Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 54
During flu


Notas iniciais do capítulo

O próximo que prometi amorecos! ;)
Boa leitura e até a próxima!



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O tempo passou cada vez mais rápido. Mês passado comprei a minha sonhada harley, foi meu presente de aniversário para mim mesma. Mas acabou que ela nem tem tido tanta serventia quanto eu imaginei. Depois da moto a Vick ficou mais tolerável, por incrível que pareça. Acho que ela me vê agora como uma garota normal e não como uma patricinha. Jane, Henry e eu costumávamos nos encontrar em um bar, nas proximidades de Stanford, juntos com outros amigos nos finais de semana. Rick tem estado muito ocupado. Não muito diferente de mim que tenho me desdobrado para conseguir estudar todas as matérias. Já perdi as contas de quantas vezes dormi em cima dos livros. Com a chegada do mês de dezembro, o frio me fez adoecer. Peguei uma gripe daquelas! Vick trazia para mim, algo para comer no jantar, já que eu não tinha nem forças. Ela foi de valiosa importância pra mim que pela primeira vez adoecia longe de casa, longe dos meus pais. Em algumas noites ela jogava pôquer comigo. Mamãe me alertou para eu nunca deixar a responsabilidade dos estudos superar a responsabilidade com minha própria saúde. Ela tinha razão, várias vezes passei o dia inteiro com um copo de suco e um sanduíche. Agora eu pagava o preço.

Eu estava estudando sozinha no quarto, a partir das páginas que Vick tinha anotado durante a aula, embaixo das cobertas e com o livro entreaberto quando me veio a terrível sensação de angústia. Talvez uma crise de ansiedade. Pensei primeiramente que o motivo poderia ser a chegada da semana de provas, mas logo afastei a ideia. Eu estava com boa média, não havia muito que se preocupar. Mas então o que poderia estar me atormentando? Rick não falava comigo há 3 dias. Sei que ele também está em semana de provas, mas mesmo assim. Eu estou doente, será que nem pra me mandar um sms ele tem tempo? Calculei, já no modo automático, as horas. Rick deveria estar saindo da aula nesse exato minuto. Resolvi ligar. Primeira chamada; chamou até cair na caixa postal. Respirei fundo. Esperei mais 3 minutos e retornei a ligar. Novamente caixa postal. – Raiva! – A distância realmente se apresentava cada dia que passava mais forte que tudo.

– Mas isso é... Raiva, Kate! Raiva! O que eu sinto pelo Rick nesse exato minuto é raiva, não é angústia, que por sinal continua aqui. – Restava minha última opção; meus pais. Liguei sem pensar duas vezes.

– Alô!

– Pai?! – Ele atendeu como se estivesse assustado.

– Oi Katie, está tudo bem?

– Si... Sim. Está tudo bem por ai?

– Tudo bem. – Ele não parecia confortável.

– Estou com saudades.

– Também estamos sentindo sua falta querida. Ouça, eu e sua mãe compramos a passagem para o natal ontem à noite está bem?

– Ótimo!

– Já deve estar o check-in no seu e-mail. Dia 5, semana que vem. – Finalmente eu iria para casa. Mesmo que só durante as festas de final de ano.

– Eu vou ver, obrigada... Pai...

– Sim.

– A mamãe?

– Ela agora está no banho Katie, mas se quiser eu peço para ela te ligar assim que sair.

– Não, está tudo bem. Não precisa se preocupar.

– Está se sentindo melhor da gripe?

– Sim... Quer dizer, mais ou menos.

– O que está havendo Kate? – Ele questionou em tom sério.

– Pai... Está realmente tudo bem com vocês? Está tudo bem por ai? – Pude ouvir a respiração do meu pai no telefone.

– Está tudo bem, mas, por favor; cuide-se! Preocupe-se em se manter bem por ai. Estude e se alimente adequadamente. Aqui fica tudo bem se ai na Califórnia você estiver bem, ok? – Sorri fraco.

– Tudo bem papai. Estou me cuidando. Estou me sentindo melhor.

– Muito bem! Então aqui tá tudo bem! – Ele sorriu.

– Eu preciso ir agora pai. Minha colega de quarto deve estar chegando. Não quero que ela...

– Já entendi, já entendi... Sem problemas querida. Boa noite! Durma bem.

– Boa noite! Te amo papai!

– Também amo você! Tchau.

– Tchau!

Eu me senti um pouco melhor. Mas a sensação permanecia em mim, com um grau menor, porém ainda aqui. Sequei uma lágrima de saudades e pus a mecha do cabelo posta sobre minha face, atrás da orelha. Aconcheguei-me um pouco mais dentro dos cobertores e senti meu celular vibrar. Era ele.

– Oi Rick! – Atendi irritada.

– Oi meu amor! Perdão, eu não vi a ligação. Eu estava...

– Tá bom Rick, não precisa explicar ok? Sempre acontece... Se toda vez que acontecer você for me pedir desculpas vamos gastar muitos minutos da ligação desnecessariamente. – Respondi sem paciência. Ouvi-o respirar profundamente.

– Ok, então. Como foi seu dia hoje?

– Igual ao de ontem e o de anteontem. E o seu? – Respondi sem ânimo.

– Kate, olha, se você não tiver a fim de conversar agora, beleza! Eu entendo. Te ligo outra hora...

– Que hora Rick? Fala pra mim? Porque só essa semana eu esperei 4 dias diferentes no qual você disse que iria ligar e não ligou. Quatro dias Rick! – Eu estava visivelmente estressada.

