Is she a Barbie girl? escrita por Lets


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Primeiro POV da Mari!!!
Espero que gostem



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POV Mariana Leite

Atração é uma coisa estranha. Quer dizer, por que alguém se sentiria atraído por pessoas como o Gutenberg? Ta, tudo bem, ele é gato e gostoso. Mas o cara não é um cavalheiro, não é educado, não é estudioso, não é um príncipe encantado da Disney. Então, por que diabos ele me atrai?!

Esqueci de me apresentar, não? Bom, meu nome é Mariana Leite, tenho 16 anos (por poucas semanas), moro em São Paulo desde sempre. Algumas pessoas dizem que eu pareço com a Barbie, por causa dos meus longos cabelos loiros, meus olhos verdes e meu corpo violão.

Moro com meu pai e, ocasionalmente, com o meu irmão. "Ocasionalmente" porque ele é médico no exército e está sempre viajando.

Minha mãe se mudou para Nova York há uns anos atrás. Não gosto de dizer que ela nos abandonou, porque não é verdade. Ela simplesmente queria tentar a vida lá fora e seguiu seu sonho de ser uma estilista famosa. Antes de ir, até me convidou para morar com ela, mas eu não podia deixar meu pai aqui, então recusei. Não me arrependo, apesar de discutir quase diariamente com meu querido papai.

Amo meu irmão e faço tudo por ele. E, apesar de tudo, foi ele que sempre ficou ao meu lado, me deu um ombro para chorar depois de todas as desilusões amorosas e tudo mais. Pode parecer bobo, mas não é.

Meu pai é um amor de pessoa, quando quer. Eu sei que ele faria qualquer coisa por mim e pelo meu irmão. O único problema, é que se tem uma coisa que ele não sabe fazer, é conversar. Ele parte pra briga desde o início, sempre gritando e discutindo. Vive fazendo tempestade em copo d'água.

Apesar dos pesares, eu amo minha família.

Rafael Gutenberg. Outra pedra no meu sapato, por assim dizer. Assim que entrei no colégio, ano passado, ele me encantou. Moreno, malhado, de olhos claros e atleta. Preciso dizer mais? Não, né? Não.

Só fui descobrir que ele é um babaca depois de alguns meses. "Pegador" como os amigos o chamam. Todas as minhas amigas já ficaram com ele, e algumas até transaram. Cintia, por exemplo, já dormiu com ele.

Ah, Cintia é minha melhor amiga. Morena por completo. "Cor do pecado" como ela gosta de ser chamada. No momento, ela está ficando com Gabriel, que por acaso, é o melhor amigo do Rafael.

Bom, continuando... Gutenberg agora enfiou na cabeça que quer ficar comigo. Eu sou sua próxima "vítima". Mas ele está acostumado com garotas caindo aos seus pés, e eu, definitivamente, não sou assim. Ele me atrai, com certeza, mas não o suficiente a ponto de eu perder minha dignidade por ser "só-mais-uma-que-dormiu-com-o-Rafael".

Lógico que já tive sonhos eróticos com ele e tudo mais. Mas não sou puta a ponto de transar com o cara mais galinha da escola. Também não sou santa a ponto de nunca ter transado com ninguém, mas isso é outra história.

Meu celular vibrou, anunciando uma mensagem de Cintia.

"Quer dormir aqui em casa hoje? O Gabriel me disse que o Rafa vai dormir na casa dele."

"E por que eu me interessaria em ver o Rafael?!"

"Talvez porque você esteja afim dele... Sei lá, só talvez."

"Não bóia, Cintia! Você sabe que não gosto dele."

"Qual é o problema do Rafael?! É gato, gostoso, fode bem... Tudo de bom"

"Para uma única noite, sim, tudo de bom. Mas e nos dias seguintes, quando ele espalhar pra todo mundo que transou comigo?! Vou me sentir usada, como um objeto"

"E a foda maravilhosa não compensa?"

"Não. Existem outros que também transam bem... Mas, respondendo a sua pergunta inicial, ok. Vou dormir na sua casa."

"Até já então."

Só porque eu não transaria com o Rafael, não quer dizer que eu não possa provoca-lo. Afinal de contas, o idiota tratou bem a Jéssica só pra me encher. Agora é vingança!

Coloquei um shorts e uma regata, arrumei minha bolsa com pijama, escova de dentes e uma muda de roupas, e parti para a casa de Cintia. Por azar (ou sorte, talvez), vi Rafael caminhando na minha frente. Sorri comigo mesma e apertei o passo. Fingi mexer no celular quando esbarrei nele.

– Ei! - ele reclamou

– Ah, oi, desculpa Rafael! Não te vi. - sorri docemente para ele

– Tudo bem. - ele pareceu se derreter com o meu sorriso - E aí? Pra onde vai toda apressadinha assim?

– Vou dormir na casa da Cintia.

Pela primeira vez, seus olhos percorreram meu corpo. Rafael me secou por alguns segundos, focando meus peitos, meu quadril e minhas coxas expostas.

– Ah. - foi tudo o que ele conseguiu dizer - Ãhn, eu te acompanho. Vou pra casa do Gabriel.

– Ah, obrigada pela gentileza. - sorri sarcástica

– Engraçadinha. - ele falou, voltando a andar

Andamos lado a lado sem falar nada. Até que um cara estranho passou ao meu lado e falou:

– E aí, boneca? - depois sorriu, piscou para mim e continuou seu caminho

Comecei a rir descontroladamente. Já estava acostumada com esse tipo de coisa e nem ligava mais. De vez enquanto, quando estou de mal humor, eu mando o cara se fuder ou algo parecido. Mas normalmente eu só rio.

