travesso que fazia Hermione olhar para os lábios dele. Era uma piada, é claro, mas ele falava de um jeito tão intenso que a confundia.

– Você gosta de dançar? – ele perguntou, parecendo mais inseguro.

– Não, sou péssima nisso – ela respondeu, mais insegura ainda.

– Ah, ta, certo então – ele anuiu e passou a tomar sua bebida em silêncio.

Hermione se xingou internamente. Porque fora sincera?! Não era uma pergunta de verdade, era mais um convite e depois disso ele com certeza não a convidaria para dançar a noite toda. Droga!

– Oi, Percy, - a ruivazinha da outra noite chegou, dessa vez bem mais cautelosa. Vestia um vestido rodado e bem moderno que parecia ter sido feito com uma colcha de retalhos. Retalhos bem caros, provavelmente. – Pelo jeito, você está acompanhado. De novo.

Ela olhou para Hermione com mágoa evidente nos olhos e isso fez a britânica se sentir horrível. A menina não estava zangada, estava magoada. Coitada.

– É, mais ou menos isso – ele respondeu baixo, como se não soubesse muito bem como agir.

– Você disse que ia me ligar – a ruiva falou, mais magoada ainda. – Não ligou.

O garoto engoliu em seco.

–Sabe que não uso telefone, Rachel – tentou se explicar. – Poderia ter deixado recado.

– Para quê? Sua mãe nunca te dá os meus recados – Rachel falou, parecendo verdadeiramente desapontada.

Certo, a garota devia ter um Manual de Como Deixar Hermione Se Sentindo uma Intrusa.

– Ah, amanha eu falo com você, está bem? – falou, tentando claramente se livrar da situação.

– É o que você sempre diz – ela falou, como se já soubesse que era mentira, que ele não iria procurá-la. A menina se virou para Hermione, subitamente, como se só agora a visse de verdade. – Você é como o Percy?

A bruxinha abriu a boca para responder que não havia entendido, mas Percy respondeu por ela.

– Não, ela não é como eu – Percy falou apressadamente, lançando um olhar zangado a ruiva.

– E o quê ela é? – a garota perguntou, franzindo o senhor.

– O quê?! – Mione perdeu toda pena que sentia da menina. Como assim “o quê”?!

– Rachel, a Hermione é só uma garota legal que conheci no baile e você está sendo desagradável – falou começando a ficar irritado.

– Então porque ela é assim? – e apontou para Mione, como se a garota estivesse vestida de Drag Queen ou algo mais ridículo.

– Rachel, está sendo realmente desagradável, agora – ele ralhou.

A menina ficou olhando de um para o outro, parecendo extremamente confusa e esperando que Percy lhe desse uma indicação. Quando finalmente percebeu que ninguém diria nada, se desculpou educadamente e saiu. Era cada uma que aparecia!

– Desculpe por isso também – ele falou suspirando. – Parece que vou passar metade da noite pedindo desculpas.

– Tudo bem, - ela falou sincera – não é culpa sua.

O garoto a encarou forçando um sorriso.

– Você quer dançar?

Xxx

O restante da noite passou como mágica.

Dançaram e sorriram juntos como se fossem os únicos na pista de dança. Hermione podia ver algumas pessoas olhando de lado, Letty fingindo bater palmas do outro lado do salão, Lucy rodando o dedo ao lado da cabeça indicando que ela estava louca, mas nada disso faria diferença. Dali a uma semana, voltaria para Inglaterra, para Hogwarts e os amigos, e seria como se nada daquilo houvesse acontecido. Ninguém em Hogwarts iria falar mal do vestido dela, ou Malfoy questionar a qualidade de sua companhia, nem garota nenhuma faria comentários maldosos sobre ela precisar dar uma poção de amor a um menino para que ele aceitar sair com ela (acredite, boatos assim já haviam acontecido). Desde o dia que descobrira que era uma bruxa, Hermione nunca mais conseguira se sentir parte do mundo trouxa até encontrar Percy. Mas mesmo dançando com ele, mesmo entrando em sintonia ao ritmo das músicas ruins, esse pensamento continuava a entristecer. Era a primeira vez na vida que quisera realmente poder contar a um trouxa que ela era uma bruxa, poder contar sem ter que deixá-lo horrorizado, poder contar e ele compreender.