– Eu não tenho culpa tá legal? Eu prometi e prometo e sempre procuro honrar com a palavra que dei. Eu sinto muito se imprevistos tenham se tornado tão comum no meu dia a dia. Sinto muito! – Ele também alterou o tom de voz. Um silêncio preencheu o espaço por alguns segundos.

– Sabe Rick, eu tenho me matado de estudar, mas ainda me lembro de arrumar espaço no meu dia para ligar pra você. Pra te mandar ao menos uma mensagem te desejando uma boa prova. E você nem ao menos me liga no horário previamente combinado! Imprevistos constantes deixam de ser apenas imprevistos Rick. Passam a ser desleixo, descaso.

– Kate, eu não me esqueço de você nem um minuto! Nunca duvide disso me entendeu?!... Eu só preciso de tempo. Eu não tenho só as provas para estudar Kate, eu preciso terminar meu livro. Tenho tentado vagas em boa parte das editoras, foram negados. Preciso aprimorar o máximo que posso para uma vaga que vai abrir agora na primeira semana de dezembro.

– Eu sinto muito pelas negações. Espero que consiga dessa próxima vez. Espero que consiga me ligar da próxima vez também.

– Kate, por favor, não pense assim ok? Eu sou meio enrolado por aqui. Não ter você por perto para me dizer qual foi mesmo a página que o professor passou entre outras coisas... – Eu sorri para mim mesma. –... me deixa meio desnorteado. Quase perdi uma prova antes de ontem porque dormi demais após ficar boa parte da madrugada escrevendo... Eu não quero com isso criar desculpas por não ter te ligado. Quero tentar pelo menos fazer você entender o que está havendo. Eu não deixei de te amar, ou te amar menos, coisas do tipo... Eu sinto sua falta em praticamente tudo! Eu continuo aqui em Nova York, todo lugar me lembra de você. Você consegue entender isso? – Eu respirei fundo. Senti meus ombros ficarem menos tensos.

– Desculpa Rick... Eu não queria causar essa tensão, mas é que eu pensei tantas coisas e...

– Tá tudo bem, eu sei que vai ficar tudo bem...

– Eu também sinto muito a sua falta. – Suspirei. – Eu vou...

– Cheguei! Trouxe um intruso... – Vick adentrou dentro do quarto como um furacão.

– E ai K-Bex?! – Henry estava com ela. Como assim?

– Não sabia que você conhe... – Sinalizei que eu estava no celular. – Ih! Foi mal, não vi que você estava o telefone... – Vick sussurrou.

– Kate! Kate! Quem está ai? Alô! – Rick esbravejava no telefone.

– Rick! Desculpa, foi o pessoal que chegou aqui...

– E quem é?

– É a Vick e um amigo.

– Amigo? Que amigo?

– O Henry. – Respondi depois de suspirar.

– Ah! Entendi... Um ‘conforto’ para a minha falta... Tudo bem...

– Rick!

– Tudo bem, tudo bem! Depois a gente se fala.

– Mas eu...

– Ai já deve ser madrugada, aqui eu tenho que ir dormir...

– Eu te ligo amanhã está bem? Eu tenho novidades...

– Um beijo Kate. – Ele respondeu friamente e encerrou a ligação. Bufei derrubando meus braços sobre o colo.

– Mal hora para chegar não? – Henry perguntou timidamente.

– Não tem hora para você, meu amigo! Quanto tempo! – Sorri para ele.

– Ele disse que tinha uma encomenda para você e ai eu deixei entrar... – Vick tentava se explicar.

– Tudo bem Vick, ele é meu amigo. – Ela me olhou com expressão questionadora. Ignorei. – Então, que “encomenda” é essa?

– Novo episódio, inédito de natal, de Nebula 9... Bem aqui! – Ele bateu duas vezes, levemente, na caixinha de DVD que ele acabara de suspender para facilitar minha visão.

– Eu não acredito! Só iam lançar daqui há 7 dias! Como você conseguiu isso?

– Eu conheço um cara, que conhece outro cara, que tem um irmão que trabalha na produção. Enfim... Dei um jeitinho e... voilà!

– Cara, você é dos meus! – Vick falou.

– Contanto que isso não saia daqui... – Ele falou.

– Henry! Olha pra mim! – Eles me encararam simultaneamente. – Eu não pretendo ir a lugar nenhum! Pelo menos não daqui há 3 dias. – Eu ri e eles me acompanharam. – Quem topa? – Eu apontei para o aparelho de DVD.

– Eu vou ser obrigada a ver isso? – Vick perguntou.

– Ah, qual é? Eu não sou um dos seus? Você vai gostar! – Henry falou de forma sedutora. Vick se deixou convencer.

– Ok, ok! Mas eu vou abrir um salgadinho e uma cerveja beleza?

– Beleza! – Eu e Henry dissemos juntos e caímos na gargalhada. Eles se jogaram pela poltrona e cama e apagaram as luzes iniciando a sessão.

A madrugada de sexta para sábado estava ótima. Henry e Vick me ajudaram a disfarçar um pouco meu stress, minha angústia. Mas eu ainda estava preocupada com o Rick. Eu ando cansada de brigar e fazer as pazes com ele o tempo inteiro. Quando não sou eu que começo é ele! Que estupidez! Isso tem que mudar. Algo tem que mudar!


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Notas finais do capítulo

Agora eu espero vocês nos comentários. Por favor, digam que me perdoam?
Please! *.*