Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 62
Goodbye forever


Notas iniciais do capítulo

Florzinhas e cravinhos,
desculpa a demora absurda para postar. Eu realmente me encrenquei com o emprego. Estava cheia de coisas para fazer, mas finalmente quando escrevi o capítulo, meu pc ficou ruim. =P
Janinha sabe. ;)
Amorecos, a dor ainda está presente, mas ela começa a se adaptar. Nada na vida é por acaso e não há dor que dure para sempre.
Peço desculpas para quem se sentiu ofendido com a morte da Johanna, mas há males que vêm para o bem.
Estamos caminhando para um fim próximo de nossa jornada.
Algumas florzinhas espertas já chegaram, em adivinhação, próximas do final real de Lembranças.
Por favor amorinhos, não abandone nossa aventura. O fim está próximo, mas ainda há muita coisa para acontecer.

POR FAVOR COMENTEM!

Agora sim...
Boa leitura! :D



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Não demorou muito para que o telefone tocasse novamente enquanto eu me acalmava no colo do Rick. Ele quem atendeu para mim. O corpo da minha mãe havia sido liberado. Tentei me recuperar o quanto pude e criar forças para bater no quarto dos meus pais novamente, mas não foi preciso. Meu pai abriu a porta logo após eu ficar de pé e encarar o corredor. Meu pai... Meu pai totalmente destruído. Suas olheiras, seus cabelos desalinhados, roupa suja, amassada, seu olhar perdido. Eu nunca, durante toda a minha vida havia visto meu pai daquele jeito. Rick, ao meu lado, pousou a mão em meu ombro e o apertou levemente. Eu sei que ele me desejava força. Eu me aproximei do meu pai cuidadosamente, deixando Rick para trás. Naquele momento Rick ficava em segundo plano. Eu ainda não contei para ele o que exatamente aconteceu com minha mãe. Nem sei se estou pronta para contar. Nem sei se eu mesma acredito nisso tudo. Parei na frente do meu pai com um milhão de pensamentos tortuosos em mente. Bastou a linha dos olhos se encontrarem comigo que papai suspirou. Foi uma tentativa frustrada de segurar um choro que havia se tornado tão natural. Mas ele não estava lá, ele não estava aqui para chorar comigo, para nos consolarmos juntos. Ele simplesmente me deixou sozinha... Se não fosse pelo Rick aqui... Eu... Acho que é em vão segurar meu choro que acabei de controlar a minutos atrás. Ele percebe em meu silêncio minha decepção, meu medo, minha dor naquele momento e me abraça. Já não me importo se ele apenas cheira a álcool e suor, não tenho condições de lutar contra. Eu o aperto com força, quero o fazer sentir o tamanho do meu desapontamento. A dor do abandono. Ele alisa meus cabelos, beija minha cabeça e se esforça para dizer algo que não me atordoe mais. Ele respira fundo, com uma mão aperta-me contra seu peito, falta pouco para termos uma conversa. Prometo para mim mesma ser absolutamente franca, forço a mim mesma a ser incorrigivelmente forte.

– Katie... Eu sei que isso não tem desculpas minha filha, mas eu preciso lhe pedir perdão. – Eu continuei em silêncio. Não queria estragar as coisas, eu não tinha força para aguentar algo pior que isso. – Eu... Eu prometo que não vou deixa-la. Eu fui um estúpido! Falhei com sua mãe e acabei de falhar com você. – Ele então desabou em lágrimas enquanto de forma embargada pedia desculpas.

– Está tudo bem pai. – Eu preciso tanto dele. Eu não tenho como puni-lo por nada. A vida já nos puniu o suficiente. Não tenho direito de tornar isso mais árduo do que é. – Você está aqui agora. Tudo bem. – Mas agora era a vez dele chorar. – Pai... Por favor... Por favor...

– Minha pequena... – Ele disse entre soluços e tentou encarar-me nos olhos.

– Eu não vou te abandonar. Promete-me que você também não vai me deixar?

– Nunca minha filha. Nunca! – Ele falou segurando meu rosto delicadamente.

– Eu te amo papai, eu preciso muito de você. Não se entregue, tudo vai terminar bem. Eu prometo a você. Vão achar o culpado pai. Vai tudo terminar bem. Eu sei que vai!

– Eu te amo muito minha filha. – Ele então me abraçou fortemente. Ficamos assim por alguns minutos até ele se dar conta que necessitava dar um jeito em si mesmo.