Foi mais ou menos na sétima dança que ele a beijou. Sete é o número mais importante da magia e Mione aceitou o beijo, achando que este era um bom sinal. Claro, a garota não estava seguindo o conselho da prima de fazer aquela viagem ser inesquecível. Na verdade, estava seguindo o conselho de Ginny de que não custava nada aproveitar o momento e ficar com ele um pouquinho. Você talvez possa até argumentar que ela não falara realmente com Ginny e que este era o conselho de seu próprio inconsciente, mas a bruxinha achava esse detalhe irrelevante no momento.

Dançaram e sorriram por tanto tempo que pareceu uma eternidade.

Percy a puxou pela mão e a levou para fora da quadra, para o mesmo corredor que levava aos banheiros. O corredor estava relativamente vazio, se comparado a festa, e o barulho era bem menor ali. Ele a encostou contra uma parede e a beijou.

Já haviam se beijado uma dúzia de vezes enquanto dançavam, mas aquele era um beijo diferente, muito mais intenso e próximo. Não só pela avidez da língua dele explorando a boca dela, mas por ele ter encostado o corpo inteiro no dela. A garota podia sentir cada parte do corpo do rapaz de encontro ao seu e isso era bom e proibido ao mesmo tempo. Nunca fora além daquilo. Certo, aquele ponto ela já chegara antes com Víctor (e era bom, muito bom), mas era nesse ponto que seus sentidos brilhavam uma luz vermelha avisando que era hora de parar.

A bruxinha pararia?! Quando namorara com Krum, as coisas eram diferentes. Mione era dois anos mais nova e a morte não era uma perspectiva tão iminente. Também havia o fato de estarem em Hogwarts e ali, até o fato de andar de mãos dadas com ele, poderiam gerar boatos maldosos. Mas Hermione crescera e não era mais a menininha daquele tempo. Então eis a questão: porque não provar um pouco mais?

Percy parou o beijo e se afastou, salvando-a de seu debate filosófico interno. Manteve a mão na da garota e continuo conduzindo-a pelo corredor. Como ele era aluno da escola, ela imaginou que ele sabia bem onde estavam indo, então era melhor apenas o seguir. Mais uma vez, voltou a entrar em conflito consigo mesma, pensando em como reagir se ele quisesse continuar o amasso que começaram contra a parede. Pararia ou deixaria ele continuar? Talvez pudesse deixar só um pouquinho mais e isso não seria tão errado.

O terceiro corredor que entraram estava completamente vazio e um frio percorreu a espinha da garota. Onde quer que ele a tivesse levando, ficariam sozinhos, bem afastados dos outros casais. Isso com certeza não era uma medida de alguém que só queria ficar beijando inocentemente, ou era?

Ele chegou a uma sala no fim do corredor vazio e testou o trinco da porta, estava destrancado. O garoto indicou que ela entrasse, mas a bruxinha hesitou.

Ok, se ela entrasse ali com ele, não estaria dando a entender que queria ir até o finalmente, não é? Ou sim?

– Hermione – ele falou suave chegando perto dela e dando um beijo leve em seus lábios. – Está tudo bem. Eu só te trouxe aqui para ficarmos sozinhos, porque não gosto daquelas pessoas lá no baile e elas não gostam de mim. Se entrar na sala comigo, não precisa acontecer nada. Confie em mim, sim.

O corredor estava escuro demais, iluminado só com a pouca luz que entrava pelas janelas altas, então Hermione não podia olhar nos olhos dele para sequer avaliar se eram confiáveis. Apertou a pequena bolsa com mais força, sua varinha escondida lá dentro. Nunca fizera uma loucura assim, como seria essa, de entrar naquela sala com um semi-desconhecido, mas podia fazer isso. Não estavam no mundo dela, onde todos tinham poder. Ele era um trouxa e ela uma bruxa; se ele tentasse algo poderia simplesmente estuporá-lo.

Hermione entrou com ele.

E parou.

Estavam na sala de música. Lucy havia falado coisas bem ruins sobre ele, uma líder de torcida e a sala de música.

