Acordamos cedo. Eu e Rick tomamos café e foi bem engraçado vê-lo tentar fazer omeletes. No fim acho que sobrou mais comida no balcão do que na própria frigideira ou em nossos pratos. Mas ele queria fazer tudo sozinho. Ofereci ajuda, mas ele negou. Acho que ele queria me impressionar. Impressionou-me com risos.

Ele me ajudou a limpar a bagunça e a lavar as louças depois de um café da manhã cheio de bagunças e namoricos. Mal deu tempo de fechar o armário com o ultimo prato guardado, eu ouvi Rick me chamar de lá do jardim da frente.

– Kate! Eles chegaram! – Passei as mãos entre os cabelos e corri até a porta animada. Assim que cruzei a porta vi Lanie descer do carro enquanto Esposito tirava algumas coisas da mala.

– Lanie!

– Girl! – Ela veio na minha direção e nos abraçamos sorridentes. Logo em seguida cumprimentou o Rick. – Ei Rick! Tudo bem?

– Tudo certo. Olha, fica à vontade. A Kate vai mostrar o quarto de hóspedes pra vocês. Vou ajudar o Esposito ali. – Esposito vinha com uma mala maior que ele mesmo. Toda lilás. Acenei para ele mesmo sem esperar retorno. Cutuquei Lanie de leve e com o olhar questionei a mala.

– Ele tá merecendo... – Ela piscou pra mim sorrindo enquanto adentrávamos na casa. Antes que pudéssemos subir as escadas Lanie me puxou. – Garota, que casarão! E é impressão minha ou ainda sinto cheiro de omeletes por aqui? – Ela me olhou sugerindo malicias.

– Sim Lanie, é uma casa legal. Agora vamos. – Cerrei os olhos ignorando a pergunta. Enquanto subíamos a escada, eu podia ouvir a risada sufocada da minha amiga.

Mostrei pra ela o quarto e indiquei outros pontos da casa. Disse para ela se trocar logo. A praia nos esperava. Logo Espo subiu com a mala. Dei-lhe um abraço assim que ele se viu livre do peso. Os meninos trocaram-se rapidamente e em seguida desceram para beber cerveja enquanto eu e Lanie nos arrumávamos para descer.

Fomos para praia sem nenhuma pretensão de hora pra voltar. A intensão era nos divertirmos o máximo possível. Com os meninos bebendo, eu e Lanie podemos nos bronzear e fofocar por alguns minutos em paz. A temperatura estava maravilhosa. O Sol estava perfeito.

– Você vai voltar no Natal não vai?

– Claro Lanie. Em menos de seis meses nos veremos novamente. – Respondi junto com um riso fraco.

– Ansiosa pelas aulas?

– Bom, mais ou menos. Por mim eu pulava logo esse lance de escola preparatória.

– E eu não? – Gargalhamos juntas.

– Quando o Espo vai partir? – Questionei-a.

– Uma semana e meia depois que você for. – Lamentei com expressões.

– Ei meninas! Será que não tá na hora de nos dar um pouco mais de atenção não? – Espo indagava em alto e bom som e Rick o apoiava.

– Espo, para de drama! – Lanie reclamou com voz doce. – Estou curtindo minha melhor amiga em sua despedida.

– Nada contra, mas a Kate também é minha amiga. – Eu gargalhei com isso que o Espo disse.

– Mas vamos fazer algo divertido. – Rick sugeriu. – Trouxemos uma bola de vôlei… – Vamos lá?

– Ai Rick... – Fiz cara de preguiça.

– Ah vamos chica! – Espo pediu a Lanie que expressava o mesmo. Ela olhou pra mim como se me ordenasse a jogar também. Caso contrário ela também não iria. Precisava de incentivo. Levantei, afinal não era justo com os meninos.

– Vamos! Garotos versus garotas! – Rick fez cara de maligno ao sugerir.

– Não acho que isso seria justo. – Eu falei.

– Eu e a Kate já jogamos no campeonato de vôlei na escola quando tínhamos 13 anos. – Lanie disse pro Rick.

– Estão querendo dizer que juntas são melhores que a gente? – Espo questionou debochado. – Duvido!

– Querem pagar pra ver? – Lanie desafiou.

– Se a gente ganhar pode ter certeza que vocês vão pagar caro. – Rick ameaçou me fazendo rir.

– Quem vai pagar ou não a gente vê depois. Vamos logo! – Apressei.

– É isso ai garota! Vai ser assim meninos. – Lanie apoiou e logo em seguida agarrou a bola.

– Então fechou! – Rick falou animado. – Kate, se a gente tiver pegando pesado me avisa ok? – Cochichou no meu ouvido. Eu ri disfarçadamente. Já previa cenas engraçadas acontecendo. Caminhamos até a rede que estava bem próxima a nossa barraca.

– Garota, se prepara! Vamos acabar com eles. – Lanie avisou e logo em seguida deu uma risada.

– Claro! Aprendeu comigo! – Gargalhamos.

– Ok, ok. Vamos parar logo com esse blá blá blá e começar o jogo. – Rick tomou posição. Tirou zerinho ou um comigo e nós acabamos ficando com o primeiro saque.

Bola vai, bola vem. Quase nenhum erro. Jogo equilibrado. Até que Espo dá um super corte bem em cima da Lanie que cai na areia.

– Yeah! – Os meninos comemoravam.

