Me revirava na cama sem dó, eu não conseguia dormir, meus olhos pareciam ser impossíveis de se fechar. Olhei para o teto do quarto.

Que diabos estava acontecendo comigo?

Virei-me para o lado da janela, a neve branca caía, a luz azul da lua entrava em meu quarto. Fechei meus olhos, e as imagens voltaram a minha cabeça.

O medo que eu sentia, o jeito que aquilo me tomava, que tomava meu coração. O jeito que aquilo mexeu com minha cabeça, me incentivando a fazer coisas cada vez piores. A perda do meu controle. O jeito que quase matei minha irmã, que quase afundei Arendelle em um inverno eterno por simplesmente ter fugido.

Até eu me controlar.

Mas aí aquela sensação de medo voltou. Uma sensação idiota, que me fazia tremer, me fazia querer chorar. Eu tinha medo, muito medo.

Medo da solidão.

Ironia não? A garota que fugiu, que disse a todos que ficar sozinha era melhor, agora tinha medo da solidão, medo daquele vazio, daquele escuro. Ri e me sentei, abracei meus joelhos e olhei para a parede, a parede que dividia meu quarto do de Jack. Levantei-me e me sentei encostada naquela parede.

Eu sentia ele ali, deitado na cama, olhando o teto. Ou talvez em pé no parapeito da janela olhando pra lua.

Ele gostava da lua. Não gostava?

Encostei minha cabeça na parede e soltei um suspiro. Algo cobriu a luz da lua de repente, e me virei num rompante.

A janela se quebrou, o vidro explodiu pra dentro do quarto e eu me encolhi, sentindo aquela coisa afiada arranhando meus braços. Ergui-me depressa, e uma areia negra me atingiu, fui jogada pra longe, e o ar saiu de meus pulmões. Minha visão embaçou, senti um rastro de sangue descendo de meu rosto.

Quando tentei me levantar soltei um grito. Havia uma lança prendendo meu ombro contra a parede, tentava me mexer, mas aquela lança parecia apenas perfurar mais minha carne.

– Ora, ora... - Ouvi uma voz, abri meus olhos, minha visão embaçada não me permitia ver muito. - Se não é a Rainha Elsa. - Consegui distinguir algumas coisas, olhos amarelados, pele cinzenta. - Desculpe não me curvar, não tenho tempo pra isso...

– Rápido! - Outra voz murmurou.

– Deixe-me eu me divertir! - Falou a primeira voz.

Consegui estender minha outra mão, meu gelo o atingiu em cheio, fazendo-o cair, segurando alguma coisa. A segunda voz me olhou, eu não consegui ver nada da pessoa, só vi que usava uma capa.

– Sua... - Ele me olhou, aqueles olhos amarelados me amedrontaram até a alma. - vadia!

Era meu fim, só podia ser.

A parede explodiu em uma explosão de gelo, e logo a sala foi envolvida numa brancura e frio que eu conhecia.

Jack.

~X~

– Não se mexa... - Falou uma voz.

Sentia algo gelado percorrer meus braços e pernas. Os olhos azuis dele estavam concentrados em algo enquanto sentia seus braços me envolverem em seu corpo.

Logo distingui onde estávamos.

Era um lago, a água era quente, e refrescante, onde diabos era aquilo? Não era Arendelle, estávamos no mais puro inverno pra lá, então onde.

Logo percebi que a roupa que usava era estranha e diferente, era confortável, mesmo que estivesse molhada.

O moletom de Jack.

Arregalei os olhos, como fora parar naquelas roupas, como fora parar ali. Que merda era aquela?!

Fiz um movimento errado e uma dor se espalhou pelo meu braço.

– Ei... - Ouvi a voz de Jack em meu ouvido. - Falei pra não se mexer... - Repetiu. - Você se machucou feio.

– Jack... - Minha voz estava mais rouca do que esperava.

– Shh... - murmurou. - Tá tudo bem, tá tudo bem.

Ele ficou me abraçando, enquanto a água nos embalava, limpava minhas feridas, levava o medo consigo.

Eu estava viva.

Vina e nos braços dele.

Apertei meus braços ao seu redor, e ele correspondeu.