Ele a puxou pela mão indo para o fundo da sala, e a garota tentou ocultar o nervosismo. Dessa vez, ele mesmo encostou-se à parede e a trouxe de encontro ao corpo dele, a abraçando gentilmente e a beijando. No começo, Mione estava tão nervosa que manteve os olhos bem abertos enquanto ele a beijava, sentindo as mãos dele descansarem em sua cintura, o corpo dela se encaixando ao dele até ela finalmente começar a relaxar e fechar os olhos. Era uma bruxa, afinal, podia correr esse risco sem precisar ter medo.

O beijo logo se tornou mais intenso, as línguas se explorando cada vez com mais avidez. Em um gesto rápido, Percy a colocou contra a parede e voltou a colar o corpo no dela, tão junto que ela podia sentir o corpo inteiro dele mais uma vez. Era aquele momento em que a luz vermelha no cérebro de Hermione dizia que ela devia parar. Não parou. Só um pouquinho mais.

As mãos de Percy percorreram as laterais de seu corpo e os lábios dele deslizaram da boca dela para a curva do pescoço, beijando-a até a curva de seu ombro. A menina mordeu o lábio, aquilo era muito bom. Deixou que suas mãos explorassem os ombros dele, a nuca, tentassem tocar o pescoço onde a camisa e a gravata a impediam. As mãos dele apertaram seus quadris, deslizaram por sua cintura, passaram por suas costelas perigosamente perto de seus seios. Mione agradeceu a Merlin mentalmente por ter ido com seu vestido, que era extremamente coberto, sem nenhum decote, com a gola indo até o pescoço. Se estivesse com o preto da outra noite, já teria parado os avanços de Percy. Mais uma vez as mãos dele deslizaram pela lateral de seu corpo, passando tão próximo a seus seios que ela teve que conter um gemido. O garoto já estava muito mais quente a essa altura, e quando ele beijava seu pescoço ou seu ombro, ela podia sentir o calor da boca dele, a umidade da língua, e dessa vez, quando ele pressionou o corpo dela contra o dele de novo, Hermione pôde sentir o corpo inteiro dele.

Ele estava ficando rijo.

A bruxinha não sabia o que fazer. Não queria parar, mas estava deixando-o ir muito longe. Logo, logo, o americano não ia mais querer parar, ou talvez, já nem quisesse. Ele estaria achando que Mione era fácil? Eram muitos pensamentos para se ter enquanto sentia o calor da boca dele sobre seu corpo ou o membro rijo pressionando de encontro a seu ventre. E ela deixava. Céus, era uma vagabunda. Devia parar. Não queria parar. Queria beijá-lo mais e foi o que fez. Os lábios dele eram salgados e ele cheirava a maresia.

Não sabia se o tempo havia voado ou parado só para eles, não sabia há quanto tempo estavam ali. Os lábios dela estavam cada vez mais sedentos pelos dele, enquanto o corpo dele a pressionava cada vez com mais força, a garota já sentindo a parede firme atrás dela com incomodo e, apesar do frio lá fora, os corpos deles pareciam pegar fogo. Ele moveu o quadril e encontro ao dela e ela escondeu o rosto no ombro dele, envergonhada e excitada, quando ele finalmente tocou-lhe o seio por cima do vestido e ela gemeu baixinho, mordendo o lábio em seguida. Como aquilo era vergonhoso, proibido e bom. Muito bom.

Logo, logo, as mãos dele brincavam delicadamente com os seios dela. Colocou um dos joelhos entre as pernas dela como se tentasse afastá-las sem mudar de posição. Hermione sabia o que o garoto estava tentando fazer. Devia pará-lo. Devia. Era culpa sua deixá-lo ir tão longe. Devia sim. Diabos, será que havia alguma coisa naquele ponche para a fazer agir como uma qualquer? Percy segurou a coxa dela com uma mão, a fazendo erguer um pouco a perna, enquanto a outra continuava a brincar com seu seio. Com a perna erguida, o corpo dele se encaixou perfeitamente ao dela, movendo seus quadris de encontro ao ventre da menina, fazendo o vestido dela erguer com o movimento ritmado e ele estar agora se esfregando diretamente contra sua calcinha, a essa altura, ensopada. Por Merlin, estava louca.

Hermione tentava conter mais um gemido de prazer quando a porta da sala se abriu.


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