– Lanie, você tá bem? – Perguntei me abaixando em sua direção.

– Tudo bem, tudo bem... – Ela falou levantando e limpando a areia da pele. – Vamos virar esse jogo e acabar com a festa deles!

– Ok. – Eu estava rindo por dentro. Não tinha como não rir.

Bola vai, bola vem e Lanie faz mais um levantamento para que eu fosse com tudo. Ouço o grito do Rick que pede pro Espo que está quase perto da rede. – PULA! – A bola respalda nas mãos do Esposito e cai amortecida bem ao lado do Rick. Rick faz beicinho enquanto eu e Lanie pulamos em comemoração.

– Ponto!

Outros saques, idas e vindas da bola e sinto Rick vir como quem vai meter a mão na bola sem dó nem piedade, mas ele apenas dá um pequeno toque, marcando ponto logo próximo da rede. Nem eu, nem Lanie nos mexemos para pegar.

–Yeah! Quem manda agora?! – Eles comemoraram avidamente.

– Vai ter volta espertinho! – Lanie reclamou e eu gargalhei.

Assim ficamos jogando por quase 1 hora. Já suados e mortos de sede. Finalizamos o placar por 2 sets a 1 pra nós. Vencemos sem grandes dificuldades. Os meninos não pareciam aceitar. Sem pensar duas vezes eu e Lanie nos distanciamos da cara de decepção deles e caminhamos até o mar. Um banho de mar após um jogo excitante era o ideal.

Os meninos logo chegaram e ficamos brincando na água, jogando água um nos outros, dando ‘caldos’, gargalhando até cansar e sair da água. Fomos direto para casa, a fome começava a apertar. Almoçamos e descansamos um pouco depois. Ficamos jogando cartas, bebendo alguns drinks até que Rick falou;

– Tive uma ideia!

– O que foi Rodgers? – Lanie questionou.

–Vamos até a outra praia. Está tendo o festival anual de esculturas de areia.

– Parece legal. – Falei.

– Escultura de areia bro? – Esposito falou em tom de reclamação.

– E o que você queria Javi? – Lanie provocou.

– Nada... Com você fica tudo ótimo. – Espo tentou contornar. Eu e Rick seguramos o riso.

– Então vamos. – Rick falou já pegando minha mão e saindo. Seria legal.

O Sol ainda tentava não se despedir quando chegamos até o festival. Caminhamos pelo local distraidamente até chegar à parte das esculturas.

– Tivemos sorte, o festival acabou ontem, mas as esculturas ainda estão aqui. – Rick falou.

– Olha Kate, que lindo! – Lanie apontava para uma escultura de anjos na areia.

– É lindo, Lanie.

– Ei olhem aquela com a Casa Branca e um sinal de impostos. Ah-há! Demais! – Rick apontou.

– Olhem aquele. Parece um soldado... Acho até que parece comigo. – Esposito comentou, porém o semblante da Lanie não foi um dos melhores.

– Olhem aquele! Uma isca e o peixe. Interessante. – Falei.

– Ah, não acredito! Olhem aquela espécie de castelo... – Lanie apontou.

– É estranho, mas bonito... – Esposito falou observando o que parecia um castelo deitado.

– Não é só isso Javi! – Lanie disse. – Olhem para a “suposta” frente do castelo...

– Richard? – Rick duvidava com a sobrancelha esquerda arqueada.

– É o que parece... – Olhei mais de perto. Acima da porta havia uma espécie de placa com o nome Richard entalhado. – É Richard... Esse é “seu” castelo. – Brinquei.

– Ih, mas parece que tem mais imagem do outro lado... – Espo falou enquanto andava em volta da escultura. – Olha lá... Tem uma menina aqui do outro lado...

– Ah Kate, é você no Castelo do Richard! – Lanie falou.

– Ai gente, chegou né! Parem de bobeira. – Falei. Aquilo estava ficando estranho. O castelo era estranho.

– Você não diz nada Rick? – Lanie perguntou.

– O castelo não é meu? O que irei dizer a vocês plebeus? – Todos caíram na risada.

– Tá legal ô Richard “Castle”… Mas por enquanto você é tão plebeu quanto todos nós e seu sangue continua vermelho e não azul. Agora vamos comer alguma coisa? Que tal? – Falei para ele.

– Richard “Castle”?! – Espo gargalhou. – Boa essa, Kate!

– Hã? Qual a graça ô Espo? Eu até que curti... – Richard falou.

– Curtiu? Sério mesmo? – Era minha vez de arquear a sobrancelha.

– Curti! Quem sabe um dia eu adote ao me tornar um escritor famoso? – Ele piscou para mim. Eu sorri para ele.

– Ah! Tão de sacana...

– Javier Esposito! – Lanie o interrompeu dando uma tapa no ombro. Nós rimos da situação.

– Mas então... – Esposito pigarreou. – Vamos comer alguma coisa?

Comemos pizza e ainda ficamos passeando no local por algum tempo. Voltamos relativamente cedo para casa. Ao chegar ainda curtimos um pouco, contando histórias, jogando cartas, mas decidimos ir dormir logo. Foi um dia maravilhoso, divertido, estávamos cansados. Há tempos não me divertia assim com meus amigos. No dia seguinte partimos cedo de volta para Manhattan. Os momentos que passamos naquele dia em Hamptons ficariam para sempre na memória. Sempre guardado nas lembranças.