– Não vai fazer nada?! - Rafael me pergunta, chocado com a minha reação

– Por que faria?

– É o seu corpo. Isso é falta de respeito!

– Rafael, se considerássemos comentários como esses, ofensivos, deveríamos considerar também as olhadas. E, nesse caso, eu teria que ter tomado uma providência quanto a você também! - olhei para ele pelo canto do olho e o vi corar

Que bonitinho! Está corando! Não posso negar, ele fica um fofo com vergonha. Para amenizar o clima, dei uma risada.

– Relaxa, Rafa. Acho que o que é bonito, tem que ser mostrado, portanto, olhado e elogiado também.

Ele riu comigo, ou talvez, de mim. Não importa, só sei que o fiz rir e que adorei o som da risada dele.

– Você tem uma mentalidade diferente das outras garotas que eu converso. Gostei! - ele diz e agora é a minha vez de corar

– Obrigada. - falei, de cabeça baixa

– Adoro quando te faço corar, princesa.

– Ah, vai se fuder, Rafael! Puta clima bacana, aí você estraga com esse apelido de pedreiro!

Ele recomeçou a rir e eu o acompanhei.

– Desculpa, princesa. - ele piscou para mim e eu bati em seu ombro, ainda rindo

Continuamos andando sem conversar, mas o clima não estava constrangedor. Me sentia bem ao lado daquele idiota moreno de olhos claros.

– Mari...

– Eu.

– Fica comigo?

– Rafa, sério. Não fode.

– Ah, Mari. Por favor!

– Rafa, já te falei. Você é gato e tudo mais, mas é um babaca.

– Você pensa mesmo isso de mim?

– Penso. Quando você está só comigo, você é uma graça. Adoro conversar com você. Mas no colégio, ao redor de outras pessoas, você é um idiota completo.

– Mas não é com você que importa?

– Rafa, eu não quero ser só mais uma. Eu não sou só mais uma. Não sou de ficar por diversão. Pra mim, beijo e sexo é só com quem se gosta de verdade. Pode me chamar de careta e o caralho a quatro, mas pra mim é assim e ponto.

– E se eu mudar?

– Você quer mesmo que eu acredite que você mudou?

– Ainda não mudei, Mari. Mas eu posso mudar.

– Por mim?! Não seja ridículo.

– O quê? Não acredita em amor à primeira vista?

– Primeiro: não, não acredito. Segundo: amor?! Desde quando você acredita em amor?!

– Ah, Mari, não to dizendo que te amo. Mas eu sinto algo a mais por você. Por enquanto, vamos classificar como "gostar". Juro que você não será só mais uma.

– Rafael, palavras não me convencem. Prove que eu não serei só mais uma e eu penso no teu caso. - pisquei para ele e toquei a campainha da casada Cintia

Ela abriu logo em seguida, me dando um beijo na bochecha e acenando para o Rafael. Ele acenou de volta e gritou:

– Tchau, princesa. - e saiu rindo

Ri também e Cintia ficou me encarando.

– "Princesa"?! Já estão juntos?!

– Não, Ci, é um apelido idiota que ele cismou em me chamar só pra me irritar.

– Ele gosta de você, amiga!

– E como você tem certeza disso?! Ele tem lábia, não significa que tudo o que ele fala é verdade.

– Ah, então ele já te disse que gosta de você?

– Já.

– Vai fundo! Eu sei que você sente algo por ele também!

– Cintia, eu já disse que não vou ser mais uma.

– Quem disse que você vai ser só mais uma?

– Quem disse que não?

– Você tem que se arriscar, Mari. Não tem provas, não tem certeza. Mas se não se arriscar, vai deixar passar muitas oportunidades que podem mudar sua vida.

– Ah, não sei não... Você sabe que eu só faço o que tenho certeza que vai dar certo.

– Então você nunca vai casar, porque não sabe se um dia vão se divorciar. Nunca vai viver, porque não sabe quando vai morrer.

– Eu tenho medo, Ci. - sussurrei, confidenciando a ela umas as minhas maiores fraquezas

– Ah, Mari! - ela me puxou para um abraço - Todo mundo tem medo. É natural e ninguém vai te julgar por isso. Mas você tem que enfrenta-lo.

– Vou deixar ele tentar me provar que mudou, Ci. - me afastei um pouco dela - Enquanto isso eu penso no que sinto também.

– Eu acho que vocês deveriam ficar.

– Você não está entendendo. Não quero "ficar". Quero um namorado que me surpreenda sempre que pode. Alguém não se canse de dizer que me ama. Que me exibe para seus amigos. Que me apresente à sua família como sua namorada. Que planeje nosso futuro juntos. Que me roube beijos e me abrace apertado. Sabe?

– Você quer um príncipe encantado, então?

– Não, Cintia, não é um conto de fadas. É cavalheirismo.

– Mariana... - ela me repreendeu

– Olha. - a interrompi - Eu quero alguém que saia só com os amigos, mas, assim que chegar em casa, me liga para perguntar como eu estou. Quero alguém possessivo e ciumento. Alguém chato e que discuta comigo por coisas bestas, mas me cale com um beijo. Entende? Quero alguém perfeitamente imperfeito.

– E você não acha que o Rafael pode ser esse alguém?

– Eu sei lá, Ci. Vou esperar pra ver o que ele vai fazer...


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram do ponto de vista da Mari?
Não se esqueçam de comentar...
Beijos, até a próxima