Contei para papai sobre a liberação da mamãe. Ele foi se arrumar e pediu para que eu fizesse o mesmo. Rick, após o inicio da cena entre pai e filha se “escondeu” no sofá da sala. Informei a papai sobre a minha companhia. Sei que não foi algo que papai gostou, mas também não foi algo que ele desaprovou. Ele agora sabia que Rick me respeitava. Papai permitiu-se um sorriso pequeno para deixar claro que não se importava com Rick por ali enquanto nos arrumássemos. Fui a encontro de Rick após papai adentrar no banheiro.

– Rick... – Ele se levantou do sofá prontamente vindo em minha direção. – Está tudo bem.

– Seu pai está bem?

– Sim, está.

– Isso é bom.

– Rick...

– Kate... Você precisa comer alguma coisa.

– Rick, você precisa ir agora.

– Eu não vou a lugar nenhum, Kate. Não quero lhe deixar sozinha.

– Rick, eu quero ficar sozinha. Por favor.

– Isso não vai lhe fazer bem Kate. Deixe-me ficar com você?

– Rick, não. Por favor, respeita minha vontade. – Ele pausou por um momento e me estendeu tristes olhos. Encarou-me e suspirou fundo.

– Tudo bem, eu vou... Depois que eu ver você comendo alguma coisa.

– Rick... Eu não quero comer...

– Ou vai ser assim ou nada feito. Se você não comer eu não vou embora. Vou ficar aqui.

– Você não desiste não é?

– De você? Nunca!

Revirei os olhos e comi uma tigela de cereal para ele poder ir embora. Rick se foi e cerca de 20 minutos depois, eu e papai estávamos prontos para resolver sobre o funeral da minha mãe. Papai entrou em contato com tia Tereza informando o ocorrido, demais amigos e conhecidos de minha mãe ficariam sabendo da maneira mais trágica possível, pelos jornais. Apenas as pessoas mais próximas ficaram sabendo de sua partida através da boca do meu pai e da minha. O funeral seria extremamente triste, mas teria as mais belas flores que eu poderia imaginar. Não foi fácil lidar com a imagem da minha mãe deitada, dormindo eternamente dentro daquele caixão. Fizemos uma recepção em casa e eu cheguei a passar mal, minha tia disse que minha pressão baixou um pouco. Tudo era tão sofrido, todas aquelas pessoas entrando e saindo, desejando sentimentos em palavras que soavam desconexas para mim. Acho que talvez ainda vá me lembrar, no futuro, da presença da Lanie, Martha e Rick ao meu redor. Eu não cheguei a desmaiar, mas meu pai, que também não se sentia bem, pegou minha mão e me convidou a dar o fora dali. Não pensei duas vezes e também não me recordo se avisei a alguém para onde estávamos indo. Decidimos sair de casa e pegar o metrô. Eu não perguntei para papai aonde iríamos até me deparar com Coney Island. Apenas seguindo meu pai, paramos na orla e caminhamos pela areia. Durante a caminhada eu e papai chegamos a esquecer de tudo aquilo estava acontecendo. Ao observamos as ondas, nós nos esquecemos da morte, nos esquecemos dos pêsames, nos esquecemos do despreparo de uma vida sem ela.

Éramos apenas eu e meu pai, recolhendo galhos, folhas, pedaços da natureza que estavam sobre a areia. Papai alimentava boas recordações e a fuga das ondas que tentavam molhar nossos pés, nos arrancavam sorrisos tímidos e sinceros. Era como se naquele momento a felicidade fosse possível diante tanta tristeza. Eu pude me sentir acolhida e com esperança de dias melhores, mesmo que ainda demorasse muito para encontrar esses dias. Papai forjava pacientemente um pequeno artefato entre as mãos. Ele me pedia para recolher o que mais nós poderíamos amarrar naquela espécie de homenzinho. As ideias se encontravam diante o encontro dos olhos. Foi... Acho que posso dizer... Feliz! Por incrível que pareça. Talvez, seja porque mesmo nos piores dias, há a possibilidade de alegria. Mesmo que seja uma alegria tímida. Mas ela existe. Sim, ela existe!


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Notas finais do capítulo

Deu para aliviar um pouquinho o coração não foi?
Por favor comentem!
Me incentivem a escrever. ;)
Beijinhos florzinhas e cravinhos!



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